sexta-feira, 20 de outubro de 2006

SEXTA

O “CARMA” DO VIEIRÃO
No dia 31 de agosto, por telefone, o delegado de polícia Wanderley Redondo, que está à disposição da Assembléia Legislativa, informou ao deputado Antônio Carlos Vieira (Vieirão, do PP), que estava acontecendo um esquema de venda de veículos na Assembléia Legislativa, envolvendo o gabinete dele.

No final da tarde, no mesmo dia, Vieirão pediu ao presidente da Casa, deputado Júlio Garcia (PFL), que abrisse uma sindicância para apurar esses fatos, esse “esquema”. A sindicância não foi aberta. O presidente disse, depois, que na hora não achou que houvesse motivo suficiente (só depois do suicidio, dia 4/10, é que foi aberta).

No dia seguinte, 1° de setembro, o mesmo delegado Redondo voltou atrás e, por escrito, se desdisse e afirmou que não existia nada de nada relacionado com veículos ou com o gabinete do Vieirão, “ou de qualquer pessoa que estejam a seus serviços, nesta ou fora desta Casa” (sic).

É uma sucessão muito curiosa de eventos. Dá a impressão que o delegado falou o que não devia, ao avisar Vieirão. Depois, tentando consertar, envia uma carta cheia de rapapés (pena que a cópia que obtive não tem resolução suficiente, senão a publicaria), como se, de fato, tivesse sido pressionado a desdizer-se completamente.

O esquema, que poderia ser investigado desde o dia 31 de agosto, foi jogado para debaixo do tapete e de lá só saiu com o suicídio do funcionário do gabinete do Vieirão, dentro do gabinete. Aí a Assembléia se agitou, com um mês de atraso, pelo menos.

No mesmo dia do suicídio, em várias regiões do estado, a notícia que foi divulgada foi que o deputado Vieirão tinha se suicidado. E, de lá pra cá, são sucessivas e freqüentes as tentativas de colocar o PP e Amin no esquema maluco de compra e venda de automóveis, do qual participavam, além do funcionário do gabinete do Vieirão, funcionários de outros gabinetes e até da presidência.

A MANCADA DO GENÉSIO
O deputado peemedebista Genésio Goulart deu ontem, talvez sem querer, uma pista sobre a origem do que está acontecendo com o deputado Vieirão (PP), que não se reelegeu e sofre com os problemas decorrentes da exploração política do suicício de um funcionário de seu gabinete. No plenário da Assembléia Genésio Goulart disse, textualmente, a propósito de Vieirão: “Quem plantou maldade contra o governador Luiz Henrique, colheu maldade”.

O ato falho do peemedebista, sugerindo que a postura oposicionista seria razão e motivo para uma vingança dessa envergadura, mostra que, envolvidos nas paixões da campanha, alguns políticos param de pensar e falam pelos cotovelos inspirados unicamente por um fel anti-democrático. Luiz Henrique estaria apenas se vingando dos opositores?

Faz parte do bom funcionamento da democracia que exista situação e oposição. Faz parte das obrigações do parlamento, que os atos do executivo sejam fiscalizados. Vieirão, que foi um dos porta-vozes mais eloqüentes da oposição, cumpriu o papel republicano que lhe cabia. E não pode, por mais que a gente discorde do que ele disse e da forma como disse, se punido por isso. Admitir, ainda que remotamente, que mereçam castigo aqueles que levantam a voz contra o governante do momento, é negar a democracia e aceitar o totalitarismo.

Tenho a impressão que o próprio Luiz Henrique, se for corretamente informado sobre o teor do desastrado discurso de Genésio Goulart, tratará de chamar o correligionário a um canto e explicar-lhe algumas das coisas que Ulysses Guimarães costumava dizer sobre democracia e convivência com os contrários.

JORNAL DE CAMPANHA
Em setembro circulou o primeiro número de um jornalzinho de 8 páginas chamado “O Joinvillense”, cujo diretor responsável é Altamir A. Andrade. Quase toda a primeira edição era dedicada a uma entrevista com o ex-secretário Max Bornholdt. O tom da entrevista e algumas notas contra Amin e Vieirão, já deixavam claro o posicionamento do jornal.

Pois ontem o jornalzinho voltou a aparecer: foi fartamente distribuído na Assembléia Legislativa, em Florianópolis. Tendo como jornalista responsável Luciana de Fátima Nogueira traz, como manchete: “Morte na Alesc pode ser queima de arquivo”.

Como o título faz supor, a matéria tenta transformar o suicídio em assassinato. E dá à aventura comercial que deu errado, contornos políticos.

Por “coincidência” o jornal aparece logo depois que o chefe de polícia resolveu, como quem não quer nada, revelar aspectos selecionados do inquérito. E seu conteúdo foi distribuído, pelo e-mail “anônimo” (denuncia_web) que é utilizado pela campanha de Luiz Henrique para tratar dos assuntos mais “quentes”. Pelo mesmo e-mail foi distribuido o áudio de parte do discurso, feito em plenário, em que o Vieirão desabafa sua indignação contra LHS e o chama de Judas.

DEBATE E VOLTA
Ontem teve debate entre Alckmin e Lula no SBT. A pesquisa Vox Populi, divulgada pela Band, jogou água ainda mais gelada no cocoruto do Alckmin e foi com toda essa carga que ele começou o debate. Não sei vocês, mas eu tou começando a achar que é como assistir o mesmo filme duas vezes: a gente conhece os personagens, sabe o que eles vão dizer e, pior de tudo, sabe qual será o final: a gente acaba, de um jeito ou de outro, se ferrando.

MOTIM NA PREFEITURA
De uma hora pra outra, os principais secretários municipais de Florianópolis resolveram fazer as malas e partir. Só depois da poeira baixar é que saberemos exatamente o que aconteceu. E tem que baixar bastante, porque parece que tem coisas ao rés do chão ou até abaixo do nível do mar.

Cá entre nós, é evidente que Ildo Rosa, Rodolfo Pinto da Luz, Gean Loureiro e Felipe Melo não terão saído todos pelo mesmo motivo. Podem ter saído na mesma oportunidade, mas cada um deve ter suas razões.

CULTURA EM CRISE
Fábio Bruggemann foi exonerado da função de coordenador geral da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. E saiu atirando. Na carta em que torna pública sua saída, ele acusa Luiz Henrique:
“Soube hoje, de fonte segura, que o prefeito Dário Berger atendeu a um pedido pessoal do candidato à reeleição, Luiz Henrique da Silveira, em represália àqueles que ousaram realizar um filme (Matou o cinema e foi ao governador), feito para mostrar a incompetência (pública e notória) de sua gestão frente às demandas da classe produtora e artística do Estado. Ao invés de debater o motivo e conversar com a classe, o candidato usou da velha e covarde tática da caça às bruxas, e com a truculência que lhe é peculiar, sem sequer ter visto o filme, pediu minha cabeça.”
CONEXÃO FLORIANÓPOLIS
Estamos de volta ao noticiário nacional, Segundo o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungmann, o nosso primeiro-churrasqueiro, Jorge Lorenzetti, teria comprado US$ 150 mil na casa de câmbio Centaurus, ali na Osmar Cunha 183, para ajudar na “vaquinha” do dossiêgate.

É claro que ainda é necessário aguardar que a Polícia Federal (que anda, de fato, investigando doleiros catarinenses) confirme ou desminta o que o deputado afirma. Afinal, Jungmann é do PPS e tem todo interesse em fazer o suflê eleitoral do Lula murchar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Li e reli com atencao a sua coluna sobre suicidio do assessor do Dep. Vieirao. Nesse mister eh claro como agua que a tentativa de vincular o Deputado neste lamentavel epsodio nada mais eh que retaliacao sobre a sua eficiente e contudente oposicao aos "esquemas" produzidos na Secretaria da Fazenda pelo Bornholdt, socio do Governador. Alias, o Pinho Moreira devedor inadimplente do Besc, alvo de severas criticas do vigilante Vieirao eh quem neste momento de forma rasteira, atraves de deputados sem nenhum carater como o Genesio Goulart, tenta dissiminar a mentira e o odio de forma vil. Dois assuntos que o Deputado Vieirao conhece bem e que incomoda o Governo Estadual: A velhaquice da Trirradial no Besc, capitaniada pelo Pinho Moreira e os esquemas na Secretaria da Fazenda, que o Bornholdt e o Luiz Henrique nao puderam aprofundar pela atuacao fiscalizadora desenvolvida pelo parlamentar. O Aldo Gey Neto esta ai para nao me deixar mentir.
Abs. Pedro de Souza

Anônimo disse...

Caro Cesar

Como no Brasil, em Florianópolis nossos políticos não estão interessados no bem da cidade, e colocam seu projeto pessoal acima de tudo.
Aqueles que querem trabalhar e fazer alguma coisa, encontram tanta dificuldade que acabam desistindo. Tenho certeza que foi iso que aconteceu com alguns dos secretários demissionários ontem.
Perde a cidade, que por certo vai ver no lugar dos competentes secretários, pessoas interessadas somente em trabalhar para assegurar futuros projetos políticos dos irmãos Berger.
Abraços
Antonio Carlos

Anônimo disse...

Saiu hoje na Globo News que a Polícia Federal não cita o nome de Jorge Lorenzetti no relatório que enviará ao Ministério Público.
Um fraternal abraço,
Pedro

Anônimo disse...

Corrigindo: na Globo News deu que a Polícia Federal CITA o nome de Jorge Lorenzetti no relatório que enviará ao Ministério Público como sendo o articulador do dossiê.
Um fraternal abraço
Pedro