“Essa Chuva pode ser aviso do céu[Dica do Carlos Andrade, nos comentários]
Marcos Sá Corrêa*
O governador de Santa Catarina, Luís Henrique da Silveira, finalmente se convenceu de que anda à solta por aí uma tal de desordem climática. Foi ela, pelo menos, a desculpa que o acudiu para definir o tipo de tragédia que derreteu encostas no Estado e matou dezenas de pessoas. É, governador, essas coisas acontecem.
Talvez sejam em vasta medida inevitáveis. Mas tendem a pegar mais pesado quem estava desprevenido. E, se estiver interessado em conferir o que quer dizer isso, pode folhear o Código Estadual de Meio Ambiente, que sob seu patrocínio está secando, mesmo debaixo de chuva, a caminho da Assembléia Legislativa.
Ele foi saindo cada vez mais torto, à medida que passava por audiências públicas. Pegou o mesmo tipo de resistência que, três anos atrás, defendeu Santa Catarina da criação de parques nacionais em lugares ainda abençoados por florestas de araucárias. Armou-se de dispositivos estranhos, senão agourentos, como a aprovação automática das licenças ambientais, se em 60 dias os técnicos não derem sua palavra final sobre projetos.
Tende a ser uma lei dura. Mas só é dura com aquilo que o governador já chamou na tevê de "oposição meio ambiental". Pode ser coincidência, mas o rascunho está cada vez mais parecido com suas idéias, e, principalmente, com suas idiossincrasias.
Mesmo com a chuva caindo, ele riscou qualquer menção à "vida aquática", na parte referente aos "recursos hídricos". Pois é, trata-se de abrir alas à construção de hidrelétricas. Ele nunca engoliu os argumentos que o impediram de autorizar, como queria, quando prefeito de Joinville, a instalação de uma usina na serra catarinense. E acredita, ou professa, que toda precaução é um instrumento do "medievalismo".
Como nunca esclareceu exatamente o que quer dizer com essa palavra, presume-se que não se trate da Idade Média original, a européia, marcada pela eliminação quase total das florestas no continente, pela transformação dos rios em esgotos fedorentos e por uma guerra milenar contra a fauna silvestre.
O europeu do século XX também se distingue de seus antepassados medievais por ter mais árvores. Ou pela prerrogativa de pescar em rios límpidos no centro de Estocolmo. E até por não dar mais a seus políticos o direito de fazer em público as declarações que o governador faz em entrevistas. Muito menos de governar um Estado que é recordista nacional de devastação da mata atlântica, em nome do "aproveitamento sustentável da natureza" e da ojeriza à "obtusidade".
Não adianta apontar para o céu. As chuvas podem fazer grandes estragos, mas dão e passam. Como nenhuma chuva chove dois mandatos, quase sempre há tempo de sobra para apagar os sinais deixados por sua passagem antes que venha a inundação seguinte. E as obras feitas aqui embaixo tendem a durar mais do que as pessoas que as deixaram.
E, na batida em que vai, o governador Luís Henrique está fazendo o possível para ser lembrado como o político que tomou posse de um Estado invejado nacionalmente pela beleza natural e passou para o sucessor um estado de calamidade pública.
* Marcos Sá Correa é jornalista e editor da revista Piauí”
Quem resolve a pobreza é o capitalismo, não os burocratas do G20 com as
garras no Estado.
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O sistema capitalista se mostrou o mais eficiente na criação de riqueza,
desmistificando a ideia de que economia é um jogo de soma zero. Alan Ghani
para ...
Há 5 horas
22 comentários:
Agora, sim, fica mais fácil para o cidadão, o reles cidadão, entender o código ambiental que opôs LHS aos servidores da Fatma. Tem que vir o Marcos Sá Correa para ler o projeto e nos explicar do que se trata. Nossos jornalistas não se deram ao trabalho. Novesfora, é a mais consistente crítica a LHS nos últimos tempos. Esse homem nos envergonha mais do que nossa própria imprensa.
O governadoer Luiz Henrique já ostenta alguns títulos interessantes. O primeiro foi o Rainha da Sucata. Depois foi vencedor do Troféu Motoserra.
Esperar o quê?
O Governador e, principalmente os prefeitos de cidades litorâneas precisam começar a pedir estudos científicos para elaborar planos de prevenção a mudança climática, que já é dada como certa. O nível dos mares subirá e vários locais habitados situados nas orlas marítimas sumirão debaixo das águas. Inglaterra, Japão, e vários outros países já têm esses planos. Porque ninguém aqui se manifesta sobre isso? Alguém ainda acredita que o Brasil passa ao largo dos grandes desastres naturais? Que Deus é brasileiro e tudo vai acabar numa roda de samba?
E a RBS e outros meios de comunicação estão manucomados com o Sr. Governador, sendo omissos em tudo isto. Bravos os servidores da FATMA que estão enfrentando esse código enfiado goela a baixo. Que outros Sá Correia continuem levando ao conhecimento dos catarineneses e dos brasileiros os destemperos desse desgoverno que está literalmente destruindo o Estado por Toda Santa Catarina
“Governador do estado recordista nacional de devastação da Mata Atlântica”, este título o LHS vai levar no seu currículo. Assim como o aplauso público, a defesa prévia e as homenagens que fez aos envolvidos na Operação Moeda Verde, na capital. O cara é "over", candidato ao título de motosserra de ouro desta ano, desbancando o mega destruidor Bairo Maggi. Estamos mal servidos.
Todo mundo que pensa e reflete critica a postura do governador. Mas sempre resta o Aluízio Amorim, na extrema direita, para enaltecer este político "brazilian tipical".
O Projeto de Lei Estadual 238/2008, do LHS,propõe matas ciliares de 5m de largura - um disparate técnico e jurídico. Hoje no DC há uma reportagem sobre as denúncias da população sobre a retirada descontrolada de areia do Rio Cubatão, que é um aviso de futuras inundações. O Senador Colombo é um troglodita ambiental, que propõe a caça aos eco chatos. A ilha do Campeche foi citada como mais um local de preservação que está sendo desrespeitado. Taí um flash do quadro político/ambiental do estado. Acontecem as tragédias e o governado moto serra fala de prejuízos ao turismo. O cara tá com a cabeça na Europa e nas mordomias do poder. Não entende nada! E não quer entender, pois seus interesses são outros. Vade retro!
AHHHH se vocês soubessem. Esse código é fruto de interesses poderosíssimos que há mais de ano e meio vem dentre outras ignomínias "angariando base científica e apoio comunitário" (sic - ouvi de um interessado) para REDESENHAR O PARQUE DO TABULEIRO. Os municípios do entorno foram engolfados. Um grande resort está na mira para a Gamboá, paraíso próximo à Guarda do Embaú, na ligação antiga para Garopaba. E não para por aí... a justificativas técnico e econômicas são muito bem elaboradas. O MPF e qualquer ambientalista sério (porque existe picareta tbém - seja o que vende e compra parecer seja o que dá por razões político-ideológicas - ambas não ambientais) vai levar um sufoco quando o trêm começar a andar. TOMA NOTA TIO CESAR, O papo é QUENTÍSSIMO!!! E está tudo muito adiantado. DE Paulo Lopes a Palhoça, e todo o entorno de cima. Les
É Cesar esse titulo q o Marcos Sá Corrêa coloko “Essa Chuva pode ser aviso do céu" vem bem de encontro a foto o canga coloko no blog dele...
A CRUZ DO ZEDRON!!!!!
http://2.bp.blogspot.com/_KwmddgO-H0I/STKCiIUJNBI/AAAAAAAAHrU/IKWCQ5cEuOY/s1600-h/Cruz+no+Zendron
Ontem, no programa Canal Livre, da Band, alguém fez um rápido comentário sobre o novo código ambiental. Disse que visa afrouxar a legislação federal. Mas não passou disso...
Excelente!
E se pegarmos outras áreas da administração pública, as críticas se encaixam perfeitamente.
E o pior é que, com raras exceções com vc César, realmente a imprensa daqui não fala nada. Por que será?(pergunto eu já sabendo a resposta).
Abs
Ale
Nossas autoridades, com troféu MOTO SERRA ou sem ele só servem pra ocupar os helicópteros (que poderiam estar fazendo resgates e levando provimentos) pra ver "de cima" o resultado de sua omissão!!
Tio César,
Só faltou o Marcos Sá citar também o Deputado Paulinho Bornhausen, agora tão caridoso com as vítimas (estaria sofrendo ou angariando votos?), advogado contumaz das nossas Motoserras.
Têm horas em que acho muito estranho o silêncio dos "ambientalistas" catarinenses com respeito ao no golpe contra o meio ambiente promovido pelo goveno do estado de Santa Catarina com o "apoio irrestrito" da "bancada ruralista" (ou seria oportunista?) da ALESC/SC (com suas devidas exceções é claro), denominado "Código Ambiental".
Este engôdo, esta irresponsabiliade e verdadeiro atentado contra a vida e contra o povo catarinense cobrará o seu preço e punirá os responsáveis. No tempo devido e na oportunidade certa.
Eleições ocorrem à cada dois anos na Pindorama! Vocês podem querer enganar uma parcela da população durante algum tempo mas, a mentira tem perna curta!
Jairo Viana
O Ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, exprimiu ontem preocupação com a polêmica proposta de alterações do novo código de Meio Ambiente de Santa Catarina ao receber uma carta dos servidores da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) sobre a questão.
Entre as alterações previstas pelo projeto de lei nº0238.0/2008, está a redução da Área de Proteção Permanente (APP) em torno de rios de 30 para 5 metros.
"Você querer reduzir isso é uma visão completamente tacanha e mesquinha da questão ambiental. Você tem que ampliar e não reduzir", afirmou Minc. O ministro ressaltou que um estado que aposta no turismo depende também das belezas naturais e que Santa Catarina já está perdendo muita área de Mata Atlântica. "No dia em que a gente assina o decreto da Mata Atlântica, depois de dois anos, um dia de festa para a Mata Atlântica, essa notícia é muito triste, pois as matas ciliares e manguezais são protegidos por todo tipo de lei", comentou.
O estado é, hoje, o terceiro com maior número de hectares de Mata Atlântica no país, porém no ano passado foi o que mais desmatou. As três cidades campeãs de desmatamento de mata atlântica entre 2005 e 2007 são de Santa Catarina: Mafra, Itaiópolis e Santa Cecília. Juntas, elas destruíram no período 3.843 hectares - o equivalente a 5.382 campos de futebol. Segundo levantamento da SOS Mata Atlântica, neste período, Santa Catarina aumentou o índice de desmatamento em 8%, suprimindo 48.000 hectares, enquanto que os outros sete estados juntos desmataram 46.000 hectares.
Há uma forte pressão por parte de alguns deputados estaduais para que a proposta de redução das APPs seja aprovada até o final do ano.
Fonte: CarbonoBrasil
Dá para entender agora que outras tragédias estão sendo anunciadas. A proteção dos rios e das águas, fontes de vida, é colocada em segundo plano, para o aproveitamento de áreas para plantar "até na margem" despejando agrotóxicos e facilitando o assoreamento. É o pensar no hoje, só. Amanhã que se dane. É tamanha a burrice, inclusive, que nem dá para acreditar.
Carlos X
Aquela margem de mata ciliar citada pelo anônimo acima, deve ter sido inspirada na mata ciliar da careca do Governador: não serve para conter sua burrice!
Só não entendi esse trecho: "Ele nunca engoliu os argumentos que o impediram de autorizar, como queria, quando prefeito de Joinville, a instalação de uma usina na serra catarinense." Se ele era prefeito, como ia autorizaa construção de uma usina na serra? mas tirando isso, muito bom. O primeiro Anônimo de todos matou a pau. Tem que vir um cara da Piauí/IstoÉ pra escrever essas coisas, enquanto nossa imprensa parece cega, surda e muda quando é pra criticar os "poderosos", com raríssimas exceções.
E o editorial do DC (RBS) de hoje? A culpa toda é do governo federal. Nem ao menos citaram o disparate do novo código ambiental proposto pelo LHS.
Hora de agir!
Abaixo-assinado para uma discussão mais aprofundada do
Projeto de Lei do Código Ambiental de Santa Catarina.
Nós, abaixo-assinado, solicitamos aos senhores deputados catarinenses que suspendam a tramitação do Projeto de Lei nº. 0238.0/2008, denominado Código Estadual de Meio Ambiente conforme os prazos divulgados: “apresentação de emendas – até 2 de dezembro e pronto para ‘ordem do dia’ em 17 de dezembro”.
Diante da catástrofe socioambiental acontecida e do grande número de manifestações contrárias ao projeto de lei nas audiências públicas por parte de técnicos, pesquisadores e ambientalistas, fazemos um apelo público para que se promova uma discussão mais aprofundada sobre o conteúdo e as conseqüências da referida lei que poderão agravar ainda mais a vulnerabilidade da ocupação humana e o equilíbrio ambiental.
Clique aqui: http://www.comiteitajai.org.br/abaixoassinado/
Cesar,
e voce falou que era o rabo abanando o cachorro. Lembra?! Não deu muito crédito à carta da AFATMA, lembra?!
è o cachorro acabando com os rabos!!
Cesar, vou colocar aqui, um comentário que fiz no blog do Aluizio Amorim.
-Nestes casos, sempre é um misto de desastre inevitável mesmo, mas tem MUITA incompetência, deste, e dos últimos governadores.
Planejamento é fundamental, impedir que as pessoas fiquem em área de risco, compete as autoridades, bem como planejar a retirada em caso de perigo iminente.
As causas da chuva em excesso, não podem ser atribuídas simplesmente a São Pedro, seria sacanagem com o velhinho, os desmatamentos, queimadas e outras agressões feitas por nós à natureza, sem duvida contribuem para este caos todo, e para isso existem estudos e pessoas pesquisam isso exaustivamente, .
Culpar o Luiz Henrique, pelo morro do Baú entre outros ter "derretido", é forçar a barra, mas algumas medidas para poupar algumas vidas poderiam ter sido tomadas.
Um exemplo, simples de como um pouco de trabalho faz bem, é a Avenida Hercílio Luz, que sempre que chovia um pouco mais, virava um rio, foi só fazer um trabalho de limpeza no canal que este ano não nada parecido aconteceu, e o mesmo DEVERIA ter sido feito no sul da ilha, aonde colocaram um piche meia-sola, e esqueceram que a água tinha que ir para algum lugar.
Abraço!
A Hercílio Luz não transbordava coisa nenhuma. Só fedia pra cacete porque o esgoto corria a céu aberto.
E a penca de licenças e ligaçoes de luz e carnês de IPTU legalizando de barracos a mansões nas encostas da Ilha, acima da cota legal???
Quanta às obras meia-boca, sem reparos.
Anônimo das 7:25.
Se a Hercílio Luz não transbordava, porque os prédios lá tem comportas na frente das garagens?
E me explica então, como em 2001(ou 2000), numa noite com muita chuva, os carros em frente ao prédio que eu morava estavam boiando na rua?(a água subiu quase 1 metro) E no dia seguinte, após tudo ter voltado ao normal, deu outra chuva muito forte por uns 15 minutos, e novamente água subiu mais de meio metro. EU estava lá e vi, ajudei o pessoal do prédio fechar a entrada da garagem pra não encher novamente.
Com certeza, algum outro leitor aqui sabe da situação.
Outra coisa, o que eu quiz dizer no meu cometário foi que, basta trabalhar, basta fazer a obras de prevenção básica que boa parte dos problemas causados pela chuva não aconteceriam.Foi até um elegio ao prefeito.
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