terça-feira, 31 de outubro de 2006

TERÇA

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PAU NOS JORNALISTAS
Ontem perto do meio-dia, logo depois que Lula veio à frente do Palácio do Alvorada cumprimentar o pessoal que lá estava, com bandeiras e camisetas, alguns militantes começaram, gratuitamente, a agredir os jornalistas. Chegaram a derrubar um fotógrafo, bater numa jornalista e um repórter chegou a ser agredido com o mastro de uma bandeira.

Os gritos dos militantes davam uma pista do que eles pretendiam:
“Eu prefiro a ditadura do que a imprensa”;
“Vamos fechar todos os jornais”; e
“Se falar de dossiê, vai levar dossiê na cara”.
É claro que Lula não instigou direta e claramente seus áulicos. Mas o tom de suas queixas, durante a campanha, dava a entender que ele estava sendo vítima de perseguições e armações.

A própria trapalhada do dossiê, autênticamente petista, ganhou, nos discursos de campanha, uma nebulosa co-autoria tucana. Como se tudo de ruim que se diz sobre o Lula fosse invenção ou pura maledicência malintencionada.

O resultado é que os mais exaltados resolvem fazer justiça com as próprias mãos: ainda mais agora, que, contra tudo e contra todos (e contra as elites brancas, principalmente) o pobre Lula conseguiu, a duras penas, se reeleger. O slogan “deixa o homem trabalhar” tem esse conteúdo simbólico: parem de atrapalhar, de zoar com quem só quer trabalhar honestamente.

O NOVO LULA
Criticado porque não deu entrevistas durante seu primeiro mandato, Lula resolveu ser, a partir de hoje, uma nova pessoa. Dará entrevistas a quatro emissoras de TV. Cá entre nós, não acredito que vá resolver muito: o presidente que vocês reelegeram desenvolveu uma sólida habilidade de falar sem ouvir e fala, com convicção, que o “único dado concreto”, “neste País”, é que ninguém fez mais e melhor que ele.

Mas, em todo caso, Lula tem repetido que aprendeu com seus erros. Resta saber o que ele considerou erros. Pode ser que venham por aí cooptação de parlamentares aperfeiçoada, “financiamento de campanha” sem rabo e “operações secretas” sem trapalhadas.

O PAPEL DA OPOSIÇÃO
Não é só Lula e alguns petistas que têm uma visão torta da oposição e do papel fiscalizador. Lula diz claramente que quem faz oposição, ou faz a crítica do seu governo, “instiga para que as coisas não dêem certo”. Como se mostrar o erro fosse errado: o certo seria deixar pra lá ou colocar panos quentes, “uma atitude mais positiva”.

Aqui em Santa Catarina o PMDB também tem, graças à miopia de alguns de seus líderes, uma ojeriza à crítica. Não tolera jornais independentes e vive colocando, na testa de jornalistas, os rótulos “nosso” e “contra”. Sempre que podem, “estimulam” os donos dos veículos a reduzir o espaço dos “contra” e ampliar o dos “nossos”.

CRISE NO AR
Com as eleições a gente quase nem prestou atenção no problema dos aviões, com a greve dos controladores de vôo. Segundo o jornalista Ricardo Noblat, “antes da tragédia do avião da Gol, que caiu matando 154 pessoas, cada controlador dava conta de até 20 aviões querendo descer ou subir. Agora o limite baixou por decisão dos próprios controladores para 12 aviões – como manda o regulamento”.

Essa redução tem feito com que praticamente todos os vôos tenham atrasos de horas. E que os aviões pequenos, particulares, tenham restrições para decolar ou aterrissar em Brasília.

Gente de menos e salário baixo numa atividade de enormes responsabilidades. E vai piorar, porque, como sempre, a conta de todas as bondades do ano eleitoral será cobrada no ano seguinte.

OS NÚMEROS
Acho que todo mundo já sabe, mas caso alguém queira saber os resultados da eleição, por cargo, por município e até por seção eleitoral (você sabe quantos votaram no seu candidato na urna em que você votou?), o TRE-SC reuniu tudo num site de internet:

www.tre-sc.gov.br/resultado

É bem fácil de consultar e tem os números dos dois turnos. No primeiro turno, é claro, inclui os resultados para deputado e senador.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

SEGUNDA


PRONTO, ACABOU.
A agonia terminou e agora já sei em quem devo “bater” ou a quem devemos fiscalizar com maior atenção. O fato dos dois eleitos serem nossos velhos conhecidos, facilita o trabalho. Já sabemos do que eles são capazes e, de certa forma, sabemos o que esperar.

Campanha política é bom, oxigena a democracia, mas cansa. Enche o saco. Com todo o respeito, eu não agüentava mais ver o esforço de todos eles para mostrar que são boa gente, que sabem resolver todos os problemas do mundo.

Mas agora, acabou. Dez segundos, ou quinze, na urna e depois quatro anos de arrependimento ou de alegrias. E em poucas horas já sabíamos quem tinha levado o grande prêmio dos votos brasileiros. Tudo muito rápido. Espero que tenha sido rápido e limpo. Sem maracutaia.

CARO LULA
Pro Lula gostaria de dizer pouca coisa. Na verdade, apenas uma coisa: por favor não tome o voto generoso e abundante dos brasileiros como uma espécie de anistia, de perdão. Não acredito que a maioria dos eleitores de Lula tenha votado nele para dizer que não se importa com as práticas desonestas que o PT e os auxiliares mais próximos de Lula importaram e adaptaram dos partidos que eles criticam.

CARO LHS
Pro LHS também tenho coisa pouca a dizer. Assim como no primeiro governo, os maiores inimigos do seu bom nome estarão mesmo dentro de casa. Um secretário incompetente numa secretaria de desenvolvimento social, por exemplo, é um presente para os adversários. E uma desgraça para os contribuintes.

Uma turma gananciosa e incompetente numa Fesporte, por exemplo, joga lama sobre todo o colegiado. Um governo que não vê ou faz que não enxerga esses absurdos, passa atestado de conivência, diz para o tolo do eleitor que concorda com o desmando.

Esse loteamento de áreas e cargos, que transforma secretarias e outras entidades em troféus, em capitanias hereditárias, é a face frágil e perversa do governo. Porque o serviço público vira servir-se da coisa pública. E nem adianta o LHS dizer que é honesto e bem intencionado. É preciso que os demais membros do colegiado também sejam. E, no primeiro governo, todos sabemos que vários estavam ali só para aproveitar a oportunidade, para resolver seus problemas e turbinar seus projetos pessoais.

E QUEM PERDEU?
O Esperidião, a bordo de um partido com evidentes dificuldades, enfrentou aquilo que sua campanha chamava de Golias: os maiores partidos do estado, estruturados em todos os municípios, sustentados pela máquina administrativa governamental, animados por uma maciça utilização dos meios de comunicação, tiveram que suar a camisa para vencer, no segundo turno, por uma diferença menor do que a prevista, um cavaleiro quase solitário. Amin mostrou que está vivo. E talvez não seja um grande articulador, mas é um osso duro de roer.

PUXA, QUE RÁPIDO...
O governo do estado anunciou, na sexta-feira, que “a recuperação da estrutura do viaduto de acesso insular da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, deve estar pronta em 75 dias”. Claro que o anúncio, aparentemente caído do céu, sem razão ou motivo, tinha uma função eleitoral, de tentar vencer o chato do Amin na capital (coisa que não deu certo, porque a derrota aqui foi ainda maior).

Gosto de ver a precisão dessas previsões: 75 dias. Às vezes a gente faz uma reforminha de nada em casa e não consegue saber se a coisa levará uma semana ou duas. Mas eles sabem exatamente.

Só que a informação mais importante está no final da nota do governo: esses dias que eles anunciaram com tanta alegria, completam um terço da primeira etapa. E a gente só poderá usar de novo a ponte depois da terceira etapa. Falta coisa pra chuchu.

Naturamente, a tal terceira etapa está prevista para terminar, por coincidência, claro, coincidência, em 2010, ano eleitoral, em que a reabertura da ponte terá novo papel importante. E voltará à campanha o bonde (“metrô de superfície” nada mais é que um bonde moderno), como complemento e parte da promessa.

Portanto, se a ponte não cair até lá, na campanha de 2010 ela estará de volta, como cabo eleitoral.

sábado, 28 de outubro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

FESTA DE ANIVERSÁRIO
O presidente-candidato fez aniversário ontem: completou 61 anos e ganhou, dos institutos de pesquisa, um presentão. Eles dizem que amanhã as urnas darão uns 61% de votos para o aniversariante.

O Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, disse uma coisa muito certa: ou o Lula se elege por uma larga margem, confirmando o que as pesquisas estão dizendo, ou então os institutos de pesquisa terão que mudar de ramo. “De provedores de estatísticas, passarão a tendas de quiromancia”, afirmou o jornalista. É verdade, se o Alckmin se eleger ou mesmo se perder por pouco, tem que transformar todos os institutos em barraquinhas de adivinhação, leitura de tarô e mapa astral.

Mas, voltando ao aniversário do candidato: na frente do palácio do Alvorada montaram uma barraquinha (?) onde Lula soprou as velinhas de um bolo de dez quilos (foto acima) ao lado da D. Marisa e cercado por crianças, petistas e fãs. Modesto e confiante, Lula só pediu, de aniversário, “saúde, saúde e saúde”. Nem pediu para ganhar a eleição, porque, de acordo com as pesquisas, já está ganha.

ALCKMIN, O RESISTENTE
A gente pode falar muitas coisas do Geraldo Alckmin. Pode achar ridículo aquele “penteado” dele (na foto acima: os americanos chamam aquilo ali de “combover”). Pode achar muito comportadinho. Mas não pode achar que ele é um sujeito que desiste fácil.

Lembram do começo, quando todos os tucanos queriam que o Serra fosse candidato? E o Serra fazendo doce. Aí o Alckmin dizia que queria ser candidato e a tucanada nem tchuns. Fizeram de conta que ele não existia.

Até que tiveram que engolir o chuchu. Ninguém abriu portas ou facilitou nada, cada passo teve que ser meio na marra. E durante a campanha, inúmeras rasteiras dos “aliados”. Tudo gente boa, só começou a citar o nome do Alckmin ou dizer que era do mesmo partido dele, quando deu segundo turno.

E assim que as pesquisas começaram a mostrar uma diferença crescente, novamente parte da tucanada bateu asas e foi lamber as alpargatas do Lula. Ontem, em vários locais de Santa Catarina era possível ver bandeiras do 15, do 11, do 13, mas raríssimas do 45. Como disse meu amigo Adelor Lessa, o Alckmin dos últimos dias “é o próprio maior abandonado”.

Só enfrentar o Lula já seria uma tarefa gigantesca. Mas o Alckmin teve ainda que lutar contra vários “aliados” de peso, contra as pesquisas, contra a desorganização da sua campanha, contra as “ajudas” de FHC... enfim, uma luta e tanto. Vamos ver o que dizem as urnas. Qualquer que seja o resultado, o Alckmin sai dessa eleição em melhor posição que o PSDB. Ô raça!

TUCANOS EM CAMPANHA
Por falar em PSDB, assim que terminar a contagem dos votos, ou assim que se souber quem será o presidente, Serra e Aécio vão começar suas campanhas para 2010. Há quem diga que primeiro um tentará controlar o partido e escantear o outro. E, a seguir, o escanteado (ou o que não conseguir a hegemonia tucana) pode mudar de partido ou até criar um novo partido de “centro-esquerda”. Então tá.

VILÃO ECOLÓGICO
A famosa Procuradora da República Analúcia Hartmann deu uma entrevista para uma dupla de militantes ecológicos da Reserva Particular de Proteção Natural Rio das Lontras. E a certa altura perguntam o seguinte:

Quem são os maiores vilões do meio ambiente em Santa Catarina?
Analúcia Hartmann: “Santa Catarina tem um grave problema em seu órgão de proteção ambiental, a FATMA, que não tem estrutura e está contaminada pela pressão política e por práticas irregulares. Os poucos bons funcionários que lá estão não encontram espaço ou estímulo para atuação.

Além disso, parte da elite econômica e política do Estado têm demonstrado miopia em relação aos problemas ambientais que se agravam. O imediatismo dos interesses que são priorizados e as concepções equivocadas sobre desenvolvimento – sem qualidade e sem suporte – são os grandes obstáculos para uma política ambiental estadual sustentável.

A FATMA funciona mal, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental não recebe o contingente e as verbas necessárias, não existe verdadeira educação ambiental, não se prioriza saneamento e a secretaria dita de desenvolvimento sustentável não produz resultados consistentes. Não há, portanto, planejamento para um desenvolvimento ecologicamente viável e socialmente justo.”
DES MATA ATLÂNTICA
O Lula, anteontem, fez uma festa com a redução, em 30%, do desmatamento da Amazônia. Pois aqui, a coisa não anda bem. O LHS ganhou o prêmio “Motosserra 2006” da rede de ONGs da Mata Atlântica por vários motivos. Do aumento do desmatamento (fomos os “campeões” da destruição, com aumento de 8%) passando pela sua oposição à Lei que instituiu reservas e parques de conservação do meio-ambiente e a transferência, para a SC Parcerias, do Parque do Rio Vermelho.

LINGUAGEM DE SINAIS
Durante a campanha eleitoral a gente viu, nos cantinhos das telas, escondidinhas, exageradamente minúsculas, mocinhas fazendo uns sinais. Aquilo ali era a Linguagem Brasileira dos Sinais (Libras), que permitiu aos surdos saberem o que tanto esses políticos falam.

Pois ontem aconteceu, na UFSC, a aula inaugural do primeiro curso de licenciatura em Letras com habilitação em Libras da América Latina. O objetivo é formar professores que possam ensinar a tal língua de sinais.

Para maiores informações acesse www.libras.ufsc.br ou procure o Curso de Letras da UFSC.

GIGANTE MAL EDUCADO
Um relatório da Unesco (que é o organismo das Nações Unidas que cuida de educação, ciência e cultura no mundo) avaliou 125 países para ver como anda o programa Educação Para Todos, que foi um compromisso assinado pelos países em 2000.

São seis metas de educação que devem ser atingidas até 2015. Alguns países (47) já atingiram as metas. Por enquanto, o Brasil está num grupo intermediário, que tem alguns avanços, mas continua atrás do México, da Argentina, da Venezuela, da Indonésia, do Panamá e até do Paraguai: estamos em 72° lugar. E um dos problemas principais é o baixo investimento numa rede de educação pré-escolar.

Mas os brasileiros, como mostrou a votação ridícula do Cristóvam Buarque, não estão muito preocupados com isso.

BOM FINAL DE SEMANA
Segunda, quando vocês voltarem a honrar-me com a sua leitura, o País terá um novo presidente (ou o mesmo, de novo) e o estado um novo governador (ou o mesmo, outra vez). Mais importante do que a eleição deste ou daquele, é o fato de podermos, de tempos em tempos, eleger, votar. E que as instituições democráticas funcionem. Quem viveu as trevas da ditadura sabe o valor que isso tem. Bom voto a todos.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

SEXTA


AOS AMIGOS, TUDO

O Luiz Henrique é um bom amigo. Que o diga o acordeonista, maestro e empresário José Antônio Barcellos de Mello. Além de participar de viagens internacionais com o LHS, tem merecido patrocínio do governo para algumas de suas iniciativas.

No Diário Oficial do Estado de 3 de outubro (que, como está virando praxe, circulou agora, há poucos dias, com grande atraso), na página 2, está publicada a Portaria 192, de 25/9/2006 que comunica que em 20/12/2005 o Sr. José Antônio Barcellos de Mello foi agraciado com a módica quantia de R$ 100 mil, referente ao Projeto do Funcultural 808/059. O projeto menciona o 4° Concordeon, um evento anual que reúne acordeonistas em Joinville.

Entre as várias atividades do amigo Mello, está a montagem da Phantom Band, criada para acompanhar o espetáculo em que Jeff Keller, um cantor norte-americano que atuou no musical O Fantasma da Ópera, se apresentava com Márcia Mell, filha do LHS.

O valor destinado à Concordeon foi pequeno, se comparado ao que Vera Fischer ganhou (R$ 500 mil) ou mesmo o que chegou a ser pensado para o novo show da Márcia Mell (R$ 830 mil, cancelados à última hora porque alguém, no governo, teve um ataque de bom senso), ambos do programa Funcultural (um desses fundos criados para que as empresas usem o dinheiro dos impostos para financiar projetos privados).

Mas ninguém pode dizer que o LHS não prestigia os amigos. Apesar de se apresentar como “músico amador, fui profissional na década de 60”, o maestro Mello já participou três vezes da abertura do Festival de Dança de Joinville, tocou na posse de Luiz Henrique em janeiro de 2003 e tocou para Lula no aniversário do Bolshoi. Até em Moscou, ele já tocou, acompanhando uma cantora russa que canta músicas brasileiras.

A AGENDA ESQUECIDA
Talvez eu devesse deixar para falar nestes assuntos segunda-feira. Mas tenho a impressão que estes comentários não farão a menor diferença e ninguém deixará de votar em LHS por causa disso. Ao contrário.

Não sei se vocês lembram, a filha do governador, que sonha ser cantora, Márcia Mell, fez uma tournée por várias cidades do País. Acompanhada daquele cantor do Fantasma da Ópera e da banda do amigo Mello, o show teve uma estrutura de super-produção.

Uma vez recebi um e-mail malcriado de uma pessoa do “staff” do show, porque tinha me referido, aqui na coluna, à divulgação que uma SDR estava fazendo do espetáculo.

Tive, desde o início, uma grande curiosidade relativa a esse show: coincidência ou não, o governador LHS quase sempre estava, em missão oficial, na cidade onde Márcia Mell se apresentaria, exatamente no dia da apresentação. Ele foi visto, na primeira fila, na maioria das apresentações.

A oposição chegou a ensaiar uma reação, mas acho que alguém ficou com preguiça de pesquisar: seria necessário, para fazer alguma poeira, cruzar os dados das viagens oficiais do governador com a agenda dos shows. Juiz de Fora, Goiânia, São Paulo e por aí afora. Nada contra o governador ser um pai amoroso e extremoso. O problema é fazer isso com nosso dinheiro.

EMPRESÁRIO FALADOR
Fui dar uma olhada na tal matéria do Estadão à qual o presidente Lula se referiu, dizendo que “um empresário catarinense irresponsável” seria o causador do embargo russo.

Escrita pelo meu ex-colega de Gazeta Mercantil, Jamil Chade, a matéria não cita nomes. E relata um caso escabroso, onde, de fato, parece que tem russo achacando o exportador catarinense. O presidente de vocês falou no caso como se os corruptos russos pudessem agir sem serem incomodados.

Deveria ser o primeiro a ficar indignado com a baixaria, mas aceitou com naturalidade a retaliação do governo que, segundo ele mesmo deu a entender, é conivente com a corrupção.

Mas, como o assunto não foi levantado para esclarecer, apenas para marcar a posição de Lula na disputa estadual, logo apareceu o nome do tal “empresário irresponsável” e mais: a informação, perfeitamente inútil para efeitos práticos, mas completamente útil para uso eleitoral, que ele participou de uma comitiva oficial do governo do estado à Rússia.

Tanta gente participou dessas comitivas (até o maestro Mello já foi), que pretender ligar o governo ao boquirroto só por causa disso chega a parecer brincadeira.

Claro que o LHS não fará isso (não antes da eleição), mas eu, no lugar dele, discutiria melhor o assunto. Por que só países de primeiro mundo podem condenar a corrupção e denunciar propinas no comércio internacional? Se tem que molhar a mão de corruptos (e já aqui em Itajaí, onde eles têm um escritório) para exportar para a Rússia, o governo estadual, federal e os organismos internacionais de comércio deveriam denunciar e tomar uma posição. Sem ficar com medo que chamem de “irresponsável” quem é contra a corrupção.

O tal empresário, por falar nisso, não parecia indignado com a cobrança de propina. Estava mais ou menos satisfeito de ter encontrado um “jeitinho” de driblar o embargo. O que é tão indigno quanto fazer de conta que a gente não liga pra pagar propina.

SAMBA NO PÉ
O Tribunal de Contas do Estado vai mostrar para a turma das Escolas de Samba da capital como fazer para prestar contas direitinho da grana que vão receber do estado, do município e de outros órgãos públicos. Não é só pegar o dinheiro e sair gastando.

DE OLHO NAS IMOBILIÁRIAS
O Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, publicou quarta-feira uma resolução que determina um controle mais rigoroso sobre as atividades das imobiliárias. Todas as compras e vendas acima de R$ 100 mil terão que ficar registradas, com cadastro atualizado.

Com isso, o governo espera cercar um pouco mais os lavadores de dinheiro e aqueles que querem fugir do fisco.

Aqui em Florianópolis mesmo tem algumas operações imobiliárias, de venda de terrenos e apartamentos, por preços tão absurdos, tão fora da realidade, que merecem um exame cuidadoso.

MAX FICA DE FORA
O TRE acatou, na sessão de quarta-feira, o pedido do ex-secretário da Fazenda, Max Bornholdt, para que o Amin pare de citar seu nome na propaganda eleitoral. O tribunal deu razão a Max, que achou demais ser vinculado aos crimes do Aldinho sem que nada sobre isso tivesse sido provado. Como a campanha já termina hoje, o Max fica de fora por pouco tempo.

SONTAG X GODINHO
Quando uma disputa, num partido com “Socialista” no nome, tem, de um lado o ínclito Godinho e do outro o álgido Sontag, a gente tem que manter uma distância segura e ficar quieto.

Godinho é aquele que teve uma gestão ruinosa e surrealista na Secretaria do Desenvolvimento Social. E o Sontag foi aquele que enviou por escrito a lista de cargos que gostaria de ter para declarar apoio no segundo turno. Um dia, quando encontrar o baixinho invocado Roberto Amaral (o ex-ministro, vice-presidente do PSB, não o presidente do SCC), vou perguntar a ele por que o diretório nacional não interveio no diretório estadual.

“FOI TU. NÃO, FOI TU”
O Amin disse no horário eleitoral que o LHS e o Dr. Moreira vetaram o projeto do Paulo Eccel que acabava com a assinatura básica de telefones. Mas em 2001 o Amin vetou um projeto semelhante. E em 2002 provocou uma liminar do STF para manter o veto, por se tratar de “assunto privativo da União”.

Razão tinha Richard Nixon lá pelos idos da década de 60, quando disse uma das frases definitivas da humanidade: “A memória do povo é fraca e seu coração, complacente”. A gente, de fato, esquece muito rápido.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

QUINTA

QUANTO RISO...
Ontem, mais ou menos no mesmo horário, uma turma se reuniu nos altos da Felipe Schmidt e a outra no início da mesma rua. Luiz Henrique estava feliz e contente porque vai ganhar a eleição e está cheio de amigos. Não sei se disse exatamente isso, mas deu a entender que vai ganhar a eleição porque está cheio de amigos, novos e antigos.

Esperidião Amin estava feliz e contente porque vai ganhar a eleição e está cheio de amigos. Não sei se disse exatamente isso, mas deu a entender que vai ganhar a eleição porque está cheio de amigos, novos e antigos.

As fotos acima são bem interessantes, primeiro porque mostram que estão todos bem alegres, o que é bom. O sorriso é sempre alguma coisa importante, civilizada e melhor que as caras fechadas e brabas. E depois porque mostram a troca de posições. No segundo turno de 2002 vocês lembram, era LHS e Fritsch de um lado e Bornhausen e Amin do outro.

EU E O MURO
Teve leitor que não entendeu, teve quem não achou graça e teve quem me xingasse, por causa das duas notas que publiquei ontem, uma sobre Amin e outra sobre LHS. Usei, de propósito, os mesmos dois parágrafos para encerrar as duas notas, porque acho que, naqueles aspectos, os dois candidatos são iguais e por isso não seria necessário escrever a mesma coisa de duas formas.

E, principalmente, não critiquei nenhum dos dois. Não dei pistas da minha eventual preferência. Pela simples razão que não desejo sair de cima do muro. Mas não estou aqui pelos motivos que vocês podem imaginar, para agradar aos dois ou para não desagradá-los. Estou aqui porque essa tarefa, de escolher, é de vocês, dos eleitores.

Ao comentarista, ao crítico, que durante todo o tempo fala o que pensa e acha, nestas horas finais cabe apenas esperar que o povo se manifeste. Não é minha tarefa fazer campanha ou participar da campanha. Mas é minha tarefa manter-me em condições de, qualquer que seja o eleito, poder criticá-lo sem dificuldade ou constrangimento.

Acho, sinceramente, que tanto Amin quanto LHS têm qualidades. E defeitos. E que tanto na turma de puxa-sacos de um quanto de outro tem gente de quem eu não compraria um carro usado. Ou venderia. E a quem não confiaria a guarda nem de lugar na fila do INSS. Pra mim, portanto, rigorosamente tanto faz quem vocês escolherem. Continuarei onde sempre estive, fazendo o que sempre fiz aqui na coluna.

EMPRESÁRIO FALADOR
O presidente da república (ou teria sido o candidato Lula?) deu ontem, numa entrevista à RBS, uma informação que, para mim, era nova: a Rússia parou de comprar carne de Santa Catarina, segundo Lula,
“porque o irresponsável de um empresário de Santa Catarina quis aparecer e fez uma manchete publicada no jornal Estado de São Paulo dizendo que não tinha problemas em exportar para a Rússia porque subornava funcionários do governo russo”.
Lá, como cá, só encrespa quando a coisa sai no jornal.

A OKTOBERFEST SECRETA
O jornalista Carlos Tonet publicou, no site de notícias de economia Noticenter (www.noticenter.com.br), “a história secreta da Oktoberfest”, que ele qualifica como “um sucesso de marketing que sobreviveua pressões e tragédias”. Ele foi buscar os detalhes esquecidos da história com um personagem igualmente esquecido, mas que foi fundamental na criação da festa: o ex-prefeito Dalto dos Reis.

Na entrevista, além dos detalhes pouco conhecidos ou ainda não divulgados da história da festa, informações inéditas como o número de mortes na enchente de 1983. E o dilema sobre a realização ou não da festa, depois da tragédia.

O NORTE DOS CORONÉIS
Depois que passar as eleições seria bom que os cidadãos de bem deste País dessem uma olhada cuidadosa no que aconteceu e continua acontecendo no Amapá, no Pará e no Maranhão, onde José Sarney e Jader Barbalho resolveram mostrar, sem pudor, que continuam sendo os manda-chuvas do pedaço. Uma pouca vergonha.

HAJA DINHEIRO
Lula pediu e o TSE autorizou o aumento da previsão de gastos da sua campanha, de R$ 89 milhões para R$ 115 milhões. Alckmin também pediu ao TSE para aumentar sua previsão, de R$ 85 milhões para R$ 95 milhões e o Tribunal negou, mas depois liberou.

A questão principal nem é o fato de um candidato poder mexer na previsão de gastos já quase no final da campanha. É, como contabilizou uma reportagem da BBC Brasil, o volume da grana que se gasta na campanha:
“Na Grã-Bretanha, onde Tony Blair foi reconduzido ao cargo de primeiro-ministro no ano passado, o partido Trabalhista e o Conservador gastaram, cada um, R$ 72 milhões (ou 17,9 milhões de libras esterlinas) nas suas campanhas. A população da Grã-Bretanha é de 59 milhões de pessoas, menos de um terço da população brasileira, mas a economia britânica é cerca de três vezes e meia maior que a brasileira. O ex-primeiro-ministro alemão Gerhard Schröder, que perdeu a chance de se reeleger no ano passado, gastou cerca de R$ 70 milhões (ou 25 milhões de euros). A conservadora Angela Merkel venceu a eleição, mesmo gastando menos – R$ 64 milhões (23 milhões de euros). A população da Alemanha é menor do que metade da brasileira; mas o PIB, quatro vezes maior”.
ENTÃO TÁ...
Ontem o Ministro da Justiça saiu-se com uma pérola, mais uma, daquelas de fazer a gente ter vontade de ganhar na mega-sena para ir morar bem longe daqui. Disse o douto jurista que não foi o PT que tentou comprar o dossiê contra Serra. “Claro que não foi. É evidente que não foi o PT. Foram pessoas que montaram um grupo de inteligência entre aspas e que fizeram isso (a negociação). É isto que está nos autos (inquérito)”, disse o ministro a jornalistas.

O fato dessas “pessoas” serem petistas, filiadas ao PT, ocuparem funções de destaque no comitê de campanha do Presidente da República, não tem a menor importância. O “idealizador” da negociação era velho amigo de Lula, seu churrasqueiro preferido? “Nada a ver, são só uns aloprados”. Então tá.

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quarta-feira, 25 de outubro de 2006

QUARTA

O QUE EU SEI DO AMIN
Num ano qualquer da década de 70, eu era repórter do jornal O Estado e depois de um temporal que inundou vários pontos da cidade fui, de capa e botas, acompanhar uma vistoria que o prefeito de então faria aos locais mais atingidos. Era um barbudinho a quem os políticos chamavam de “técnico”. A ditadura tinha essa mania: político não era boa coisa e aí, quando queriam elogiar alguém, diziam que era “um técnico”. O governador Colombo Salles era “um técnico”. O jovem prefeito Esperidião Amin também.

Com o passar dos anos, o técnico foi tomando gosto pela política e acabou sumindo da vista do eleitor. A ninguém mais ocorre dizer que o bem falante Amin não tenha sido, sempre, um político. Com tudo de bom e de ruim que isso possa sugerir.

Engraçado que esse político, a quem todos, mesmo os adversários, reconhecem que exerce com maestria a fundamental arte de cativar o interlocutor, tenha conseguido, nos últimos anos, uma reputação de companheiro difícil de conviver. Que o digam os pefelistas, com quem Amin tem um longo histórico de tapas e beijos.

Inteligente, de raciocínio rápido, culto, interessado por muitos assuntos, Amin é tomado por muitos como um sujeito pedante. Daqueles que sabe tudo, que tem solução pra tudo.

O partido político onde iniciou sua vida pública já passou por várias metamorfoses. E hoje é um partido que, na sua versão nacional, não enche de orgulho seus filiados. Muitos de seus companheiros já mudaram, foram e voltaram. Mas ele continua ali. Sem virar a casaca. O que, num mundo de infidelidades, talvez seja uma boa qualidade.

O QUE EU SEI DO LHS
Meus colegas jornalistas que trabalhavam em Brasília sempre falavam muito bem de um deputado federal catarinense a quem eu conhecia pouco.

Em 2003 fui convidado para ser assessor de imprensa de uma das secretarias do governo Luiz Henrique. E, por força do cargo, acabei conhecendo-o pessoalmente e pude acompanhar, durante dois anos e meio, a forma como conduziu seu governo.

A impressão que tive é que LHS tinha, a assombrá-lo, dois fantasmas. Um, interno, intestino, era formado pelas várias sombras deixadas pelo governo anterior do PMDB. Para combatê-las era preciso, por exemplo, espantar o temor do atraso dos salários. E a manutenção, a uma distância segura, da equipe de Paulo Afonso não foi uma simples coincidência.

O outro fantasma era, e é, Esperidião Amin e seu séquito de admiradores na estrutura do funcionalismo estadual. Isto adiciona outros níveis de acompanhamento das ações de governo, como uma espécie de auditoria interna permanente que, embora informal, parece ser tão rigorosa e atenta quanto, por exemplo, o Tribunal de Contas.

Inteligente, de raciocínio rápido, culto, interessado por muitos assuntos, LHS é tomado por muitos como um sujeito pedante. Daqueles que sabe tudo, que tem solução pra tudo.

O partido político onde iniciou sua vida pública já passou por várias metamorfoses. E hoje é um partido que, na sua versão nacional, não enche de orgulho seus filiados. Muitos de seus companheiros já mudaram, foram e voltaram. Mas ele continua ali. Sem virar a casaca. O que, num mundo de infidelidades, talvez seja uma boa qualidade.

FICA FRIO
Assim que estourou o escândalo do dossiê, fomos lembrados, pelo noticiário, que funcionava, no comitê de campanha do Lula, uma “divisão de inteligência”, cujo chefe era o catarinense Jorge Lorenzetti. Ironias à parte, “divisão de inteligência” é como normalmente são chamadas aquelas equipes encarregadas do serviço sujo, de descobrir os pontos fracos dos adversários e se antecipar aos ataques. Dependendo de como a campanha caminha, a gente quase nem nota a atuação desse pessoal. Quando fica mais acirrada, eles são mais exigidos.

Aqui em Santa Catarina, especialmente nesta semana, os serviços de... vá lá, “inteligência” dos comitês de campanha estão a toda.

Descobrem coisas para o horário político, distribuem denúncias por e-mail, anonimamente, e tentam plantar, nas colunas, informações que possam comprometer o adversário. Cuidam, enfim, de produzir e distribuir uma abundante lama eleitoral.

Naturalmente, os comitês afirmam desconhecer a ação desses grupos, negam ter alguma coisa a ver com isso e atribuem a militantes mais exaltados as iniciativas. Exatamente como aconteceu com o a turma do dossiê: quando são pegos com a boca na botija, os membros dessa “divisão de inteligência” têm que amargar sozinhos. O candidato os jogará aos leões, afirmando nada saber do que eles faziam.

Por isso tudo é importante que a gente, que não é filiado a partido, não faz parte de torcida organizada e nem precisa defender emprego público, não se deixe levar pelos ânimos exaltados destes últimos dias. Primeiro, porque é só uma eleição, não é uma guerra. E eleição tem a cada dois anos. E depois porque, se vocês prestarem atenção, verão que os adversários de hoje poderão ser os aliados de amanhã, assim como adversários de ontem estão abraçadinhos hoje. A política, lembrem-se, é como uma nuvem. A cada momento que a gente olha, ela tem uma forma diferente.

O PT DE NOVO...
Novamente, a eleição em Santa Catarina terá uma participação fundamental do PT. Como da outra vez, o partido trabalha para eleger um aliado de ocasião. Imagina-se que as pesquisas ainda não tenham medido o que esse empurrão do PT pode representar para Amin. Que, se for eleito, ficará devendo muito ao PT. Exatamente como o LHS, em 2002.

O Arcebispo D. Murilo Noel Krieger deu um presentinho para o Dr. Moreira, na visita que fizeram às obras da Catedral.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

TERÇA

ESSE FACHINI...
Vocês decerto lembram do candidato a governador do PSOL, o partido da Heloísa Helena, o João Fachini. Aquele que, em plena campanha, desapareceu, sumiu, foi passar uns dias em Cuba para assistir à formatura da filha em medicina. Pois agora ele volta ao noticiário político.

De um lado, a coligação Todos por Toda Santa Catarina festejando que o ex-padre João Fachini e seu irmão, padre Luiz Fachini, que é o idealizador do projeto das Cozinhas Comunitárias, divulgaram um documento onde apóiam Luiz Henrique. LHS se comprometeu a implantar o projeto em todo o estado. Na foto acima, LHS aparece ao lado do João Fachini, visitando um cultivo hidropônico de alfaces, em Joinville.

Do outro lado, a Executiva Estadual do Partido Socialismo e Liberdade (o PSOL, do Afrânio Boppré), repudiou a posição do seu ex-candidato a governador. Fachini “ignorou a deliberação partidária de não apoiar e não indicar voto a nenhuma das duas candidaturas que disputam o 2° turno”. Segundo o presidente do partido, Aderbal Rosa Filho, Fachini estava presente à reunião, do dia 5 de outubro, onde essa decisão foi tomada. A nota do partido diz ainda que “tal atitude representa apenas negociação de interesse pessoal de João Fachini com o candidato a governador Luiz Henrique, sem qualquer respaldo do PSOL”.

A verdade é que, à medida em que a eleição se aproxima, todos procuram se instalar naquela posição que acham melhor para o grande dia. Quem ficou até agora em cima do muro, terá que encontrar um local confortável, de um ou de outro lado, para instalar sua cadeirinha, de onde assistirá à apuração dos votos. E as pressões, que já são naturalmente grandes, aumentam enquanto o tempo se esgota. E aí acontecem coisas como essa, em que o joinvillense João Fachini jogou para o alto os compromissos com o partido que o lançou candidato e preferiu fazer um acerto familiar, ele e o irmão, com o velho amigo Luiz Henrique. Certamente com a melhor das intenções, de dar ao projeto Cozinhas Comunitárias, de alimentação para os pobres, uma amplitude maior.

Mas, com isso, jogou ao chão e esmigalhou a lealdade partidária e o respeito à decisão da maioria, coisas que, nesta nossa jovem democracia, são tão importantes e vitais quanto uma alimentação boa e barata.

COMERAM MOSCA!
O Esperidião Amin anunciou na semana passada que vai reduzir o IPVA de motos de baixa cilindrada e fez um carnaval com a proposta. Ontem, o governo do estado encaminhou, às pressas, para a Assembléia Legislativa,um projeto de lei igualzinho: isenta do IPVA de 2007 as motos até 200 cc.

Claro que o LHS está espumando de raiva. O pessoal comeu mosca. O projeto estava rolando na burocracia estadual há alguns meses e algum gênio eleitoral achou que poderia pegar mal apresentar o projeto antes das eleições, “poderia parecer eleitoreiro”.

Agora o LHS está tentando consertar o cochilo da turma, dizendo que Amin descobriu que o governo iria apresentar esse projeto e se antecipou, tentando “se aproveitar eleitoralmente”.
Indefensável. Comeram mosca, deixaram a bola quicando e o Careca, que não nasceu ontem, chutou. Agora não tem jeito, é correr atrás do prejuízo.

LAVE BEM AS MÃOS!
A Vigilância Sanitária da capital está preparando uma campanha para reduzir infecções, enfatizando aqueles cuidados simples, mas eficazes, que desde 1840 são utilizados e a cada dia se mostram mais importantes.

A campanha vai insistir que todas as pessoas, principalmente envolvidas com atendimento ao público na área de saúde, não devem se descuidar e precisam lavar bem as mãos sempre.

Na política, onde mesmo com tanta gente dizendo ter “as mãos limpas” aparecem tantas feridas, infecções, purulências, gangrenas e outros apodrecimentos, a campanha também será necessária. Vai ver, o pessoal não está sabendo lavar as mãos direito.

Uma vez vi um documentário muito interessante. Colocaram uma tinta nas mãos de vários funcionários de um restaurante, vedaram-lhes os olhos e pediram para lavar bem as mãos, como sempre faziam. Depois, deu pra ver que quase todos deixam, sem querer, áreas sem esfregar, sem limpar.

Lavar as mãos, portanto, é um cuidado simples, mas que exige atenção e treino. Vai ver que os políticos só passam uma agüinha e acham que já estão com as mãos limpas. Depois, quando as bactérias corruptorea ladroagempra-k-cetis se alastram e tomam conta do organismo público, drenando as verbas e enfraquecendo o caráter, ninguém sabe de onde vieram.

Na próxima eleição vou propor um novo tipo de debate na televisão: os candidatos devem lavar as mãos. Aí a gente pode ver quem de fato sabe manter as mãos limpas e quem só faz de conta e sai por aí contaminando tudo.

SEMANA ATÍPICA
Nestes dias que antecedem as eleições não adianta começar nenhuma conversa a sério, nem tratar de assuntos importantes. Primeiro, porque todos os olhos estão voltados para a disputa, os últimos debates, a expectativa de alguma bomba. Depois, porque segunda-feira estaremos em um outro País. Nem melhor e (espero) nem pior, apenas diferente. Mesmo que um ou outro seja reeleito. Há novas correlações de forças, novos atores, e sempre aparece, tímida, aquela velha e gasta esperança.

ILDO FICA UM POUCO MAIS
O presidente do Instituto de Planejamento Urbano, delegado Ildo Rosa, vai atender ao apelo do prefeito Dário Berger e fica até a aprovação do Plano Diretor, pra não deixar a coisa pela metade e criar ainda mais atrasos.

Resta saber se ele conseguiu incluir neste acordo, para ficar mais um tempo, algum tipo de blindagem contra o assédio dos aliados políticos do prefeito, que estavam torrando a paciência do delegado. De qualquer forma, sempre vale aquela recomendação de toda debandada: “o último a sair que apague a luz”.

A NOVELA DA CATEDRAL
Hoje a primeira etapa da restauração da Catedral será entregue. Mas, pelo jeito, é solenidade apenas com efeito eleitoral, porque a igreja ainda não será reaberta. Provavelmente, se tudo der certo, só em dezembro a Catedral poderá voltar a ser freqüentada. Ou seja, a conclusão de fato das obras da primeira etapa será em dezembro, mas como a eleição já é agora, no domingo, a obra será “entregue” hoje.

Dr. Moreira (d), de mãos dadas com o Rei Nério, inaugura a futura Rodovia LHS

ESSE RONÉRIO...
O folclórico prefeito de Palhoça, Rei Nério Heiderscheidt, não perde oportunidade de desafiar a lei e o bom senso, não necessariamente nessa ordem. Na inauguração dos 8,5 km de asfalto que unem a Pinheira ao Sonho, o Rei Nério, que quer ser o rei do PMDB, puxou um gesto igual àquele que o LHS faz nos palanques, com todo mundo de mãos dadas, levantando os braços (na foto acima, que apesar da semelhança com o material de campanha estava no site do governo).

Não satisfeito com isso, ele quer que o estado passe a estrada para o município, para que ele possa batizá-la de “Rodovia Luiz Henrique da Silveira”. Aí não entendi mais nada: pode dar nome de pessoas vivas a bens públicos? Ou em Palhoça pode? De qualquer forma, é muita cara de pau puxar o saco do governador assim, às claras e às vésperas da eleição.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

SEGUNDA

ELEIÇÕES 2006 – ÚLTIMOS DIAS
A CADA UM, A SUA CRUZ
A SEMANA DECISIVA
Agora falta pouco para terminar o suspense. Ou, pelo menos, parte do suspense. Porque a eleição presidencial não termina no dia 29. Tem tanto processo e investigação rolando, que ainda teremos assunto por muito tempo, independentemente de quem seja o eleito nas urnas.

Se for o Alckmin (coisa que quem acredita em institutos de pesquisa acha impossível), os lulistas vão fazer de tudo para encontrar dinheiro na cueca do tesoureiro do PSDB. E se é verdade o que o Lula disse, que “os partido é tudo igual”, é até capaz de encontrar um chef (tucano não tem churrasqueiro, tem chef) que tenha algum rabo de faisão preso na lata de caviar.

Se for o Lula (coisa que quem acredita em institutos de pesquisa acha que já devia ter acontecido no primeiro turno), vai depender da retirada do tapete. Se conseguirem tirar o tapete antes que o dinheiro e as impressões digitais tenham sido tiradas de lá, pode ser que as emoções sejam ainda mais fortes.

Não sei como se comportarão os lulistas (e as instituições) diante do dilema de ter que processar um presidente recem-eleito.

VEJA SÓ!
A revista Veja deste final de semana fez em letras maiúsculas a pergunta que está sendo feita faz tempo em voz baixa: quais são os talentos desse gênio empresarial chamado, pelo pai dele, de “meu Ronaldinho” e conhecido pelo povo como Lulinha?

Parente de político dá problema em todo lugar do mundo. Lembram do irmão do Carter? Do irmão do Clinton? O que tem de cunhado, genro, irmão, primo, encrencando político por aí é uma grandeza. E, é claro, tem os filhos. Um, tem um filho brigão, que vive sendo citados nos BOs. Outro, tem filho que gosta de dizer, nas rodas de conversa, que é filho. E aí sempre aparecem um “amigo” com um probleminha pra ele resolver.

Só que o Lula se especializou em cercar-se de problemas. Não tem um, do círculo mais íntimo, que não tenha deixado algum rabinho e praticamente todos estão se incomodando com a Justiça ou com a imprensa. Mas nenhum tá em dificuldades financeiras.

O Zé Dirceu, contam as colunas, anda pra lá e pra cá de jatinho particular. Todos os outros tiveram tempo de fazer seu pé de meia. Lulinha, então, está rindo à toa. E o melhor de tudo: nada, nadinha mesmo, que eles fizeram ou deixaram de fazer, vai impedir o Lula de ficar mais quatro anos no governo (pelo menos é o que dizem as pesquisas). Se eu fosse maldoso, diria que é uma espécie de “crime perfeito”.

PÃO MAIS CARO
Amigo, que tem um blog (o Ilton Dellandréa, cujo blog é o Jus Sperniandi), fez as contas:
“Parei na padaria, há pouco, para comprar o pão nosso de cada dia. Comprei dez cacetinhos, que é como o gaúcho chama o pão francês. Ontem (quinta) eles custavam R$ 1,50. Hoje, de acordo com a Portaria n.º 146, do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), eles foram vendidos por quilo e custaram R$ 2,06, ou seja, houve um acréscimo de mais de 38% no preço. Já o cacetinho continua do mesmo tamanho. Pelo menos ninguém viu diferença...”


sábado, 21 de outubro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

[Clique nas fotos para abrir uma ampliação]

REBELIÃO NA PREFEITURA
Ontem dois ou três dos secretários amotinados apareceram dando entrevistas completamente sem sal. Até eu, que sou um sujeito puro e ingênuo, achei que eles não estavam falando a verdade. A única certeza que eu tenho até agora é que nenhum deles saiu pelo mesmo motivo do outro. Aproveitaram a oportunidade para uma saída espetacular, mas cada um por si. Não acredito que tenham feito isso em solidariedade a alguém ou mesmo para marcar alguma posição conjunta.

O ex-reitor da UFSC, Rodolfo Pinto da Luz e o delegado da Polícia Federal, Ildo Rosa, provavelmente encontraram dificuldades, na Prefeitura, diferentes das que Gean Loureiro, vereador e Felipe Melo, filho de deputado, podem ter encontrado. E naturalmente eventuais cobranças políticas que os irmãos Berger podem ter dirigido a Gean e Melo, não caberiam ser feitas a Ildo Rosa, de perfil mais técnico.

Todos sabemos que o Alemão (apelido do prefeito Dário) não é fácil. A longuíssima fritura do Walter da Luz (ex-secretário da Saúde), mostrou que o prefeito não toma decisões pelo caminho mais rápido, fácil e indolor. Isso de ficar falando pelos cantos que vai tirar, que precisa trocar, que não está satisfeito, normalmente acaba dando efeito contrário. Ele fez isso com o Felipe Mello.

Luiz Henrique, é claro, ficou com os poucos cabelos que lhe restam, em pé. Anteontem esteve pessoalmente na UFSC e na Trindade, dentro do esforço de tentar ganhar a eleição na capital. Está colocando para trabalhar todos os comissionados. E agora, por causa de alguma disputa interna ainda não completamente revelada, seu aliado local deixa explodir essa rebelião, esse motim, a poucos dias da eleição.

Claro que todos os saintes juram de pés juntos que continuarão na campanha de Luiz Henrique e de Alckmin (que virá amanhã a Florianópolis), que a saída não muda nada nesse sentido. Mesmo porque o que está em jogo, nessas reacomodações, é a eleição municipal de 2008. A de agora já são favas contadas, coisa resolvida.

A NOVELA DOS CARROS
Como em toda novela (mexicana?) que se preze, as coisas nunca são exatamente como parecem e sempre pode surgir, de repente, uma novidade.

Ontem comentei aqui o “carma” do Vieirão, baseado principalmente na versão que ele distribuiu à imprensa e no que disse em plenário sobre o caso da revenda de carros que funcionava dentro da Assembléia Legislativa e que era comandada por um funcionário do gabinete do deputado. A coisa ganhou contornos dramáticos com o suicidio desse funcionário dia 18 de setembro.

A certa altura do texto, eu dizia que tinha ocorrido “uma sucessão muito curiosa de eventos”. A carta que o delegado Wanderley Redondo tinha enviado, se desdizendo, não se encaixava no cenário com naturalidade. Havia alguma coisa mais.

Ontem tomei conhecimento de uma outra versão dos primeiros capítulos da novela e, nessa versão, a carta tem sua razão de ser. Vou resumir pra vocês:

As pessoas que estavam interessadas em comprar os carros ou que estavam comprando os carros, vendidos a preços excelentes pelo Márcio (funcionário do gabinete do Vieirão), procuraram o delegado (que está lotado na Assembléia) para pedir que ele verificasse se os carros eram “quentes”, se estava tudo certo com eles.

O delegado teria então, comentado numa roda de servidores da Assembléia, que essa história de vender carros tão baratos não iria dar certo. Essa conversa chegou aos ouvidos do Vieirão, que foi pedir providências ao presidente da Assembléia. Vieirão me disse que pediu a abertura de sindicância. Mas na presidência da Assembléia a informação disponível é diferente: Vieirão não pediu a sindicância, mas teria pedido apenas que o delegado Redondo se retratasse.

Por isso, no dia seguinte, apareceu no gabinete do Vieirão a carta do delegado, cheia de rapapés, isentando todos e tudo de qualquer coisa.

E o presidente da Assembléia, deputado Júlio Garcia, em plenário, no dia 4 de outubro, respondeu à afirmação de Vieirão que no dia 31 de agosto tinha feito o pedido de sindicância, dizendo: “deputado, o senhor sabe que isso não é verdade”.

A novela ainda está longe de acabar e há muito mistério por desvendar. Por exemplo: por que as revendas de automóveis que fizeram negócios com Márcio estão tão quietas?

CULTURA EM CRISE
A assessoria do candidato Luiz Henrique da Silveira ligou para dizer que em nenhum momento o ex-governador ocupou-se do caso Fábio Brüggemann. O Fábio, que foi exonerado da função que ocupava na Fundação Franklin Cascaes, divulgou uma carta onde atribuía a LHS a responsabilidade pela sua demissão. “De maneira nenhuma, não houve qualquer conversa com o prefeito sobre esse assunto”, afirmou o assessor. É possível, portanto, que o prefeito ou o presidente da Fundação, para tirar de seus ombros a responsabilidade pelo ato, tenham feito chegar ao Fábio essa teoria conspiratória estadual.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

SEXTA

O “CARMA” DO VIEIRÃO
No dia 31 de agosto, por telefone, o delegado de polícia Wanderley Redondo, que está à disposição da Assembléia Legislativa, informou ao deputado Antônio Carlos Vieira (Vieirão, do PP), que estava acontecendo um esquema de venda de veículos na Assembléia Legislativa, envolvendo o gabinete dele.

No final da tarde, no mesmo dia, Vieirão pediu ao presidente da Casa, deputado Júlio Garcia (PFL), que abrisse uma sindicância para apurar esses fatos, esse “esquema”. A sindicância não foi aberta. O presidente disse, depois, que na hora não achou que houvesse motivo suficiente (só depois do suicidio, dia 4/10, é que foi aberta).

No dia seguinte, 1° de setembro, o mesmo delegado Redondo voltou atrás e, por escrito, se desdisse e afirmou que não existia nada de nada relacionado com veículos ou com o gabinete do Vieirão, “ou de qualquer pessoa que estejam a seus serviços, nesta ou fora desta Casa” (sic).

É uma sucessão muito curiosa de eventos. Dá a impressão que o delegado falou o que não devia, ao avisar Vieirão. Depois, tentando consertar, envia uma carta cheia de rapapés (pena que a cópia que obtive não tem resolução suficiente, senão a publicaria), como se, de fato, tivesse sido pressionado a desdizer-se completamente.

O esquema, que poderia ser investigado desde o dia 31 de agosto, foi jogado para debaixo do tapete e de lá só saiu com o suicídio do funcionário do gabinete do Vieirão, dentro do gabinete. Aí a Assembléia se agitou, com um mês de atraso, pelo menos.

No mesmo dia do suicídio, em várias regiões do estado, a notícia que foi divulgada foi que o deputado Vieirão tinha se suicidado. E, de lá pra cá, são sucessivas e freqüentes as tentativas de colocar o PP e Amin no esquema maluco de compra e venda de automóveis, do qual participavam, além do funcionário do gabinete do Vieirão, funcionários de outros gabinetes e até da presidência.

A MANCADA DO GENÉSIO
O deputado peemedebista Genésio Goulart deu ontem, talvez sem querer, uma pista sobre a origem do que está acontecendo com o deputado Vieirão (PP), que não se reelegeu e sofre com os problemas decorrentes da exploração política do suicício de um funcionário de seu gabinete. No plenário da Assembléia Genésio Goulart disse, textualmente, a propósito de Vieirão: “Quem plantou maldade contra o governador Luiz Henrique, colheu maldade”.

O ato falho do peemedebista, sugerindo que a postura oposicionista seria razão e motivo para uma vingança dessa envergadura, mostra que, envolvidos nas paixões da campanha, alguns políticos param de pensar e falam pelos cotovelos inspirados unicamente por um fel anti-democrático. Luiz Henrique estaria apenas se vingando dos opositores?

Faz parte do bom funcionamento da democracia que exista situação e oposição. Faz parte das obrigações do parlamento, que os atos do executivo sejam fiscalizados. Vieirão, que foi um dos porta-vozes mais eloqüentes da oposição, cumpriu o papel republicano que lhe cabia. E não pode, por mais que a gente discorde do que ele disse e da forma como disse, se punido por isso. Admitir, ainda que remotamente, que mereçam castigo aqueles que levantam a voz contra o governante do momento, é negar a democracia e aceitar o totalitarismo.

Tenho a impressão que o próprio Luiz Henrique, se for corretamente informado sobre o teor do desastrado discurso de Genésio Goulart, tratará de chamar o correligionário a um canto e explicar-lhe algumas das coisas que Ulysses Guimarães costumava dizer sobre democracia e convivência com os contrários.

JORNAL DE CAMPANHA
Em setembro circulou o primeiro número de um jornalzinho de 8 páginas chamado “O Joinvillense”, cujo diretor responsável é Altamir A. Andrade. Quase toda a primeira edição era dedicada a uma entrevista com o ex-secretário Max Bornholdt. O tom da entrevista e algumas notas contra Amin e Vieirão, já deixavam claro o posicionamento do jornal.

Pois ontem o jornalzinho voltou a aparecer: foi fartamente distribuído na Assembléia Legislativa, em Florianópolis. Tendo como jornalista responsável Luciana de Fátima Nogueira traz, como manchete: “Morte na Alesc pode ser queima de arquivo”.

Como o título faz supor, a matéria tenta transformar o suicídio em assassinato. E dá à aventura comercial que deu errado, contornos políticos.

Por “coincidência” o jornal aparece logo depois que o chefe de polícia resolveu, como quem não quer nada, revelar aspectos selecionados do inquérito. E seu conteúdo foi distribuído, pelo e-mail “anônimo” (denuncia_web) que é utilizado pela campanha de Luiz Henrique para tratar dos assuntos mais “quentes”. Pelo mesmo e-mail foi distribuido o áudio de parte do discurso, feito em plenário, em que o Vieirão desabafa sua indignação contra LHS e o chama de Judas.

DEBATE E VOLTA
Ontem teve debate entre Alckmin e Lula no SBT. A pesquisa Vox Populi, divulgada pela Band, jogou água ainda mais gelada no cocoruto do Alckmin e foi com toda essa carga que ele começou o debate. Não sei vocês, mas eu tou começando a achar que é como assistir o mesmo filme duas vezes: a gente conhece os personagens, sabe o que eles vão dizer e, pior de tudo, sabe qual será o final: a gente acaba, de um jeito ou de outro, se ferrando.

MOTIM NA PREFEITURA
De uma hora pra outra, os principais secretários municipais de Florianópolis resolveram fazer as malas e partir. Só depois da poeira baixar é que saberemos exatamente o que aconteceu. E tem que baixar bastante, porque parece que tem coisas ao rés do chão ou até abaixo do nível do mar.

Cá entre nós, é evidente que Ildo Rosa, Rodolfo Pinto da Luz, Gean Loureiro e Felipe Melo não terão saído todos pelo mesmo motivo. Podem ter saído na mesma oportunidade, mas cada um deve ter suas razões.

CULTURA EM CRISE
Fábio Bruggemann foi exonerado da função de coordenador geral da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. E saiu atirando. Na carta em que torna pública sua saída, ele acusa Luiz Henrique:
“Soube hoje, de fonte segura, que o prefeito Dário Berger atendeu a um pedido pessoal do candidato à reeleição, Luiz Henrique da Silveira, em represália àqueles que ousaram realizar um filme (Matou o cinema e foi ao governador), feito para mostrar a incompetência (pública e notória) de sua gestão frente às demandas da classe produtora e artística do Estado. Ao invés de debater o motivo e conversar com a classe, o candidato usou da velha e covarde tática da caça às bruxas, e com a truculência que lhe é peculiar, sem sequer ter visto o filme, pediu minha cabeça.”
CONEXÃO FLORIANÓPOLIS
Estamos de volta ao noticiário nacional, Segundo o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungmann, o nosso primeiro-churrasqueiro, Jorge Lorenzetti, teria comprado US$ 150 mil na casa de câmbio Centaurus, ali na Osmar Cunha 183, para ajudar na “vaquinha” do dossiêgate.

É claro que ainda é necessário aguardar que a Polícia Federal (que anda, de fato, investigando doleiros catarinenses) confirme ou desminta o que o deputado afirma. Afinal, Jungmann é do PPS e tem todo interesse em fazer o suflê eleitoral do Lula murchar.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

QUINTA

DE VENTO EM POPA
Ao contrário da turma do Alckmin, que está tendo que fazer das tripas, coração, para tentar fazer o eleitor acreditar que pesquisa não é eleição, a turma do LHS continua tocando o barco na confortável liderança da pesquisa (só teve uma, até agora).

Hoje de manhã, LHS faz campanha no campus da UFSC, dentro do esforço de ganhar votinhos na capital, que no primeiro turno foi uma das pedras no sapato da penca: aqui Amin ganhou.

E depois de lançar uma caravana com as esposas dos candidatos pedindo votos, agora a penca vai promover uma caravana dos filhos dos candidatos. Faz sentido. Afinal, tanto as mulheres quanto os filhos (e as noras e genros), usufruem das mordomias dos eleitos. Então, é natural que também trabalhem para manter os empreguinhos dos chefes das famílias.

A caravana dos filhos se intitula “Onda 15”. Participam Cláudio da Silveira (filho de Luiz Henrique), Leonel Júnior Pavan (o Pavan Júnior) e Edson Colombo (filho do Raimundo Colombo) se encontrarão, principalmente, com estudantes universitários nestes últimos dias de campanha, em caminhadas como a que acontece hoje na UFSC.

MOREIRA NA RETA
A coligação do LHS colocou o governador Eduardo Moreira em pessoa para responder às insinuações e acusações que Amin e Ideli têm feito sobre a grana que foi encontrada com o Aldo Hey Neto pela Polícia Federal.

Moreira recapitulou as medidas que seu governo tomou sobre o caso. E acredita ter colocado “um ponto final” na exploração eleitoral do assunto.

DISCRETO RETORNO
Não sei se sou muito distraído, mas só ontem percebi que o Secretário Alfredo Felipe da Luz, da Fazenda, estava de volta ao seu posto. Ele reassumiu no último dia 9, sem alarde, depois de uma licença para fazer uma cirurgia cardíaca. Pelas fotos (esta aqui do lado foi tirada na terça-feira, 17/10) ele parece saudável e disposto. A assessoria informa que ele recomeçou devagarinho, mas agora já está cumprindo expediente normal.

DESCENTRALIZAÇÃO
O pessoal não é fácil. Assim que saiu a notícia da tentativa de assalto à casa do governador Eduardo Moreira em Criciúma (seu filho chegou a ficar sob a mira dos revóveres dos três assaltantes, mas nada sofreu), um gaiato, provavelmente aqui de Florianópolis, já distribuía e-mail colocando, após a informação, a frase “Mais uma obra da descentralização”.

Maldade pura, porque todos sabemos que faz tempo que a criminalidade age, nas demais cidades-polo de Santa Catarina, com a mesma desenvoltura que na capital. A interiorização da bandidagem não parece ter sido obra deste governo em especial e muito menos dos governos estaduais em particular.

TRANQUE BEM A PORTA
Recomenda-se ao governador tomar as mesmas providências a que são obrigados os demais contribuintes do estado: colocar grades, contratar segurança particular, evitar sair à rua e tomar cuidado ao abrir portas e portões.

Quanto à polícia... bem, com cinco litros de gasolina no máximo ela pode dar uma busca rápida pelas redondezas. E, se tiverem a casa arrombada, nem inventem de perguntar aos policiais se “vem alguém tirar impressões digitais?” A resposta, do outro lado, pode ser uma risada e o comentário que a gente anda assistindo muito filme policial norte-americano. Aqui não tem disso. Quando não falta material, falta gente, quando não falta computador, falta uma base de dados onde comparar as impressões digitais.

Por enquanto, o único recurso de polícia “científica” que muitos municípios possuem é mesmo o telefone... no pé do ouvido.

DESESPERO?
Circulam dois boatos sobre a origem do dinheiro do dossiê, ambos envolvendo filhos de Lula. Os dois, segundo quem os espalha, estão sendo “investigados”, ora pelas revistas semanais, ora pela PF ou até pelo “serviço secreto dos Estados Unidos”.

Até o mercado financeiro, ontem, se agitou com a informação que os jornais e revistas trarão reportagem espetaculares sobre isso. Os repórteres que tra balham em grandes veículos, contudo, não sabem de nada e ninguém está trabalhando nessas matérias (perguntei a alguns conhecidos e vi que o Ricardo Noblat também falou com amigos dele).

A história que o dinheiro teria saído da Telemar, passado pela empresa de Lulinha e daí chegado ao PT é tão fantasiosa e improvável quanto a outra, que diz que o dinheiro saiu de uma conta no exterior que a ONG da Lurian manteria. Nenhuma das duas resiste ao menor exame da lógica (até porque existem formas muito mais fáceis, rápidas e simples de obter o dinheiro). Mas parece que a diferença apontada pelo Datafolha mexeu com os ânimos dos tucanos, que resolveram sair atrás de algum “fato novo”, mesmo que não seja “fato” e nem exatamente “novo”.

As moitas de onde pode sair algum cachorro são as que aparecerão com a quebra do sigilo do Freud Godoy, faz-tudo do Lula. Mas, para complicar, provavelmente Freud era usuário dos tais cartões corporativos da Presidência, que têm se mostrado impenetráveis a qualquer exame ou investigação. Dificilmente aparecerá algo este mês.

FÓSSEIS PODEROSOS
PTB e PL, mesmo rejeitados nas urnas, se preparam para mandar como nunca no ano que vem, lembra o jornalista Fernando Rodrigues, na Folha. A cláusula de barreira será driblada com incorporação de outros nanicos. E o poder virá naturalmente, se Lula, seu aliado preferencial, for reeleito. Mas se Alckmin ganhar, eles também estarão bem posicionados para mamar.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

QUARTA

UM NOVO CAPÍTULO
A pesquisa Datafolha divulgada no Jornal Nacional de ontem leva a campanha política presidencial a um novo patamar, cujas características eu não tenho a menor idéia quais sejam. Não tenho bolas de cristal (e, portanto, não faço barulho ao caminhar). Nem ao menos uma. Não consigo ler o futuro na entranha das corvinas, nem entendo o que me dizem as melecas espalhadas pelas baratas recém-esmagadas. Mas sei que uma diferença de 20 pontos, às vésperas da eleição, mesmo faltando três debates, cria um novo cenário.

Lula usa, contra seu adversário, todo o arsenal que, ao longo das diversas campanhas em que foi derrotado, usaram contra ele. Tudo reunido numa única campanha, numa espécie de doce vingança. Aparentemente, sem qualquer dilema moral. Porque, se os fins justificam os meios, tudo, rigorosamente tudo, é permitido.

E AGORA, GERALDO?
Chegar ao segundo turno foi uma enorme vitória para Alckmin, que antes de enfrentar lulistas, petistas e seu séquito de oportunistas, teve (e tem) que lutar contra o descrédito com que seus companheiros de partido o brindaram publicamente e contra a desorganização da própria campanha.

E agora, quando o debate eleitoral chega quase ao fundo do poço (as peças dos lulistas sugerindo que Banco do Brasil e Petrobras, as “empresas do povo”, estão ameaçadas pelo PSDB, são um primor de canalhice hipócrita), podemos nos deparar com a indigência política que nos cerca. Porque PSDB e PFL não conseguem dar, nem ser, resposta à altura, opção que possa empolgar os não-lulistas.

Parece que a única estratégia de campanha é torcer para que outros aloprados do PT cometam novo haraquiri e entreguem a eleição de bandeja.

TEMPO DE RESPOSTA
Alguns oficiais da PM gostam de falar num tal “tempo de resposta”, que é o tempo que as viaturas e policiais levam para chegar ao local de algum delito ou evento. Há quem diga que, melhor que ter muitos policiais fazendo rondas, é ter unidades com tempo de resposta curto, para intervir sempre que necessário.

Essa teoria, contudo, é jogada no chão e pisoteada todos os dias, pelos acontecimentos criminosos na Ilha de Santa Catarina, em especial no norte da Ilha. Ontem, um sujeito foi seqüestrado no Sambaqui: vizinhos viram os bandidos agindo e avisaram a polícia. Pois deu tempo dos caras fugirem em direção à SC 401, entrarem na rodovia contra-mão, voltarem, largarem o sujeito seqüestrado, que foi recolhido por amigos que seguiram os bandidos. E, quando ele já estava em casa, a polícia apareceu. Naturalmente, passado tanto tempo, fica mais difícil prender alguém.

Outro dia, um bandido fez uma série de assaltos, começou nos Ingleses e veio vindo, até quase Jurerê, se não me engano. Entre o primeiro e o último, quase uma hora. E o tempo de resposta da polícia? É só perguntar para as vítimas que, esperançosas e assustadas, ligam para o 190.

A impressão que se tem é que não temos nem rondas, com os policiais, geralmente em duplas, passando pra lá e pra cá, nem um tempo de resposta eficiente. No meio disso, os malandros se sentem à vontade. E nem adianta a vizinhaça ser vigilante, porque até a polícia atender ao chamado de “elemento suspeito rondando as casas ou ameaçando pessoas”, dá tempo do “elemento” fazer o que pretendia fazer e se pirulitar... a pé. Mas, nas estatísticas, nunca estivemos tão seguros.

O JOGO POLÍTICO DOS PRAÇAS
Depois de eleger um deputado estadual (Sargento Soares, pelo PDT), o Partido dos Praças (também conhecido como Aprasc) decidiu, em Assembléia realizada ontem no Clube Doze de Agosto, em Florianópolis, que vai apoiar LHS. A cena foi montada como uma espécie de sabatina, com uma hora para cada candidato. Esperidião esteve lá, conversou com eles, vestiu a camiseta, mas não adiantou nada. Na verdade, nem teria tido necessidade da tal “sabatina”. Bastava a Aprasc ter deliberado e anunciado o apoio, que de véspera já se suspeitava que fosse mesmo do LHS. O Partido dos Praças, portanto, é o mais novo componente da penca de partidos.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

TERÇA

LULA NA MARÉ MANSA
A participação do candidato Lula da Silva no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ontem à noite, foi gravada de manhã, em Brasília.

Sem a pressão de um adversário presente, protegido pelo ambiente familiar (a gravação foi feita no Palácio da Alvorada, que é o palácio residencial), Lula estava à vontade para dizer o que queria dizer, da forma como seus estrategistas de campanha acharam que era melhor dizer.

Pra começar, nada de cortes em gastos públicos. Para Lula não há gastos públicos a serem cortados. E para insistir na campanha “anti-privatização” usou aquelas imagens que ele gosta tanto e que acha que calam fundo no coração dos eleitores dos grotões: “não sou como o pai de família que quando precisa de dinheiro vende a geladeira”.

Lula admitiu que usou recursos do Fundo de Universalização da Telefonia (Fust) e do Fundo Nacional de Telecomunicações (Funtel) para garantir superavit primário, em vez de dotar as escolas de computador e internet e apoiar pesquisas científicas na área. Mas, é claro, se for reeleito, cada professor terá acesso a um laptop (computador portátil) de US$ 120 e todas as escolas terão finalmente seu computador.

Um dos momentos mais interessantes do programa foi quando Lula contou que, assim que estourou o escândalo do dossiê, chamou o presidente do PT, Ricardo Berzoini e perguntou que história era aquela. E Berzoini (que surpresa, não?) disse que “não sabia de nada”. Daí Lula teria mandado Berozini descobrir o que aconteceu. Como se passaram os dias e nada dele explicar, foi afastado da coordenação da campanha. Simples assim.

O patrocínio do Grupo Telemar (que tem empresas públicas como acionistas e faz negócios com o governo) ao filho Lulinha também foi comentado: “a questão foi muito investigada e não se chegou a nenhuma conclusão de que hoive alguma irregularidade no investimento da Telemar”. Que bom, né?

PACIÊNCIA NO FIM
Então tá, vamos ver se nos próximos dias a coisa melhora (ou esquenta). Por enquanto, não sei se é pelo tempo de duração da campanha, ando meio sem paciência para esses discursos cada vez mais descolados da realidade, cada vez mais pasteurizados, cada vez mais parecidos e cada vez mais chatos.

As pesquisas dizem que o brasileiro médio é contra privatizações, gosta do Estado grande, espera que o governo atue como um Grande Pai. Então ninguém mais fala em cortar gastos, em enxugar a máquina, em tirar o ganha pão estatal dos parasitas. Fazem, os dois lados, qualquer coisa para ganhar uns votinhos. Mesmo que signifique regredir as propostas e os discursos ao início do século passado.

E ninguém mais nega nada: virou moda simplesmente encontrar, no adversário, falha semelhante. “Como assim, ladrão, eu? imagina, o fulano também rouba”. E assim por diante.

E os votos dos municípios mais pobres, dos eleitores mais incultos, tradicionalmente controlados pelos “coronéis”, denunciados pela “esquerda”, agora são a base e orgulho da “esquerda”. Como se, num passe de mágica, agora fossem votos conscientes.

PEQUENOS GOLPES
Uma das coisas mais delicadas, em todos os veículos de comunicação, é o departamento de assinaturas. Uma renovação indevida, não solicitada, pode azedar de vez o relacionamento do cliente, do leitor, com o veículo.

Comigo já aconteceram duas. Uma, com o Diário Catarinense, da RBS, que lançou indevidamente cobrança de uma assinatura direto na minha conta bancária. Sem autorização.

Outro caso foi com a Editora Três (que edita a malfalada IstoÉ). Não se consegue cancelar a assinatura. O sistema tem um gatilho automático: cancelou? o sistema renova e debita. Num estelionato sem fim.

Resultado: não consigo ler nem o DC nem a IstoÉ sem ter engulhos. Se pudesse, se não fosse obrigado a lê-los, pela minha profissão, é claro que só os utilizaria para embrulhar espinhas de peixe, cascas de camarão e restos de galinha assada.

APOSENTADO SOFRE...
Servidores estaduais aposentados estão se preparando para criar uma Associação de Funcionários Públicos Aposentados. E usavam instalações da Secretaria de Estado da Administração, no centro de Florianópolis, para se reunir. Mas, desde ontem, o governo começou a retirar o suporte e a infra-estrutura dos velhinhos, decerto para que eles desistam da idéia de se organizar. Eles dizem que hoje farão uma assembléia, mesmo sem o apoio do governo.

“VOLUNTÁRIOS” DO 15
Os gênios do marketing da penca resolveram fazer com que os comissionados (diretores, gerentes, etc) de todas as secretarias vestissem a camisa e fossem “voluntariamente” para a rua dia 15, abanar bandeiras. Afinal, se o LHS não se reeleger, adeus empreguinhos. As fotos do “voluntariado” estão no site voluntariosdo15.multiply.com. A diversão ontem, nas repartições públicas, foi tentar identificar quem é quem nas fotos (e os cargos). Acima, os coleguinhas jornalistas da Secretaria de Comunicação (até eles!?), levando na esportiva, coitados.
Fazer o quê, né?

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

SEGUNDA

ESQUECERAM DO ZONTA?
Na foto acima, Esperidião (o sujeito sem cabelos) participa daquela reunião em Campo Erê que resultou no apoio de alguns peemedebistas e deixou os diretórios locais do PMDB e do PSDB de cabelo em pé. Em todas as fotos do Amin no oeste aparece, por perto, o Zonta, deputado federal reeleito, mas os textos que acompanham as fotos não falam nele.

ASSÉDIO POPULAR?
A foto acima foi distribuída pelo comitê do LHS acompanhada da legenda “Assédio popular está cada vez maior”. Decerto se referia à multidão que se acotovelava nesse lugar aí. Mas eu, se fosse o LHS e o Joãozinho (motorista e segurança do LHS, que está à direita, com a mão na boca), ficaria mais preocupado com o assédio das duas figuras que estão cochichando nas costas do candidato: o ReiNério, prefeito da Palhoça e o irmão Berger que será deputado federal.
Jogo duro...

Update:
pra variar, vivo me enganando e errando. Graças ao alerta de um leitor, dei-me conta que o Joãozinho não está na foto: aquele é o capitão Renato, da PM, que era (é?) da Casa Militar, ajudante de ordens do governador. Desculpas ao Joãozinho, ao Renato e aos leitores. Mas a advertência continua valendo.
Abre o olho, capitão.

GUERRA MUNICIPAL
Amin e LHS parecem travar uma guerrinha particular, além de toda a campanha eleitoral, quanto a alguns pequenos municípios, onde o apoio ou a adesão de um vereador ou de um prefeito é anunciada como se fosse um movimento decisivo.

Na sexta, o comitê Salve Santa Catarina anunciou que dois ex-vereadores de Campo Erê, filiados ao PMDB, tinham declarado apoio a Amin. Ontem, o comitê Por Toda Santa Catarina tratou de divulgar declarações dos dirigentes do PSDB e do PMDB locais, reafirmando que estão coesos com LHS.

Quando a disputa chega a este nível de detalhamento (afinal, com todo o respeito, quantos eleitores poderão ter os dois ex-vereadores rebeldes do PMDB de Campo Erê?), é porque a vantagem mostrada na única pesquisa feita até agora não é assim tão confortável. Ou então as tais “pesquisas internas” estão mostrando que é preciso disputar voto a voto.

Ah, é claro, ontem LHS anunciou que o prefeito de Braço do Trombudo, que é do PP, também o está apoiando.

SEM DISCRIMINAÇÃO
O engraçado é que alguns dos prefeitos que estão anunciando apoio a Luiz Henrique dizem que fazem isso porque suas prefeituras, embora de partidos como o PP ou PT, não foram discriminadas pela administração estadual do PMDB/PSDB. Ora, se isso fosse verdade, então não haveria necessidade do prefeito “aderir”, para garantir que continuará sendo bem atendido.

Ao pular a cerca, o prefeito, sem querer, dá a entender que houve alguma pressão, ou sugestão, sutil ou expressa: “a gente atende todo mundo, mas vai lembrar com carinho de quem der uma forcinha agora, nesta hora difícil”, ou coisa parecida.

GUERRA ANÔNIMA
A internet tem sido muito utilizada, nesta campanha. E basicamente de duas formas. Uma são as peças repassadas por militantes (com dados nem sempre verídicos ou verificáveis) com o objetivo de panfletear suas preferências. Outra são as mensagens pretensamente anônimas, como as distribuídas pelo e-mail denuncia_web, que municiam os militantes com venenos e informações contra os adversários e também são enviadas para jornalistas.

No sábado circulavam duas mensagens. Uma com a cópia de uma reportagem da Adriana Baldissarelli publicada no Diário Catarinense de 11 de maio de 2001: ali está relatado que um servidor da Fazenda foi pego desviando dinheiro para contas de partidos políticos (da coligação do então governador Amin). Uma espécie de “resposta” ao caso do Aldo Hey Neto, para mostrar que “eles” também fizeram coisa parecida.

A outra, tenta envolver a deputada eleita Ângela Amin, no estranho caso de compra e venda de veículos realizado por funcionários da Assembléia legislativa e que resultou no suicídio de um deles, no gabinete do deputado Vieirão (PP).

O esforço para “desconstruir” o Amin, lembra o mesmo trabalho que os lulistas estão tentando fazer com Alckmin. A justificativa seria que o susto do primeiro turno deixou a todos mais alertas e ninguém quer ser pego, de novo, com as calças na mão.

DOCE VINGANÇA
Uma fofoca circulava ontem entre jornalistas no centro do país: se eleito, Lula não vai deixar passar em brancas nuvens a cobertura, que o PT eos lulistas consideram exagerada, que certos veículos deram e estão dando aos escândalos envolvendo petistas.

Falava em corte nas verbas de propaganda: “se a direita quer corte nas despesas, vai ter”, teria ameaçado um dos ministros de Lula.

Imagino que a estrutura de comunicação montada pelo governo estadual (tão eficiente que o Secretário Derly acabou sendo levado a coordenar a campanha de reeleição) esteja fazendo seus mapeamentos. Mas não tenho visto nada (exceto um ou outro caso isolado) que demonstre cobertura tendenciosa. Ao contrário.

O CASO JABOR
Na semana passada a rede de rádios CBN teve que retirar do seu site de internet (e das afiliadas) um comentário do Arnaldo Jabor, em que ele falava bem do Alckmin e mal do Lula.

Caso vocês não tenham entendido direito ou tenham achado esquisito (“será censura?”), vou falar um pouco sobre ele. É que a legislação eleitoral em vigor suprime a liberdade de expressão nos veículos que são concessão pública (rádio e TV). A lei é clara ao dizer que, nesses veículos, não se pode opinar. Nem para falar bem, nem para falar mal de qualquer candidato.

Os jornais são livres para opinar, mesmo em questão eleitoral. Mas não podem fazer propaganda disfarçada do candidato. Coisas de uma legislação eleitoral capenga e feita às pressas.

PREFERÊNCIA CRUZADA
A pesquisa Ibope/RBS divulgada no final de semana mostra que o eleitor de Esperidião Amin vota proporcionalmente mais em Alckmin para presidente do que o eleitor de LHS. As más línguas poderão dizer que isso já é reflexo da “flexibilização” de LHS, que não vai pedir votos para Alckmin em municípios onde o PT o apoiar para o governo.

A verdade é que o eleitor parece ter descartado completamente partidos e coligações. Já fez suas misturinhas no primeiro turno e pelo jeito continua fazendo. Ignorando completamente o que os líderes nacionais planejam ou pretendem com suas alianças.

REI DA SOJA SE DEU BEM
O governador reeleito do Mato Grosso (estado envolvido até o pescoço com a máfia das ambulâncias superfaturadas), negociou bem seu apoio a Lula no segundo turno. O gaúcho (de Torres) Blairo Maggi é o maior produtor individual de soja do mundo e conseguiu, em troca do apoio, uma ajudinha básica para “o agronegócio” de pouco mais de R$ 1 bilhão (parece que o pacote chegará a R$ 4 bilhões). Causou mal estar até entre outros empresários da área, como o presidente da Sociedade Rural Brasileira, que condenou essa política do “toma-lá-dá-cá”.

Mas a campanha eleitoral tem dessas coisas. E é disso que vivem personagens espertos como Jader Barbalho, Newton Cardoso, casal Garotinho e tantos outros, para quem a lei de Gerson rege a política e no seu manual de “ações e oportunidades” só tem um princípio ético: “é dando que se recebe”. E todos jogam esse jogo.

sábado, 14 de outubro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

DE OLHO NA PRIMAVERA
(No jornal, esta coluna é publicada em preto e branco e é a isso que o texto abaixo se refere. Aqui, como nos dias anteriores, as fotos são sempre coloridas e basta clicar sobre elas para abrir uma ampliação.)

Aproveito o feriadão para fazer uma experiência. Desafiei, a mim mesmo, a mostrar flores e folhas de uma forma que ficassem interessantes mesmo sem as cores originais. Dispondo apenas do preto e de tons de cinza sobre o papel áspero do jornal, o jeito é realçar as texturas e as formas. E esperar que os detalhes não se percam na impressão.

Quem conhece um pouco da flora catarinense saberá identificar algumas ou todas as plantas que mostro aqui. Como vocês podem ver, há fotos tiradas bem de pertinho, que mostram detalhes bem pequenos como se fossem grandes.

A natureza é tão rica em detalhes que tanto faz olhar de longe ou de perto, com uma lente macro ou com um telescópio, uma grande angular ou um microscópio, sempre tem um ângulo novo, uma coisinha que não tínhamos visto antes, uma surpresa e mesmo as coisas conhecidas são sempre diferentes e novas.

Ah, e pra quem chegou aqui esperando algum comentário, alguma notícia, sobre o que está acontecendo na política, devo uma explicação: a política cansa e os políticos chateiam. Estava pensando nisso ontem e quando fui começar a trabalhar, mais uma vez estava sem internet. Pronto, foi o que bastou.

E resolvi dar um tempo. Na segunda eu volto aos assuntos habituais da coluna. Por enquanto, espero que a página tenha ficado bonita e interessante.

Costumo caminhar aqui por perto de casa, em Florianópolis. E quando o dia está ensolarado, levo minha câmera e vou colecionando imagens de flores, de plantas, de árvores, de coisas. Daí, quando chove e faz um dia feioso, como ontem, me divirto olhando para as fotos daquelas flores ao sol. Sofrem, coitadas, com a maluquice das temperaturas, com os maus tratos. Mas são tantas, tão cheias de detalhes, tão bonitas, que por algumas horas descanso a cabeça, sem ficar pensando quem será o vitorioso na eleição. Ou qual será o novo escândalo, ou onde está a maior canalhice.

Nota do editor:
Essa fotinha aí é a reprodução da coluna impressa, não só pra vocês verem como ficou a diagramação (o desenho da página), mas principalmente para notar a extensão do desafio, de mostrar as coisas em preto e branco. Por isso, temos sempre que reverenciar os fotógrafos de jornal, principalmente os mais antigos (Orestes Araújo, Rivaldo Souza, Gilberto Gonçalves, Lourival Bento, Paulo Dutra, Olívio Lamas e Tarcísio Mattos, só pra citar alguns, com quem trabalhei, mas a lista é enorme) que conseguiam contar histórias e prender nossa atenção, com engenho e arte, apenas com fotos em preto e branco.