segunda-feira, 31 de outubro de 2005

SEGUNDA



O BRASIL NÃO É UM SÓ. SÃO MUITOS.
As crianças brasileiras são tantas e tão diferentes entre si. Que País tão grande e maravilhoso, desigual e injusto, fascinante e cheio de esperança, este nosso. Desde que éramos crianças ouvíamos, de nossos pais e avós, coisas lindas e horríveis sobre esta nação que não só nos espanta: o mundo arregala os olhos, admirado, invejoso e curioso.

Falamos a mesma língua, nascemos como nação sem uma grande guerra intestina. Temos água, ar, terra e mar numa quantidade superior à maioria dos demais paí-ses. Convivemos entre nós com tantas etnias, religiões, cores, costumes, que as demais nações, rachadas e partidas quase ao meio por conflitos irreconciliáveis, não acreditam que possamos ir tocando a vida assim, em paz.

Ontem à tarde, preparando a coluna, vi, no site do governo, essa foto do LHS sendo recebido por crianças de São João do Oeste (sábado, 29). Nos olhos delas, a excitação inocente de estarem tão próximas de uma autoridade. Achei a foto muito bonita, um belo momento captado pela Neiva Daltrozo, fotógrafa da Secretaria de Comunicação.

E lembrei-me de ter visto, não sei onde, uma foto semelhante, com crianças do nordeste. Infelizmente não consegui falar com ninguém do jornal do Mato Grosso que publicou a foto, para pedir autorização e um arquivo com boa resolução. Tive que usar uma foto menor, “tomada emprestada” do site do jornal, na Internet e nem sei o nome do autor (ou autora). Mas acho que também dá pra ver Lula sendo recebido por crianças do interior de Pernambuco, em fevereiro. Nos olhos delas, a excitação inocente de estarem tão próximas de uma autoridade.

Gosto de pensar que, nesses momentos, as crianças conseguem fazer com que os políticos recuperem, em seus corações, os mais nobres sentimentos de solidariedade, de necessidade de ação rápida para que o País, quando eles forem adultos, seja melhor do que é hoje.

Nem sempre eles se aproximam das crianças porque querem, às vezes é porque o pessoal do marketing exige (criança na foto sempre deixa o político mais humano). Mas aposto que todas as vezes que têm essa oportunidade, sentem um aperto no peito, uma umidade nos olhos.

Porém, ao retornar aos gabinetes, às audiências chatíssimas, às conversas de marciano com lobistas, aos números embaralhados dos orçamentos, do déficit e da arrecadação, os administradores são abduzidos por seres extraterrestres. Passam a viver numa outra realidade, num outro mundo. E tomam decisões com a cabeça nas nuvens e os pés acima da copa das árvores.

Aqui embaixo, bem perto do chão, nossos pequeninos sorriem e brincam como podem e como sabem, sofrendo e aprendendo com os erros da nossa geração.


FIGUEIRA NO SURF
O tricampeão mundial de surf Tom Curren (na foto acima, segurando o saco de pipocas, cercado pela torcida do figueira, com todo mundo querendo sair na foto com o ídolo), uma das lendas internacionais do surf, fez um coletivo-apronto-familiar sábado, assistindo o jogo do Figueirense vestido a rigor, com a camiseta do time (ao lado, com filho Patrick e a mulher, Makira).

Pé quente, assim que ele entrou no estádio, Adriano empatou o jogo e a torcida começou “era era era, o Tom Curren é figueira”.

O veterano surfista (39 anos) norte-americano também é músico e seus CDs fazem muito sucesso no circuito mundial do surf. Ele está em Florianópolis porque a cidade nestes dias é a capital mundial das ondas e “todo mundo” veio pra cá.

AUTO-ESTIMA EM ALTA
A estratégia da prefeitura, para aumentar a auto-estima do povo do continente parece estar dando resultado. Ontem, às 11 da manhã, um sujeito muito animado passou correndo na avenida Max de Souza, bem na hora em que acontecida o show de bandas evangélicas do Festival da Primavera.

Um pessoal mais nervoso não entendeu direito e chamou a polícia, só porque o animadinho estava correndo sem roupa. Peladão.

DESCENTRALIZAÇÃO LATINO-AMERICANA

LHS emplacou a descentralização e o corredor bi-oceânico no documento final da II Reunião de Cúpula da Organização Latino-americana de Governos Intermédios (Olagi), encerrada sexta-feira (28).

Durante dois dias governadores, prefeitos e intendentes de vários países latino-americanos reuniram-se na capital.

Na “Declaração de Florianópolis”, entre outras conclusões do encontro estão “a necessidade de se promover processos de descentralização da gestão pública como instrumento de desenvolvimento das regiões, e de se impulsionar a comunicação dos diferentes territórios mediante redes rodoviárias e ferroviarias que conectem os dois oceanos através de corredores bioceânicos”.

Sem outros efeitos práticos, trata-se apenas de uma gentileza e um agradecimento ao anfitrião.

MAR DE LAMA
Dá até um cansaço ver, toda semana, aparecer mais uma sujeirinha debaixo do enorme tapete da nossa vida política. Ainda mais porque as “novidades” são coisas antigas a que não se deu a devida atenção quando eram novas.

O PT montou uma operação de risco, utilizando-se das práticas que os demais partidos utilizavam e adicionando alguns componentes novos. A bomba explodiu no colo do tesoureiro (tal como a bomba do Riocentro explodiu no colo do sargento na década de 70).

A partir da implosão petista, o jogo ficou mais pesado: a direita viu abrir-se, gratuitamente, diante de seus olhos, a grande oportunidade que eles sempre perseguiram. E tem trabalhado para acabar de destruir o PT e desmanchar o carisma do Lula.

O PT, burramente, tem se defendido dizendo que foi o contrário. A direita, tentando desmoralizá-los, teria produzido a explosão. Acho que mesmo o mais distraído leitor já percebeu que se o PT não tivesse montado essa máquina heterodoxa de angariar fundos e aliados, a oposição não teria tanta munição.

sábado, 29 de outubro de 2005

SÁBADO

ESSE POVO ACHA QUE A GENTE É IDIOTA?
“Guia de Eventos” do governo do estado é um amontoado inútil de informações incompletas

Para inaugurar essa “grande obra” teve até solenidade na Assembléia Legislativa. Foi anunciado pela Secretaria de Estado da Cultura, Turismo e Esporte de Santa Catarina como uma coisa muito importante. Eles disseram, no último dia 18, exatamente isto (os destaques, em negrito, são meus):

“O Guia de Eventos é um portal eletrônico que reúne os principais eventos de Santa Catarina nas áreas da Cultura, Turismo e Esporte. O portal é um grande referencial para a divulgação dos eventos do Estado, para os turistas e para todos os catarinenses. Para estar em contato com tanta informação é só acessar o endereço: calendario.sol.sc.gov.br ou entrar no site da Secretaria de Estado da Cultura, Turismo e Esporte (www.sol.sc.gov.br) e clicar no link Guia de Eventos”.


Acompanhem comigo uma visita ao tal “Portal”, olhando nas imagens abaixo, que foram tiradas do computador. As letrinhas engraçadinhas em (onde? o quê?) foram colocadas por mim. Se clicar na imagem abre-se uma ampliação.

Fui ver o que vai acontecer no estado domingo, dia 30. Pouca coisa, só 4 registros. Bom, vai ver que ainda não estão colocando todos os eventos. Abri um deles, o Rodeio em Água Doce. Ué?! Só tem data e horário e um telefone de contato! Quem quiser saber onde vai ser, se vai ter churrasco, que provas terão, tem que ligar praquele telefone. Liguei, mas o telefone está errado: dá numa secretaria do município e o evento é da Cidasc.

Ou seja, o que está ali não serve pra nada ou pra muito pouca coisa. Achei que talvez fosse porque Água Doce é um município pequeno. E cliquei no Dia do Comerciário, em Florianópolis. Também está tudo incompleto. E, de novo, o telefone está errado. Errado mesmo: o número que colocaram ali não existe.

Para hoje estava anunciada uma apresentação da Sinfônica de Santa Catarina em Criciúma. Fui conferir. Afinal, a orquestra precisa de todo apoio. Pelo que está ali, o concerto será à meia-noite (zero hora). Mas não dizem onde.

O pouco caso com a nossa inteligência fica ainda mais evidente e aí começa a beirar o deboche puro e simples, no caso dos idiomas oferecidos. Todo site de Internet que tem seu texto em mais de uma língua, costuma colocar uma bandeirinha indicando. Esse portal de araque tem bandeirinhas do Brasil, do Reino Unido e da Espanha.

Ao clicar em cada uma delas, o texto deveria mudar para a língua desses países. O texto em “espanhol” é todo em português e só muda no nome dos meses. Da mesma forma, o texto em “inglês” é também em português.

Inaugurar obra inacabada, incompleta e mal feita é uma espécie de tiro no pé, não é não, Knaesel?

WALTER NO VOTO
Estava com a TVAL ligada, esta semana, quando ouvi uma voz que não era de nenhum deputado. Cá comigo pensei: “conheço essa voz”. Era, de fato, o Walter Souza, radialista com algumas décadas de janela, que durante as votações das matérias, nas Sessões da Assembléia Legislativa, faz comentários sobre o que está acontecendo.

Quando há uma votação, a tela da TV mostra o painel de votação e antes ficava meio em silêncio, até que todos os deputados tivessem votado. Agora, com os comentários que o Walter faz (ou lê) aquele painel paradão faz mais sentido.

Boa iniciativa, de tornar a TVAL mais parecida com televisão. E os comentários, pelo menos os que ouvi, foram bem adequados.

TESTE ESQUISITO
Li que os barcos que farão o transporte marítimo de passageiros em Florianópolis serão testados primeiro numa linha entre Joinville e São Francisco do Sul. Claro que não entendi. São realidades completamente diferentes, do tipo de mar ao tipo de usuário. Que teste é esse? Se é pra ver se flutua, é sacanagem com o pessoal de Joinville, se é pra ver se atende à demanda, os dados obtidos não poderão ser usados em Florianópolis.

POBRE POLÍCIA...
Cada vez que alguém tem a casa assaltada, ou o carro roubado ou coisa pior, acaba vendo, com os próprios olhos, as dificuldades de todos os tipos que atrapalham a vida dos policiais. Coisas que a gente vê nos filmes e acha que são fáceis e comuns, como a coleta de impressões digitais, ainda é um procedimento difícil, que não está disponível para todas as investigações e raramente traz resultados práticos.

Para fazer seu trabalho a polícia conta, basicamente, com a delação de comparsas, com a confissão, extraída às vezes à força, com denúncias anônimas, com a sorte e com força de vontade. A obtenção de provas, de evidências que coloquem o suspeito no local do crime e que levem à convicção da autoria, ainda são sonhos distantes. Faltam equipamentos, faltam suprimentos, faltam treinamentos, falta tudo.

CONTINENTE EM FESTA
Termina domingo a série de eventos destinados a “elevar a auto-estima” do pessoal do continente. O prefeito anunciou um pacote de 65 obras, onde serão investidos cerca de R$ 4 milhões, para arrumar um pouco aqueles bairros do município que não ficam na Ilha.

Tomara que a prefeitura não olhe para o continente apenas na “Festa da Primavera”, uma vez por ano. A cidade toda merece atenção todos os dias. É pra isso que a gente paga os impostos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

SEXTA

GINÁSTICA DINAMARQUESA PARA O SEU FIM DE SEMANA

Essa gurizada aí da foto faz parte da Equipe Nacional de Ginástica daquele país do norte da Europa, a Dinamarca. O SESC de Santa Catarina promove apresentações deles hoje e domingo em Florianópolis, pra comemorar o dia do Comerciário. E eu resolvi fazer propaganda porque a gurizada é animada, bem humorada, caprichosa e faz um show de primeira.

Hoje é no ginásio do SESC da Prainha, às 19:30. Domingo, dia 30, das 9 da manhã ao meio dia, no SESC do Cacupé, tem uma oficina de ginástica para várias tribos: crianças, jovens que já praticam ginástica, professores de ginástica, de educação física, etc e tal. E às 3 da tarde, no mesmo SESC Cacupé, uma nova apresentação do grupo. Tudo de graça. Imperdível.

Essa turma tem trabalhado muito. Este ano e no ano que vem devem se apresentar em 15 países ao redor do mundo. O show deles dura uma hora e meia e apresenta ginástica rítmica moderna, saltos, cambalhotas, tudo formatado como um espetáculo colorido, musical e divertido. Uma ótima oportunidade para animar a gurizada a se mexer.

Eles são 14 moças e 14 rapazes entre 20 e 28 anos (coloquei os nomes ali em cima pra vocês poderem falar com eles quando os encontrarem na oficina de ginástica ou passeando pela cidade). No últimos dez anos a equipe (naturalmente com outros componentes) se apresentou em 45 países, realizou 800 shows e 600 oficinas de ginástica.

Em outubro e novembro eles percorrem a América do Sul. Em janeiro de 2006 se apresentam na América do Norte, em fevereiro na África, em março na Índia e abril no Vietnam. Não é pouca coisa.
Hoje, 28: espetáculo no SESC Prainha, 19:30h;
Domingo, 30: oficina de ginástica no SESC Cacupé, 9h;
Domingo, 30: espetáculo no SESC Cacupé, 15h.
ENTRADA FRANCA!
www.sesc-sc.com.br


“NÃO ADIANTA CRUCIFICAR O TESOUREIRO”
A cientista política Lúcia Hippolito, cujo comentário diário é veiculado pela rede CBN de rádio, falou ontem sobre o ex-presidente do PSDB e seu tesoureiro. Peço licença para reproduzir aqui um trecho do comentário dela:

“Para a lei eleitoral, não importa se o candidato toma ou não conhecimento de todas as etapas do financiamento de sua campanha, de todas as doações e de todas as despesas.

Para a Justiça Eleitoral, o candidato é responsável pelas finanças de sua campanha. É ele quem assina a prestação de contas.

Um tesoureiro de campanha é um simples tarefeiro. O tesoureiro não formula estratégias de captação de recursos sem a aprovação do candidato ou de seu estado-maior. O tesoureiro não tem autonomia para aceitar ou recusar esta ou aquela doação. O tesoureiro só atua com a aprovação do candidato ou, pelo menos, dos chefes da campanha.

Por isso é que o responsável perante a lei é o candidato. Ele não tem o direito de desconhecer quanto custou o marqueteiro, quanto custou o programa de rádio e TV, como as despesas principais vão ser pagas, quem doou dinheiro e como esse dinheiro vai ser utilizado.”


(A íntegra do comentário pode ser lida na coluna do Ricardo Noblat)

Quando ouvi isso pensei imediatamente: vale para o Azeredo e vale também para o Lula. Não tem como dizer que “não sabia”. É ilegal, imoral e muita cara de pau.

OBRA NA CABECEIRA
Um aviso pro povo que pretende ir a Florianópolis no final de semana: tem obra numa das cabeceiras da ponte que leva à Ilha, pra corrigir um desnível (um degrau, na verdade). Começa sábado à tarde, se não chover.

FARRA DO E-MAIL
Tem muita gente que ainda está deslumbrada com a Internet e, dentro dela, maravilhada com o e-mail. Isso de poder mandar mensagens para uma porção de gente ao mesmo tempo, enviar fotos “engraçadas”, piadas sem graça, aqueles insuportáveis anexos de power point ainda diverte bastante gente.

E o povo, novato na área, tem feito muita bobagem. A mais comum é mandar besteira para listas enormes de destinatários.

O cara recebe um “aviso urgente” de qualquer coisa e trata de repassar imediatamente. Em 99,99% dos casos é trote.

Tem também aquele que acha que consegue enviar e-mail anonimamente. Ainda há pouco o Tribunal de Justiça de Santa Catarina mandou um provedor de Internet “entregar” o endereço de um sujeito que distribuiu e-mails caluniando um vizinho. Pronto. Tá ferrado. Mesmo que as penas não sejam lá essas coisas, todo mundo ficou sabendo quem é o mentiroso covarde.

E, talvez ainda mais grave, é quando o cara recebe um e-mail do “Serasa” ou do “Banco do Brasil” dizendo que ele está com saldo negativo e precisa “clicar aqui” para ver o extrato. Pois não é que tem um monte de otário que clica? E instala, com isso, um vírus, um espião ou qualquer desses programinhas safados.

Depois, quando perde todos os arquivos, fica se achando o último dos últimos: quem mandou ser burro. Então, se chega um e-mail de alguma “Jane” dizendo “não me conheces mas te amo muito, te mando uma foto” e o idiota ainda abre o anexo, tem mesmo que perder o HD e o dinheiro da conta do banco.

A CAPITAL DO FACTÓIDE
Palhoça, na Grande Florianópolis, está concorrendo ao título de Capital do Factóide. Factóide é como alguns jornais têm chamado fatos criados artificialmente, por prefeitos e governadores, apenas para aparecer no jornal. Foi invenção do Cesar Maia, prefeito do Rio, que é o Rei do Factóide.

Todo dia a assessoria de imprensa da Prefeitura de Palhoça manda e-mails com letras bem grandes anunciando algum grande feito do prefeito de lá, o Ronério. Uma das últimas é a Faculdade Municipal. O povo que tem a cabeça no lugar está achando muito estranho que o município, que ainda tem problemas no ensino fundamental e em tantas outras áreas, resolva se meter num campo completamente estranho aos deveres municipais.

Mesmo que o município esteja recebendo milhares de novas empresas por mês e precise urgentemente formar mão de obra, seria mais prático, barato e lógico, fazer convênios com alguma das dezenas de escolas superiores já existentes nas proximidades.

DESCENTRALIZAÇÃO BI-OCEÂNICA
Tem uma reunião de governadores latino-americanos em Florianópolis. LHS foi lá discursar e adivinha do que falou?

“O traçado partindo de Santa Catarina e atravessando a Província de Misiones (Argentina), seria o mais recomendável, pois depende somente da adequação de alguns trechos. Ficaria pronto mais rapidamente e custaria mais barato”.

Claro, LHS não consegue falar com nenhum estrangeiro sem trazer o assunto da ligação bi-oceânica. E aproveitou a oportunidade para recomendar que todos adotem a descentralização como forma de “evitar o fantasma dos golpes de Estado”. Uau!

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

QUINTA

POLÍTICA SEM MISTÉRIOS

Olharam bem para essa foto aí em cima? Pois bem, vou aproveitá-la para mais uma lição do cursinho Tio Cesar de política. Em política uma foto nunca é apenas uma foto, é sempre um registro que pode ser descrito conforme a conveniência. Vamos imaginar o que um governista e um oposicionista diriam dessa foto? Pra tornar a brincadeira mais divertida, não vou dizer qual legenda é de um e qual do outro lado. Vocês tentam descobrir.

Legenda 1
Acompanhando de perto as festividades da Semana do Servidor, o governador Luiz Henrique participou na tarde desta terça-feira da festa para os funcionário públicos estaduais da região Norte do Estado, que lotaram o Centreventos Cau Hansen em Joinville. Na oportunidade, aconteceram homenagens aos funcionários que completam 30 anos de serviços no Governo do Estado, e também sorteio de brindes.

Legenda 2

A legislação impede que o governo faça ou pague festas para os servidores públicos. Por isso, a Semana do Servidor é realizada com recursos de patrocinadores. Não cabe, numa festa de servidores públicos, aquele balão da descentralização, que é uma peça promocional do governo. E também é inadequado o “uniforme” dos servidores que estão no palco, que usam os símbolos gráficos da gestão LHS (aquela linha curva vermelha copiada da coca-cola e o verde abacate). A festa, que deveria ser apartidária e para o servidor, vira um comício de campanha para o candidato à reeleição.

SUPERSTAR

A EDM/Logos, empresa de assessoria de comunicação de Joinville, enviou ontem cartinha onde aponta "pequenos equívocos" de nota publicada aqui no dia 6, sobre o show "Eu Sei que Vou te Amar", da cantora Márcia Mell.

Não é de hoje que considero a EDM/Logos uma das melhores e mais competentes assessorias do País. Mas a carta, assinada por uma das profissionais da equipe, não parece ter sido revisada com calma antes do envio.

Para que os leitores se situem na discussão que estamos começando: no dia 6 a Sara Caprário publicou aqui uma notinha com o título "Mais uma divulgação oficial", onde comentava uma observação que o colunista Gonzalo Pereira tinha feito. A Secretaria do Desenvolvimento Regional de Caçador estava divulgando o espetáculo da filha do governador. Sara achava que estaria tudo bem se o evento tivesse o apoio do governo. E lembrou que no show, em Florianópolis, a cantora agradeceu apenas à agência de publicidade OneWG, uma das que atende ao governo do estado.

A partir dessa nota, a EDM/Logos enviou uma carta para reclamar, em resumo, que a gente teria denegrido o trabalho "de profissionais sérios que estão dando o melhor de si para levar ao público um espetáculo de qualidade".

Foi bom saber, pela carta, que não se trata de um pequeno show, de uma cantora, um violão e um banquinho no centro do palco. Márcia Mell recebe um tratamento de superstar, com apoio de agências de comunicação, de publicidade, e a estrutura proporcionada pelo patrocínio da Videolar, poderosa empresa de mídia óptica e magnética.

É TUDO VERDADE
Li e reli a nota, procurando as palavras ou insinuações que estariam denegrindo os profissionais (30, segundo informa a assessoria) que o show emprega. Não achei.

A nota diz que a filha do governador teve seu espetáculo divulgado por uma Secretaria de Estado. Isso é verdade. A EDM/Logos admite, na sua carta, e ainda explica os motivos que levaram a SDR a fazer tal coisa e como foi feita.

A nota diz que a cantora referiu-se, agradecida, à OneWG, agência que, entre seus clientes, tem o governo chefiado pelo pai da moça. A carta da assessoria confirma que a agência foi mesmo responsável pela divulgação do espetáculo.

Onde, então, teria esta coluna "denegrido" o trabalho das dezenas de bons profissionais envolvidos com aquele espetáculo?

Talvez no título. Não foi "mais uma divulgação oficial". Deveria ser “mais uma divulgação profissional”. O único problema é que esses profissionais trabalham equilibrando-se na tênue linha que separa o público e o privado.

NÍVEL SUPERIOR
Desde ontem às quatro e vinte da tarde, o Jornalismo voltou a ser uma profissão de nível superior. O Tribunal Regional Federal, em São Paulo, derrubou a decisão de uma juíza que não gostava de jornalistas e que tinha abolido na necessidade de diploma.

Tem gente que diz que exigir diploma de jornalista atenta contra a liberdade de expressão. Bobagem. Assim como é bobagem, achar que o diploma, com essas escolas xinfrins que temos, povoadas por “professores” que não conseguem escrever dois parágrafos sem dez erros, vai melhorar o que quer que seja.

HERR BORNHAUSEN
Esse PT faz coisa! Quando que eu ia imaginar que teria que citar o Jorge Bornhausen dois dias seguidos aqui na coluna?

Ontem tive que mencioná-lo porque o Lula anda muito magoado com ele. E hoje, porque sindicalistas do PT, certamente inspirados nos sentimentos inamistosos do ministro do Trabalho, fizeram cartazes onde pintam Bornhausen como nazista. Luiz Marinho declarou, em O Globo, que “Bornhausen tinha saudade de Hitler”.

O Kaiser, que não nasceu ontem, foi para a tribuna do Senado e aproveitou o destaque oferecido por seus inábeis inimigos. Recebeu a solidariedade de seus pares e fez um dircurso irado (no bom sentido).

E o que tinha começado com uma frase infeliz acabou, com a ajuda sempre eficiente do PT, dando mais espaço para o PFL e para o senador catarinense. Ô raça!

GODINHO SE SUPERA
Pois não é que na Sessão de ontem da Assembléia Legislativa o deputado Godinho (aquele que uma hora está de cavanhaque, outra de barba, outra barbeado) subiu à tribuna para tocar, no sistema de som do Plenário, uma música gauchesca?

A letra, projetada no telão, falava de revólver e tiros e dizia respeito, de alguma forma, à campanha (já concluída) do referendo. Claro que ele cantou junto, em alguns trechos, como se a votação ainda fosse acontecer.

O mais intrigante é que a letra da música falava mal do governo. de cuja base de apoio, teoricamente, o deputado faz parte: “nesse governo, quem tem que prender não prende, não vigia, não defende!”

Eu morro e não vejo tudo...

QUEBRA DE DECORO
Quando o deputado Paulo Eccel, líder do PT começou um discurso cheio de volteios achei que iam pedir a cassação, por quebra do decoro parlamentar, do desafinado Godinho. Que nada, pediram foi a cabeça do Nelson Goetten, pelo discurso do dia 13 de setembro, quando teria ofendido violentamente o deputado Vânio dos Santos.

Apesar da comparação feita pelo líder do PT com as cassações federais, é provável que a turma dos panos quentes e do “menas, Eccel, menas” consiga acalmar os ânimos e colocar as coisas em seus devidos lugares. Lá é roubo, aqui é destempero verbal.

SOCORRO!
O irrequieto ex-vereador Rogério Duarte Queiroz, a partir de seu mini-pantanal, na praia da Daniela, monitora como a Ilha vai sendo ocupada e participa, agitado como sempre, de vários movimentos.

Um deles é o SOS Rio Ratones, que pretende alertar para mais um desses super-mega-projetos imobiliários. Conta ele: “querem implantar um loteamento para milionários estrangeiros, chamado de Residencial Villas de Jurerê, embora situado logo na entrada de Ratones, ali no trevo, com 80 lotões de 5.000 m2”.

O principal problema é que o “emprendimento” quer aterrar as margens do maior rio da Ilha (o Ratones), ainda navegável e piscoso, cuja bacia hidrográfica se espalha pelo Norte, indo até Canasvieiras, Cachoeira do Bom Jesus, Daniela, Vargens Pequena e Grande, etc, ocupando quase 10% da Ilha.

Como em outras situações, a Câmara de Vereadores já fez as necessárias mudanças no Plano Diretor, para facilitar a vida do povo que quer aterrar o Ratones.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

QUARTA

[Os problemas com a Brasil Telecom, que me deixaram sem acesso à Internet desde ontem - detalhes em longa nota abaixo - atrasaram a atualização deste blog. Agora, aparentemente, as coisas voltaram ao normal.]

PP E PT CONTINUAM NAMORANDO
A liberação, pelo governo federal, do dinheiro de emendas individuais para parlamentares do PP já chega a R$ 34 milhões. Só o PT consegui empenhar mais.

Pelo jeito aquelas conversas ao pé do ouvido entre o deputado Joares Ponticelli (PP) e a senadora Ideli Salvatti (PT) e depois o excelente relacionamento entre o mesmo Joares e o genro de Lula que trabalha na Assembléia Legislativa de Santa Catarina não se trata apenas de amizade ou simpatia pessoal. É uma aproximação partidária mesmo.

Em Santa Catarina, a justificativa para o namoro do PP com o PT era combater o rolo compressor do governo estadual. Mas o prestígio, no governo do PT, que o Márcio Fortes, ministro das Cidades e do PP está demonstrando, faz-nos supor que alguma coisa esteja sendo alinhavada.

ARAÚJO ABANDONADO
Peço licença aos colegas que tratam de esportes aqui no Diarinho pra comentar um assunto da área deles: desde que foi demitido do Avaí (por telefone), o técnico Márcio Araújo continua em Florianópolis. Isso faz mais de um mês e o homem não vai embora esperando que o clube salde a dívida que ainda tem com ele, e que anda por volta de R$ 70 mil.

Um dirigente (ou coisa parecida) chegou a oferecer ao ex-técnico um calaboca ou um "te manda daqui e não incomoda mais" na base da mixaria de R$ 2 mil.

Quem acompanha o futebol da Ilha, além de não entender como o Avaí conseguiu prometer pagar tanto pra esse cara que estava há mais de ano fora do circuíto, ou seja, desempregado mesmo, também não entende o comportamento da mídia esportiva local.

Não sai uma linha sobre esse assunto, nem em pé de página ou cantinho de coluna. As rádios e tevês ignoram a pauta como se tivessem medo de magoar alguém (pra não dizer outra coisa) ao falar sobre o caso.

ESSE BORNHAUSEN...

O presidente Lula, dizem os jornais, anda muito magoado com o senador Jorge Bornhausen, a quem responsabiliza por ataques à família presidencial. Lula chegou a fazer, segundo o Jorge Moreno, de O Globo, o seguinte desabafo:

– Uma coisa boa na política brasileira era que os adversários respeitavam os parentes dos outros, principalmente filhos. Nossos filhos não ficavam expostos a denúncias infundadas, sem provas, a um disse-me-disse. Havia respeito ao homem público. Que pai fica feliz vendo o nome de seu filho arrastado na imprensa na base dos boatos, das insinuações? Acabou esse respeito na política brasileira.

Bornhausen, ao saber das lamentações de Lula, disse que “o presidente Lula não precisa se preocupar comigo. Nunca fiz política atacando a família de adversários e não será agora que mudarei minha maneira responsável de agir.”

O presidente anda mesmo meio transtornado. Esse caso do filho dele não tem nada de boato: um jovem começar uma empresa com um aporte de capital de R$ 5 milhões é um fato concreto em qualquer lugar do mundo. Fato que só aumenta de gravidade à medida em que se adicionam os detalhes, todos concretos.

E o senador catarinense, alçado pelo presidente ao posto de inimigo nº 1 não deve ter ficado muito triste. Problema, hoje, é ser amigo do presidente.

BALANÇO DO NAVIO

O governador LHS deu a tradicional entrevista coletiva na Casa dos Jornalistas, para “prestar contas” e fazer “um balanço” da última viagem.

Como o pessoal do Centro Administrativo me acha muito implicante com Sua Excelência, não farei qualquer comentário ácido, ou azedo, sobre a viagem ou sobre o que LHS disse na “entrevista”. Não é preciso. O contribuinte já tem a sua opinião formada sobre esse excesso de missões ao exterior.

Só esqueci de perguntar o que o Joãozinho, o motorista do LHS que foi à China, achou do passeio.
Chii, o colunista resolveu ocupar este precioso espaço de informação e opinião com um desabafo de consumidor frustrado e irritado.
PERDÃO, LEITORES
A TRISTE VIDA DE MAIS UMA VÍTIMA DA BRASIL TELECOM

Quando a gente usa Internet profissionalmente, para trabalhar, qualquer meia hora que fica sem conexão é problema. É prejuízo. Agora imagina ficar um dia inteiro, ou dois, que é o tempo que os técnicos levam para atender aos chamados? É de chorar.

Ontem, pela enésima vez, fiquei sem o adsl da Brasil Telecom (a conexão banda larga). E desta vez o caso é ainda mais inacreditável.

A Brasil Telecom está recomendando que os usuários de adsl instalem um “turboanalisador” para checar se está tudo ok com a sua conexão à Internet. Parecia uma coisa inofensiva, dessas que só analisam o sistema e dão um parecer qualquer.

Curioso, atendi à Brasil Telecom e instalei o tal analisador para ver como é que era. Vai que o treco descobre por que a minha conexão cai a cada dois ou três meses, né?
Pois bem, adivinhem o que aconteceu? Assim que o tal “analisador” da Brasil Telecom foi instalado e fez a primeira verificação, a Internet caiu. Parou de funcionar.

Pelo telefone, os técnicos da própria Brasil Telecom informaram que era só desinstalar o treco que a Internet voltaria a funcionar: “parece que o seu modem não é compatível”. Mas a coisa não tinha qualquer tipo de aviso. Tinha inclusive meu modem listado nas configurações iniciais.

Claro que, mesmo desinstalando o coisinho, a Internet não voltou a funcionar.

Novamente fui para o telefone, pra nada, porque “só o técnico poderá estar verificando o que pode estar ocorrendo”. E o técnico, quando vem? Amanhã. Ou depois.
Chegamos ao cúmulo do desrespeito: a empresa cria problema onde não há. E depois nem quer saber se causou prejuízo, se atrapalhou a vida do cliente. Os incomodados que corram atrás de advogados, gastem montes de dinheiro, pra depois ter uma satisfação parcial, ou nem isso, de seus prejuízos e atrasos.

E a Brasil Telecom ainda fala em fazer “parcerias” com as empresas. Só se forem bonzinhos e eficientes com as grandes, porque para as pequenas, trabalhar com eles é prejuízo na certa. Pra começar, quem não pode ficar desconectado por 24 horas de tempos em tempos, tem que ter duas conexões com a Internet: a deles e uma outra, pra usar sempre que a deles cair. Então é melhor ter só a outra, né não? Essas de tv cabo ou gvt ou o que mais existir. Que também não são lá essas coisas.

O que não dá mais é para acreditar nas promessas que vão fornecer conexão estável 24h, sete dias por semana. Tenho adsl há quatro ou cinco anos (ou será mais?) e a Brasil Telecom sempre me deixou na mão nas piores horas, pelos motivos mais idiotas, como este agora. Acho que está na hora de aprender a lição e deixar de ser burro.

Em tempo: no final da tarde comentei com minha amiga Cora Rónai (editora de Informática de O Globo, que está em Florianópolis participando da Futurecom) sobre esse meu desespero de ficar sem Internet. E ela, talvez pra me consolar, disse que lá, num evento de alta tecnologia, as conexões estavam devagar quase parando. “Achei que teria uma banda larga poderosa, que nada!” disse ela.

Nem sei se é a Brasil Telecom que está fornecendo a banda larga da Futurecom, mas a verdade é que essas empresas precisam trabalhar muito, se quiserem recuperar a nossa confiança.
Se vocês quiserem, podem me mandar suas histórias tristes de consumidores enganados. Lerei com carinho e publicarei as melhores.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

TERÇA

AS OBRAS DO MERCADO MOSTRAM A CARA DA CIDADE
Parece que não há mais dúvidas: a reconstrução do Mercado Público de Florianópolis vai continuar, às pressas, para que os lojistas tenham seu espaço de volta a tempo de ainda faturar algum antes do Natal.

Os cuidados, as preocupações, a atenção que talvez devesse ter foram jogados para debaixo do tapete. Ninguém quer se incomodar.

O Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município, que por lei deveria ser ouvido ou se manifestar, está quieto. Como estão quietas as ONGs que têm Florianópolis ou Floripa no nome. E são muitas. Está absurdamente quieto o Instituto Histórico e Geográfico, talvez preocupado com delimitações burocráticas de competência.

O Mercado, patrimônio municipal, está fora do alcance do patrimônio nacional (pelo menos até que seja examinado o pedido de tombamento). E no município a prioridade, explícita, é pela reconstrução das lojinhas. Se possível sem entrar em muita conversa sobre essas frescuras de pedra velha.

A cidade, inerme, passiva, parece que adora chorar e se lamentar quando não tem mais jeito. Faz assim com o Miramar, que viveu abandonado, maltratado, esquecido, como um bêbado na sarjeta, que todo mundo faz de conta que não vê. Quando derrubaram, aí o choro começou. Todo mundo, de repente, tomou-se de amor e saudade pelo Miramar.

Cansei de passar pelo Miramar e sentir o fedor de mijo e excremento que exalava, abrigo de párias, paredes sujas e pixadas, placas de compensado onde havia janelas, retrato acabado do abandono. Nada na cidade indicava que alguém gostava daquele prédio. Que iria sentir sua falta.

Com a ala queimada do Mercado parece ocorrer a mesma coisa. Ninguém está se importando se vão fazer mezaninos de escravos baixinhos, se a história de duas paredes é a melhor solução, se arquitetonicamente houve prejuízo. Todos estão quietos.

Quando, daqui a alguns anos, descobrirmos que essa reconstrução causou algum prejuízo ao patrimônio (certamente alertados por algum especialista estrangeiro ou de outra cidade), começará o choro típico da cidade omissa.

Nas reuniões sobre Mercado aparecem, em massa, os comerciantes. Defendem seu ganha-pão. Para eles o mercado é apenas um espaço físico bem localizado, de aluguel escandalosamente barato. Mais nada. Aqueles que vêem no Mercado um pouco mais que isso e sonham em ter aqui alguma coisa que possa funcionar como o Mercado Central de São Paulo ou mesmo o Mercado Público de Porto Alegre deveriam se mexer. Para não ficar chorando pelos cantos daqui a pouco.

A prefeitura já mostrou que tem pressa, que precisa transformar a cidade num canteiro de obras, que suas prioridades são determinadas pelo calendário eleitoral. O que também significa que, se a comunidade se organizar e pressionar, poderá ser ouvida: nenhum político é louco de se indispor com os eleitores às vésperas de um ano eleitoral.

DEU BRANCO
A coluna de ontem (no jornal impresso) saiu sem o cabeçalho, que tem o nome dela, o meu, o e-mail e o barrigudinho apressado. Aposto que vocês nem notaram, né? A culpa foi dum treco técnico que atende pelo nome melífluo de “vínculo”. Deu pau no vínculo e o cabeçalho dançou. Saiu em branco. Coisas da informática, maravilhas da tecnologia. Mas hoje, se a Lei de Murphy deixar, está tudo certo, como sempre.

DE PONTA CABEÇA
Quando eu era editor-chefe do jornal O Estado (o mais antigo), tinha uma coluninha onde contava para os leitores um pouco dos bastidores (do “making of”) do jornal. E um dia pedi desculpas porque alguém tinha errado e colocado, na edição anterior, uma foto de cabeça pra baixo. Disse que acidentes acontecem, mas que a gente estava trabalhando para reduzir os erros ao máximo. Claro que, na mesma edição em que saiu essa explicação, tinha outra foto de cabeça pra baixo. Ou seja, a Lei de Murphy é poderosa: “tudo o que pode dar errado, dará”.

A CPMF E A SAÚDE
Vocês sabiam (ou se lembram) que a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), foi criada em 1996 com o propósito de resolver os problemas na área da saúde no Brasil?

De lá pra cá, o que mudou na Saúde, com os milhões e bilhões arrecadados?

Nada, né? Talvez porque a CPMF seja uma das mais vergonhosas caixas-pretas governamentais. Entra governo sai governo e ninguém mexe, porque é uma galinha dos ovos de ouro. E ninguém se importa se não está cumprindo seus objetivos iniciais.

Mesmo um leigo pode imaginar que os problemas da saúde no País seriam bem menores ou nem existiriam, se todo o dinheiro arrecadado com a CPMF fosse aplicado, com honestidade, sem ladroagem, onde deveria ser.

CELESC TÁ COM TUDO
Deixa aproveitar que está acontecendo a Futurecom, em Florianópolis (foi na semana da Futurecom que deu o grande apagão de 2003), pra comentar que a Celesc está no ranking que a revista América Economia fez, das 500 maiores empresas da América Latina.

Segundo a revista, a Celesc é a 29ª maior estatal da América Latina e a 266ª posição entre as grandes empresas da Região. Subiu 21 posições em relação à lista anterior.

As outras catarinenses que aparecem na lista: Sadia (105ª), Perdigão (155ª), Seara (307ª), Weg (316ª) e Embraco (322ª). No total são 202 empresas brasileiras. A pesquisa foi feita com base nos balanços contábeis de 2004.

FERIADÃO MESMO
Vocês, que são experientes, podem me ajudar nessa matemática do serviço público: o Poder Judiciário anunciou que dia 28 é ponto facultativo. E o estado informou que não trabalha dias 31 e 1º. E o dia 2, quarta-feira, é feriado.

Portanto, segundo entendi, dá pra marcar a passagem para quinta à noite. E aproveitar o feriadão até dia 3 de manhã (o expediente só começa às 13h, lembra?).

Quase uma semana. Cinco dias em plena primavera. E o pessoal ainda se queixa do salário baixo. Que nada, esses benefícios adicionais valem mais do que muito aumento.

JORNALISMO A PERIGO
Os jornalistas, não sei se vocês sabem, vivem uma situação profissional esquisita. Uma juiza, dia desses, achou que pra ser jornalista não precisa ter curso superior e cassou a regulamentação profissional. Amanhã, em São Paulo, a decisão vai a julgamento. O diploma dos jornalistas está em jogo.

Para os maus patrões (quase todos), é muito conveniente derrubar qualquer exigência para o exercício profissional: a oferta de mão de obra aumenta enormemente e os salários, que já são vergonhosos, poderão continuar a cair.

Para os leitores, não é bom negócio. Contar histórias sem mentir, sem enrolar, sem cometer erros de português, sem enganar o leitor, é uma tarefa que exige muita habilidade e algum estudo.

Existe técnicas, no jornalismo, que o profissional precisa aprender, de preferência na escola, para poder colocar bons jornais na rua, bons programas informativos de rádio e TV na sua casa. Não é fácil fazer jornal, o jornalismo não é simples como muitos pensam.

Tem gente que acha que jornalismo é só escrever umas bobagens numa coluna (como esta). Que nada, é muito mais. Tem que ir atrás da informação, descobrir o que está acontecendo e depois contar direitinho. E fazer isso com grande profissionalismo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

SEGUNDA

QUE ALÍVIO!
Ainda bem que terminou a agonia do referendo fajuto. Agora podemos voltar a falar sério sobre nossa (in) segurança. E continuar a afastar as armas. Imagino que muitos dos que votaram não, preferem um País sem armas. Aprovam o Estatuto do Desarmamento.
Só não concordam com essa pergunta esquisita para que a gente assuma uma decisão que o Congresso não teve peito de bancar sozinho. Não queremos apenas acabar com o comércio das armas. Gostaríamos que a cultura da violência fosse sendo modificada até não precisarmos mais de armas.

Com o não, o comércio de armas de fogo e munição continuará submetido às mesmas restrições impostas pelo Estatuto do Desarmamento aprovado pelo Congresso há quase dois anos. Continua não existindo porte de arma no País (mesmo quem tem autorização para ter arma, só pode tê-la em casa ou no trabalho). Ou seja, zerou o jogo.

BOAS LEMBRANÇAS
A jornalista Bea Porto foi à missa de 7º dia da morte da Lourdes Tancredo, na sexta-feira. Ela conta: “foi emocionante, a família projetou uma série de fotos que retrataram momentos de toda a vida – em especial aqueles onde ela distribuía alegria. Foi tão bonito que as pessoas aplaudiram”.

A família, diz a Bea, recebeu a todos com carinho e as provas de amizade foram muitas. “Fez bem ao espírito de todos”.

A Pat, filha da Lourdes, disse que tem certeza que sua mãe e o Beto (Stodieck) já estão no céu "tricotando"...

AO TRABALHO!
O Secretário da Administração, Marcos Vieira, deu uma descansada boa no passeio à Alemanha e à China e volta, espera-se, com todo o gás. Pode ser até que encontre forças para acelerar a montagem do plano de cargos do Deinfra (antigo DER).

Uma espécie de patinho feio da administração pública estadual, o Deinfra, que tem arrecadação própria, técnicos competentes e saco de filó, está esperando há alguns meses que o governo tome alguma decisão.

O plano inicial foi rejeitado porque aumentava a folha. Um novo plano, sem aumento, está sendo elaborado. Marcos Vieira disse ontem que o plano não está na gaveta e sai “até o final do ano”. Deste ano.

SEMANA DOS SERVIDORES

Por falar em Administração, hoje começa, com banda de música e sorteio de carro, a Semana do Servidor. Uma ocasião em que os servidores recebem algum reconhecimento e se divertem um pouco.

Mesmo que os mais ranzinzas insistam em dizer que os servidores públicos trabalham pouco ou não trabalham direito, basta uma olhada um pouco mais cuidadosa em qualquer repartição pública para ver que a maioria é esforçada, caprichosa e até faz muito, com os recursos escassos que são colocados à sua disposição.

Outra coisa importante é separar o servidor de carreira daqueles chefes e chefetes que ocupam cargos de confiança, por indicação política: alguns são completamente incompetentes. A má fama que muitos setores têm deve-se a essas criaturas, que não chegam a 1% dos servidores ativos.

DE OLHO NA LAGOA
“O leito da Lagoa da Conceição e o seu entorno é área de preservação permanente, bem da União Federal e de uso comum do povo”, por isso, qualquer modificação ou edificação requer licenças junto aos órgãos competentes. Segundo a procuradora da República Analúcia Hartmann, muitos parecem desconhecer esse fato básico e insistem em agredir aquele patrimônico natural e cultural.

Várias ações estão em curso, pedindo a demolição de grandes e pequenas obras, que em maior ou menor nível demonstram a capacidade que temos de destruir, degradar e enfeiar.

A procuradora, em algumas ocasiões, tem sido citada por empresários como uma pessoa interesada em “engessar” os empreendedores. Simplesmente porque pede o óbvio: o respeito às leis e ao bom senso. E a manutenção das nossas belezas naturais. Coisa inaceitável para alguns que se acham donos do mundo e vivem acima da lei.

E O PSDB?
O PSDB tentou jogar o Azeredo pra baixo do tapete, fazer-se de morto e torcer pra ninguém falasse mais no uso que o ex-candidato a governador de Minas fez do esquema Marcos Valério.

A IstoÉ desta semana (naturalmente alimentada por petistas, mas isso faz parte do jogo político), mostra que a conexão existiu, que não foi coisa pouca e que o Azeredo sabia de tudo. Embora diga, como o Lula e o Zé Dirceu, que não sabia de nada.

E o Estadão conta que as relações do governador tucano de Goiás, Marcondes Perillo, com o Delúbio do PT, eram mais que amistosas. Dezenas de ligações foram feitas, de vários órgãos do governo goiano, para o ex-tesoureiro do PT, desde antes da posse de Lula.

Bom, para um partido que quer disputar a Presidência da República, o PSDB tem dormido no ponto. A demora em afastar Azeredo da presidência do partido deixa mal todos os tucanos. E abre brechas desnecessárias nos debates que o ano eleitoral vai levantar.

BADERNA “POLÍTICA”
A Polícia Federal deve abrir inquérito para apurar o que aconteceu na UFSC, quando um grupo de baderneiros aprisionou ilegalmente, por cerca de cinco horas, o Conselho Universitário, Reitor inclusive. Depois de aberto o inquérito, o delegado responsável terá 30 dias para concluí-lo.

O Sindicato dos Servidores da UFSC já se ofereceu para pagar a defesa dos baderneiros e um dos membros de seu conselho fiscal se apressa a qualificar a ação como “ato político”, que faria parte da “luta por uma universidade melhor”.

Se, numa ditadura, a gente até pode entender que alguns atos políticos tenham que ir contra as leis de um governo ilegítimo, num governo legítimo, democraticamente eleito, com todas as instituições funcionando sem restrições, crime é crime. Ato político é outra coisa.

Mas, ao que parece, esse pessoal, grevistas profissionais e quetais, vivem em outro século e agem como se a violência, nos Estados democráticos, fosse aceitável apenas por causa do rótulo (discutível) de “ato político”.

TETAS MUNICIPAIS

Antes de devolver o cargo ao Alemão, o prefeito em exercício da capital, Marcílio Ávila, ainda teve tempo para dar mais alguns litros de maternal leite morno para as queridíssimas empresas de transporte coletivo: reduziu a alíquota do ISS de 2% para zero vírgula alguma coisa. Com isso, a mãe-prefeitura deixa com as empresas R$ 159,2 mil por mês. Quase R$ 2 milhões por ano.

Volto a perguntar: os demais empresários do município, que lutam com dificuldades de todo tipo, não vão exigir que o benefício seja estendido a todos?

ABRA O OLHO COM OS CONSÓRCIOS
Anúncios com ofertas tentadoras sobre consórcios contemplados, cotas garantidas ou com outras "vantagens" são comuns e acabam enganando muita gente boa. No Salão do Imóvel de Florianópolis (que terminou ontem), o diretor da Randon Consórcios, Cesar Pissetti deu algumas orientações sobre o assunto.

Como o Banco Central é que é responsável pela fiscalização das Administradoras de consórcio e pela normatização e autorização para funcionamento, a primeira providência é perguntar pra eles se a empresa existe e é legal, no site do BC (www.bc.gov.br), na página de Serviços ao Cidadão.

Sempre é bom ver também nos órgãos de defesa do consumidor se têm muitas reclamações registradas contra a Administradora.

E a Associação Brasileira de Consórcios (ABAC) tem uma cartilha pra quem não quer entrar em fria, no site www.abac.org.br.

“SAI O HAMBURGUER DO DOUTOR!”
Os advogados que precisam utilizar o protocolo do Tribunal de Justiça devem ter gostado da idéia: um “drive-thru” onde o sujeito, sem descer do carro, entrega e recebe documentos. Nas épocas de vacas magras (em que faltarem verbas para o Judiciário) ou de pouco movimento, o PJExpress, com pequenas adaptações, poderá servir lanches rápidos aos distintos causídicos.

sábado, 22 de outubro de 2005

SÁBADO

PORQUE HOJE É SÁBADO!
A CIDADE E ALGUNS DE SEUS PERSONAGENS
Na colagem fotográfica acima, alguns florianopolitanos, de nascimento ou por adoção, que fazem parte da vida cultural, boêmia ou apenas folclórica da capital.

Como o critério para fazer a colagem foi simplesmente usar as fotos mais à mão, é claro que faltam aí algumas centenas de figuras tão ou mais emblemáticas daquela coisa abstrata, mas concreta, que é o “espírito” da cidade.

Eu deveria deixar a foto sem dizer quem é quem ou então fazer um concurso pra ver quem sabe os nomes. Mas como concurso sem prêmio de valor não tem graça, dou a resposta hoje mesmo.

1. Zé do Cacupé: figura lendária do Cacupé. O restaurante do mesmo nome (que os filhos tocam) é um dos melhores da Ilha;

2. Mosquito: agitador de massas, ex-comunista, ex-petista, ex-capitalista, ex-dono de bar;

3. Sérgio Murilo: o manezinho que preside a Federação Nacional dos Jornalistas;

4. Olívio Lamas: fotógrafo premiado que se esconde na Lagoa do Ibiraquera;

5. Maurício Amorim: criador do Paineiras e da boate Capelinha. Tá sempre aprontando;

6. Walter Souza: radialista talentoso e trocadilhista militante;

7. Bea Porto: jornalista especializada em Florianópolis. Sabe tudo de todo mundo;

8. Dete Piazza: professora, diretora do IEE e musa;

9. Picolé: eterno diretor de criação da Propague;

10. Moacir Pereira: colunista e presidente da Associação Catarinense de Imprensa;

11. Lauro Búrigo: ex-técnico de futebol, comentarista de rádio;

12. Darci Lopes: criador da legendária TV Cultura canal 6, a primeira da capital;

13. Oldemar Olsen Jr.: jornalista, poeta, escritor e agitador cultural, não necessariamente nessa ordem;

13. Francisco Pereira: escritor e comunista, ou vice-versa;

15. Raul Caldas Filho: cronista, observador das pessoas e apreciador da boa vida;

16. Paulo Dutra: fotógrafo de gatinhas desde o tempo do maiô de duas peças;

17. Paulo Brito: o jornalista e comentarista de rádio de quem todo mundo gosta de discordar.

PS: As fotos foram todas tiradas por este que vos fala.

O GAROTO PROPAGANDA DO SAPIENS PARQUE
A partir da segunda-feira Florianópolis volta a ser um daqueles lugares chatos, onde o governador é o governador e o prefeito é o prefeito. E LHS, que pode ser acusado de tudo, menos de ser lento, vai levar os peso-pesados das empresas de alta tecnologia (que estão na Ilha por causa da Futurecom) pra jantar.

Como não existe jantar de graça, os convidados terão que ouvir o LHS fazer propaganda do Sapiens Parque, aquele empreendimento público/privado do norte da Ilha. O governo está ansioso que pelo menos algumas delas decidam instalar-se lá, porque acredita que isso fará com que as outras venham atrás.

Por via das dúvidas, LHS já agendou uma viagem à Califórna, em novembro, pra concluir a conversa e até fechar algum negócio.

DE VENTO EM POPA
O governo está feliz da vida com a perspectiva da vinda de milhares de turistas norte-americanos na temporada 2006.

Além dos esquemas de pacotes já fechados e que estão sedo ofertados no mercado americano, o estado esteve presente esta semana num grande evento de turismo na Califórnia e fez exposições para cerca de 600 agentes de viagens.

Santur, Açoriana Turismo e Costão do Santinho foram os nossos embaixadores, nessa empreitada que teve, lá no começo, a participação da Secretaria do Planejamento e a consultoria do International Business Institute (IBI Americas), do Pedro Kraus, de Itapema, SC, por recomendação expressa do LHS.

Esse IBI praticamente só tem clientes catarinenses, como a Dudalina, da família do Secretário do Planejamento, Armando Hess de Souza. E no governo atende à Santur e ao Sapiens Parque.

FERIADÃO
O dia do servidor público, 28, não será feriado. Foi transferido para o dia 31, segunda-feira. E como o dia 1º também é feriado (ponto facultativo, para sermos exatos), taí mais um belo feriadão. Portanto, pernas pro ar que ninguém é de ferro.

SEMANA DO SERVIDOR
Já que estamos falando nisso, a semana que vem é toda dedicada a homenagear os servidores públicos estaduais, que terão uma série de atividades especiais em todo o estado. Já começa hoje, com uma corrida rústica, a partir das 16h, na avenida Beira-Mar Norte (mas bem longe do Fernandinho).

Na segunda-feira a festa continua, com o sorteio de um carro zero, totalmente equipado, oferta generosa do Banco do Brasil. Concorrem automaticamente todos os servidores, ativos e inativos e empregados das empresas de economia mista com salário bruto inferior a R$ 6 mil. A programação está em www.sea.sc.gov.br.

OLHA O RADAR!

Desde ontem à noite os radares instalados em várias das sinaleiras do centro de Florianópolis passaram a multar quem passa por eles em excesso de velocidade.

Até ontem, quem passava sinal vermelho ou invadia a faixa de pedestres já era multado, mas quanto à velocidade eles só registravam a infração, sem emitir a multa propriamente dita. Agora a coisa é pra valer.

Na Beira-Mar o limite é 80, na Mauro Ramos, 60 e em alguns pontos, como diante de escolas, 40. É só prestar atenção e tirar o pé do acelerador perto das sinaleiras.

A média de infrações, até agora, tem sido bem baixa: 0,04% do total de veículos que passam pelos sensores (os tais “radares”).

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

SEXTA

Florianópolis em dia de céu azul e sol é outra coisa. Nesta semana tivemos uma folguinha sem chuva e eu aproveitei pra dar uma volta no centro, de onde trouxe essa foto da Igreja de São Francisco. E coloco aí, bem grandona (pra ver maior, clique sobre a foto), só pra ver se São Pedro se compadece da gente e fecha um pouco mais as torneiras.

LHS 2006... NA CHINA!
LHS não perde tempo: já avisou que em março de 2006 volta à China para a inauguração da nova fábrica da Embraco. O governador está tentando acumular mais milhas aéreas que o presidente Lula. Claro que leva uma desvantagem básica: não tem o AeroLula, o que torna as coisas um pouco mais lentas. Mesmo assim, LHS tem se esforçado. Essa de marcar nova viagem antes mesmo de voltar ao Brasil demonstra que o Lula tem pela frente um adversário obstinado.

A FILA TÁ GRANDE

Os demais membros da comitiva já se assanharam com a possibilidade de novo passeio ao Oriente. Mal sabem eles que a fila do passeio está do tamanho das filas nos brinquedos do Beto Carrero nas férias de verão. Todo mundo quer dar uma voltinha e participar da verdadeira descentralização.

O governador ainda não disse para onde pretende ir no enorme espaço que tem entre outubro de 2005 e março de 2006. Claro que não ficará em casa. Se mantiver a média, poderá fazer, com folga, umas seis ou sete viagens internacionais antes de voltar à China.

LAGOA EM OBRAS
A prefeitura anunciou esta semana o início da pavimentação de ruas e um troço que eles chamam de “revitalização do centrinho” da Lagoa. Tirante o risco das obras ainda não terem terminado quando a temporada começar, teve uma coisa que o Djalma Berger (o primeiro-irmão) falou, que me deixou preocupado:

“A duplicação da Avenida das Rendeiras está prevista no orçamento de 2006”.

Pra quem não conhece, essa avenida é aquela que passa entre as dunas e a Lagoa, em direção à Joaquina. Fico imaginando como é que vão duplicar sem agredir as dunas ou sem aterrar a Lagoa. Vai ver que pretendem fazer as duas coisas. Afinal, mais vale um lindo tapete preto do que um pouco de areia e água (suja).

DESERTO MESMO
Pra vocês verem que não estou brincando quando falo que o Centro Administrativo está um deserto, ontem faltou água o dia todo. Os banheiros estavam uma “maravilha” e o pessoal que não viajou (a maioria) estava adorando. Quando o LHS voltar, decerto a água volta.

DOUTOR LUÍS MIR, O POLIVALENTE
A maioria dos jornalistas cinqüentões ou quarentões de Florianópolis conheceu ou já ouviu falar no Luís Mir (irmão do Antônio Mir, artista plástico), que trabalhou por aqui na década de 80 e depois foi para Brasília, onde também atuou um tempo como jornalista. E de vez em quando se envolvia em alguma polêmica.

Em 1994, Mir publicou “A Revolução Impossível” sobre a esquerda e a luta armada. No início de 2005 publicou “Guerra Civil - Estado e Trauma”, sobre as raízes da violência urbana no Brasil. Era, até onde se sabia, jornalista, historiador e pesquisador.

Daí, a Secretaria de Comunicação do governo do Rio de Janeiro, no começo do mês, informou aos jornais que a governadora Garotinha participaria de um evento, na Lagoa Rodrigo de Freitas, organizado pelo Projeto Trauma. E que o coordenador nacional desse projeto, que convidou a governadora, era “o médico-cirurgião Luís Mir”.

Depois, quando noticiou o evento, que colocou 36 mil cruzes de isopor na Lagoa, o governo do Rio continuou chamando o Luís Mir de médico.

Anteontem, o jornalista Ricardo Noblat publicou no seu blog, que é um dos mais lidos do País, uma declaração sobre o referendo assinada pelo Luís Mir: “médico, pesquisador e historiador”.

Pra completar, o jornal The Washington Times publicou matéria de um freelancer, do Rio, sobre violência na cidade, onde cita o último livro do Luís Mir e o identifica como “an emergency-room physician in Sao Paulo” (um médico de pronto-socorro em SP).

Ué... o Mir agora é médico?

Quando perguntei a ele que novidade era essa, ficou assustado. Disse que não tinha visto os jornais e não sabia que estava sendo identificado como médico.

“Sou pesquisador, historiador, tenho orgulho disso e me apresento dessa forma”, afirmou. Ele acha que o pessoal pode ter feito confusão porque o tal Projeto Trauma reúne entidades médicas, porque nos últimos tempos tem feito pesquisas na área médica, porque ganhou um prêmio normalmente atribuído a médicos. Mas que nunca se apresentou como médico: “não preciso disso”.

Disse que vai entrar em contato com quem o está apresentando dessa forma, para corrigir o equívoco. Só que basta colocar o nome dele no Google para ver que a missão será praticamente impossível. Tem muita gente “equivocada”. E como muitas matérias são feitas com base nas já publicadas, o erro tende a se multiplicar.

PAU NO JORNALISTA
A organização “Repórteres sem Fronteiras” divulgou o “ranking” da liberdade de imprensa no mundo, classificando os países segundo o respeito ao trabalho dos jornalistas.

O nosso Brasil varonil está na 63ª posição (são 167 países), atrás, por exemplo, de El Salvador (28), Costa Rica (41), Bolívia (45), Uruguai (46), Moçambique (49) e Chile (50). O país com maior liberdade é a Dinamarca e o último colocado é a Coréia do Norte.

INTOLERÂNCIA
O Brasil tem uma liberdade formal de imprensa, mas as ameaças ao exercício do jornalismo são constantes, reais e graves. Seja por pressão econômica, medidas judiciais ou agressões, a liberdade de imprensa sofre com a visão estreita daqueles que não compreendem que o amadurecimento da democracia só se dará com o respeito a essa liberdade fundamental.

Não raro, os governantes locais tentam amordaçar os jornais independentes ou de postura mais crítica, usando para isso todo tipo de ferramenta. Acham que podem comprar a opinião, colocar jornalistas no bolso e fazer com que os jornais dancem conforme sua música.

JOINVILLE SEM SDR
A Reforma Administrativa do LHS criou 30 SDRs: Secretarias do Desenvolvimento Regional. É assim que está na Lei Complementar e é assim que devia ser.

Só que Joinville gosta de ser diferente e resolveu mudar, a seu bel prazer, o nome da Secretaria. Lá não tem mais SDR, tem só Secretaria de Estado do Desenvolvimento - Joinville. O regional do LHS foi pro pau.

Bom, num lugar onde prefeitura gosta de ser chamada de “Governo de Joinville” não é de estranhar que tenham se rebelado contra o nome que o LHS arranjou para as secretarias regionais.

XÔ FERNANDINHO!
A prefeitura de Florianópolis pede hoje uma liminar, na Justiça Comum, para interditar as celas do prédio da Polícia Federal.

Argumenta que o habite-se autoriza o uso das celas “apenas para detentos que não estejam cumprindo pena”. Presos condenados, como é o caso do Fernandinho, não podem ficar ali. E a PF não atendeu à intimação que dava 48 horas para retirar o sujeito.
Parece meio fraco, mas é o que o pessoal tem, por enquanto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

QUINTA

Emocionante foto distribuída pela Prefeitura de Palhoça, ontem, mostra o “primeiro casal” de Palhoça, Ronério e Dirce, no Vaticano. Ronério é o da esquerda. O da direita é o Padre Rogério, que foi pároco num dos bairros de Palhoça e agora está em Roma. O amor é lindo e a vida de prefeito é uma beleza, né não?

PALHOÇA E SANTO AMARO EM ÁGUAS MULTINACIONAIS
Vocês estão pensando que Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz iam ficar atrás nessa debandada estadual de governadores e prefeitos rumo ao estrangeiro?

Que nada! Ronério Heiderscheidt e José Turnes também deixaram suas cidades com os vices e acabam de chegar de uns bons dez dias na Europa.

E embora a assessoria do Ronério só tenha distribuído fotos do bucólico passeio que ele e a patroa fizeram em Roma (onde passou o final de semana), o jogo pesado foi jogado mesmo na França.

Os dois prefeitos foram levados à Europa pela Proactiva Meio Ambiente Brasil, que já tem contrato com a prefeitura de Florianópolis e deve estar querendo arrumar-se com Palhoça e Santo Amaro.

Essa Proactiva é propriedade, meio a meio, da gigante espanhola FCC (Fomento de Construcciones y Contratas S.A.), líder do mercado espanhol de saneamento urbano e da Veolia Environnement, líder mundial de tratamento de água e serviços relacionados ao meio ambiente.

ENORME INTERESSE
Acompanharam Ronério e Turnes, dois diretores da Proactiva, o Octavio Speranzini (que foi secretário de Habitação e Desenvolvimento de São Paulo na gestão do prefeito Reynaldo de Barros) e o Regis Hahn, que em 2003 representava a Vivendi (outra empresa francesa de saneamento), quando o governador do Paraná tentou mexer na composição acionária da Sanepar.

Gente de peso, o que indica o nível do interesse do grupo multinacional na Grande Florianópolis. E pelo relato distribuído pelo Ronério, conseguiram impressioná-lo. O prefeito voltou falando até em intermediar parcerias entre o centro de treinamento da Veolia, que ele visitou, e as universidades catarinenses.

Já que a gente acompanhou o começo do namoro dos prefeitos com a Proactiva, não custa acompanhar como será o noivado e o casamento. Azar da Casan, que em 2006 vira ex, sem choro nem vela.

O POBREMA DO TÍQUE
Os restaurantes populares estão tiriricas da vida com as empresas que monopolizam os tíquetes refeição e impõem taxas e outras despesas que somam mais de dez por cento de cada refeição.

Hoje fazem um dia de protesto, que esperam que seja entendido pelos usuários: não aceitarão os tíquetes.

De fato, a despesa do tíquete ter ficado mais alta do que, por exemplo o cartão de crédito, é uma distorção inaceitável (alguém deve estar levando alguma coisa nisso, não?) e os pequenos restaurantes têm mesmo que se mexer, para que as poderosas donas do pedaço não passem por cima.

Na Assembléia Legislativa, tentando pegar carona no movimento, o deputado Godinho leu (mal) uma carta do sindicato sobre o assunto. E todas as vezes que se referia ao caso, falava em “tíque”. No final eu já estava tendo um tique nervoso, de tanto que ele repetia a pronúncia errada dessa palavra estrangeira que nós macaqueamos.

PARCERIA ESQUISITA
Moradores de Florianópolis receberam ontem telefonemas, no mínimo, esquisitos, do setor de assinaturas do jornal Diário Catarinense. Fui um dos “agraciados” com a conversa de marciano.

O sujeito, do outro lado da linha, começava dizendo que estava ligando “por causa da parceria do Governo do Estado e da Prefeitura de Florianópolis com o Diário Catarinense”. Perguntei “como é que é?”

Segundo ele, é simples: “o governo do estado apoia o programa do DC de distribuir jornais em 1.298 escolas para aumentar a leitura e a cultura”.

Cada vez mais espantado, informei que não pertenço a escola nenhuma. Aí ele disse que graças à parceria, estavam oferecendo assinaturas nas regiões próximas às escolas beneficiadas.

“Mas é o governo que vai pagar essa assinatura?” perguntei. Aí acho que a ficha começou a cair e ele tentou explicar que o governo não tinha nada com isso, que não pagava nada, apenas apoiava o programa aquele, etc e tal.

Tá, mas fica muito bonito pra cara do contribuinte (e pro jornal, que teoricamente deveria parecer independente) que os chatíssimos telefonemas para vender assinaturas agora venham “patrocinados” pelo governo e pela prefeitura.

Não é muuuito estranho?

VEXAME FEDERAL
Quase chorei ao ver e ouvir, ontem, o relato feito, na tribuna da Assembléia Legislativa, pelo honrado deputado Blasi, do vexame a que foram submetidos em Brasília.

Se as vítimas dos maus tratos tivéssemos sido a Carla e eu, membros da “viadagem capitalina” deste jornal, tudo bem. Somos apenas jornalistas, zeros à esquerda.

Mas os ofendidos, como se fossem zé ninguéns, foram algumas das principais autoridades catarinenses: o governador, o presidente do Tribunal de Justiça, o prefeito, deputados estaduais de vários partidos, o presidente da OAB-SC e uma senadora da república.

Não receberam apenas um bolo do Ministro, coisa que já é suficientemente grave. Foram também ofendidos em suas inteligências e dignidade pelos subalternos que estavam fazendo-lhes sala.

Nenhum deles merecia passar o que passaram. Foram a Brasília movidos pelas melhores intenções e munidos de mandatos legítimos. O governo federal, com esse gesto mesquinho e incompetente, sem respeitar sequer os parlamentares do PT, que ficaram em péssima situação, pode ter aberto feridas profundas que, com certeza, não estarão cicatrizadas em 2006.

O MUNDO É UMA BOLA
O João Matos não agüentou a solidão do Centro Administrativo, que está povoado apenas por vices e também viajou. Está na Itália, de férias. Mas acho que não se encontrou com os prefeitos que também passaram por lá.

Já a comitiva do governador LHS, que está em Pequim, fez como todo turista brasileiro de primeira viagem: em vez de aproveitar para conhecer um pouco mais a culinária local e educar o paladar para a diversidade de sabores, foi almoçar na churrascaria que a Sadia mantém na capital chinesa.

É nisso que dá ficar fora de casa tanto tempo sem estar habituado: tem que achar uma comidinha com jeito de comida brasileira pra matar a saudade.

BI-OCEÂNICA, DE NOVO!
O LHS é, acima de tudo, um sujeito coerente, que bate sempre na mesma tecla. Pois não é que ele, mesmo na China, deu um jeito de incluir o tema da ligação bi-oceânica na conversa?

Lembram que ele foi ao Chile pra falar dessa ligação terrestre que vai de Santa Catarina ao Chile? E que depois na Argentina voltou a falar do assunto?

Pois agora, na China, tratou de mostrar aos chinenses que a rota mais rápida para que os produtos do Brasil cheguem lá e os de lá cheguem aqui é a tal estrada bi-oceânica. E tentou convencê-los a participar da construção da parte que falta (que fica, é claro, em Santa Catarina).

PMF BANK
O mais novo banco do mercado foi lançado ontem, sem autorizaçãodo Banco Central, como seria o correto, mas com a bênção da Câmara de Vereadores de Florianópolis. O PMF Bank, como está sendo provisoriamente chamado, atua principalmente no financiamento de folhas de pagamento para empresas de transporte coletivo.

O presidente em exercício do banco, Marcílio Ávila, disse que, coma criação do banco, “estamos devolvendo a tranqüilidade e a paz à nossa cidade”. Parece que os clientes em potencial do dinheiro barato e farto da prefeitura, estavam indóceis e, com a abertura da primeira agência ficaram mais calmos.

O logotipo do PMF Bank é um par de tetas maternais, vertendo leite e mel, sobre um tapete formado de pequenos ônibus com as boquinhas bem abertas.

CLIPES NA BATATA

Um dos fregueses do restaurante do Centro Administrativo, achou ontem um clipe de papel numa batata cozida. Como o restaurante é a quilo, deve ter sido colocado só pra aumentar o peso da comida.

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

QUARTA


GREVISTAS FAZEM REFÉNS NA UFSC

A coisa está ficando cada vez melhor. Ontem um bando de estudantes “grevistas” prendeu o Conselho Universitário no auditório da UFSC por quase seis horas. O Reitor Lúcio Botelho, que está com a mão na testa, na foto acima, deve estar pensando por que não foi pra China.

Os, vá lá, “manifestantes” aproveitaram para dar as costumeiras demonstrações de boa educação, usando os bens públicos como se fossem de seu uso particular. Vejam, na foto menor, como o estudante reforça seus argumentos em defesa dos R$ 30,00 apoiando o pé delicadamente sobre a mesa.

A Polícia Federal teve que parar o que estava fazendo e ir ao campus, pra colocar ordem na casa. Às cinco da tarde, os reféns foram liberados.

Por mais que a gente queira um uma universidade pública de qualidade, não tem como concordar com ações com esse nível de violência. Deixar pessoas em cárcere privado, mantendo-as como reféns até que suas exigências sejam atendidas não é prática que possa ser tolerada. Em nenhuma circunstância.

O Reitor afirma que não haverá retaliação, mas eu acho que deixar passar em branco ações violentas não é prática saudável para a construção de uma convivência civilizada e de mútuo respeito.

Mas, ao que parece, a lei só existe pra gente, que vive aqui fora, no mundo real. Lá no campus vale tudo. E nada acontece.

Tudo em nome da “democracia” e das “liberdades públicas”. Que estão entre aspas porque já está mais que demonstrado que para os grupos hegemônicos da universidade, a tolerância e a convivência de várias correntes de opinião (características básicas da liberdade) são coisas sem importância, dispensáveis ou mesmo prejudiciais.

Claro, o discurso é um e a prática é outra. Nos discursos se abomina a violência, na prática fazem reféns. No discurso pedem diálogo, na prática tiram a liberdade. E o medo, instrumento acessório do terror, faz calar as vozes discordantes e afasta o bom senso.

PRIMAVERA DA “AUTO-ESTIMA”
O secretário do Continente acha que os florianopolitanos que não moram na Ilha estão com o moral meio baixo. Aí, está agitando uma porção de festas e atividades para “resgatar a auto-estima” dos tripeiros, seja lá o que isso represente.

O festerê começa assim que o prefeito nº 1 chegar, dia 22, vai até o dia 30 e terá uma programação variada, para todos os gostos. Dei uma olhada na programação (que está em www.pmf.sc.gov.br) e não consegui ver onde é que entra a melhoria da auto-estima.

No dia do show de bandas de garagem se recomenda ao pessoal do Continente que venha para a Ilha, pelo menos até que eles aprendam a tocar ou baixem o som.

TEM QUE SER TODO DIA

Fora de brincadeira, não me parece que o tal festival seja nada além do que a Prefeitura deveria fazer o tempo todo: providenciar lazer, animação cultural e uso recreativo dos espaços públicos. Assim como foi anunciado, dá impressão que é uma coisa que vai acontecer agora e depois só no ano que vem. Se é pra melhorar a auto-estima de quem paga impostos, tem que tratar bem o ano todo.

E embora os políticos não acreditem, o melhor caminho para o coração do eleitor é trabalhar direito, sem se preocupar em transformar tudo em jogada de marketing.

ESTRANHO NO NINHO
A Assembléia Legislativa fez Sessão Solene, na noite da segunda-feira, para homenagear os professores. Foi entregue a Medalha de Mérito Castorina Lobo de São Thiago a 40 personalidades, entre as quais o Reitor da UFSC (que ontem seria submetido a cárcere privado e maus tratos: o local onde deixaram o povo preso não tinha banheiro, o que, em si, já configura tortura, condenada pela Convenção de Genebra).

Uma bela solenidade, tudo muito justo e merecido. O Presidente da Assembléia em exercício, Herneus de Nadal, esperto como o quê, não foi a Brasília, não levou bolo do Ministro e presidiu a Sessão todo sorrisos.

Também estava lá o ex-governador Paulo Afonso, com esse jeitão aí da foto. Não devia estar muito confortável, porque a presença majoritária era de professores estaduais, que certamente ainda não esqueceram os três angustiosos meses que ficaram sem receber salário, no final do governo dele.

NÓS E OS NOSSOS MONUMENTOS
A Prefeitura está querendo substituir os parelelepípedos da centenária ladeira do Hospital de Caridade por asfalto. A “melhoria” faz parte da instalação de uma rótula nova, na Avenida Mauro Ramos, acesso ao Hospital.

Assim como fizemos com o centro antigo (e histórico) da cidade, vamos destruir, pouco a pouco, os demais monumentos. Alguém deveria ter se dado conta (há algumas décadas), que tal como em tantos lugares do mundo, é preciso fazer uma cidade nova, em outro lugar, para poder preservar os tesouros arquitetônicos.

DEMOLIÇÃO CULTURAL
Mas agora não tem mais jeito. A imprevidência pública fez com que a cidade fosse crescendo à medida em que as coisas antigas eram derrubadas ou irremediavelmente alteradas.

O Hospital de Caridade, há muito, deveria ter sido transformado em museu, em sala de concerto, em qualquer outra coisa. Um hospital novo e maior deveria ter sido construído para substituí-lo. Mas não, fizeram tantos puxadinhos no velho prédio histórico, que discutir hoje se mantém ou não os paralelepípedos parece até uma coisa irrelevante.

Cidade do já teve, Florianópolis não consegue dar valor ao que realmente é valioso.


O prefeito de Florianópolis (em exercício), entregou ontem na Polícia Federal uma intimação dando 48 horas para que a carceragem (onde está o Fernandinho Beira Mar) seja desativada. Alega que o Plano Diretor não permite o funcionamento de cadeias naquela área, reservada a prédios públicos. Argumento complicado, se levarmos em conta que a menos de um quilômetro dali funcionam a Penitenciária do Estado e o presídio da cidade. E a Prefeitura, que aprovou o projeto e a construção do prédio da Polícia Federal, sabia perfeitamente o que ele continha.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

TERÇA

MINISTRO DÁ BOLO EM COMITIVA CATARINENSE

As principais autoridades do estado colocaram seus melhores ternos, a melhor loção após barba, lustraram os sapatos e foram a Brasília para um encontro com o Ministro da Justiça. Iam dar de dedo, falar grosso e exigir que ele removesse o Fernandinho da Beira-Mar.

O Ministro, sujeito ocupado, não recebeu a comitiva catarinense (“Lula chamou”). Ficaram todos com a maior cara de tacho. Mas a coluna conseguiu, com exclusividade, uma foto do bolo que o ministro deu. É um belo bolo, bem feito, bem decorado, coisa de primeira.

Melhor que o bolo, só a indignação da Senadora Ideli Salvatti, que saiu dizendo, como se ainda estivesse na oposição: “a situação é insustentável!

De fato.

CORAÇÃO DE MÃE 1
A Prefeitura de Florianópolis revela seu instinto maternal: no acordo entre as empresas de transporte coletivo e seus empregados, a Prefeitura é “avalista”.

Ou seja: sempre que não der pra pagar o pessoal ou por algum motivo faltar dinheiro, a mamãe Prefeitura estende as tetas e irriga, com o nosso dinheiro, as folhas de pagamento.

No melhor dos mundos (abrigadas no colinho da mamãe), as empresas de transporte coletivo têm, então, seis confortáveis meses para pagar, para a Prefeitura, o empréstimo.

Se a Câmara de Vereadores aprovar hoje, amanhã Prefeitura já assina, como mãe/avalista das empresas, o acordo coletivo dos trabalhadores do setor.

Cá entre nós, todas as demais empresas do município, que sofrem com os impostos escorchantes, os maus pagadores e as dificuldades gerais do comércio, dos serviços e da indústria, deveriam reivindicar o mesmo tratamento.

CORAÇÃO DE MÃE 2
Os 73 comerciantes da ala incendiada do Mercado Público, tal qual os empresários do transporte coletivo, moram no coração da Prefeitura.

Enquanto durarem as obras no Mercado, os comerciantes foram autorizados a montar um camelódromo ali perto. E, como se só isso não fosse pouco, ainda vão ganhar uma ajuda de custo da Prefeitura para pagar o aluguel das oito tendas de 100 m2 cada.
Não é nada, não é nada, serão cerca de R$ 75 mil por mês, do nosso dinheiro.

Fico imaginando o que aconteceria se pegasse fogo no prediozinho aqui perto onde funciona uma padaria e mais umas quatro lojinhas. Vocês acham que a Mãe Prefeitura ia ajudá-los com a mesma generosidade?

Que nada. Era capaz de ainda multar os coitados por terem atrapalhado o trânsito, lançado fumaça no ambiente, essas coisas.

CADÊ O ASFALTO QUE TAVA AQUI?
Sabe a rodovia Cristóvão Machado Campos? aquela bem movimentada, que liga o Rio Vermelho a Ingleses, no norte da Ilha?

Ela era praticamente toda asfaltada e tinha um pequeno trecho, no final, de terra. No começo do ano, a pretexto de asfaltar o que faltava e melhorar o piso existente, tiraram todo o asfalto da estrada.

Pode? Poeira no sol, lama na chuva e buraqueira o tempo todo, há quase um ano.
O povo de lá, que votou no Dário, anda tiririca da vida, xingando Deus e todo mundo. Parece coisa de português, mas quem fez foi o “Alemão”.

“FALTAVA A BASE”
Fui perguntar pra Secretaria de Obras da Prefeitura que moda nova é essa de arrancar asfalto (continuando a conversa da notinha acima).

A justificativa é que o que existia antes não era asfalto propriamente dito. Era uma coisa parecida (“uma espécie de cimento gaúcho”) que foi colocada direto sobre o piso de terra. Pra fazer asfalto de verdade, precisa de uma base (com brita, etc e tal) e drenagem. E só dava pra fazer a drenagem e a tal base se tirassem aquela casca que fazia às vezes de asfalto.

E assim foi feito. Para azar de todos, a obra demorou mais do que deveria. Os que usam a rodovia xingam todo dia o prefeito e seus parentes; a prefeitura xinga todo dia a empreiteira; e a empreiteira xinga todo dia São Pedro, que, no fim das contas, acaba sendo o principal culpado.

Em todo caso, parece que o fim da agonia está próximo. Deve terminar nos próximos dias... se não chover!

SÓ FALTA A PIPOCA
Depois de marchas e contramarchas o governo do estado lançou ontem o edital do prêmio Cinemateca Catarinense 2005 que vai distribuir a quantia (para nós) nada desprezível de R$ 1,47 milhão para filmes e documentários (os cineastas queriam R$ 1,9 milhão).

O dinheiro vai ser dividido entre vários projetos a serem selecionados. O de longa metragem vai ganhar R$ 760 mil; os três documentários de média metragem recebem R$ 60 mil cada um; os cinco de vídeo, R$ 30 mil cada; três curta-metragens, sabe-se lá por que, receberão R$ 80 mil cada. E ainda tem os prêmios para roteiros, três de R$ 8 mil e dois de R$ 18 mil (dependendo do tamanho do roteiro).

Essa história foi inventada ainda na época do Esperidião e é um negócio naquela linha do público/privado. A Cinemateca Catarinense é uma ONG, formada por profissionais e amadores (tem cerca de 80 sócios, segundo informa em seu site). E o dinheiro do prêmio que eles distribuirão é o nosso.

Nem vou mexer nesse vespeiro, porque afinal o governo tem feito tão pouco pela cultura da capital que quando faz alguma coisinha todo mundo tem que sorrir e fazer que sim com a cabeça.

Além de tudo, ainda tem os atrasos crônicos no pagamento desses prêmios (que são parcelados). Parece que o de 2002 só terminou de ser pago agora.

Tomara que os selecionados produzam coisas bem feitas e interessantes como, por exemplo, o “Sorria, você está sendo filmado”, que foi feito com uma grana dessas alguns anos atrás.

LEITE BARATO? ONDE?
Os laticínios catarinenses saem da entressafra reclamando muito do aumento da produção de leite no Brasil, que empurrou os preços lá pra baixo justamente na época em que o preço deveria subir.

E agora, com a entrada da safra, a tendência é do preço baixar ainda mais. Mas apesar dos produtores já estarem recebendo cerca de 20% menos por litro de leite desde agosto, os preços nos supermercados continuam paradões. Nem pensam em cair. O queijo então, nem se fala, não baixa nunca.

As redes de varejo seguram o preço no alto, garantindo seus lucros, enquanto os produtores ficam no prejuízo e a gente, que continua pagando mais do que devia, deixa de economizar uma boa grana.

Nesta quinta, em Concórdia, o pessoal das indústrias ligadas ao Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados de Santa Catarina) se reúne pra trocar uma idéia e chorar uns nos ombros dos outros.

CHINA GRÁTIS
Não é só o LHS que está interessado na China. A Associação Empresarial de Florianópolis está convidando para uma palestra do Zany Leite sobre como entrar no mercado chinês.

As inscrições são gratuitas pelo telefone (48) 3224-3627. Mas é bom se apressar porque a palestra será hoje às 7 da noite, no auditório da Acif (rua Emílio Blum 121, perto da Casan).

A VIAGEM DO COLOMBO

O candiatíssimo e entusiasmadíssimo Raimundo Colombo, presidente do PFL, licencia-se da Prefeitura de Lages dia 20 e põe o pé na estrada. Durante 25 dias vai correr o estado, como fez em fevereiro, de olho em 2006.

Quem fez a agenda dele deve ganhar por quilômetro, ou então gosta muito de um zigue-zague. Olha só: dia 20 em Blumenau, dia 21 no sul, Tubarão e Imbituba, dia 22 em... Gaspar (do lado de Blumenau), dia 27 em Canoinhas, no norte e dia 30 em Balneário Camboriú. Entre uma viagem e outra, é claro, ele volta pra Lages.

MP DO BEM DEU XABU
A Medida Provisória 252 (MP do bem) perdeu a sua validade. Ela reduzia o ganho de capital na venda de bens imóveis e também reduzia alguns outros impostos.

A confusão está armada, porque teve muita gente que utilizou esses benefícios e agora ficou a ver navios. A Ideli é que está certa: “a situação é insustentável!”

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

SEGUNDA

ISSO SIM, É QUE É DESCENTRALIZAÇÃO!

O governador não me disse nada, mas eu senti, na voz dele, que ele ficou chateado com as referências feitas à ida do Joãozinho, seu fiel motorista, à Alemanha e à China, na comitiva oficial. Afinal, o Joãozinho merece: segurou tantas barras durante a campanha, pra lá e pra cá, quando todo mundo achava que o Amin é que seria eleito e agora o governador não pode dar um prêmio pra ele? Claro que pode! Deve! Ele merece, de fato. Só que a gente não imginava que o LHS fosse usar o nosso dinheiro pra isso.

Bom, mas vamos deixar de lado essas coisas menores: Florianópolis e Santa Catarina estão com autoridades nas Américas, na Europa e na Ásia, num verdadeiro esforço de descentralização. Falta, é claro, a Oceania, mas logo, logo eles corrigem essa falha. Para a África irá quem perder o torneio de porrinha do final do ano.

SEMANA DECISIVA
Nós só temos mais esta semana para pensar sobre o que diremos para aquela maquininha, no domingo: sim ou não.

Li, no final de semana, duas manifestações pelo sim que, como todas as demais que tenho lido defendendo esse lado, parecem muito equivocadas.

O deputado Carlito Merss publicou um artigo no Jornal do Brasil onde diz, que “agora partimos para a reta final que vai decidir se queremos um país sem armas ou não”.

Como assim, cara pálida? O referendo não pergunta se a gente quer um país com armas. O referendo pergunta se a gente quer proibir o comércio legal de armas e munições. E qualquer criança sabe que o país sem armas que todos queremos não será conseguido dessa forma.

O referendo é fajuto porque traz consigo o vírus da enrolação, da enganação, do gato por lebre. O sujeito bem intencionado, coitado, vota sim crente que está dizendo que quer um país sem armas. Depois de um tempo, quando vê que tudo continua igual, cai a ficha.

LÓGICA FAJUTA
O cronista Luís Fernando Veríssimo declarou seu voto pelo sim com um argumento pra lá de estranho. Disse ele:

“Uma vitória do “Não” no referendo teria que — pela lógica — ser seguida de medidas que encorajassem a compra de armas por particulares, eliminassem as restrições legais ao seu uso, e estimulassem o “vigilantismo”. Um real, e não mais apenas teórico, engajamento da população numa guerra a tiros com os bandidos. Ou seja, aí sim o caos."

Veríssimo cria uma hipótese sem muita lógica e se apóia nela, como se o referendo fosse lógico. Deveria ser, mas é apenas um troço fajuto. Não tem lógica fazer consulta nacional para que a população se responsabilize pela proibição da venda de armas.

Votar no Não! desmancha o referendo, mas não leva a nenhuma situação, em termos de segurança, pior do que as que a gente já vive.

DIREITO FUNDAMENTAL
O jornal O Estado de São Paulo, a propósito, fala disso em seu editorial de ontem:

“Mas o que está em jogo no referendo do dia 23 não é uma simples questão de lógica. Vai-se decidir, por maioria simples, se os cidadãos abdicam de um direito fundamental da pessoa humana: o de legítima defesa, sua e de sua família. Sendo esse o verdadeiro objeto do referendo, causa espécie que nenhum dos defensores da teoria das cláusulas pétreas da Constituição tenha ido à Justiça para impedir a realização da consulta popular. Afinal, o seu resultado pode ser a revogação de um direito inalienável.”

MESTRES DA COMPLICAÇÃO
Na Universidade Federal de Santa Catarina transformaram uma coisa comum e relativamente simples como o Departamento do Pessoal em alguma coisa ainda mais complicada do que o parente metido a besta, o Departamento de Recursos Humanos.
Está lá, na estrutura da Universidade (que deveria ser um templo do saber, da explicação, da solução dos mistérios): “Departamento de Desenvolvimento e Potencialização de Pessoas”!

Pode? Seria muito engraçado se o sujeito ou sujeita que inventou essa bobagem não estivesse sendo pago com nosso dinheiro. Deve ser daqueles que acha muito chique “falar difícil”.

POESIA PARA O POVO
O poeta Rodrigo de Haro propôs, a Fundação Franklin Cascaes, da Prefeitura da Capital, topou e começa amanhã, no teatrinho da UMBRO (ali na escadaria da Artista Bittencourt), a “Terça com Poesia”. Às 19h com entrada franca.

Diz a propaganda que “o objetivo é viver a poesia e criar um espetáculo intimista, onde o poeta possa falar de sua obra e dos seus autores preferidos”. Um bate-papo com o poeta, então.

Até que a cidade anda precisando de uma agitação cultural e seria muito legal se essa proposta acabasse seguindo as trilhas abertas pelo Lindolf Bell com a Catequese Poética e pelo Leminski, que conseguiram desmistificar a poesia e aproximá-la de um número maior de pessoas.

Ah, o primeiro poeta a se apresentar, não por coincidência, é o próprio Rodrigo de Haro, que pode, se estiver inspirado, transformar esse encontro em um espetáculo bem interessante.

MISTÉRIOS DA POLÍTICA
Uma prima, que gosta de trabalhar em campanhas políticas, tá sempre atuando como cabo eleitoral e é tão dedicada quanto fofoqueira, me contou dia desses, num velório (tem muita família que só se encontra em velório, né?), uma história muito interessante.

Um deputado, que se reelegeu várias vezes, gabava-se, na intimidade, de ter um sistema infalível para ter as votações que tinha.

O trabalho dele na Assembléia ou na Câmara era bem medíocre. Poucos projetos, bobagens. Nada de atuação relevante nas comissões, um medíocre, diria alguém olhando de fora.

Mas, nas regiões onde tinha votos, mantinha gente encarregada exclusivamente de descobrir e anotar as datas de aniversários. E no dia de cada um dos aniversários ele manda um cartão, uma flor, um telegrama. Era esse o sistema infalível: dar os parabéns pro maior número possível de eleitores e eleitoras. Todo dia, o ano todo.

Claro que, além disso, ele cumprimentava todo mundo que encontrava. Sempre. E assim o sujeito se reelege, a cada quatro anos. Só com a força do aperto de mão e de umas palavras gentis. Mais nada.

CAIXA PRETA DO TRANSPORTE COLETIVO
O Ministério Público de Santa Catarina insiste e agora está pedindo ao Supremo Tribunal Federal a derrubada da Lei Complementar que deu de bandeja, sem licitação, a concessão por 10 anos do transporte público da capital para aquelas empresas de sempre. E ainda garante o direito à prorrogação por mais dez anos.

O procurador Gilberto Callado de Oliveira acha que a Lei é inconstitucional e está recorrendo ao STF porque o Tribunal de Justiça aqui do estado discordou dessa tese.

O transporte coletivo na capital está cheio de rolo. Outro que não desenrola é a história do passe livre, bandeira política do PSTU e alguns grupos anarquistas: a lei municipal está sendo contestada porque é indecente. Enquanto o trabalhador pobre tem que pagar passagem inteira, o estudante filhinho de papai viaja de graça.

PREVISÃO DO TEMPO

Nesta semana poderão ocorrer chuva e ranger de dentes na Câmara dos Deputados. O Supremo deve negar o pedido de colinho que os deputados cassáveis fizeram e até o Zé Dirceu entra na roda.

Cá no Sul, não tem frente fria que acalme o prefeito em exercício Marcílio “Olha Eu Aqui” Ávila, que quer porque quer entrar para a história como o sujeito que embargou o cadeião da Polícia Federal anos depois da Câmara, da qual ele participava, ter autorizado a construção. A semana promete.