sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Sexta

AÇÃO ENTRE AMIGOS
A bancada do PP na Assembléia, por intermédio do advogado Gley Sagaz, protocolou mais uma ação popular contra o governo do estado. Desta vez o alvo é uma relação, digamos assim, excessivamente próxima, entre o Instituto Celso Ramos e a SC Parcerias.

A certa altura, o documento do PP faz um bom resumo do enredo:
“27. (...) a SC Parcerias, que tinha a presidi-la à época o Sr. VINICIUS LUMMERTZ – atualmente Membro do Conselho de Administração da SC Parcerias – (Doc.10), e tinha como Conselheiro o Sr. NERI DOS SANTOS, firmou, com “dispensa de licitação” o Contrato de Prestação de Serviços nº. 02/2006 com o Instituto de Estudos Estratégicos Celso Ramos – ICR, que tem a presidi-lo o Sr. NERI DOS SANTOS, e como Conselheiro o Sr. VINICIUS LUMMERTZ.”
Além da tal “dispensa de licitação”, que permitiu que o Instituto recebesse, da SC Parcerias, a bagatela de R$ 960 mil em janeiro de 2006, e depois mais R$ 230 mil, o Instituto também ganhou uma sede, por “cessão de uso” da Secretaria do Planejamento, no Parqtec Alfa.

E, para completar a novela e dar-lhe ares ainda mais dramáticos, agora em julho foi instaurado um processo administrativo, na Procuradoria Geral do Estado, para examinar a desqualificação do Instituto de Estudos Estratégicos Celso Ramos como Organização Social e a rescisão do tal contrato de gestão.

O ICR foi a primeira Organização Social qualificada por decreto do LHS, em setembro de 2005. E foi com esse título que se habilitou, sem licitação, para prestar os serviços que são agora questionados.

FIM DO SUFOCO?
A definição dos termos em que se dará a incorporação do BESC pelo Banco do Brasil, o saneamento do Ipesc e, principalmente, o cronograma de repasse de grana para o governo estadual, dão novo ânimo ao LHS (deve ser por isso que está tão sorridente na foto acima) e fôlego à Fazenda estadual. Não é nada, não é nada, entram R$ 210 milhões em caixa nos próximos dias.

SEM NOÇÃO

O mesmo ministro do Supremo que ficou trocando recadinhos com a colega, no computador, foi pego falando alto, ao telefone, num restaurante de Brasília.

Sabe aquela gente sem noção que quando coloca o telefone no ouvido acha que a gente, que está por perto, para automaticamente de ouvir os berros deles? Pois é. Só que, além da falta de educação, o ministro demonstrou outras carências: comentou o julgamento que tinha acabado de participar.

Disse ele, segundo relata a repórter da Folha que ouviu a conversa, que a imprensa acuou o Supremo, cuja tendência era aliviar pro lado do Zé Dirceu: “o STF julgou com a faca no pescoço”.

Ora, ora, ora, em que mundo vivemos? Quer dizer que agora um ministro do Supremo pode mudar o voto, só porque está com medo de ficar mal na foto em algum jornal?

Claro que a presidente do STF e vários ministros protestaram contra essa patacoada. A nota oficial do Supremo diz que o tribunal “não permite nem tolera que pressões externas interfiram em suas decisões” e reafirma “a dignidade da Corte, a honorabilidade de seus ministros e a absoluta independência e transparência dos seus julgamentos”.

Era só o que faltava!

DIA SEM CARRO
A prefeitura da capital inscreveu Florianópolis entre as 160 cidades que, ao redor do mundo, restringirão o trânsito de automóveis no dia 22 de setembro, estimulando o uso de alternativas de locomoção.

O projeto “Na Cidade sem meu Carro” vai fechar o centro histórico para os automóveis particulares e serão feitos passeios ciclísticos em várias regiões da Ilha. O Instituto de Planejamento Urbano, que lidera a iniciativa, acredita que é preciso mudar a cultura da população para evitar o caos do excesso de automóveis e poluição.

Além da gente sair de bicicleta, seria bom o poder público se mexer, oferecendo alternativas viáveis e confortáveis de transporte público. Coisa que, até agora, existe apenas nos discursos políticos e em um ou outro papel engavetado.

(Clique na foto para abrir uma ampliação)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Quinta

UFSC EM FRANGALHOS
Assim como a crise aérea, a crise da UFSC (que é a crise da universidade pública brasileira) tem origem antiga. Ao longo dos anos, vários avisos foram dados, aos governos e aos governantes, sobre do rumo que as coisas estavam tomando.

Esperavam, os militantes de tantas greves a.L. (antes de Lula), que o PT no poder atenderia às principais reclamações e colocaria o trem de volta nos trilhos onde, a bem da verdade, nunca esteve. Mas o Lula presidente demonstrou que o PT não estava no poder. Quer dizer, parte dele estava, mas lá ficou, enquanto pode, apenas pelo gosto de estar no poder. Sem levar adiante as tais “propostas de luta”. E as universidades, tachadas de “elitistas”, ficaram a ver navios.

Na UFSC, como, acredito, na maioria das universidades públicas que tenham padrão de qualidade semelhante, a “privatização”, tão temida, sustentou e sustenta alguns dos cursos de maior sucesso. No Centro Tecnológico, a integração com empresas, a transferência de tecnologia e a utilização da universidade quase como setor de pesquisa e desenvolvimento de indústrias, deu o suporte necessário para que se criasse e se mantivesse aquele centro de excelência.

Os cursos que ficaram esperando e dependendo das verbas estatais para equipamento, pessoal, para tocar projetos e mesmo para realizar eventos, deslizaram ladeira abaixo, deixados à míngua. E os projetos foram sendo desestimulados e desmontados.

FALTA DO QUE FAZER

Diante desse quadro amplo, complexo e arquitetado por iniciativa ou omissão federal, o que adianta depredar a Reitoria? Que tipo de resultado um grupo isolado e minoritário poderá tirar de uma ocupação permitida e, dizem alguns, facilitada?

Qual será o próximo passo? Seqüestrar o Reitor? Ou o cônsul da Colômbia, à falta de um embaixador norte-americano nas proximidades?

Não seria mais importante, em vez dessa aventura juvenil estéril, que a rapaziada começasse a fazer, de fato, política estudantil? Que combatesse o peleguismo da UNE e tratasse de se organizar para ter, afinal e ao final, algum tipo de representatividade? E, pelo caminho trabalhoso da boa e velha militância política, criar um movimento que seja ouvido e que tenha o que dizer?

Ou, no maravilhoso mundo novo bolivariano as coisas só se resolvem na porrada e à base de factóides?

O GOVERNO INVIÁVEL
Naquele almoço no Palácio residencial do Governador (que eu relatei ontem), também estava presente, bem humorado e afável, o Secretário da Comunicação, Derly Anunciação.

Derly tem uma tese, que gosta de debater, sobre “o Estado possível e o Estado ideal”. Que, no final das contas, resume o impasse em que as unidades da federação brasileira foram colocadas: praticamente o total da arrecadação tem sua destinação amarrada a alguma rubrica. Tantos por cento para educação, tantos para saúde, tantos para isto e para aquilo. E, pairando como uma espada sobre a cabeça dos administradores, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limites para as despesas com o pessoal.

Resultado: não sobra nada para investimentos ou para fazer aquilo que quem está no poder gosta de fazer, para deixar marcada sua passagem por ali.

Claro, todas essas amarras foram sendo colocadas na ilusão (ou esperança) que um dia algum político tivesse coragem de reduzir o tamanho do Estado. Mas eles são políticos justamente porque não são tolos. E nesse vespeiro ninguém mexe.

DEMITIR? NEM PENSAR!
A solução é, teoricamente, simples: se a despesa com a “máquina” (salários, gratificações, custeio, etc) consome um percentual absurdo da arrecadação, reduz-se a máquina e seus custos. Na casa da gente, se o dinheiro anda curto e não pode ter faxineira todo dia, a gente reduz para duas vezes por semana ou até dispensa a moça e assume as tarefas dela.

Mas no governo não se pode falar nisso. A cada dia se fala em abrir novos concursos (para aumentar o número de servidores estáveis). E, como disse, nenhum administrador público é burro (ou estadista) o suficiente para sequer tocar no assunto de enxugamento, de racionalização, de melhor aproveitamento do volume de servidores existentes. O corporativismo é fortíssimo. Grupos organizados de servidores elegem deputados, vereadores, governadores, justamente para não permitir que alguém mate a galinha dos ovos de ouro. Ou que coloque uma tranca no cofre da viúva.

O contribuinte, que sustenta tudo isso, espera, com toda razão, ver seu rico dinheirinho transformado em melhorias a que ele tenha acesso. Fica indignado com episódios, que surgem vez por outra, de mau uso do dinheiro público. Mas talvez não se dê conta do que, exatamente, está engessando o governo. Todos os governos.

O CHEQUE SEM FUNDOS

A acusação apresentada pelo Ministério Público Estadual contra o então vice-prefeito de Joinville, Marco Tebaldi, está minuciosamente dissecada no site “A Política Como Ela É (aqui em Santa Catarina)”. Este site antes era o “Blog do Vieirão”. Não sei o motivo da mudança de nome, mas, de qualquer forma, continua sendo um espaço de oposição, defendendo basicamente as propostas do PP. E o endereço continua o mesmo (vieirao.com.br).

Sob o título de “A incrível história do alcaide Marco Antônio Tebaldi”, lá estão todos os detalhes da acusação, num caso que, aparentemente, é mais um daqueles onde a frágil e delicada membrana que marca a fronteira entre o privado e o público foi arrombada. Ou, pelo menos, distendida anormalmente.

E revela um detalhe interessante: estão anexados ao processo (nº 038.07.005499-9, que tramita em segredo de justiça na 2ª Vara Criminal de Joinville) os resultados de interceptação telefônica. As populares “escutas”, que fazem a delícia de leitores, telespectadores e radioouvintes.

Resta saber quem terá sido “apanhado” nas escutas. E até que ponto essa pedra no sapato de Tebaldi poderá se transformar num transtorno para o prefeito de então, governador de agora.

CLUBE DE REPÓRTERES
Ainda a propósito do almoço com o governador, o jornalista Carlos Damião escreveu-me um bilhete, com uma boa lembrança:
“Meu caro Cesar, estes almoços de sua Excelência são realmente desnecessários. Não acrescentam nada. Saudade do Clube de Repórteres Políticos (lembras-te?), com Bento Silvério, Sérgio Lopes, Moacir Pereira, entre outros, promovendo almoços mensais com as autoridades catarinenses e colocando-as para falar sobre o que interessa. Convescotes chapa branca, sinceramente, são eventos dispensáveis.”
É verdade, quando é uma entidade assim que promove o encontro, fica mais fácil manter o foco da conversa e, quando é o caso, pode-se encostar o entrevistado na parede com maior facilidade.

Até achei que a Casa do Jornalista (que agora atende pelo nome de Associação Catarinense de Imprensa), com o Moacir à frente, iria por esse caminho. Mas aquelas “coletivas” do governador na Casa foram um balde de água fria.

O Paulo Alceu é outro que, de vez em quando, fala que a gente tem que se (re)organizar. Quem sabe... Ressuscitar o Clube dos Repórteres Políticos... que tal, hem? hem?

(Clique sobre a foto que se abre uma ampliação)

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Quarta

EM PALÁCIO
Não sei como começar esta coluna social. Certamente Túlio Cordeiro e Walter Van, os especialistas em mundanidades do DIARINHO, acharão graça da minha falta de traquejo, mas vamos lá. Bom, talvez seja muito indelicado para com os anfitriões e eu nem devesse dizer que o almoço de ontem, na Casa d’Agronômica, foi um tanto quanto decepcionante.

Não pela comida, nem pela hospitalidade, muito menos pela companhia de tantos velhos jornalistas. Mas porque, sem que tivessem nos avisado, acabamos participando de um evento para anunciar o lançamento de mais uma fábrica da Cedrense, no oeste catarinense. Nada contra o desenvolvimento industrial do estado, muito antes pelo contrário. E os queijos que a empresa colocou à disposição dos presentes, para degustação, eram muito bons.

Mas não era bem isso que eu esperava. E, até onde consegui perceber, muitos dos colegas também. Do governador ouvimos, como aperitivo, um discurso entusiasmado sobre o espetacular crescimento catarinense, em todas as áreas, “graças à descentralização”. Crescimento que já estancou, segundo LHS, o êxodo rural e começa a aliviar o litoral da pressão de ter que abrigar, além dos próprios pobres, os do oeste também.

Já com o almoço sendo servido, a “solenidade” de lançamento da fábrica, com um igualmente entusiasmado discurso do diretor do empreendimento.

O almoço teve ostras gratinadas e camarões na endívia como entradas. No prato principal, fiquei no roast-beef, embora tenha visto, en passant, alguma coisa com bacalhau. Na sobremesa, frutas com molho de chocolate, pavlova e mousse de maracujá. Para beber, um vinho catarinense, que LHS elogiou bastante, refrigerante e água.

TOUR GUIADO
Depois do almoço, o governador guiou seus convidados num tour por algumas das obras de arte expostas na Casa. Deteve-se, principalmente, diante dos quadros do Willy Zumblick, prestigioso pintor tubaronense. LHS dava informações e fazia comentários, satisfeito por ter tirado algumas das telas dos depósitos do governo e trazido-as para um local nobre. Foi um dos bons momentos do almoço.

Chamou-me a atenção, sob uma Santa Ceia de madeira entalhada, um aparador com várias imagens de porcelana. Aparentemente, de santos (N. Sra. Aparecida, Santa Catarina, a Sagrada Família, uma freirinha, provavelmente Santa Paulina, entre outros). Uma espécie de altar doméstico.

Ah, e todos cantaram parabéns para o secretário da Articulação, Ivo Carminatti, que estava aniversariando ontem.

Como disse, estava tudo muito bom. Mas desta vez não se criou ambiente para que os jornalistas pudessem ter uma conversa proveitosa com o governador.

=====================
PICADINHO
Não dá pra ficar só na coluna social. Estão acontecendo outras coisas que requerem nossa atenção.

UFSC – A cada dia dilui-se mais a autoridade do Reitor. Abateu-se sobre ele uma incompreensível e, até certo ponto, inaceitável, complacência.

CORRUPÇÃO – O STF aceitou a denúncia contra os 40 acusados que agora, como réus, serão processados. Ali estão amigos, auxiliares diretos e colaboradores de vários tipos do presidente da República. Acho que ninguém acredita que ele ignorasse tudo o que ocorria ao redor. Mas falar nisso virou tabu: “é golpe!”

CUMPLICIDADE – E, por falar nisso, o PT vai oferecer amanhã, em São Paulo, um jantar de solidariedade a seus filiados que foram “condenados moralmente” pelo STF.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Terça

O DIA DO PRESIDENTE

O DIA DO GOVERNADOR

O DIA DOS BRASILEIROS
E ELES VIRARAM RÉUS!
A leitura das centenas de páginas com que o ministro relator, Joaquim Barbosa (na foto acima), ia dizendo, aos poucos, que denúncias o Supremo deveria aceitar e quais não, era um pouco chata. Mas não dava pra desligar a TV. Depois de tanto tempo (dois anos), durante os quais ouvimos tanta gente dizer que nada daquilo existiu, não deixa de ser interessante ouvir os ministros do STF referirem-se àquelas práticas, que até Lula disse que eram coisas comuns, corriqueiras, como crimes.

E, naturalmente, todos aqueles que se reuniram para violar a lei, são chamados de quadrilheiros. E, por conseqüência, seus atos precisam ser investigados. Serão processados. São réus. Há indícios suficientes: há fumaça. Resta saber se a fogueira será devidamente encontrada e provada. Mas isto é coisa para depois. Por enquanto, estamos vivendo um momento importante que, a certa altura, achei que não viveríamos, pelo menos não desta forma: o STF acatou a maioria das denúncias.

E a leitura, pausada e calma, do relator, reavivou, na memória dos brasileiros, aqueles fatos que, nos meses seguintes e na campanha presidencial, tantos se esforçaram tanto para mostrar que eram normais, inocentes e corriqueiros.

SUGESTÃO
Quem se interessa pelo assunto e gostaria de saber melhor como funcionam as cabeças dos juízes e desembargadores, não pode deixar de visitar o blog Jus Sperniandi, do Ilton Dellandréa (dellandrea.zip.net), que foi juiz e desembargador e consegue comentar as peculiaridades desse mundo jurídico num texto acessível, agradável e crítico. Ele trata de vários assuntos, não apenas do julgamento dos mensaleiros.

RANGO NO PALÁCIO
O governador LHS reúne hoje, para almoço na Casa D’Agronômica (a residência oficial, antigamente chamado de Palácio da Agronômica), os colunistas de política. Até eu fui convidado. Fiquei um pouco indeciso porque, conforme rezam as normas escritas pelo Groucho Marx, “não freqüento clube que me aceita como sócio”. Mas resolvi fazer uma exceção e vou ao almoço para o qual fui convidado.

Trata-se, em princípio, de um almoço de aproximação, sem pauta definida, como já foram feitos outros. É uma prática democrática, saudável, que permite que a gente tenha acesso ao governador num clima menos formal que uma audiência ou entrevista.

Em retribuição, a gente permite que o governador fale conosco sem a necessidade de marcar hora e ficar na fila. Em geral, a julgar pelos outros encontros, tudo acaba bem. Mesmo que o LHS queira discutir a relação com os colunistas, serão cobranças civilizadas, de parte a parte.

O GOVERNO E A CRÍTICA
A minha experiência é que os titulares dos principais cargos recebem melhor as críticas e convivem melhor com os críticos do que a turma dos andares de baixo, que normalmente agem como torcidas organizadas de futebol e ficam com raiva (ódio?) de quem “fala mal” do chefe. Falta-lhes o discernimento, que muitos (mas não todos) prefeitos, governadores e presidentes têm, sobre o papel cidadão da crítica.

A crítica fornece, ao governante inteligente e bem intencionado, uma utilíssima visão, independente e desapaixonada, que permitirá ao governo balizar suas ações e perceber melhor o impacto e o efeito de seus atos.

FAPESC MAL DE CONTAS
A Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), fez desaparecer, num passe de mágica, quatro municípios catarinenses.

No material distribuído à imprensa em que anuncia a distribuição de “15 mil livros” (hum... por que 15? por causa do Plano 15), a Fapesc informa, orgulhosa, que “até o final de 2007, os 289 municípios do estado terão pelo menos uma biblioteca pública”. Ótimo, só que Santa Catarina, até onde sei, tem 293 municípios. Ou tinha.

Ô Professor Diomário, o que aconteceu com os quatro municípios desaparecidos? E quais seriam eles?

INVESTIGADOS
Daqui a pouco é capaz de alguém dizer que o fato do político ser investigado é sinal de prestígio: “Fui denunciado muito mais vezes do que meu oponente, que é um bunda mole, que não merece seu voto!”

Embora os julgamentos políticos sejam mais rápidos e suaves (basta ter maioria na câmara ou na assembléia e pronto), os outros julgamentos assombram os políticos com fantasmas do passado. O prefeito Tebaldi, de Joinville, amarga uma denúncia sobre um cheque voador da época em que era vice-prefeito do LHS, o prefeito Dário, de Florianópolis, amarga suspeitas do tempo em que era prefeito de São José.

Claro que, a julgar pelas eleições passadas, nada disso influirá na decisão do eleitor. Parece que a maioria está firmemente decidida a votar com consciência, naquele que conseguir uma carrada de barro, uns tijolos, algumas sacas de cimentos, uns litros de gasolina ou até, quem sabe, um empreguinho praquele genro malandro.

sábado, 25 de agosto de 2007

Sábado, domingo e segunda


CANSEI!
Ser jornalista chapa branca não é fácil. É muita gente pra agradar e por mais que se faça, nunca é suficiente. Pois não é que até um cabo eleitoral da base veio me pedir pra empregar uma sobrinha na coluna? Mas o nome dela não podia aparecer e ela também não teria tempo de trabalhar...

Sem falar que não recebi nenhum presente, não me convidaram pra viajar (nem pra Guabiruba) e informação, que é bom, então, ficou ainda mais escassa (eles dizem que têm que atender primeiro os colunistas que são do contra, porque os a favor já falam bem).

Aí eu pensei com os meus botões: quer saber? Cansei! Tal e qual os chiques e famosos do João Dória, cansei de ser a favor. Vou voltar a ser o que sempre fui: nem contra, nem a favor, muito antes pelo contrário.

O PACOTE DO DÁRIO
O prefeito da capital, Dário Berger, que ontem entregou sua defesa à Comissão de Investigação e Processante da Câmara, quanto ao caso da Lei da Hotelaria, também divulgou um pacote de obras. Provavelmente inspirado no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, Dário criou uma espécie de PMA (Programa de Mudança de Assunto).

Até o dia 14 de setembro, quando inaugura o elevado do Itacorubi, a prefeitura vai ter novidade quase todo dia. Não é nada, não é nada, pelo menos contrabalança o noticiário oriundo da Câmara, que sempre tem alguma farpa pra cima do investigado.

Serão entregas de ordem de serviço, como a de ontem, em conjunto com a Casan,para construção do esgoto sanitário de Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui e Cacupé, inaugurações e lançamento de vários projetos de “revitalização” de ruas (que deve ser um nome chique para reforma, conserto, limpeza e repavimentação).

O EMBRULHO DO DÁRIO

Por outro lado, o das notícias desagradáveis, a semana do prefeito será de grande suspense: os vereadores que compõem a tal comissão processante terão cinco dias para examinar a defesa e solicitar o arquivamento da denúncia ou uma investigação. Se for este o caso, será aberto um processo contra o prefeito, que poderá ser afastado.

O prefeito acabou aparecendo, meio mal na foto, nas escutas telefônicas que a PF fez, com autorização judicial, para investigar fatos relativos à operação Moeda Verde (a venda de licenças ambientais para autorizar empreendimentos imobiliários na ilha). As escutas acabaram registrando parte das negociações e tramitações que levaram à criação de uma lei municipal que beneficiaria hoteleiros, perdoando-lhes dívidas e dando outros incentivos fiscais. E é a conduta do prefeito nesse embrulho que está sendo questionada.

TEMPOS MODERNOS

Um dos fatos menos sonolentos do julgamento que se realiza, no STF (Supremo Tribunal Federal), para ver se a denúncia contra os 40 mensaleiros será aceita ou não, foi o flagra que as lentes de um fotógrafo deram, na conversa que dois ministros (do STF) mantinham, pelo computador, durante a sesão.

Provavelmente por ingenuidade ou excesso de confiança, eles escreviam e liam as mensagens, sem ligar para a multidão às suas costas. Ora, bons repórteres fotográficos sabem que devem ficar atentos a papéis que são deixados sobre as mesas e telas de computador. Sempre podem conter alguma informação interessante ou útil.

Feitas as fotos e revelado o conteúdo da conversa, a OAB reclamou de uma “invasão de privacidade”. Ora, não estavam em local privado, participavam de um processo público e as telas de seus computadores não estavam ocultas. O fotógrafo não teve que fazer nenhuma ginástica especial para obter as imagens. Bastou fazer o foco. Não havia privacidade a invadir.

A propósito, a comentarista Lúcia Hippolito sintetizou muito bem a questão, a partir de um ditado antigo:
“(...) de barriga de mulher, urna eleitoral e cabeça de juiz, não se sabe o que pode sair.

Atualmente, com a ultrassonografia e as pesquisas de boca de urna, só restou a cabeça de juiz.

Mas ontem, depois que O Globo publicou a troca de e-mails entre dois ministros do STF, em pleno julgamento, adiantando o voto de outros ministros, talvez não reste surpresa nem em cabeça de juiz.”
60 ANOS NO AR
A Rádio Clube de Lages, um dos ícones da comunicação catarinense, comemora hoje seu aniversário de fundação. Criada como um “sistema de alto falantes” no centro da cidade, por Carlos Joffre do Amaral, foi, ao longo de sua história, uma das emissoras de rádio mais influentes do estado e líder inconteste na sua região.

Um de seus comunicadores, o Maneca (Manoel Correa), hoje com 74 anos, apresenta, há 58 anos, o programa Alma Cabocla. O deputado Elizeu Mattos (PMDB), que esta semana homenageou a emissora na Assembléia Legislativa, acha que é um recorde digno de ir para o Guinness.

Roberto Amaral, herdeiro do fundador, expandiu os negócios e hoje, além da Clube tem as emissoras de TV do grupo SCC (afiliado à RedeTV!).

UFSC OCUPADA
Um leitor pergunta minha opinião sobre a invasão da UFSC por um grupo de estudantes. Em primeiro lugar, surpreende-me a falta de ação de quem deveria preservar o patrimônio público. E quanto às “reivindicações”: quase nada daquilo poderá ser negociado ou acertado sem que Lula queira. E Lula não quer. Mas o “movimento” faz de conta que não sabe disso e brinca de “ocupação”. E se dizem “magoados” com a tímida nota da Reitoria. A questão é: esse ato de violência está a serviço de que projeto político? Aposto que a maioria dos jovens que, idealistas e bem intencionados, embarcaram nessa canoa furada, também não sabe.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sexta

O DIA DO GOVERNADORO DIA DO PRESIDENTE
TODOS À GOROROBA!
O colega aqui do lado (da página 2 do DIARINHO), colunista de política local e regional, o Júlio César (mas pode chamar de JC), vai comemorar três anos de sucesso da coluna, reunindo amigos, inimigos, afetos e desafetos em torno de um arroz com carne seca, que em outros lugares seria chamado de “carreteiro” (mas como a gente não é gaúcho e não anda de carreta...)

Não é fácil manter uma coluna diária falando (mal e bem) de vereadores e prefeitos que moram aqui pertinho e que, de vez em quando, cruzam com a gente na rua: nem sempre o pessoal entende as críticas e às vezes recebe mal os comentários mais ácidos. Por isso, admiro o JC e torço para que as gororobas se multipliquem e, a cada ano, reunam mais e mais pessoas.

Ah, é sábado ao meio dia, no Clube Atiradores, de Itajaí (mas não pode entrar armado e, como irão muitos políticos, de vários partidos, não serão distribuídas facas e os garfos terão pontas arredondadas).

DIFÍCIL ADESÃO

Estou com grandes dificuldades na minha nova vida de jornalista a favor. Para agradar o Lula, ia dar um cacete no PSDB, mas aí percebi, a tempo, que com isso desagradaria a dupla LHS/Pavan.

Então, decidi que descascaria o porrete no PP, o tal do tapetão. Mas, novamente, tive que parar: Ideli e Lula são unha e carne com o PP. Até acabaram de empossar um pepista catarinense num cargo federal.

Problema sério, esse: Lula e LHS formaram pencas tão grandes, que quase não sobrou ninguém na oposição...

Sempre que podia, passeava sua solidão pelos jardins do Palácio e ficava horas ouvindo e meditando sobre as coisas simples: o piar da coruja, os olhos vermelhos do coelho, o triste lamento de algum passarinho faminto. Gostava de ouvir a música chorosa e confusa das multidões que freqüentavam o mercado. Mas ficava ouvindo de dentro dos muros do Palácio, mortalmente só. Todas as vezes que, de algum minarete, uma voz chamava à oração, ele não orava em direção a Meca. Seu Deus estava na sua última descoberta: alguma plantinha que acabara de brotar, algum ovinho que acabara de descascar.

Quando não estava só, entediava-se com as futilidades que todas as conversas repetiam. Não sabia exatamente o que era pior: ficar no Palácio ouvindo sempre as mesmas bobagens ou pedir para ser mandado, como seus irmãos, a alguma Universidade americana ou inglesa. Não queria nem ficar nem ir. Queria sair.

Não existem muros altos demais quando se é jovem e se deseja a liberdade. O dinheiro lhe colocou um camelo à espera, no outro lado do muro sul. A alegria da liberdade logo colocou grande distância entre ele e o Palácio. Era um país com muita gente, seria fácil desaparecer no meio do povo. E assim foi.

* * *

Nos primeiros dias, excitado pela curiosidade de ver coisas novas, não sentiu fome, nem frio. Até que um dia acordou dentro de uma tenda. Havia desmaiado fraco e alguém o recolhera. Não era um homem velho, também não era muito jovem. Estava sentado a seu lado e lhe sorria, oferecendo tâmaras e amizade.

— Eu sei de onde você vem e o que sua alma procura.

Falou o desconhecido calmamente, enquanto esperava que seu hóspede estivesse pronto para levantar. Saíram quando ainda havia sombra.

— Daqui a pouco eu não vou mais falar e você não deve falar também. Deve olhar tudo o que vir, ouvir tudo o que escutar e guardar em seu coração tudo que sua alma sentir.

Soava meio estranho o que aquele homem dizia, mas achou bom fazer o que ele sugerira. As ruas estavam cheias de gente. Uns pediam, outros mancavam, outros passavam apressados. E ele fez de conta que estava nos jardins do Palácio e começou a ouvir cada alma como se fosse uma plantinha, a sentir cada dor como sentira a dor do faisão quando os cozinheiros do Palácio lhe tiraram a companheira. E era como se as pessoas não os vissem e era como se ele pudesse ser cada pessoa por alguns momentos. Quando chegaram ao mercado, ele já não tinha forças para sorrir e estava profundamente angustiado com o que vira. Uma revolta agitava suas entranhas e suas mãos suavam o frio suor da impotência, diante de tanta mudança a ser feita.

Assim que chegaram de volta à tenda, ele se atirou ao chão gemendo e chorando a dor do que vira. O homem sem idade, entretanto, estava sereno e esperou que ele desabafasse um pouco de sua inquietação.

— Agora volta ao teu Palácio, medita sobre o que tens guardado na alma e Alá te dirá o que fazer. Sê louco, com a loucura dos sensíveis. Sê forte, com a força dos oprimidos. Sê livre, com a liberdade dos cativos. Sê feliz, com a felicidade dos infelizes. Sê justo, com a justiça que não reconhece senão a condição de ser humano. Desapega-te do ouro e da prata e dos lugares que amas estar. Desenraiza-te. Teu lugar é o mundo, ao lado da fome, da opressão, da injustiça, dos marginais. Eles esperam tudo de ti. Eles esperam tudo de pessoas corajosas que pulem o muro de seus Palácios de isolamento e venham viver o povo. E venham sentir o fedor das prisões – de todas as espécies e naturezas – em que o homem encarcera o homem e se encarcera. Eles esperam a Luz. Sê o terror dos reis que amam o silêncio. Sê humano sempre. E quando te matarem, não penses que tua obra ficará inacabada. Outro – como tu – virá à minha tenda e ouvirá as mesmas coisas. E assim durante séculos, até que a espécie humana renasça para a liberdade, para o amor e para a justiça.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Quinta



CHEGA DE SOFRER!
Pronto, resolvi aderir à base do governo. Qualquer que seja o governo. Cansei de levar porrada por dizer que o Lula é isto, que o LHS fez aquilo, que o deputado tal esqueceu a ética no banheiro, que o senador fulano usa a ética que encontrou no banheiro e assim por diante. Cansei de ser do contra.

Cansei de ser o único (ou um dos únicos) que acha errado aquilo que todo mundo sonha em fazer. E que só não fez porque ainda não teve oportunidade. Empregar parentes, levar algum por fora, ficar por dentro das negociatas, ficar de fora dos acessos de moralidade, coisas que só os tolos condenam, só os imbecis acham que tem conserto.

Sábio sempre foi o Sílvio Santos, que em plena ditadura criou o quadro “A Semana do Presidente”, onde mostrava o general de plantão montando cavalo, assistindo ao futebol e inaugurando pontes. Isso é que era jornalismo. Propositivo, pra frente, construtivo.

Foi inspirado, portanto, no seu Sílvio, que fiz, aí em cima, as duas novas seções da coluna: o dia do Presidente e, por que não, o dia do Governador. Afinal, não tem cabimento que depois de solenidades onde são homenageados, onde anunciam coisas boas para o povo, venha um rancoroso qualquer falar mal de quem dá tudo de si para o bem do País e do estado.

E que, como vocês podem ver nas fotos, tem o reconhecimento da população e de seus pares. LHS, que os raivinhas tentaram propagar que não gostava de Fpolis, ganhou um troféu justamente de entidades florianopolitanas, agradecidas por tudo que ele fez.

Até o Walmor de Luca, que os míopes não valorizavam adequadamente, está colocando a Casan nos eixos. A empresa não só saiu do prejuízo, como está pronta para fazer empréstimos e se endividar novamente. E recebeu uma frota novinha de caminhões para abrir buracos. Dentro de mais alguns meses, deve chegar a frota de caminhões para tapar os buracos.

OPOSIÇÃO SEM RUMO
Bem diz o companheiro Mota, do alto da boléia do seu caminhão de corrida, que o PP não tem mais o que fazer ou dizer: isto de ficar passando filminho é de uma pobreza atroz.

Já dizia Nixon, que “a memória do povo é fraca e, seu coração, complacente”. Então, se o povo esquece rápido e não guarda rancor, qual o sentido de ficar remoendo coisas antigas? O que se diz na tribuna, num dia, no calor do momento, se for visto dali a alguns meses, pode ser ofensivo. Não importa que tenha sido a própria pessoa que tenha dito: não é pra isso que existe a TV da Assembléia. Não é para remexer em feridas do passado.

Se o próprio FHC pode dizer que “esqueçam o que escrevi”, e o Lula diz, com outras palavras, “esqueçam o que falei”, por que os deputados e o governo catarinense não podem manter seu passado no saudável esquecimento? Isto é bem coisa de oposição que não tem o que criticar no presente e vai em busca de deslizes passados. Que, como o próprio nome diz, já passaram.

E não esqueçam de assistir hoje, a partir das 10h, a continuação da defesa dos 40 injustiçados no STF. Os advogados estão mostrando que o mensalão nunca existiu. Foi tudo um sonho.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Quarta


SEM SURPRESAS
Hoje o STF começa a decidir se aceita a denúncia contra as 40 pessoas envolvidas naquela história de fundos não contabilizados, o tal mensalão. A decisão poderá sair em até três dias. Caso aceite, os denunciados viram réus e começa o processo.

E aí, será mais uma daquelas novelas intermináveis do STF. O jornalista Ricardo Noblat lembra que o processo contra Jáder Barbalho, acusado de ter desviado grana da Sudam, se arrasta há seis anos e não se sabe quando terminará.

O processo contra os 40 mensaleiros, segundo as contas mais otimistas, poderá ir além de 2014. E nada faz crer que, uma vez aceita a denúncia, eles chegarão a ser condenados. As estatísticas mostram que o STF condena pouco aqueles que têm foro privilegiado.

Em todo caso, reproduzo, aí embaixo, uma ilustração que publiquei na coluna do dia 17 de agosto de 2005, quando a gente ainda tinha esperança que fosse acontecer alguma coisa com os envolvidos na patifaria (pra ver melhor é só clicar sobre ela, que se abre uma ampliação). Tal e qual a viagem do homem à Lua, hoje já tem gente dizendo que nada daquilo aconteceu, que foi tudo uma armação da zelite golpista, aliada à imprensa vendida. Então tá.


SACO SEM FUNDO
O tal Fundo de Incentivo ao Esporte está se mostrando mais do que generoso: é verdadeiramente coisa de pai pra filho. Uma ação da SDR de Curitibanos e da Secretaria da Cultura, Turismo e Esporte destinou a bagatela de R$ 250 mil, do nosso rico e escasso dinheirinho, para “estimular” o Eduardo Berlanda, na Stock Car Light (uma categoria de carros de corrida).

O moço que, por pura coincidência, é filho do secretário regional de... Curitibanos, Nilso José Berlanda, precisa mesmo de estímulo. Depois da quinta etapa do torneio brasileiro (de 9 etapas), está na 32ª posição, com um ponto (o primeiro colocado, Norberto Gresse Filho, de SP, tem 85 pontos). Concorrem 36 pilotos e até o folclórico Octávio Mesquita está na frente do Berlanda.

Vamos ver então se agora, com o paitrocínio incentivado do estado que é uma mãe, o moço desencanta e sai da lanterna.

AMIN TEMPERA O QUIBE
Esperto, o careca. Com uma só tacada, deu um jeito de manter o assunto do processo contra LHS vivo na mídia e jogou um balde de água fria na turma que estava se preparando para chamá-lo de golpista.

Esperidião reuniu a imprensa ontem para dizer que, qualquer que seja o desfecho do processo em que o STF examina o pedido de cassação do mandato do LHS, ele não assumirá o governo sem que haja nova eleição.

No trecho final da carta que distribuiu, diz o ex-governador:
“Saibam todos, acreditando ou duvidando: se o judiciário tomar a decisão de cassar o mandato em foco – por razões de direito que são conhecidas – não ofenderei Santa Catarina, exercendo o cargo sem preencher o supracitado requisito do voto! O Brasil está precisando de decisões que elevem o exercício da política a nível superior e melhor do que o atual. Se a decisão for a de destituir quem cometeu infração à lei e à ética, uma nova eleição será o caminho do exemplo que nosso País reclama e Santa Catarina merece e pode dar!”
TAI CHI BADESC
Certamente para acalmar credores e devedores, ou para reestabelecer a harmonia nos litígios bancários, o Badesc (Agência de Fomento de Santa Catarina), está contratando uma professora de Tai Chi Chuan para a Fundação Badesc.

Muita gente, nervosa e estressada, não vai entender por que o Badesc, cujo “negócio” é “financiar os investimentos produtivos e de infra-estrutura, e disponibilizar as informações setoriais e regionais necessárias ao desenvolvimento econômico e social do Estado de Santa Catarina” foi buscar alívio e conforto na milenar prática do Tai Chi Chuan. Para estes, meu conselho é: respirem fundo e relaxem.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Terça

GREVE? QUE GREVE?
Os servidores técnico-administrativos da UFSC e mais umas quarenta universidades federais estão há mais de dois meses em greve. O resultado prático, até agora, é apenas a deterioração cada vez maior da já precária condição de ensino e aprendizagem.

Colaboram, os companheiros grevistas federais, para o enriquecimento dos cursos particulares (lá se paga, mas pelo menos pode-se formar num prazo razoável) e para a desmoralização de suas próprias instituições. O governo já demonstrou que a-do-ra movimentos como esse, que parecem orquestrados com o próprio programa oculto e permanente de desgoverno.

Essas greves etéreas, que prejudicam o cidadão, mas não sensibilizam nenhuma autoridade, mesmo de quinto escalão, deveriam ser repensadas. Se alguma vez, na história recente, a greve no serviço público funcionou para alguma coisa, agora, no entanto, parece não servir para nenhum dos propósitos que poderiam justificá-la e produz todos os danos que justificariam seu encerramento.

QUE ESQUERDA?
Velho, meio caduco e cada vez mais impaciente e preconceituoso, vi-me às gargalhadas quando li que alguns partidos se reuniram, na Alesc, para formar um “bloco de esquerda”, dentro da base de apoio do lulismo. O presidente de um deles é o empresário-deputado Djalma Berger. Em outro, um dos líderes é o Rodrigo Bornholdt, filho do ex-secretário da Fazenda. E por aí vai, num desfile de personalidades políticas que poderíamos chamar de “esquerda fluida” e cuja orientação ideológica, naturalmente, não vem ao caso. Isso de achar que políticos de esquerda e de direita deveriam ser diferentes, é coisa do passado. Modernamente, é tudo a mesma coisa.

VIVA EVO E CHAVEZ!

Pois não é que tem gente levando a sério a proposta de “reestatizar a Vale do Rio Doce”? Um “plebiscito”, na semana da Pátria, vai perguntar se o Estado deve “retomar” a empresa, que foi vendida no governo FHC. Faltam vagas para empregar os amigos. Só Petrobras e Banco do Brasil não chegam. Precisam dos cabides da Vale também.

DESCER DO PALANQUE?
Sobre a crítica que normalmente se faz ao Lula, que ele continua no palanque, como se estivesse em campanha, um leitor argumentou que “Lula não desceu do palanque porque a oposição pensa que ainda está em campanha!”

Isto é uma grande bobagem: a oposição, justamente por não estar no governo, deveria manter-se falante (não como a oposição brasileira, praticamente inexistente e dócil). Já o governante, precisa trabalhar mais e falar menos.

COLUNISTA TROCADO
Descobri por que não lembrava de ter falado naquela história do Metropolitano (a que me referi na coluna do final de semana). Não lembrei simplesmente porque eu nunca falei nisso. O leitor, mais confuso que eu, tinha lido a nota na coluna do Mário Medaglia (Batendo Forte) aqui no DIARINHO, mas misturou os colunistas e mandou o comentário para mim. Foi o Medaglia que contou a “aventura” do time blumenauense, que viajou à Europa (com uma delegação grande, de umas 30 pessoas) graças ao dinheiro público.

A MODERNIDADE DO ATRASO
O governo de Santa Catarina anuncia, com alarde, “o primeiro blog de Governo Eletrônico do Brasil”. Pode, o leitor, ingênuo, achar que, finalmente, o governo catarinense rendeu-se à importância dessa ferramenta, utilizada hoje por jornalistas, artistas, políticos e outros formadores de opinião no mundo todo. Que nada.

O governo continua vendo os diários na internet (os tais blogs), independentemente do seu conteúdo, como coisa do demo, locais de perdição, informação inútil que seus servidores não podem acessar. Mantém o bloqueio genérico, injusto e hipócrita aos blogs, mas, para efeitos de marketing, lança o tal ““e-gov blog”.

Os posts (que é como as notas são chamadas, nos blogs) são assinadas pelo presidente do Ciasc, Hugo César Hoeschl, Post Doc (imagino que isto significa que ele tem pós-doutorado e não que seja, como alguém pode pensar, um doutor postal).

A intenção, como em tantas outras iniciativas, é a melhor possível. De fato, não tem como gerir o Estado eficientemente sem uma infra-estrutura adequada e aí a informática, a telemática e tantos outros instrumentos, são importantes.

Muitos dos gestores, nas diversas áreas, por causa de sua origem não técnica, têm enorme dificuldade para assimilar e aceitar mesmo os conceitos gerenciais já antigos e consagrados, quanto mais os novos e suas ferramentas inovadoras. Talvez por isso, o presidente HH esteja tentando usar um blog para facilitar a difusão dessas novas idéias. Portanto, como disse, as intenções são as melhores.

CARAS DE PAU
Só que, ao manter o bloqueio (a censura prévia) aos demais blogs, os gênios que bolaram a tal “operação” (o presidente HH à frente?), demonstram que, em termos políticos, vivem na escuridão medieval.

O servidor público catarinense, na visão desses senhores, é um relapso, incapaz de trabalhar se seus computadores não bloquearem automaticamente certos conteúdos. Principalmente dos blogs que comentam a vida política.

Há alguns meses, a secretária-trator, Dalva Dias (PDT), chamou a polícia para investigar quais dos computadores da sua secretaria estava acessando esta e outras colunas. Constrangimento de servidores, desperdício de tempo e dinheiro da segurança pública, apenas para demonstrar que, para vergonha da memória de Brizola, a censura ditatorial está viva e atuante. E agora vemos que esse recrudescimento do obscurantismo não está restrito ao feudo pedetista.

Preservando a censura aos blogs, enquanto cria um blog próprio, o governo reafirma a interpretação que os demais blogs, que jornalistas e jornais mantém, são brincadeirinhas prejudiciais. Claro: informam e debatem assuntos que, muitas vezes, incomodam. E, para certo tipo de político atrasado, da política antiga, toda crítica, mesmo feita no melhor interesse público, deve ser banida, como coisa “de oposição”.

E AGORA, LHS?
Não acredito que, quando informaram LHS que fariam o tal blog (naturalmente enfatizando a sua “modernidade”), tenham também dito que seria mantido o bloqueio inquisitorial aos demais blogs.

Quero crer que, quando LHS ficar sabendo disso, tomará uma providência: não tem sentido falar tão bonito das novidades gerenciais informatizadas e manter, concomitantemente, uma prática arcaica de censura que deixaria Armando Falcão, Stalin e tantos outros, orgulhosos.

sábado, 18 de agosto de 2007

Sábado, domingo e segunda

O PALANQUE DO LULA
Por coincidência, a Maria Helena Rubinato de Souza publicou ontem um artigo (“O Eterno Palanque”, clique aqui para ler) onde afirma que Lula “precisa descer do palanque, e rápido”. É que, em muitas ocasiões, Lula fala como se ainda não fosse presidente e estivesse em campanha. E, na Agência Brasil, estavam as fotos acima, feitas no Rio de Janeiro, onde o presidente parecia atender ao pedido.
(Clique nas fotos, para abrir ampliações)

O APURO DO MOTA
O deputado Manoel Mota (líder do PMDB, que, na foto acima, está cercado por ilustres deputados do seu partido), bem que tentou dizer que não disse o que de fato havia dito. O grande problema é que, na Assembléia Legislativa, tudo o que os deputados dizem em plenário fica gravado, registrado, taquigrafado e carimbado.

E taí a transcrição, ipsis litteris (na íntegra, com todas as letras), das frases pronunciadas pelo deputado, onde fica claro o conteúdo da aposta (que coloquei em destaque), conforme consta nos anais (êpa!) daquela Casa de Leis:
O Sr. Deputado Manoel Mota – V.Exa. me concede um aparte?

O Sr. Deputado Edson Piriquito – Pois não!

O Sr. Deputado Manoel Mota – Eminente deputado Edson Piriquito, v.exa. é um deputado guerreiro e atuante. Como sempre, não leva nada embora de graça. As verdades têm que ser ditas aqui nesta Casa.

Agora, eu queria aqui, rapidamente, dizer ao eminente deputado Reno Caramori, ao qual eu respeito muito, que no nosso governo há 200 cargos comissionados a menos do que no seu governo. Estavam aqui em Florianópolis e hoje estão espalhados por Santa Catarina. Hoje é demais e quando era aqui não era? V.Exa. me perdoe, mas o seu pronunciamento tem que ser revisto. Se houver um cargo a mais do que tinha no seu governo, eu renuncio ao meu mandato! Só para v.exa. ter uma noção do quanto está equivocado, agora há 200 cargos a menos do que no seu governo!
E AGORA, DEPUTADO?
O deputado Reno Caramori (PP), é claro, pegou no pé do imprevidente líder peemedebista:
“Pela valorização da classe política e pelo bem da verdade, o deputado Manoel Mota deveria renunciar imediatamente ao seu mandato, como prometeu que faria, em alto e bom som, no plenário, caso o governo LHS tivesse um comissionado a mais do que havia no governo de Esperidião Amin”.
E, sem dó nem piedade, Caramori desafia: “ou o deputado Mota renuncia e mostra que realmente faz o que diz, ou junta-se ao grupo dos políticos colocados na vala comum pelo eleitores, por não honrar nem mesmo a própria palavra”.

MORTO DEVEDOR
A notícia foi publicada no site do Superior Tribunal de Justiça e o colega Raul Sartori, em A Notícia, fez o registro: o deputado Herneus de Nadal (PMDB) ganhou uma ação de danos morais, no STJ, contra quatro cidadãos que o chamaram de mentiroso no Oeste catarinense: Darci Lazzaretti, Cláudio Cesca, Reny Jacinto Vanzella e Gilberto Costacurta terão que pagar R$ 20 mil ao ofendido.

O episódio tem, contudo, um componente curioso, que o Raul não mencionou: Darci Lazzaretti (que era prefeito de Caibi pelo ex-PPB), já morreu. Provavelmente a conta será cobrada da viúva (dele).

Um amigo que mora na região e lê a coluna pela internet, conta mais: Lazaretti era um tremendo desafeto do Herneus naquela pequena cidade, que se emancipou de Palmitos. E teve uma morte que alguns consideram estranha, depois de ir a uma festa no interior do município e passar mal, ficando dias internado em Chapecó, até falecer.

Na época, em 2004, era candidato à reeleição. Morto, acabou embalando a campanha de seu vice. Chegaram a suspeitar de envenenamento. Mas, também naquela ocasião, o Herneus se deu bem: apoiado por ele, o atual prefeito recuperou o comando do município para o PMDB, que em 2000, com o Lazaretti, pela primeira vez na história tinha escapado da turma do “manda brasa”.

ESSAS ASSESSORIAS...
Não sei por que, alguns coleguinhas acham que eu pego demais no pé dos assessores de imprensa. E outros acham que é bom dar umas alfinetadas de vez em quando, para manter a turma acordada. Talvez por causa dessa polêmica um amigo, velho radialista, mandou uma longa lista de queixas, sugestões e elogios sobre o serviço prestado pelas assessorias de comunicação, principalmente do governo, às emissoras de rádio. Vou resumir.

Governo do Estado: envia o “boletim do palácio” muito tarde (lá pelas 18h30min). Como as emissoras de rádio em geral terminam suas transmissões locais às 19h, resta pouco a fazer. E inventaram um pingue-pongue esquisito, com dois locutores quebrando a mesma notícia em duas vozes, o que dificulta o uso no noticiário. E os boletins não são assinados, o que também complica.

Alesc: quase só elogios. A queixa é que não produzem nada quando não há sessão, o que, a rigor, não se justifica. E algumas matérias, de cinco minutos ou mais, não tem como aproveitar.

PCR EM APUROS
O veterano polemista Paulo da Costa Ramos foi acusado, de novo, de “discriminação étnica”. Ele teria, segundo interpretação do Ministério Público Federal de Santa Catarina, sido preconceituoso com os indígenas, num artigo publicado em março, no jornal O Estado, de Florianópolis. PCR, que tem uma pena afiada, não se conforma com os benefícios que os índios, tutelados pelo Estado, recebem.

Não conheço os detalhes do caso mas, em tese, tem uma coisa que me incomoda, em situações semelhantes: é impressionante o medo que as pessoas têm da liberdade de expressão. Lembro-me sempre da frase atribuída a Voltaire: “discordo daquilo que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo”.

A liberdade de expressão, embora pareça absurdo, utópico e alguns considerem inaceitável, ou existe, ou não existe. Mas o que se vê, na prática, é que as restrições à opinião são tratadas não como ameaças à liberdade (que de fato são), mas como se fossem suas salvaguardas.

METROPOLITANICES
Memória de leitor é fogo. Diz um desses tarados que lê e anota tudo, que eu escrevi aqui, uma vez, que o Metropolitano de Blumenau tinha conseguido estrutura e recursos para disputar umas partidas de futebol em torneios na Alemanha e Áustria... E recursos públicos, do SEITEC. Eu nem lembrava mais.

Pois bem, aí ele complementa com uma informação nova e deixa uma pergunta no ar:
“acabo de ver o Delfim Peixoto, Presidente da Federação Catarinense, anunciando a lista dos times que vão disputar o Campeonato Catarinense de 2007 e não é que o Metropolitano não está na relação?... Não tem estrutura nem recursos para montar o time. Campeonatos na Alemanha e Áustria pode, Campeonato Catarinense não. Então foi pra isso que o Luiz Henrique inventou o tal SEITEC, que quer dizer Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo, Esporte e Cultura?”

Atualização do domingo: Descobri por que não estava me lembrando de ter falado nessa história do Metropolitano. Simplesmente porque eu nunca falei nisso. O leitor, mais confuso que eu, tinha lido a nota na coluna do Mário Medaglia (Batendo Forte) no Diarinho, mas misturou os colunistas e mandou o comentário para mim. Foi o Medaglia que contou essa “aventura” do time blumenauense, que viajou à Europa (com uma delegação grande, de umas 30 pessoas, a maioria tão jogadores de futebol quanto eu) graças ao dinheiro público. A coluna Batendo Forte, por falar nisso, além de ser publicada no jornal, é transcrita em mariomedaglia.blogspot.com.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Sexta

DOIS ANOS PASSAM VOANDO!
No dia 13 de agosto de 2005, um sábado, este jornal publicava, pela primeira vez, a coluna De Olho na Capital. E eu estreava como colunista. Uma das poucas atividades, no âmbito do jornalismo, que ainda não tinha exercido cotidianamente, como titular.

Portanto, esta semana a coluna completa dois anos de circulação, por assim dizer, ininterrupta (fora as três ou quatro férias que costumo tirar por ano). Por coincidência, não comemorei no dia 13 porque estava... de férias. E nem toquei no assunto nos dias seguintes, porque esqueci. Mas ontem lembrei. E antes que esqueça de novo, deixa eu fazer uma pequena festinha.

Claro que, nesta data querida, preciso prestar uma homenagem especial a quem tornou isto possível: minha querida chefe Samara Toth Vieira, digna herdeira do genial Dalmo Vieira. Além de me convidar para fazer a coluna, tem garantido, como é tradição e ponto de honra no jornal, completa liberdade.

Não deve ser fácil. Afinal, tem muita gente que não está acostumado com a crítica, com a cobrança, e fica achando que tem alguma coisa por trás, que eu sou movido por algum propósito obscuro. Ledo engano: só exercito meu direito (e dever) de dizer que o rei está nu, sempre que alguém coloca a bunda na janela. Ou de chutar quando alguém deixa a bola quicando.

Ultimamente, além das cartinhas com comentários, sugestões e críticas bem educadas, que nunca deixaram de chegar, tenho recebido algumas espinafrações, de vários calibres. Um número significativo vinda de lulistas, que odeiam quando faço brincadeiras “desrespeitosas” com o chefe supremo. Sinal que tem aumentado o número de leitores e que não são só os conhecidos, amigos e parentes que estão lendo.

Então tá. Desculpem ter tomado o tempo e o espaço com esta comemoração íntima e privada e vamos em frente, que ainda faltam alguns meses para as férias. Obrigado a todos e todas pela leitura e, por favor, continuem escrevendo. Beijo grande nas leitoras e um forte aperto de mão nos leitores.

DIARINHO TEM PODER!
Lembram daqueles R$ 2 milhões que o governo “deu” para a RBS a título de compra de assinaturas do DC e de A Notícia? Eu reclamei aqui e o DIARINHO também fez reportagem, expondo o absurdo do favorecimento.

Pois o governo acaba de publicar a lei 14.076, de 6 de agosto de 2007, autorizando a contratação de fornecedores de jornais e revistas locais e regionais. Claro que não desfez o negócio com a RBS, mas pelo menos abriu a possibilidade de que os alunos da rede estadual tenham acesso aos jornais da sua região.

Não li o texto da lei com lupa e atenção suficientes, pra ver se aquela história de exigir comprovação de circulação pelo IVC em alguns casos, não vai fazer com que jornais pequenos acabem ficando de novo de fora. Mas, de qualquer forma, trata-se de uma tentativa de remendar o malfeito e, só por isso, deve ser elogiada.

CANTINHO DO LEITOR

LIVRINHO
“Espero que tenhas descansado bastante nas férias. Pois bem, lendo, na tua coluna de hoje a nota sobre a aprovação do projeto de lei de autoria do deputado Nilson Gonçalves, que obriga profissionais liberais, dentre outros a portar o Código de Defesa do Consumidor, tenho a dizer apenas que devia também ser obrigatório aos deputados portarem no bolso o Código de Ética. Na fiscalização, se o deputado for flagrado três vezes sem o devido código, perde o mandato. É minha sugestão”. (Osvaldo Peixoto)

FACTÓIDE“Olha, gosto muito da tua coluna, inclusive o formato dela, mas, por favor, dar um destaque pruma insanidade daquelas (“BB entra na campanha do 3”), que só o título por si só é uma afronta à inteligência e ao bom jornalismo, é de dar pena. Repetir factóides bestas de um Noblat, que agora deu pra achar “chifre em cabeça de bode”, fora suas besteiras habituais, e, pior, repetido por um SENADOR que teve a audácia de usar a tribuna do Senado (isso sim merecia ser criticado por ti) para falar de uma “possível conspiração de números para levar Lula ao terceiro mandato”, parece que realmente não tinhas nada pra escrever e enfiaste isso de última hora.

Sinceramente, as brincadeirinhas fotográficas (como essa do Marco Aurélio – que achas de induzir ao leitor que o Marco Aurélio estaria dormindo? é ético? mesmo – se é que há diferença entre “éticas jornalísticas” – numa coluna política?) também estão muitas vezes beirando o pedantismo. E creio que essa não é a tua intenção. Talvez devesses mudar teu estilo, pra algo mais próximo do Simão, e não parecer que estás falando de assuntos sérios. Ou pelo menos, dando este tratamento.” (Rômulo Mafra)

MARAVILHAS“Ô meu, o principal assunto da capital é a eleição das maravilhas do mundo manezinho (ou maravilhas manezinhas do mundo) e tu não falou nada sobre isso. Desse jeito vais ter que mudar o nome da coluna! E tem outra coisa: o comércio de automóveis na Assembléia Legislativa continua a todo vapor. Até o pessoal da nova legislatura, que entrou no começo do ano, já está de carrinho novo, comprado abaixo do preço de custo. Junto com a história do Aldinho, este é outro dos mistérios da Ilha que, pelo jeito, vai continuar misterioso.” (Altamirando Palhares)

ATO FALHO?
O deputado Joares Ponticelli (presidente estadual do PP) foi à tribuna, ontem, parabenizar o seu colega de partido, ex-deputado federal Leodegar Tiscoski pela nomeação para a secretaria nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.

A alturas tantas, disse o seguinte:
“Temos a certeza de que, pela sua história, pela sua folha corrida de relevantes serviços prestados, haverá de dar uma grande contribuição para Santa Catarina e para o Brasil no comando dessa importante Secretaria”.
Até onde sei, “folha corrida” é um certificado de registro criminal. Não é sinônimo de currículo ou de alguma relação de tarefas executadas. Imagino que o Ponticelli não tenha falado de propósito. Deve ter sido apenas um pequeno equívoco vocabular. A menos que ele saiba de algo que a gente não sabe.

MOTA SISPLICA
O deputado Manoel Mota (líder do PMDB), disse ontem que a história da comparação dos cargos do governo Amin com o governo LHS não é bem como o Ponticelli (PP) anda dizendo. Segundo o peemedebista, o desafio “não foi apenas em relação aos cargos comissionados, mas para todo o quadro de servidores”. E diz que o número de ACTs (professores temporários) da Secretaria da Educação, caiu de 22,8 mil no governo Amin, para 14 mil no governo LHS.

Então tá. Pelo jeito, o Mota vai continuar deputado.

MOTORISTAS A GRANEL
A Secretaria do Desenvolvimento Regional de Rio do Sul vai botar o pé na tábua e cantar pneu: a portaria 12, de 1º de agosto de 2007, autoriza nada menos que 38 (sim, trinta e oito) servidores, a dirigir os veículos da SDR.

A portaria não explica como será organizada a fila para uso das viaturas (partindo do princípio que a SDR não tenha 38 veículos) nem dá detalhes se a autorização vale só para carros de passeio ou para camionetes, caminhões e tratores. Ah, e já que tem tanto motorista na SDR, como fica a responsabilidade pelos problemas nos veículos? Todo mundo sabe que carro que muitos dirigem costuma pifar mais rápido...

FPOLIS X ANGELINA
A prefeitura de Florianópolis criou uma comissão, por intermédio de uma instrução normativa, para “auditar” o hospital de Angelina. Se eu fosse prefeito de Angelina, fechava as fronteiras e convocava o tiro de guerra, pra defender o hospital, diante dessa estranha tentativa de intervenção intermunicipal.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Quinta

BB ENTRA NA CAMPANHA DO 3
(Preparação para o terceiro mandato?)

Ontem não se falava em outra coisa, nas rodas dos fofoqueiros habituais. O jornalista Ricardo Noblat, já de manhã cedo, começava a somar um mais um: Lula disse, à bancada do PDT, que tinha certeza que os partidos aliados do governo disputarão a eleição presidencial de 2010 com um único candidato. “Garanto”, disse Lula.

Ora, só há um nome capaz de manter íntegra a penca que foi montada para sustentar o governo: ele mesmo. E aí Noblat lembra da campanha milionária do Banco do Brasil, em jornais, rádio, internet e TV, pedindo que a gente, todo dia, faça três coisas boas pelo Brasil: “se tudo der certo, uma das três coisas boas poderá vir a ser o terceiro mandato de Lula. Por que não?” provoca Noblat.

À tarde, o senador Heráclito Fortes (DEM), na tribuna, também criticou na campanha do BB, que fala em “banco da sustentabilidade”. “Do mandato?”, perguntou o senador, fazendo coro com prefeito do Rio, César Maia, do mesmo partido.

No meio do rolo, o Banco (que não teve um grande resultado no seu balanço deste ano), explicou que as suposições são “ridículas”: “o três é a soma de 2 +1, da Agenda 21, de sustentabilidade do planeta”.

Correndo por fora, Aécio Neves disse que o PSDB poderá desquitar-se do DEM para casar, a médio prazo, com o PT. Pelo jeito, ele quer ser o tal candidato único da coligação.

PROCURA-SE
O site Acontecendo Aqui, especializado em publicidade e comunicação, deu toda a ficha daquele super-mega evento que o LHS está promovendo animadamente, a Eco Power Conference: “a Prime [agência de publicidade dirigida pelo Ricardo Bornhausen] é a mentora e empreendedora do projeto e está em busca de patrocínios”, informa o site.

LHS será o presidente de honra do Conselho Consultivo do evento (“que será patrocinado pela Celesc”). E a agência agora está tratando de conseguir recursos complementares àqueles que já foram garantidos pelo governo.

ENQUANTO ISSO...

Trabalhadores da Epagri, Cidasc e Ceasa programam manifestações para tentar sensibilizar o governo para suas perdas salariais.

E o deputado Sargento Soares (PDT) avisou, da tribuna, que “nas próximas semanas” os praças da Capital vão se movimentar para pedir que o governo cumpra o acordo salarial assinado no ano passado.

MOTA EM APUROS
O deputado Manoel Mota (líder do PMDB), defensor apaixonado e veemente do governo não só por dever do ofício, mas também por convicção, empolgou-se na terça-feira e disse, em Plenário, que renunciaria ao mandato se, no governo LHS, tivesse um cargo comissionado a mais que no governo anterior, do Amin.

O deputado Joares Ponticelli, vice-líder do PP, foi ontem à tribuna pedir que Mota “cumpra sua palavra e renuncie ao mandato”. Com números que afirma terem sido retirados do Diário Oficial do Estado, o pepista mostrou que, atualmente, o governo LHS tem 81 cargos a mais.

GRANDE NEGÓCIO

Os deputados aprovaram um projeto do tucano Nilson Gonçalves que é, no mínimo, estranho e anacrônico: todo fornecedor de produtos ou serviços (seja pessoa física ou jurídica) terá que andar com exemplares do código de defesa do consumidor para que seus clientes consultem, a qualquer momento.

Um pedreiro, um fotógrafo, ou qualquer outro prestador de serviços que não tenha o código “para consulta direta e imediata”, poderá ser multado em R$ 1 mil. Fora o transtorno e a despesa, resta a dúvida: qual será a gráfica ou editora beneficiada com essa massiva compra compulsória de livretos?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Quarta

VOLTEI!
Para alegria dos amigos e tristeza dos desafetos, cá estou novamente, enchendo a página com letrinhas de utilidade discutível e piadinhas de graça (no sentido de que já estão incluídas no preço do jornal).

O ser humano nasceu para as férias. O corpo é integralmente preparado para atividades de lazer, passeios divertidos, sonecas fora de hora, longos almoços, jantares esticados e muita, mas muita preguiça entremeando cada página de algum livro lido lenta e distraidamente.

Mas é só sentar-se à frente do computador, esperando abrir os milhares de e-mails acumulados pela semana de inatividade, que começam a doer as costas. E enquanto leio as notícias, para tomar pé das novidades, ressurge aquele velho reumatismo e turvam-se os movimentos do braço, repentinamente acometidos de alguma inflamação causada por alergia ao trabalho.

Neste momento em que dedilho as primeiras linhas da coluna que marca o retorno ao... vá lá, trabalho, já estou novamente curvado, encarquilhado, cansado. Sinto que até a pintura do cabelo já desbotou e, grisalho, barba por fazer, não tenho saída, a não ser conformar-me com a realidade cruel: acabaram-se as férias. Foram mini-férias, daquele tipo que acabam antes de começar, mas, como todas as férias, valeram a pena e deveriam ser estendidas.

Acho que vou ter que pensar num jeito de trabalhar uma semana (ou até mesmo quinze dias) e sair de férias por seis meses... Pronto! foi só começar a pensar de novo em férias que já fiquei mais animado.

SUB JUDICE

Depois de uma semana afastado vejo que quase nada mudou. O presidente do Senado continua enrolado, mas ainda presidente. O governador de SC, acusado de “abuso do poder econômico, abuso do poder de autoridade e uso indevido dos meios de comunicação social” levou um sustinho no TSE, quando o relator do processo votou pela cassação. Mas parece que já está tudo sob controle, pelo menos até o ministro que pediu vistas dar seu voto.

O Dário continua enrolado, mas ainda prefeito. Levou uma gelada da direção do PSDB, mas continua tucano.

E, no mundo da política federal, todos continuam falando mal do Lula pelas costas, mas fazendo todos os agrados possíveis nas intermináveis reuniões em que se troca apoio por cargos e verbas e vice-versa.

Ah, tem um rolo novo, envolvendo o juiz Bodnar, da Moeda Verde. A troca de desconfianças e farpas entre o juiz e o MPF enche de esperanças e de alegria os malfeitores confessos e os suspeitos: dificilmente os advogados deixarão de se aproveitar dessas pendengas para tratar de livrar a cara de seus clientes.

DIARINHO TEM PODER!
No dia em que voltei de férias vi, com satisfação, que este bravo jornal continua sua trajetória ascendente: deu um furo retumbante nos seus concorrentes, com a matéria sobre os euros escondidos na parede da casa do traficante. Furo, pra quem não sabe, é quando um jornal dá uma notícia antes dos outros.

O DIARINHO costuma furar seus concorrentes com notícias de Itajaí e Balneário Camboriú, onde tem sua sede e é líder de vendas. Mas um furo na capital (e não foi o primeiro), sempre deve ser comemorado. Mostra que a equipe, pequena, mas esforçada e compentente, tem aquilo que é fundamental para qualquer trabalho bem feito: tesão!

Parabéns, rapaziada. E bola pra frente, que o adversário não é de levar goleada e ficar quieto.

NOTAS AÉREAS

PLANEJAMENTO – Você tem certeza que está no Brasil quando, ao esperar as malas no desembarque internacional do maior aeroporto do País, em Guarulhos, percebe que faltam carrinhos para bagagem, para desespero daqueles cujas malas não têm rodinhas (ou alças). Mas, ao sair dali, já quase fora do aeroporto, vê centenas (milhares?) de carrinhos de bagagem, sem uso, “estacionados” em algum canto.

TINO COMERCIAL – O Boeing 737-300 da Varig, que fez o trajeto Congonhas-Florianópolis no último dia 13, às 17h, trouxe exatos 14 passageiros. A capacidade deste tipo de avião é, em geral, de 136 passageiros. Pois bem, mesmo com essa folga toda, de pelo menos um deles a empresa cobrou excesso de bagagem, à razão de R$ 4,30 o quilo, para malas que excediam os 20 kg previstos para cada passageiro.

E ainda falam em aumentar o preço das passagens, se tiverem que deixar mais espaço entre as poltronas.

MÁ-NUTENÇÃO – Leitor manda foto recente de poltrona de um avião da TAM, onde se vê um cinzeiro (há quantos anos o fumo foi banido dos vôos no Brasil?), corrosão e partes descascadas. E conta, com detalhes, como comprou passagem de classe executiva para ir para a lua-de-mel no Chile e teve que viajar na classe turística. A TAM mudou o tipo de avião que usa naquela rota, sem avisar. Deixaram até os coitados fazerem o check-in. Só deram a má notícia na hora de entrar no avião. Decerto para evitar que as vítimas cortassem os pulsos.

O NOSSO FUTURO

Hoje o LHS inagura, com pompa e circunstância, alguns quilômetros de asfalto em Governador Celso Ramos. Tinha acabado de ver esta informação na agenda do governador, quando li uma notinha, no blog do jornalista Dauro Veras (dauroveras.blogspot.com), que transcrevo na íntegra, porque vem bem a propósito:
“Marbella, balneário turístico no litoral sul da Espanha que o governador LHS visitou em março, foi tema de matéria na Folha de SP deste domingo: “Boom imobiliário destrói litoral espanhol”. Quase 400 prefeituras estão sob investigação por obras irregulares, muitas em praias sob proteção ambiental, e cinco prefeitos estão presos. De Marbella, diz reportagem de A Notícia em 27 de março, o governador de Santa Catarina pretende trazer um empreendimento espanhol com estrutura dez vezes maior que Jurerê Internacional. O novo complexo turístico ficaria sediado em Governador Celso Ramos.”
Por pura coincidência, o prefeito de Governador Celso Ramos quase perdeu o mandato por crime ambiental.

ENTRAVE AMBIENTAL
As advertências dos deputados federais peemedebistas, Valdir Colatto e Celso Maldaner, sobre “graves prejuízos” que um alegado rigor na aplicação das leis ambientais pode causar, fazem parte de um discurso que agrada ao governo (tanto estadual como federal), como um todo.

Lula e LHS, mais de uma vez, reclamaram dos entraves que Ibama e Fatma estariam criando para o “desenvolvimento”. E em Santa Catarina, no estilo de “uma no prego, outra na ferradura”, ao mesmo tempo em que anuncia investimento num evento internacional sobre energia renovável, com convidados do “peso” de Bill Clinton e Arnold Schwarzenegger, o governo estimula discursos como o dos dois deputados (citados ontem na coluna do Moacir Pereira), para quem “a legislação ambiental é, hoje, a maior inimiga dos agricultores”.

A BRONCA DA MÔNICA
Na última coluna que publiquei antes de sair de férias, falei sobre a matéria da revista Caras/Sul com o prefeito Dário Berger em Portugal, cujas fotos (muito boas, por sinal) eram assinadas pela jornalista Mônica Correa (assessora de imprensa da Codesc). Ela ficou muito chateada porque eu a coloquei na comitiva do LHS. E embora eu não tenha dito isso em nenhum momento, entendeu que eu tivesse afirmado que viajara com dinheiro público.

O fato é que eu a vi numa foto oficial, distribuída pelo governo, onde ela aparecia próxima do LHS, do Dário e de outros catarinenses em Portugal, e achei que ela também fazia parte do grupo. Mas ela garante que não:
“Não fui viajar com dinheiro público, nem fiz parte da comitiva do governador, encontrei com eles em Lisboa. Viajei com dinheiro da minha empresa, a TEXTO.COM. e nunca, em nenhum outro momento fiz parte da comitiva do governador LHS. Sou prestadora de serviços da Codesc, nem poderia viajar para o exterior com dinheiro público.”

COMENTÁRIOS DE VOLTA
Na minha ausência, bloqueei temporariamente os comentários aqui do blog (afinal, não estava acessando a internet todos os dias e não podia fiscalizar o uso deste precioso espaço, como manda a lei). Agora os comentários voltam. Com as restrições de sempre, que estão explicadas no texto da coluna direita, sob o título “Advertência”.