SÁBADO E DOMINGO

AMARELO, BOA SORTE!

O diretor de A Notícia em Florianópolis, Osmar Schlindwein, deixou ontem seu posto. Os novos donos do jornal (a RBS), naturalmente, precisam dos cargos de direção para poder concluir a incorporação de A Notícia. O Osmar (também conhecido, pelos amigos, como Amarelo), é uma daquelas pessoas a quem a gente quer bem. Ele aparece aí nesta foto, à esquerda, me entregando o troféu Manezinho da Ilha de 2003. Foi meu “padrinho”, nessa premiação, o que tornou a festa ainda mais legal.

AMIGO DE QUALIDADE
O colega jornalista Carlos Damião publicou ontem um texto em seu blog (carlosdamiao.zip.net), homenageando o Osmar. E eu peço licença para transcrevê-lo aqui:

“Nesta sexta-feira, meu velho amigo – lá se vão uns 30 anos de amizade – Osmar Schlindwein está deixando a direção de A Notícia em Florianópolis. Faz parte do jogo. Os novos proprietários do jornal têm idéias diferentes, projetos diferentes, práticas diferentes.

Schlindwein – sobrenome alemão que significa literalmente "vinho ruim" – é conhecido pelo apelido carinhoso de Amarelo. Faz décadas que ele é mais chamado assim do que pelo seu nome civil.

Pois o Amarelo, brusquense de nascença e manezinho da Ilha por opção, é um homem generoso, competente, carinhoso e amigo de verdade. Profissional de primeira qualidade, vai assumir novos desafios a partir de segunda-feira. É maravilhoso saber que alguém, já passado dos 60 anos (mas nem tanto), ainda tem planos para o futuro. Coisa de empreendedor, de quem não pára nunca de sonhar e de realizar. [Impossível não fazer um paralelo com aquela entrevista do Zé Dirceu, em que o ex-ministro dizia que não poderia planejar o futuro por causa de sua idade, meros 55 anos! Mas Zé Dirceu é um cretino]. Amarelo é uma prova viva, como tantas outras provas que temos por aí, de gente que não se deixa abater pelo calendário.

É revigorante ouvir do próprio Amarelo a afirmação de que na segunda ele estará encarando um novo trabalho. Coisa de um guri de 60 e poucos anos, que começou no Velho Pardieiro (antiga sede do jornal O Estado na Rua Conselheiro Mafra), década de 1950, como office-boy do Dominguinhos, curiosamente seu tio.
Acho que quem tem o título de office-boy para incluir no currículo é um sujeito batuta, supimpa. O Amarelo é.

Abraço carinhoso, meu amigo. Você merece nossos beijos, nossos abraços, nossa felicidade. Você é uma das alegrias deste mundo contemporâneo sem graça e sem espírito de solidariedade. Porque você tem a graça e a solidariedade dos raros seres humanos que fazem a diferença neste planeta.”

DUAS PALAVRAS SOBRE O AMARELO
Quando soube que o Osmar seria meu “padrinho” no troféu Manezinho, escrevi, no meu blog de então, um texto a respeito dele. Que republico aqui:

Fiquei sabendo hoje, pelo jornal, que meu padrinho será o Osmar Schlindwein (o Amarelo, não tem?). O troféu do novo mané é entregue por um mané já premiado. E ter o Osmar, manezinho nascido em Brusque (o que mostra o caráter não excludente do troféu) como padrinho já é, em si, um prêmio. Conheci o Osmar na década de 70, quando eu ficava olhando, nas oficinas do jornal O Estado, o que acontecia com o texto que eu deixara na redação. Era composição a quente, com linotipo e impressão tipográfica em rotoplana. Barulho, tinta, óleo. E o Osmar descia para resolver problemas mecânicos, colocar a mão na massa.

Convivemos por décadas. Ele, diretor comercial do jornal O Estado. Eu, sempre de alguma maneira ligado ao jornal. Depois nos afastamos. Quando fui contratado para ser editor-chefe, o Osmar estava no concorrente, o Jornal de Santa Catarina. Ele costuma culpar-me, rindo, por tê-lo trazido de volta para um jornal que, algum tempo depois que eu saí (e ele ficou), entrou em crise. Mas não tinha sentido editar um jornal que não tivesse o Osmar cuidando do comercial.

Agora ele tem uma empresa de representação de jornais e continua o boa praça de sempre, respeitado por todos. Competente e nem sempre adequadamente reconhecido, foi um dos meus professores mais importantes nas disciplinas “como tratar as pessoas no trabalho” e “como fazer um jornal com pouco dinheiro”.

SINAL DOS TEMPOS
Desculpem os fantásticos leitores e demais colegas deste jornal corajoso e decente, se ocupo tanto espaço, num final de semana, com este meu amigo, que não é uma celebridade (embora merecesse ser). Mas é que para nós, jornalistas, isso que aconteceu com A Notícia é uma coisa tipo assim morte de parente. De vez em quando a gente se dá conta que aconteceu, que não tem mais volta. E a saída do Osmar serviu para nos lembrar, a todos, que estamos virando a página de uma era.

O manezinho, que tem, no seu DNA, boa parte da história da imprensa catarinense, está desempregado: não tem mais o que fazer nos grandes jornais catarinenses. Nasceu em Santa Catarina, o que, dependendo da função, é uma enorme desvantagem no currículo. Conhece, como poucos, as manhas das redações e dos jornais catarinenses. Mas os jornais catarinenses são, hoje, apenas pequenos jornais regionais. Ou jornais grandes no amor de seus leitores, como este DIARINHO, mas ainda lutadores por sua independência econômica.

A gente acompanha, com interesse, o que vai acontecer com o Amarelo, porque fez isso a vida inteira. E a gente sempre fez isso por dois motivos básicos. Primeiro, porque ele é um grande profissional Segundo, porque ele é um sujeito que sabe fazer amigos.
Boa sorte, Osmar.

“AFASTEI TODO MUNDO”
O PT (e Lula) continuaram com sua tarefa hercúlea de resolver seus problemas usando a fórmula do afastamento. Pisou na bola, eles afastam mesmo. Só ontem foram afastados seis, inclusive o presidente do PT. Dois deles, mais amigos, tinham sido avisados que poderiam ser penalizados e pediram antes o desligamento do partido.

E o cartunista Sponholz matou a charada. Lula vai, finalmente, anunciar a origem do dinheiro. Dirá Lula: “As primeiras moedas, tal como conhecemos hoje, surgiram na Lídia (atual Turquia) no século VII a.C....”

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