sexta-feira, 30 de novembro de 2007

LULA É UM CARA PREVENIDO

ESSA UNIMED...

Mesmo com todas as reclamações, algumas das quais publicadas neste jornal e outras nesta coluna, a espetacular cooperativa dos médicos catarinenses prefere não mexer em time que está ganhando... muito dinheiro. E mantém-se na sua posição de só falar em juízo.

Não sei vocês, mas eu não me conformo com o fato de ter que mudar de médico (e talvez de estado), só porque alguma coisa deu muito errado com o plano de saúde monopolista da cooperativa dos médicos. Médicos que a gente consultava por décadas, agora estão inacessíveis.

Ontem ainda fiz um teste: liguei para o cardiologista que eu costumava consultar. Para clientes da Unimed (não importa qual o plano) só tem hora em dezembro de 2008! Se duvidar, nem no SUS existe uma espera de um ano.

A Unimed Florianópolis, talvez num esforço isolado de alguma alma caridosa, tenta remediar a situação. Coloca uma funcionária a ligar para as clínicas credenciadas, para descobrir onde existe um médico que tope atender cliente Unimed em menos de um mês. Passa-se a tarefa para a coitada, escolhe-se uma poltrona confortável e espera-se. Dali a algumas horas ela retorna, com o resultado da pesquisa.

Aquela história antiga, da gente conhecer o médico, de ter que confiar no médico, foi tudo para a lata de lixo da história. A Unimed, que nasceu como uma cooperativa de médicos e agora é sei lá o quê, foi a coveira dessa prática ancestral, da gente só consultar com profissionais com quem tinhamos alguma empatia. Sepultou também aquela lista de médicos credenciados. Encontrar um nome ali não significa que um dia o cara vá te atender.

De uma hora para outra, os médicos fecharam as portas para antigos clientes. Romperam relações com todos aqueles idiotas que pagam uma pequena fortuna mensal para ter um pedaço de plástico verde que, por enquanto, só serve para pagar alguns exames. E ninguém dá uma explicação razoável.

Se fosse um plano cujos proprietários não fossem médicos reunidos em cooperativa, a gente até poderia achar que o problema é a remuneração que o plano está oferecendo aos profissionais. Mas se o plano é dos médicos, é claro que não é isto que ocorre. Ou será que é isto mesmo? Estarão os médicos mais divididos que o PT, digladiando-se dentro da sua cooperativa, uns querendo derrubar os outros?

Ou as Unimeds já faliram e não querem que a gente saiba?

ESSES CONTRATOS...

Pra não dizerem que eu só falo mal de médico, também tenho reclamação contra advogados. Principalmente aquelas almas soturnas que criam cláusulas cheias de significado oculto para enfiar em contratos que em geral são apresentados como “padrão”.

Ontem estava lendo um contrato de alguel de imóvel e encontrei lá algumas pérolas. Pérolas para mim, que não sou advogado e que em geral só pago as contas, multas, taxas e emolumentos constantes em contratos “padrão”.

Bom, uma dessas cláusulas-padrão revoga parte do Código Civil:
“O FIADOR renuncia à faculdade de requerer a exoneração da fiança que lhe é assegurada pelo artigo 835 do Novo Código Civil Brasileiro, e desiste também das faculdades previstas nos artigos 837 a 839 do mesmo diploma legal.”
Ou seja, coloca-se alguma proteção no Código Civil, e logo alguns advogados mais ranhetas tratam de propor que a coisa passe a não valer. De nada adiantaram as discussões e votações no Congresso. Se a lei “não colou”, faz-se a vítima expressamente desistir de seus direitos. E aposto que fazem isso com carradas de argumentos “irrefutáveis”.

Até naquela coisa aparentemente banal, de ter que devolver o apartamento da forma como o encontrou, acharam um jeito de enfiar uma armadilha:
“A LOCATÁRIA recebe o IMÓVEL em perfeito estado de conservação e limpeza, devendo restituí-lo no término do presente contrato com pintura nova e em excelente estado de conservação.”
Recebe em “perfeito” estado, mas tem que devolver em “excelente” estado. Não é uma gracinha?

HISTÓRIA COMOVENTE

E por falar em contratos e contas, taí uma historinha velha, que vive circulando pela Internet. Mas é engraçadinha e mostra que nem tudo é o que parece ser.
Certo dia um pai deu ao filho dinheiro para pagar as contas de luz e água. E era o último dia para pagamento antes do corte. Assim que saiu, o filho viu um cartaz com a promoção “Compre um bilhete e concorra a duas camionetes!”

O garoto pensou: “Eu poderia ganhar os dois carros e deixar meu pai com dinheiro sobrando”. Então, com o dinheiro das contas, comprou vários bilhetes. Quando chega em casa, conta que havia comprado os bilhetes e que dali a dois dias o pai iria ganhar duas camionetes.

O pai ficou uma fera, porque aquele era o último dinheiro que tinha pra pagar as contas e, indignado, além da bronca, deu uma bela surra no filho.

Passados os dois dias, ao acordar, a família teve uma surpresa: estavam estacionadas, em frente à casa, duas camionetes novinhas!

Todos ficaram emocionados e começaram a chorar! O pai até começou a se arrepender de ter sido tão rigoroso com o filho.

Só que uma camionete era da Semasa (ou da Casan, dependendo da cidade onde a história é contada) e outra da Celesc. Estavam ali pra cortar a água e a luz.

POBRE CRUZ E SOUSA

Os restos mortais do poeta negro catarinense (um dos maiores do mundo, segundo LHS) voltaram a Santa Catarina e estão em lugar de honra no Palácio... Cruz e Sousa, aos cuidados do Museu Histórico.

O governo do LHS, que ama a cultura, as artes e o refinamento civilizatório, grafou errado o nome do poeta em todo o material distribuído ontem à imprensa. Escreveram Cruz e Souza. Decerto já estão no espírito das futuras reformas ortográficas, que talvez um dia venham a eliminar essa diferenciação anacrônica entre s e z.

GLOBALIZAÇÃO

Definitivamente, Santa Catarina é um estado cosmopolita. Num dia, é a Ecopower (onde o LHS é identificado como “SC State Governor”) cheia de participantes internacionais endinheirados. Na semana que vem, começa um congresso Ítalo-Brasileiro de Imprensa, que terá participantes italianos.
E o ponto alto será um “tour” por diferentes regiões do estado. Naturalmente o passeio terá um discreto e modesto apoio público. Quase nada, comparado ao valor inestimável da divulgação que será feita das nossas belezas.

Tá, e aí? Não seria bom pensar também em aeroporto, tráfego aéreo, segurança, rodovias, educação, saúde (não adianta fazer convênio com a Unimed) e tantas outras coisas, pra não parecer propaganda enganosa?

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

“CRIME AMBIENTAL!”

Como diziam os meus antepassados manezinhos, na época em que os escravos ainda levavam tinas e barris com a merda senhorial pela rua, pra ir jogar mar, “ô morro e não vejo tudo!”

O presidente da Casan está indignado com o que acontece na empresa que dirige. Confessa, cândidamente, que não pode acreditar “no que a Casan possa me dizer sobre o fato”.

Aí estamos todos ferrados: o presidente da Casan diz, publicamente, que ele não acredita no que a empresa (que ele dirige há quatro anos!) diz sobre um problema sério como o despejo de merda no mar florianopolitano.

E pediu que a polícia ambiental investigue o que ele já identificou como “crime ambiental” cometido por funcionários ou prestadores de serviços da Casan. Ele diz que a empresa tem ali bolsões corporativistas que, ao que tudo indica, protegem sabotadores, bandidos e desonestos de todo tipo. Porque só um facíonora, ou um terrorista, pensaria em deliberadamente poluir ainda mais as baías que já não são muito cheirosas e estão cada vez mais aterradas.

Se o presidente de Luca estiver certo, estamos diante de uma merdança bem maior do que aquela que foi vista flutuando no mar azul. Imagina só, ter no controle da água que é servida a grande parte da população catarinense, gente desse tipo, capaz de qualquer merda? E gente que não é controlada pela diretoria da estatal!

Ao mesmo tempo em que chama a polícia e dá a entender que a coisa fugiu do controle, de Luca diz que a diretoria da Casan vai se reunir hoje, para “afastar os envolvidos”. Ué? Então ele sabe o que aconteceu e quem fez o quê? Ou só acha que sabe?

É bom acompanhar os próximos capítulos desta história porque, se o presidente de Luca estiver errado e não for bem assim, a merdança não será menor. É inaceitável que o presidente de uma estatal faça afirmações como as que ele fez, jogando merda no ventilador e sujando genericamente o nome dos funcionários da Casan, levianamente.

Bom, pra gente, que aprendeu a nadar ali nas praias do Estreito, ou em Itaguaçu, ver alguns “marinheiros” boiando não é nada extraordinário. Mas imagina o susto que não vai levar o turista, ao perceber que, na (argh!) Floripa da propaganda oficial e informal (o grande destino turístico nacional), a merda abunda e a água (limpa) falta?

ISTO É QUE É ELITE

Sobrou para o super-mega-hiperFórum Internacional de Energia Renovável (a tal Eco Power), na sessão de ontem da Assembléia Legislativa. O deputado Pedro Uczai (PT) disse que o evento não é pro bico dos catarinenses, porque a inscrição custa a bagatela de R$ 2,5 mil por cabeça. Mas mesmo assim o governo do estado doou R$ 3,2 milhões para ajudar o Bornhausen organizador do evento.

“O governo do Estado não tem recursos para manter a polícia ambiental, que deixa de atuar por falta de dinheiro para pagar combustível e diárias, mas tem dinheiro para a Eco Power”, disse Uczai. O deputado acha que o evento não é lá muito sério, e exemplifica: “traz um prêmio nobel da Paz especializado em microcrédito, para uma conferência que se propõe discutir energias renováveis, etanol e questões ambientais”.

Acho que o deputado não entendeu direito o sentido da coisa: é um fórum internacional pra discutir como ganhar dinheiro com a energia renovável. A gente, aqui na planície, que vai pagar as contas de energia eternamente, não precisa ir. Não pode ir. Não deve nem passar por perto.

E a presença do papa do microcrédito é perfeitamente justificável: pra ensinar aos barões da energia renovável como emprestar dinheiro pra gente, a pobreza que terá que se endividar pra continuar pagando as contas de energia.

JOGO PESADO

Ainda tem gente que acredita que os senadores poderão endurecer o jogo e não aprovar a CPMF, que deve ir a votação na próxima quinta-feira. Eu também gostaria de acreditar.

Mas, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, só nos primeiros 23 dias de novembro, “o governo levou ao balcão das emendas a bagatela de R$ 513,4 milhões”. Meio bilhão é bastante dinheiro em qualquer lugar do mundo.

Fora isso, os governadores estão aproveitando o momento em que os cofres estão abertos que Lula, o generoso, em pessoa, coordena o processo de “convencimento”, para acertar velhas contas.

Como se costumava dizer antigamente, no interiorzão, quando alguém fazia um bom negócio ou ganhava na loteria: “hoje não tem puta pobre nem bêbado infeliz!” Tá assim, a coisa, ao redor da CPMF. Serão poucos os que conseguirão resistir. Donde a minha crença que dificilmente deixaremos de continuar pagando a CPMF.

MANEZINHOS

Hoje o boa praça e manezinho militante Chico Amante lança dois livros, ali na Rita Maria. É uma boa oportunidade para encontrar figuras lendárias da manezice, abraçar os amigos e levar pra casa livros que registram um pouco da nossa história recente. No Manezinho bar, a partir das 19h. Apareça.

CAMPANHA

O “anúncio” acima, pra quem não está em Itajaí, precisa de uma explicação. É que um jornal local, o Diário da Cidade, lançou uma campanha publicitária falando em “jornalismo sem meias palavras” (veja aqui) e eu não resisti. Tratei de fazer um contraponto, uma espécie de brincadeira a sério. Afinal, como o Nelson Sirotsky (ou teria sido o pai dele?) diz, “não existe concorrente pequeno, todos merecem a nossa atenção”.

Na verdade, devo dividir o crédito criativo com o Rodrigo, um dos comentaristas aqui do blog, que falou em “jornalismo pela metade”, a respeito de uma das notas de ontem, que tinha uma informação incompleta. Estava com aquilo na cabeça quando vi, no Acontecendo Aqui, a notícia da campanha. Aí foi só somar um mais um.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Gingobéu, gingobéu...

TARDE COM CHAVEZ

A tribuna da Assembléia Legislativa de Santa Catarina foi usada, ontem, para vários pronunciamentos a respeito da Venezuela e do seu presidente Chavez. O exame da entrada do país no Mercosul foi a razão do assunto ter sido levantado.

Os deputados expuseram suas posições, a favor da revolução bolivarianista ou contra. O deputado sargento Soares (PDT) repetiu a defesa, que sempre tem feito, do companheiro Chavez. Ajudado, entre outros, pelo petista Pedro Uczai.

No cerne dos discursos, a situação desigual que os países latino-americanos vivem no plano internacional e as iniciativas da nova leva de dirigentes, para resolver os problemas centenários que assolam essas nações.

Os defensores de Chavez e Evo demonizam a “mídia internacional”, os Estados Unidos e a direita golpista brasileira. Os opositores desse novo socialismo, demonizam Chavez, Evo, algumas de suas medidas mais polêmicas, e a esquerda golpista brasileira.

Não é um debate que se possa dizer que terminará em breve. É daquelas coisas que ainda dará muito pano pra manga. Mesmo depois da decisão de entrada ou não da Venezuela no Mercosul, a discussão continuará acesa, como tem estado há tantas décadas.

O deputado sargento Soares cometeu, em seu discurso, um pequeno deslize, que acho que ele próprio notará, ao ver a reapresentação da sessão na TVAL: disse que os jornais são concessões públicas. Não são.

Ele se referia ao jornal Notícias do Dia e afirmou que “meio de comunicação é concessão pública”. Alguns veículos, como rádio e TV, que usam o espectro eletromagnético (que é um bem público), são. Outros, como jornais e revistas, não.

E o deputado Uczai, que fez um claro e suscinto histórico da situação geopolítica da América Latina, levantou uma questão interessante: como é que o Brasil, com todos os seus problemas de saúde e educação, ousa criticar a Venezuela? É interessante porque o Brasil está, há alguns anos, sendo governado pelo partido do deputado. E, ele faz uma crítica à situação brasileira que caberia melhor em boca de deputado de oposição.

Mas estas coisinhas não são relevantes, diante das questões principais envolvidas na discussão: como resolver os graves problemas latino-americanos sem criar outros ou sem ameaçar as frágeis democracias da região?

DPM NA BERLINDA

Outro assunto da sessão de ontem da Alesc que também tem cara de se arrastar por muito tempo, é o relacionamento entre o governo LHS e a produtora de vídeo DPM, de Joinville.

Um ex-funcionário da produtora, ao reclamar na justiça seus direitos, colocou no ventilador uma série de denúncias, que foram publicadas pelo jornal Gazeta de Joinville.

Como até os tijolos recém colocados nas obras do majestoso teatro Pedro Ivo, no Centro Administrativo, já sabem, desde a posse LHS não vai a lugar nenhum sem um cinegrafista junto, gravando tudo. Das neves da Rússia à poeira de alguma obra no interior, tem sempre um cinegrafista ao lado.

Os governistas dizem que o governo não contrata produtora nenhuma. Que são as agências de publicidade, escolhidas em licitação, que fazem esse meio de campo.

A questão é que justamente uma das ações mais cabeludas contra LHS que corre na justiça, envolve comunicação e tem, nas imagens gravadas pela produtora, um dos seus pontos principais. Haveria uma mistura de campanha eleitoral com divulgação administrativa. A coisa envolve a sempre delicada e nem sempre bem sucedida operação de separar o público e o privado.

E o Ponticelli (PP) ainda enfiou de novo o dedão numa feridinha que volta e meia lateja: a filha cantora do LHS. A oposição continua, como sempre, incomodada com o fato do governador, por coincidência, ter tido compromissos oficiais, Brasil afora e Santa Catarina adentro, justamente nas cidades e datas onde ela se apresentava. Aí não custava nada, à noite, dar uma chegadinha no local do show.

TODOS LÁ!

ECO POWER

Começa hoje, no Costão do Santinho, o super-mega-hiper evento privado, promovido pelo Ricardo Bornhausen, mas com substancial apoio de dinheiro público fornecido pelo governo LHS. Das celebridades inicialmente anunciadas, estarão presentes o vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Prêmio Nobel da Paz em 2007, Mohan Munasinghe e o Prêmio Nobel da Paz 2006, Muhammad Yunus, do Grameem Bank.

Virão também personalidades como o arquiteto e ex-governador Jaime Lerner (que tem sido a escolha preferencial do Dário e do LHS para propor coisas pra capital catarinense) e o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (os dois são do DEM-o, mas aparentemente o fato da família Bornhausen ser totalmente DEM-o não teve nada a ver com os convites). Ao todo são 165 debatedores, palestrantes e mediadores.

O eventão vai até dia 30 e os interessados podem se informar pelo 0800 643 1400.

SOB PRESSÃO

O deputado Djalma Berger (PSB), que já está processando o jornalista Paulo Alceu, agora também está processando outro jornalista catarinense, desta vez do grupo RBS.

O que parecia um fato isolado começa a se configurar como um modus operandi: vai ver que é jeitão que os neo-socialistas encontraram para se relacionar com a imprensa ou, pelo menos, com alguns críticos mais incômodos.

SEM PRESENTINHOS

Durante o Sarau Benedito, na noite de segunda-feira, no Mercado Público de Itajaí, o irrequieto Rômulo Mafra veio me cobrar por que a gente não fala mais no rolo dos amigos (os quintaferinos do clube Itamirim, ligados ao deputado Jandir Bellini/PP), que foram pegos quando vinham do Paraguai e ficaram sem os presentinhos que trouxeram para as famílias.

Ora, não se fala mais porque o DIARINHO já noticiou o caso, o atento JC, aqui ao lado, comentou e, por enquanto, não tem novidade. Até onde se sabe, nenhum dos participantes da tradicional excursão (é feita há 20 anos, sempre nesta época), foi indiciado por coisa alguma. O ônibus foi liberado alguns dias depois. E só ficaram sem as compras feitas no Paraguai porque avaliam que a despesa que teriam para ir até lá, buscá-las, não compensa.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

BOM DIA? POR QUÊ BOM? O QUE TEM DE BOM?

O brasileiro gosta de acreditar que é um povo cordato, gentil, que não faz guerras, que não acalenta ódios racistas, que leva a vida numa boa e uma vez por ano espanta as tristezas numa festa popular inigualável.

Mesmo gente ilustrada e conhecedora da realidade, por distração, preguiça ou ignorância momentânea, também acaba achando isso vez por outra.

Mas, naqueles dias (e todos, homens e mulheres, temos aqueles dias) em que acordamos com a cabeça zuniando e sem achar a menor graça naquele desgraçado daquele passarinho que inventou de cantar justamente naquela árvore horrorosa diante dessa infeliz dessa janela, vemos este lindo país e a brava gente que o habita, como realmente são.

As anotações abaixo foram feitas num desses dias azíagos: ontem.

TORTURA
Brasileiro não precisa se dar ao luxo de morrer de pena das jovens mutiladas em países tribais da África. Nem fingir grande dor com os relatos das torturas em prisões políticas subterrâneas no oriente médio ou mesmo no Caribe.

Temos aqui mesmo, em território nacional, atrocidades de todo tipo, com e sem patrocínio oficial.

Não lhes parece sintomático que a maioria das fotos de prisioneiros recém-capturados mostrem algum tipo de ferimento ou hematoma? E se vocês já tiveram a alegria de presenciar a captura de algum suspeito, certamente viram senhoras, rapazes, homens, gente que teoricamente seria “de bem”, instigando os policiais a darem “uma coça nesse safado”. Isso quando não ensaiam algum linchamento.

Prender mulheres e homens na mesma cela lhes parece injusto? Que nada. É a forma como o Brasil funciona: o brasileiro faz absoluta questão de não saber o que é feito dos prisioneiros, nem para onde vai o lixo que produz e muito menos que fim levou toda a merda que depositamos em correntes de água, sempre que damos descarga.

O mundo se espanta com a barbárie de uma moça colocada à disposição de 20 homens, numa cela, por tantos dias, com o conhecimento de uma juíza, de uma governadora e de dezenas de outras autoridades masculinas. Homens e mulheres sobejamente titulados, mas, é claro, sem o essencial diploma de ser humano. Mas quem disse que desumanidade é defeito, no Brasil?

Cobra-se da ministra e do presidente atuais, atitudes claras e firmes contra a tortura e a barbárie. Fogo de palha. É só sair do noticiário que ninguém mais se incomoda. Como nunca se incomodaram nos séculos anteriores. Todo pobre, preto, malvestido, feio, com algum defeito, sabe bem como o brasileiro é cruel. Como odeia gratuitamente. Como ri com a desgraça alheia. Como é conivente com a tortura. Toda ela.

INTOLERÂNCIA
Achar que torturar e matar bandido resolve algum problema é idéia que nasce da mesma cabeça de jerico que acha que só merece viver quem concorda com o que a gente pensa.

Vocês já devem ter presenciado alguma discussão sobre futebol onde os “torcedores” não querem nem saber sobre o jogo em si. Apenas enumeram os cortintianos que querem que morram. Ou os palmeirenses que, se entrarem por aquela porta, serão escorraçados a pau. Ou os flamenguistas que estão marcados para encontrar uma bala perdida.

Coisa de bandidos, de alguma torcida organizada fanática? Sim, é confortável pensar assim. Mas se prestarem atenção verão que cresce o número de gente que “debate” vários temas, além do futebol, nesses termos.

Na internet, as discussões “políticas” entre comentaristas de blogs jornalísticos, polarizam-se da mesma maneira. Os petistas agridem os tucanos, os dem’os descem o cacete na petralhada e a única coisa que resta, do monturo que produzem, é o ódio irrestrito.

Na época da ditadura a gente achava que aquela história de “ame-o ou deixe-o” era uma coisa patética de algum milico raivoso. Vemos agora que é uma coisa bem brasileira. Melhor: bem contemporânea, típica do estágio de regressão da humanidade, que caminha celeremente para desvestir-se de todo verniz de civilização que começava a cobrir-lhe algumas partes do corpo.

Foi abolido o debate, o diálogo, a discussão: assim que surge um contra-argumento verbal, o contendor saca um argumento físico. Um porrete. Ou uma arma. E, se não estás comigo, estás morto.

INDIVIDUALISMO
Ainda que sejamos alguns milhões, que nos amontoemos cada vez mais em zonas urbanas apinhadas, fazemos questão absoluta de não viver em sociedade. Não sabemos nem queremos saber conviver em espaços urbanos.

Centenas de watts de potência no “som” do carro servem para circular, nas madrugadas, pelas cidades, acordando os idiotas que insistem em viver nas cidades brasileiras.

No verão, nos balneários, a coisa é ainda pior. Mata-se e morre-se por causa do barulho. Meia dúzia de imbecis acham-se no direito de perturbar milhares. E dependendo de filhos de quem os imbecis sejam, não há quem os faça parar.

Dependendo, porém, de quem se trate, tropas especiais da polícia invadirão a casa e produzirão barbaridades que se igualam, em atraso de vida, ao mal que vinha sendo cometido antes.

A lei, que em alguns países serve justamente para dar um pouco mais de chance ao que foi menos dotado pela fortuna e colocar alguns limites naqueles que nasceram com o rabo cheio de dinheiro, aqui não vale nada.

Otários respeitam a lei, gente “de bem” faz o que bem entende. Qualquer coisa, depois a gente conversa com o juiz e explica direitinho. E ganha uma nova chance de afrontar a lei. Até que se mude a lei.

Como se vai fazer agora com o tal “estatuto do desarmamento”, que será alterado porque muito bacana não podia mais levar suas armas livremente à discussão no bar ou no trânsito. Morreu menos gente durante a vigência do tal “estatuto”, mas isto não importa.

Um povo bom como o brasileiro precisa de armas. Muitas armas. Para que as discussões, aquelas, marcadas pela intolerância, se resolvam definitivamente. E para que riquinhos, que se acham branquinhos (mas que geralmente têm vovós com pezinhos na África), possam não só bater e tocar fogo em índios e mendigos, mas também metralhar, de dentro de seus carrões lustrosos e motocas barulhentas, os morenos, pretinhos e todo tipo de brasileirinhos que estiverem a pé.

Carnê Social

AMIGO DA IMPRENSA
O deputado Marcos Vieira (PSDB) promove sessão solene da Assembléia para homenagear a Associação dos Diários do Interior, agora no dia 29. E no último dia 5, tinha homenageado a Associação dos Jornais do Interior (que reúne principalmente semanários), com a medalha do Poder Legislativo Catarinense. O deputado deve ter sido movido, naturalmente, por desinteressado ímpeto de reconhecer tão meritórias entidades. E, se os jornais sentirem-se gratos e o tratarem com um carinho especial, será por puro desvelo jornalístico.

O DIARINHO, ora vejam só, não é filiado nem a uma, nem à outra.

CPI? QUE CPI?
O blog do Vieirão disse, na semana passada, que um fotógrafo do DIARINHO estava numa reunião da CPI da moeda verde, na Câmara de Vereadores de Florianópolis. Mas, infelizmente, e a bem da verdade, o fotógrafo não era deste jornal (e, parece, de nenhum outro).

A turma do PP reclama, no blog, que a imprensa deu ampla cobertura para o depoimento dos bagrinhos e agora, que começam a depor os corruptores, os empresários, nem vai dar uma olhadinha na sessão, nem fala sobre o assunto. E acusa a “mídia catarina” (nós também?) de prostituição, por ignorar esses depoimentos.

sábado, 24 de novembro de 2007

OS PLANOS DO DÁRIO

O prefeito da capital foi à Câmara de Vereadores não para falar sobre lei da hotelaria, nem sobre venda de licenças ambientais na sua gestão, mas para pedir mais uma alteração do Plano Diretor. Ele precisa do favorzinho pra poder construir uma “arena multiuso” no aterro da baía sul, ali entre a estação de tratamento de esgoto e o Centrosul.

O projeto (aquele troço redondo que não dá pra ver direito na foto acima, distribuída pela prefeitura) é do escritório do Jaime Lerner. Uma obrinha de R$ 46 milhões, que pelo menos terá vista para o mar (coisa que o Centrosul, também à beira d’água, não tem).

No elenco de obras lançadas, anunciadas, licitadas e iniciadas de agora até as eleições municipais do ano que vem, estão, além dessa arena do PMDB, o bonde do LHS. Chamado pedantemente de “metrô de superfície”, está para ser licitado.

Como a gente ainda não conhece todo o plano viário da prefeitura (ou do governo do estado) para resolver os problemas de trânsito da Ilha, esse bonde, isoladamente, às vésperas da eleição, lembra aquele fantástico VLP (Veículo Leve sobre Pneus), o “fura-fila” lançado na campanha para prefeito de Celso Pitta, em São Paulo. Passada a campanha, foi abandonado, inacabado.

Depois, a cada nova campanha, ele volta, seja como crítica, seja como reformulação, seja como proposta adicional.

“VOCÊ É MUITO BURRO”

Leitor me manda cartinha indignada, por causa da nota de ontem, sobre a corrida de kart na Ilha e aproveita para fazer uma pergunta bem pertinente. Transcrevo-a na íntegra:
“Nota-se que você é muito burro em se tratando de automobilismo, ou não tem o que falar e arruma coisas só para pegar no pé do Dário e do Luiz Henrique. Você está a serviço de quem? Da Ângela ou do Amin?”
Caro leitor: em primeiro lugar obrigado pela leitura e pelo trabalho de me enviar sua opinião. É perfeitamente natural, num país onde a imprensa tem escassa tradição crítica e o normal seja encontrar colunistas “de opinião” sem opinião própria, achar que são todos paus-mandados.

Já falei aqui, mas repito com prazer: uma das funções fundamentais desta coluna é justamente pegar no pé das tais autoridades. Prefeitos, governadores, presidentes, todos os que exercem cargos públicos, que são mantidos por nós para prestar-nos serviços, estão permanentemente sob exame.

Claro, o eleitor e o contribuinte nem sempre se dão conta de como é importante fiscalizar, acompanhar, avaliar criticamente e questionar tudo o que os nossos servidores fazem e deixam de fazer. Humildemente (embora de vez em quando me chamem de arrogante), tento dar a minha contribuição, pegando no pé de quem está no poder e falando sempre que encontro algum rabo preso ou alguma bunda na janela.

“A SERVIÇO DE QUEM?”
Além da minha consciência (e, dependendo do assunto, a minha mulher), ninguém manda em mim. Minha única fonte de renda, nesta coluna, é o que me paga o jornal. Não tenho acertos de qualquer tipo com quem quer que seja, para dizer isto ou aquilo, citar ou deixar de citar fulano ou beltrano.

Também não morro de amores por este ou aquele lado, nem tenho raiva. Se estivéssemos falando de futebol, em vez de política, diria que não tenho um time do coração, nem torço pra ninguém em especial, mas aprecio um bom jogo. Um jogo limpo. Acho enjoado ver times, cartolas, jogadores e jogos desonestos, mal jogados, enrolados, chatos.

Gosto de imaginar que estou a serviço do leitor. Do contribuinte. Da democracia. Pode parecer presunção, e talvez seja, mas acho isso importante. E sinto-me honrado em poder dispor de um espaço nobre, num jornal de grande circulação, para poder prestar esse serviço. Que naturalmente, com todas as minhas limitações, não agrada a todos.

TEM OU NÃO TEM?

Dúvidas atrozes têm marcado a vida do ex-deputado Blasi. Quando era secretário da Segurança, a dúvida se ele estava ou não no lupanar, derrubou-o. Agora, vive a situação nada confortável de ser um desembargador sub-judice, porque não se sabe ao certo se ele cumpre ou não os requisitos da OAB para ser indicado. Ou, pelo menos, se a exigência é constitucional ou não.

Neste momento, a única coisa certa na vida do desembargador é que ele não é mais deputado. Dos últimos atos de que participou, a renúncia ao mandato foi o único sobre o qual não pesa contestação. E nem cabe retratação. O resto, só o tempo poderá dizer. E os tribunais, claro.

PATERNIDADE

REGIONALIZAÇÃO

O jornal A Notícia, de Joinville, que foi um dos maiores jornais estaduais de Santa Catarina, ao que tudo indica terá um futuro semelhante ao do JSC, também da RBS: vai limitar-se ao mercado regional.

Um dos indícios mais concretos de que este movimento já está sendo executado, é a manchete de ontem, tratando de uma obra de rua em Joinville. O próximo passo será a transformação do jornal em tablóide.

NOVIDADE NA REDE

O jornalista Paulo Alceu, além de apresentar um telejornal na Rede SC, mantém um site onde publica uma coluna de política de grande repercussão, atualizada uma vez por dia.

Pois a partir desta segunda-feira, o site será transformado num blog. Tal como vários jornalistas, como Ricardo Noblat, Josias Souza, Juca Kfouri e Cláudio Humberto, o Paulo Alceu fará várias atualizações ao longo do dia. Sempre que tiver uma nota nova, ela será colocada imediatamente no ar.

Outra novidade foi a ativação, já desde ontem, de um espaço para os comentários dos leitores. O endereço www.pauloalceu.com.br continua o mesmo.

PREMIADOS

Na segunda-feira, 50 parlamentares federais que, segundo os jornalistas que cobrem o Congresso, se destacaram, serão premiados pelo site Congresso em Foco.

Os catarinenses homenageados são estes:

Carlito Merss (PT),
Fernando Coruja (PPS),
Ideli Salvatti (PT) e
Ângela Amin (PP, com o prêmio de assiduidade).

A festa será na churrascaria Porcão, em Brasília.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

“ONDE? ONDE?”

A história cabeluda que um ex-funcionário da produtora de vídeo preferida do Centro Administrativo contou para a Gazeta de Joinville, pode ser lida também na internet. É só clicar aqui.

ACELERA, DÁRIO!

Esse prefeito de Florianópolis tem umas coisas bem engraçadas. Pois não é que inventou de “vistoriar” o kartódromo onde corredores riquinhos e famosos vão fazer uma brincadeira, em Florianópolis?

Segundo a divulgação oficial da prefeitura, Dário “aprovou” as obras (!!!). E está lá no site da prefeitura, escrito, com todas as letras, o seguinte:
“Depois de conhecer a mega-estrutura que vai abrigar as estrelas internacionais do automobilismo, o prefeito Dário Berger sentiu-se como uma delas ao pilotar o kart de Felipe Massa. “Na reta, onde dá para acelerar, a gente pensa que vai levantar vôo. Eu me senti como se estivesse dentro da Fórmula 1. Foi muito bom”, revelou o prefeito.”
Extremamente reveladora, essa confissão do piloto de testes municipal. Pensar que vai levantar vôo e sentir-se na Fórmula 1, quando está com a bunda quase raspando no asfalto, dentro de um kart, é, mal comparando, o mesmo sonho que ele deve ter sobre sua administração, que não voa nem corre.

DE VOLTA

A coluna ficou fora do ar uns dias, esta semana, e alguns leitores começaram a me comparar com juízes, deputados e outras categorias que são bem dotadas de férias, licenças, feriadões e outras pausas que refrescam.

Na verdade eu sou um militante da causa do ócio. Pra mim, o ideal seria a gente folgar seis dias e trabalhar no sétimo. Mas, como a coisa começou ao contrário, parece que não tem mais jeito. Talvez na outra encadernação.

Mas a coluna, desta vez, não deixou de ser publicada porque seu titular estava de férias, viajando, ou com preguiça. Foi justamente o contrário: excesso de trabalho na estiva. Como sempre, falhei fragorosamente no quesito “te organiza, rapaz!” e fui soterrado por um estouro de prazos que alcançou 7.3 na escala Richter. Mas agora está quase tudo sob controle, tanto que estou de volta a este espaço.

O ROLO DO BLASI

A presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, desembargadora federal Silvia Goraieb, derrubou ontem as liminares que tinham colocado o novíssimo desembargador Blasi em banho-maria. Mas é um refresco temporário. A ação popular continua correndo. Bom, quer dizer, correr não é o verbo mais adequado pra gente usar quando fala em tramitação judicial. Mas a coisa vai indo até o exame do mérito, quando então teremos uma primeira decisão a respeito do caso.

Por enquanto, Blasi vai tocando a vida. Não é mais deputado, mas, pelo menos, até segunda ordem, é desembargador. Os adversários do LHS e os desafetos do Blasi, abraçadinhos, esperneiam como podem. Os amigos do Blasi e alguns dos companheiros de partido, dizem que a coisa não terá conseqüências maiores. Mais uma novelinha pra acompanhar.

AO PÉ DO OUVIDO...

BANCADA PRESTIGIADA

O governo comemorou o fato de ter recebido, do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, “garantias” da liberação de emendas. Até tiraram fotos da turma toda, Pavan incluído, pra mostrar aos incrédulos como SC tá prestigiada no governo federal. Uma das fotos é esta aí, acima. Se clicar sobre ela, se abre uma ampliação.

O problema é que ontem o avalista Mares Guia desguiou, pediu o chapéu e saiu de fininho, depois de ter sido indiciado como participante do mensalão mineiro (ou tucano, como preferem os petistas).

Agora tem que arrumar rápido outra reunião da turma toda com o novo ministro, José Múcio Monteiro (PTB-PE), pra ver se as garantias continuam valendo.

Brincadeiras à parte, a foto acima deve ter sido tirada como desagravo ou solidariedade ao ministro que estava saindo. Afinal, no dia da reunião já se conhecia, nos círculos bem informados, até o nome do novo ministro. E, com certeza, ninguém nessa foto aí desconhecia esse fato.

SE A MODA PEGA...

A Polícia Federal prendeu ontem vinte empresários e servidores públicos baianos, entre os quais o presidente do Tribunal de Contas de lá. São suspeitos de fraudar licitações para contratação de serviços de vigilância, conservação, limpeza e portaria.

As tais empresas terceirizadas que, em cada estado, tem uma ou duas muuito fortes, que levam todas as licitações. Claro que todos, em todos os estados, juram por todos os santos que cresceram por causa dos bons serviços e que as licitações são limpíssimas.

Mas que, Brasil afora, deve ter gente encomendando reza, novena e colocando as barbas de molho, lá isso deve. E as máquinas de destruir documentos devem estar trabalhando a todo vapor.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O ROLO DO BLASI

Alguns leitores mais afoitos querem uma edição extra também para o caso da liminar que adiou o exercício da desembargadoria do Blasi. Como é coisa que ainda leva uns dias pra se resolver e nem sabemos direito, afinal, se se trata apenas de uma vendetta pessoal ou de algo mais sério, vou continuar na folga. Até sexta pode ser que a poeira baixe e a gente consiga ver melhor o panorama.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

EXTRA! EXTRA!

Tem coisas que não podem esperar até sexta. Como, por exemplo, este fantástico acidente que aconteceu no site da SDR de Blumenau (bnu.sdr.sc.gov.br): alguém publicou um bilhete pessoal, na página principal. Dá uma olhada. A captura das imagens abaixo foi feita há pouco (dia 20/11, 13:55). Se vocês correrem, talvez ainda encontrem esta pérola no ar.


Tá pequeno, não dá pra ler direito? É só clicar na foto que se abre uma ampliação. Mas, pra facilitar, reproduzo maior, abaixo, o trecho que interessa (o grifo em amarelo é meu e tirei os números de celulares pra vocês não ficarem ligando e enchendo o saco deles):

Na mesma página, logo abaixo do bilhete, onde começa o tal “release” tem um errinho que, naturalmente, justifica o apelo do Tarciso para que a Patrícia edite o material. Se tivessem esperado a Patrícia editar, antes de colocar no ar, provavelmente ela não só teria apagado o bilhete, como teria corrigido o texto. Ou será que foi ela que publicou assim mesmo?

Bom, era isso, por enquanto. A coluna continua as mini-férias (ou que nome tenha a matação de serviço), mas aqui no blog, havendo fato que justifique, posso voltar a qualquer momento, em edição extraordinária (e sem sair da rede).

Vou ali e já volto

Aviso aos navegantes

A coluna De Olho na Capital tirou uns dias de folga.

Volta ao ar na sexta, dia 23. Até lá.

sábado, 17 de novembro de 2007

FLORIANÓPOLIS HOJE

Acompanho, meio de longe, a associação FloripAmanhã desde que foi criada. Como tudo, tem coisas boas e coisas que nos deixam preocupados. A parte boa é o interesse pela cidade e a Ilha. Quanto mais gente discutir o que está sendo feito e o que poderá ser feito, melhor. A omissão e a apatia são piores do que alguma proposta da qual eventualmente discordemos.

A parte marromeno, além do uso do “floripa”, é o fato de ser uma associação cujos principais animadores, alinhados com o governo LHS, têm grandes empreendimentos envolvidos em sérias discussões ambientais. A presidente da associação, Anita Pires, por exemplo, foi diretora geral da secretaria de Planejamento do governo. E um dos fundadores (embora não conste da lista oficial), foi o dono do Costão Golf, Fernando Marcondes de Mattos.

Fora isso, que diz mais respeito às minhas manias de jornalista velho e rançoso, tem pelo menos uma iniciativa da tal FloripAmanhã que merece uma olhada mais de perto.

Eles fizeram uma Oficina de Desenho Urbano com o objetivo de colocar “Florianópolis de Frente Pro Mar”. Foram produzidos, como resultado, oito projetos arquitetônicos. Cada projeto corresponde a um segmento do trecho compreendido pela Oficina (veja ilustração acima), entre o trevo da seta, na Caeira, até o Shopping Iguatemi, na Avenida Beira-mar, incluindo também a orla de Coqueiros.

Segundo a associação, “em breve os projetos poderão ser vistos pela população em formato de posters, que serão patrocinados pela Unisul para exposições itinerantes.”

Participaram da oficina algumas dezenas de arquitetos. No último dia 5/11 eles se reuniram para “socializar as conclusões obtidas pelos oito grupos”. Para cada trecho foram apontadas diferentes soluções, mas todas, afirmam eles, com algumas características em comum: “respeito aos limites naturais da Ilha; necessidade de planejar junto com as comunidades; necessidade de mais acessos para pedestres e bicicletas; criação de vias alternativas para o trânsito de veículos e preocupação em evitar a segregação urbana”.

A seguir a discussão deverá incluir profissionais de outras áreas, até que o material seja apresentado ao núcleo gestor do Plano Diretor de Florianópolis. O Instituto dos Arquitetos do Brasil em Santa Catarina (IAB/SC) pretende estimular o surgimento de outras oficinas.

Segundo a presidente da associação, Anita Pires, o trabalho “é uma importante contribuição para o planejamento da cidade, que cresce sem estratégias de futuro e sem a cultura da valorização da orla – um privilégio de Florianópolis”.

Em algum momento, contudo, as boas intenções dos voluntários que estão pensando a Ilha e seus acessos ao mar, irão cruzar com as intenções nem sempre boas dos espertos que sempre moldaram a Ilha conforme seus propósitos. E aí a coisa poderá ficar interessante. Afinal, nos embates anteriores entre o interesse econômico e o interesse ecológico, este último sempre foi à lona, nocauteado. Soterrado por punhados verdes de moeda malcheirosa.

TEM QUE FICAR DE OLHO

Li no blog do Josias, que “a CNBB, instância máxima da Igreja católica no Brasil, veiculou no portal que mantém na internet um texto curioso. “De olho no bolo e na bola”, eis o título”. O autor é Dom Luiz Carlos Eccel, bispo da diocese de Caçador, SC.

O bolo que tem que ficar de olho é a descoberta do novo super-campo petrolífero e a bola, a escolha do Brasil como sede da copa de 2014.

Sobre a Copa, diz o bispo:
“Corremos o risco de, anestesiados com a notícia, ficarmos apenas na posição de espectadores deslumbrados. Assim, como poderá trazer vantagens, as desvantagens são possíveis, pelo menos para a maioria da população. O velho ditado ‘pão e circo’ tem muito de real”. (...)

“A partir de agora, pessoas, grupos, empreiteiras... poderão lucrar freneticamente. O governo, em parceria com o setor privado, vai investir muito em infra-estrutura e o perigo da corrupção astronômica é iminente. Fiquemos vigilantes e na militância. A bola está rolando e não podemos ficar alheios, porque o povo também pode rolar”.
Sobre o petróleo, escreve:
“O presidente da República disse, numa reportagem, que este é um presente de Deus para o Brasil. Eu tomo a liberdade de corrigir: é um presente de Deus para o povo Brasileiro. Devido à profundidade, esta riqueza começará a render no auge da Copa do Mundo. É preciso ficar de olho no bolo”. (...)

“Desde já, equipes técnicas estão buscando o aperfeiçoamento da tecnologia, para que o bolo venha à tona. Concomitantemente, outras equipes da sociedade civil devem se organizar, pensando nas políticas públicas, para que este presente de Deus chegue ao povo que trabalha pesado para a grandeza desta nação e que normalmente recebe migalhas”.

(...) “De olho atento na bola e no bolo, para que no final do espetáculo não venha a ocorrer que as lonas do circo caiam e o povo também, como sói acontecer.”
Um dos trechos mais importantes é, sem dúvida, a advertência: “A partir de agora, pessoas, grupos, empreiteiras... poderão lucrar freneticamente. O governo, em parceria com o setor privado, vai investir muito em infra-estrutura e o perigo da corrupção astronômica é iminente”. Putz, e o pior é que é verdade. Corrupção astronômica!

OLHA A CLAIR AÍ, GENTE!

Aposto que os manezinhos lembram da professora Clair Castilhos, ex-vereadora da capital, batalhadora em movimentos sociais das mulheres. Ela tá na foto porque é membro do Conselho Nacional de Saúde e participa da 13ª Conferência Nacional de Saúde (o 13 tá maior que o nome do evento). O figurinha ao lado dela é o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci.

INCHAÇO FEDERAL

O colega Paulo Alceu publicou em sua coluna de ontem, alguns dados assustadores sobre o crescimento dos gastos com pessoal federal, no Brasil. Nos seus oito anos, FHC permitiu que os gastos crescessem 100%. E nos seis anos já decorridos, Lula está mais ou menos no mesmo passo: a despesa já cresceu uns 70%. Está batendo nos R$ 122 bilhões. E de 1998 a 2007 a União contratou 241,3 mil servidores.

O companheiro Lula está convencido que precisa contratar ainda mais gente. Ele já falou claramente sobre isso. Parece aquelas prefeituras de municípios pequenos e pobres: se não tiver emprego na prefeitura, a turma não tem onde trabalhar.

O problema é que essa opção preferencial pelo aumento de servidores públicos está em direta oposição ao desejo, daqueles que têm atividades produtivas, de que os impostos sejam reduzidos.

A máquina pública poderia ser um eficiente auxiliar do desenvolvimento, se tivesse investimento nas áreas corretas. Inchar o funcionalismo, sem um plano de longo prazo, é o pior dos cenários. Acabará por drenar, apenas para os salários, tudo o que o governo conseguir arrecadar. Com conseqüências tristemente previsíveis.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

BRANCALEONE

Ao almoçar com a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa, o prefeito da capital, ex-pfl e ex-psdb Dário Berger ouviu, do líder peemedebista, deputado Manoel Mota, que “o PMDB irá mobilizar seu exército” para garantir a reeleição em 2008.

O prefeito e vários próceres do seu novo partido parece que acreditam mesmo que o problema de Dário na capital seja só de comunicação. Tanto que o prefeito informou à bancada que pretende “ampliar a divulgação de sua administração com um novo planejamento de comunicação e publicidade”.

E, ao almoço, compareceu o Secretário de Estado da Comunicação, Derly Massaud de Anunciação.

Como florianopolitano nascido na maternidade Dr. Carlos Correa e alimentado por cubas no Paineiras, no Lira e no Doze, tenho lá as minhas dúvidas: o problema do Dário com a cidade independe da forma como suas obras sejam comunicadas.

Equivale, em certa medida, ao problema do LHS com Florianópolis. E olha que o LHS, embora blumenauense, tem mais jeitão de manezinho que o Dário. Cada vez que um florianopolitano entra no CIC e vê o abandono em que aquilo ali está, pensa: “é verdade, o LHS odeia a gente mesmo”. Aí, depois de sair cabisbaixo do CIC, o contribuinte ilhéu passa diante do Centro Administrativo e vê a interminável obra do espetacular, fabuloso e monumental teatro Pedro Ivo. Aí, pensa, de novo: “putz, é verdade, o LHS não gosta mesmo da gente, em vez de arrumar o CIC, preferiu gastar todo o dinheiro neste troço”.

Ninguém conseguirá provar, ao florianopolitano, que tal viaduto, ou que o inimaginável centro de convenções, justificam manter, como prefeito, um sujeito que, sempre que pode, demonstra sua falta de ânimo, seu desencanto e, por que não dizer, seu desamor pela administração dessa Ilha complexa e trabalhosa.

Ama de paixão o poder, o cargo, a possibilidade de novos negócios que a prefeitura da capital e a proximidade com o governo do estado proporcionam, mas parece que sonha com São José, morre de saudade do Kobrasol.

Mas, mesmo assim, não duvido que Dário se reeleja. Tenho certeza que os florianopolitanos são minoria nesta Ilha. Aquela Florianópolis da nossa juventude, não existe mais. E nós não somos mais os donos da cidade. Juarez, Dário, Fernando, Içuriti, João, Anita, Ada, são alguns dos que dão as cartas. Ter tomado Xic-Xic na Cocota ou lembrar o sabor do picolé de côco da Satélite, não quer dizer mais nada.
O FATOR CHAVES
Sempre que a gente fala no ditador venezuelano Chavez, tem uma turma, no Brasil, que fica muito ouriçada. Primeiro, tentam, com agressividade, provar que Chavez não é ditador. Depois, tentam quebrar a tua cara e calar a tua boca.

A defesa canhestra que o presidente brasileiro Lula da Silva fez de seu colega venezuelano, deveria encher-nos de preocupação. Afinal, o ex-petista demonstra não saber direito o que é democracia. Isto, para um presidente de um país que aspira ser democrático, é grave.

CURRICULUM VITAE
A Míriam Leitão, que naturalmente os lulistas e chavistas brasileiros deverão tachar de “jornalista a serviço da direita golpista”, explicou bem didaticamente por que a defesa que Lula fez do Chavez (“não se pode dizer que na Venezuela não tem democracia”) não tem pé nem cabeça:
“1-Ele [Chavez] entrou na vida pública tentando um golpe de estado;

2-Ao ser eleito anos depois aproveitou o momento em que estava ainda forte, destituiu o Congresso, fez eleições para uma Constituinte, mudou a Constituinte em seu favor, dando-se mais um mandato;

3-Aproveitando o momento de popularidade se elegeu de novo e considerou que esse era o primeiro mandato da nova Constituição;

4-Mudou a composição do Supremo, aposentando os adversários e nomeando os amigos;

5-Mudou a composição do Conselho Nacional Eleitoral para ter apenas ministros que o apóiam lá;

6-Formou, incentivou e armou grupos de militantes que intimidam qualquer oposição ao seu governo, que atacam jornais e emissoras de televisão;

7-Fechou uma TV por não estar alinhada ao seu governo;

8-Ameaça jornais e jornalistas, instigando seus grupos armados contra eles;

9-Mesmo depois de reeleito para um novo mandato, que fará com que fique 13 anos ao todo no poder, ele quer o direito a reeleição perpétua e propôs isso a um Congresso subserviente e para uma população manipulada pelo controle da imprensa e pela distribuição do dinheiro do petróleo.”
QUEM PODERÁ...
Lula diz que Chavez é democrático porque lá tem eleições a toda hora. Ora, durante a ditadura militar brasileira também, o que não faltou foi eleição.

E a Lúcia Hippolito lembra quais são alguns dos indícios de democracia que realmente devem ser levados em conta:
“Sinais de democracia são, além evidentemente, de eleições livres e limpas; instituições sólidas; justiça ao alcance de todos; poderes harmoniosos e independentes; imprensa livre; ética no trato da coisa pública; impessoalidade na administração pública; meritocracia; respeito às posições da oposição; alternância no poder – entre outros atributos de um regime democrático.”
A defesa que Lula faz do falastrão aprendiz de Fidel é compreensível, no contexto sul-americano, mas é preocupante. Em algum momento, Lula terá que romper com Chavez e deixar claro que o caminho da democracia brasileira é outro. Se não fizer isso, meus amigos, o jeito será mesmo o êxodo. Porque não sobrará pedra sobre pedra.

CHAVES NA UFSC

Alguns leitores ficaram indignados com o provocativo título “Chavez perde na UFSC” que usei na nota onde registrei que o candidato bolivarianista perdeu de lavada as prévias para reitor.

Um deles pergunta “porque (sic) será que só o candidato bolivarianista é tratado com esteriótipos (sic) pela “mídia” e o mesmo não ocorre com o candidato privatista?”.

Ora, ora, se o governo central é quem decide se as universidades serão privatizadas e se o governo central é lulista e chavista, que poder terá um mero reitor quanto a isso?

Depois, Chaves (ou Chavo, ou Chespirito), já está a ponto de se aposentar. Não tem mesmo que ficar mandando em universidades brasileiras. Por mais dinheiro que distribua.

MISTÉRIO LEGAL...

Acho que nunca vou entender o funcionamento da Justiça. Quer dizer, racionalmente até acho que consigo compreender a aplicação das leis, normas e regulamentos. Mas sempre sofro um nó nas tripas quando leio coisas parecidas com esta:
“Os irmãos Rogério Luís Gonçalves e Clóvis Gonçalves, principais mentores de um esquema milionário de lavagem de dinheiro descoberto em março deste ano na Operação Ouro Verde da Polícia Federal (PF), foram colocados em liberdade.

Eles foram beneficiados por um habeas corpus (pedido de liberdade) concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, no dia 31 de outubro, 12 dias depois de a Justiça Federal de Santa Catarina condenar Rogério e Clóvis a 19 anos e 17 anos de prisão, respectivamente.”

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A REPÚBLICA SOBREVIVE, APESAR DOS PESARES

Imagino que todos saibam por que hoje é feriado. Relembro, para os mais distraídos: há 118 anos, no dia 15 de novembro, a monarquia brasileira foi extinta e criou-se uma república presidencialista. O Marechal Deodoro da Fonseca assumiu, provisoriamente, a presidência. Neste país de paz e boa conversa, o Imperador D. Pedro II e sua família, destituídos do trono, viajaram sem grandes incidentes para Portugal, no dia 17 de novembro.

Claro, se a gente for examinar direito, vai ver que Deodoro não queria se meter nessa história, mas aceitou, a contragosto, e marcaram o golpe militar para o dia 20. No dia 14 surgiu o boato que o governo mandaria prender os líderes do movimento (que devia ser tão secreto que todo mundo sabia quem eram). E o golpe foi antecipado para o dia 15 (ainda bem, porque senão hoje não estaríamos de folga).

No dia 19 o governo provisório lançou a nova bandeira da nova república, que é esta, que nós conhecemos e que nos identifica, até hoje, como nação. Adaptada (acho que às pressas) da bandeira anterior, manteve as cores da família imperial: o verde, o amarelo, o azul e o branco. Com o passar dos anos adotou-se, popularmente, a interpretação de que o verde seria das matas, o amarelo das riquezas, o azul do céu e o branco da paz.

Pois bem, depois de uma monarquia que durou 67 anos, embarcamos numa república que, 118 anos depois, ainda está na adolescência. Temos tido algumas crises, recaídas, febres, ataques de melancolia e uma danada de uma corrupção que não sara. Coça aqui, coça ali, quando a gente acha que cicatrizou uma pústula, abre outra, ainda mais fedorenta.

Mas a gente vai levando.

Aos poucos, estamos aprendendo. Já conseguimos fazer eleições periódicas, sem sobressaltos e sem golpes militares. O próximo passo é aprender como escolher os candidatos sem levar gato por lebre.

Para comemorar este dia, além do Brasão e da Bandeira da República, trouxe alguns versos do Hino à Proclamação da República:
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!

Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder

Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Pena que esta página não tenha som*, senão mostraria também algumas frases musicais desse Hino, que são muito bonitas. O início e o estribilho, por exemplo, são bem legais. No conjunto, é claro, tem aquela formalidade dos hinos militares e a letra usa uma porção de palavras eruditas e pedantes, o que atrapalha a compreensão. Ah, a letra é do Joaquim de Medeiros e Albuquerque e a música do Leopoldo Miguez.

[* essa limitação só vale para o jornal de papel, aqui na internet a coisa é outra: para ouvir o hino, em mp3, é só clicar aqui]

Texto publicado originalmente aqui no dia 15 de novembro de 2005

PRIMEIRO ROUND

O governo conseguiu aprovar a prorrogação da CPMF na Comissão de Constituição e Justiça. Deu um certo trabalho (na montagem acima, a líder Ideli se vira pra não deixar a coisa sair de controle), mas passou.

A colunista Lúcia Hippolito fez um bom resumo da ópera:
“O governo fez muitas promessas. Desonerações em vários setores, isenção para faixas de renda, redução progressiva (e milimétrica) da alíquota da CPMF, envio ao Congresso de um projeto de reforma tributária. E por aí vai.

O problema é que o governo é pródigo em fazer promessas – e péssimo na hora de cumprir.

Em 2003, em episódio similar, para conseguir a prorrogação da CPMF até 2007, o governo prometeu mundos e fundos ao Congresso – e não cumpriu uma única das promessas que fez.”

CHAVEZ PERDE NA UFSC

O candidato bolivarianista foi derrotado já no primeiro turno, nas prévias para escolher o reitor da UFSC. O vencedor, Prof. Álvaro Prata, levou quase 60% dos votos. Vitória incontestável. O processo ainda passa pelo Conselho Universitário e pela escolha do presidente da República. A troca de reitor acontecerá em maio do ano que vem.

OS MELHORES DO ANO

O site Congresso em Foco promove um concurso para escolher os melhores parlamentares federais do ano. Até o dia 18, qualquer pessoa pode votar nos seus preferidos, na internet (em congressoemfoco.com.br).

Entre os 16 senadores, Ideli Salvatti (PT), a única representante de SC na lista, está em quarto lugar, com 5.352 votos. Entre os 25 deputados, os dois catarinenses estão quase empatados, lá pelo 17º lugar: Carlito Merss (PT) tem 1.778 votos e Fernando Coruja (PPS), 1.766.

TROFÉU OLÍVIO LAMAS DE FOTOGRAFIA

Esta é a foto do Hermes Bezerra, primeiro lugar no Troféu Olívio Lamas de Fotografia, mostrando um suicida argentino, no momento do pulo para a morte.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

CAMINHÃO DA MUDANÇA

O governador LHS tem uma palestra que repete sempre que pode, comparando a descentralização às grandes invenções universais, que, em algum momento, foram menosprezadas ou ridicularizadas por seus contemporâneos.

Uma das frases que ele coloca na tela é atribuída a um dos irmãos Warner, que no auge do cinema mudo teria dito que ninguém se interessaria em ouvir a voz dos atores. Alguns anos depois, quase foi atropelado pelo sucesso estrondoso dos filmes falados.

Claro que é um pouco de exagero comparar a descentralização com coisas realmente inovadoras e relevantes para a humanidade, como alguns avanços tecnológicos. Mas que mexeu com Santa Catarina, lá isso mexeu.

Só que, para o governador ainda estar insistindo no mesmo discurso dos primeiros anos, é porque a coisa ainda não está completamente assimilada. E nem só por adversários e céticos em geral.

Aqui da planície, o que parece é que os inimigos e sabotadores da descentralização estão dentro do próprio governo. Não me refiro a eventuais críticos, que acabam ajudando a mostrar os problemas. Falo daqueles que, diante do LHS, dizem amém e muito bem, batem nas costas e elogiam. Depois tratam de fazer, de cada sesmaria, de cada capitania hereditária, um poço de ineficiência a serviço do mais puro clientelismo político, agindo como “coronéis do atraso medieval”.

LHS talvez nem queira saber, mas se ele quisesse saber, bastava colocar alguém pra ler o Diário Oficial com atenção, para ficar sabendo como andam as coisas. Na verdade foram descentralizadas as oportunidades. Oportunidade de fazer dispensa de licitação. De contratar. De acomodar afilhados. De incomodar adversários. Mas nada mudou.

COMUNICAR-SE

Todo mundo acha que sabe se comunicar, todo mundo pensa que entende esta arte vital e complexa. Muita gente até acredita que, diante de um computador e de programas tipo “faça-você-mesmo”, qualquer idiota pode produzir folhetos, cartazes, jornais, livros e revistas.

Desprezam o conhecimento acumulado e codificado ao longo dos séculos, como se a comunicação fosse um dom inato. Já que qualquer um pode se expressar, falando, gesticulando, até mesmo escrevendo, não haveria por que imaginar que exista ciência nisso.

De fato, como a comunicação supre uma necessidade vital do ser humano (se duvidar, conseguimos ficar mais tempo sem comer do que sem saber o que está acontecendo na esquina) e temos vários instrumentos que podem ser usados para isso, a coisa parece muito fácil e natural.

Só que, para que uma pessoa entenda exatamente o que a outra quer dizer, da forma como a outra quis dizer, não basta articular algumas palavras e dizê-las. Também não é suficiente encadear frases impressas num papel.

Ou vocês não estão cansados de ouvir, ou de dizer, “pera aí! não foi bem isso que eu quis dizer!”? Os malentendidos que ocorrem a todo momento, em todos os níveis, ajudam a demonstrar que é preciso cuidado e técnica para dizer as coisas, de tal forma que as pessoas que a gente quer que as entendam, compreendam do modo correto.

É por isso que, desde que o relacionamento das empresas e do governo com o público começou a se sofisticar, surgiram especialistas em comunicação. Gente que, com seus conhecimentos, poderia ajudar a reduzir a distorção que naturalmente ocorre quando se diz ou deixa de dizer alguma coisa.

Só que, ao longo do tempo, esse papel fundamental dos especialistas e estudiosos do fenômeno da comunicação, foi se perdendo e distorcendo. E hoje vemos que empresários, políticos e público em geral, não vêem necessidade de assessorar-se adequadamente.

Onde há um cargo de assessor de imprensa por decreto, como nas repartições públicas, emprega-se qualquer um. Geralmente um radialista conhecido, ou uma repórter de TV, ou um amigo de alguém. Ninguém sente necessidade de que o ocupante desse cargo tenha uma formação mais apurada. Basta ter um cursinho Walita de jornalismo e, de preferência, aparecer na TV, para se transformar imediatamente em especialista.

Na prática, essa turma acha que pronunciar direito as palavras, usar um terno bem passado e cabelo arrumadinho é suficiente para que a comunicação se dê. Ledo engano: emitir a mensagem é apenas uma pequena parte do processo todo. O processo da comunicação só pode ser considerado completo quando o público que queremos atingir tiver entendido, exatamente do jeito que desejamos, o que gostaríamos que ele entendesse. E pra isso, não basta ter voz bonita e ser famoso.

Aí, quando a gente não consegue entender direito o que o governo quer dizer, quando a empresa, por melhor intencionada, aparece diante dos consumidores como uma odiosa e insensível usurária, ninguém imagina que as escolhas na área de comunicação possam ter algo a ver com isso.

Informe publicitário

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terça-feira, 13 de novembro de 2007

COM TODO O GÁS

ESSA UNIMED...

A repercussão da nota sobre a Unimed que publiquei aqui foi grande. Tanto que repassei, para o editor de geral do DIARINHO, os casos mais cabeludos que me chegaram por e-mail. Vão subsidiar uma reportagem sobre os problemas que usuários desse plano de saúde estão encontrando. Até mesmo quando buscam seus direitos na Justiça.

Mas um leitor deu uma boa dica, pra pelo menos aliviar o sufoco da marcação de consultas (os principais médicos só têm hora pra atender Unimed dali a dois ou três meses, quando não mais):
“Quando marco consulta digo que é particular e pronto. E é. Ou seja, se não é SUS, é particular. Marco, e na hora apresento a carteirinha da Unimed. Quando fazem cara feia, apenos falo em ANS (Agência Nacional de Saúde). Em matéria de plano de saúde, essas três letrinhas são mágicas”.

MARISA 2010

A mente desocupada é a oficina do diabo. Pude comprovar esse velho ditado neste final de semana. Sem nada pra fazer, esperando começar o Fantástico, meti-me na pantanosa área do marketing político. Aproveitei que a coluna seria publicada numa terça-feira 13, para homenagear os amigos petistas.

Nos últimos dias, eles andam meio jururus. Afinal, com a melhor das boas intenções colocaram a campanha do 3º mandato na rua e o presidente, certamente pressionado pela imprensa golpista de direita, chamou-os às falas e mandou parar com a brincadeira.

Ora, o Chile já tem uma presidenta e a Argentina, essa democracia avançadíssima, acabou de dar-nos um exemplo exemplar, ao inaugurar a sucessão matrimonial. Então, por que não lançar Dona Marisa para presidente?

Alguns maledicentes dizem que ela não faz nada e não diz nada. Bobagem. Acham que agüentar o Lula é pouca coisa? E basta dar uma olhada na lista de supermercado dos palácios presidenciais pra ver que a coisa não é pouca. Só administrar várias cozinhas, centenas de faxineiras, dezenas de motoristas, inúmeras modistas, sei lá quantas manicures, no circuito Alvorada, Torto, São Bernardo, Cabo Frio, não é moleza.

Bom, aí estão algumas sugestões de material para a campanha. Embora sendo publicitário e marqueteiro de mentirinha, e só nas horas vagas, acho que ficou bem legalzinho. Dêem uma olhada com cuidado e depois me digam: não ficaram com vontade de depositar um votinho na Dona Marisa? Ou preferem mesmo ouvir os improvisos do Lula por mais quatro anos, até 2014?

Fotos: Ricardo Stuckert/PR
Propaganda eleitoral totalmente gratuita, fora de época e de propósito.
Dona Marisa ainda não decidiu se será candidata.

sábado, 10 de novembro de 2007

RECADO DA CHINA

O Richard Amante (não não é o garoto acima), que está aprendendo a falar chinês com sotaque mané, manda dizer que o acesso ao YouTube e ao Blogger foi liberado, na controladíssima internet chinesa. Ainda continuam proibidos os blogs que usam o Wordpress e sites como o da BBC.

Quem quiser ler e ver o que o Amante conta sobre aquela terra longínqua, é só clicar aqui (amantenachina.com.br).

QUE COISA!

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SEM REMÉDIO

Os médicos reuniram-se numa cooperativa (Unimed) e criaram um plano de saúde que, teoricamente, deveria ser do jeito que eles acham que deve ser. Em alguns estados, como Santa Catarina, a cooperativa dos médicos foi aos poucos enfraquecendo os demais planos, até obter uma situação das mais confortáveis: um virtual monopólio.

Confortável até porque a Unimed não pode, a rigor, ser acusada de “monopólio”: existem outros planos de saúde. Mas, na prática, ai daquele que tentar utilizar outro plano. Vai encontrar uma rede credenciada mínima.

Senti na pele, na carne e nos nervos esta situação, quando trabalhava em Brasília e São Paulo, tinha plano de saúde que funcionava nesses lugares, me assegurava consultas com os melhores especialistas e internação nos melhores hospitais, mas, aqui, onde estava minha família, nada de nada. Tinha que pagar particular e depois pedir reembolso, que nem sempre é integral.

Aí, quando voltei para Florianópolis, tratei de seguir a prescrição e comprei um plano Unimed. Não adianta dar murro em ponta de faca. Certo? Hum...

Pois agora os médicos e a Unimed estão de birra e não se consegue mais marcar consultas pelo convênio. Ah, claro, consegue, se topar marcar hoje uma horinha para março do ano que vem. Pra já, dali a algumas horas ou pro dia seguinte, só se for particular.

Não é o fim do mundo? Primeiro eles monopolizam o mercado. Depois, tratam de desmoralizar o plano que eles próprios criaram. E do qual, teoricamente, são donos (ou “cooperados”). E a gente, que paga uma banana para ter um plano de saúde que, na propaganda, é uma maravilha, fica se sentindo o próprio otário.

Ah, e antes que a bem montada estrutura de marketing e comunicação da Unimed me venha com “veja bem, não é bem assim” e “é um caso pontual”: não é caso pontual, são muitos médicos que fazem isso, já há algum tempo, e as reclamações anteriores encaminhadas à Unimed deram em nada.

MAIS RECLAMAÇÃO

Desgraça pouca é bobagem. Então vamos aproveitar para enfileirar uma outra: um amigo quer colocar a Polícia Federal no Procon. Veio me perguntar o que eu acho.
Bom, apesar do sobrenome, não sou exatamente um sujeito muito corajoso. Eu pensaria duas vezes antes de arrumar uma encrenca com os homi. Aí ele me explicou a razão do chororô:
“Sabias que só porque não tenho o passaporte anterior, que expirou quando eu ainda estava no primeiro casamento, há cinco casas e três cidades atrás, tive que pagar R$ 312 por um passaporte novo?”
Embora tenha ficado tentado a concordar com ele, que é preciso colocar a PF no Procon mesmo, ponderei que tem coisas piores. Por exemplo: se tentares, com um cheque de mais de R$ 5 mil, tirar teu próprio dinheiro da tua própria conta, o banco vai te roubar, digo, cobrar R$ 27 de taxa. Uma inacreditável taxa para retirada do teu dinheiro da tua conta!

Como tem taxa para manter aberta a conta, taxa para depositar, taxa se movimenta e também se não movimenta e juros que fariam Mefistófeles corar, a gente nem nota mais esses absurdos.

CAÇA AO INFIEL

O DEM(o) não está para brincadeiras. Ontem entrou com ação no TRE-SC, para pedir de volta o mandato de vereador que está sendo ocupado pelo infiel João Batista Nunes, de Florianópolis. O vereador se elegeu pelo PFL, depois foi dar uma banda no PDT e agora está estagiando no PR. Ah, por coincidência, quem levou o João Batista para o PDT, foi o Junckes, do Hospital Vita, aquele citado no relatório da Moeda Verde. Mas decerto a mudança de partido não tem nada a ver com isso. Deve ser pura opção ideológica.

LEITURA DE FINAL DE SEMANA

O Grande Licenciador

Texto surrupiado do blog português “A barriga de um arquitecto” (abarrigadeumarquitecto.blogspot.com). E trazido para cá porque, talvez por herança, também temos problemas com licenciamentos e nossas Câmaras Municipais são igualmente desapetrechadas.
“Em resultado do enquadramento legal que envolve a prática da arquitectura em Portugal discute-se muito quem pode afinal fazer arquitectura?

O tema é extenso e por certo relevante. Mas este debate não se faz acompanhar de um outro que talvez valesse a pena começar a dramatizar: quem licencia essa arquitectura? E como?

As Câmaras Municipais têm a seu cargo o exercício do licenciamento de projectos de arquitectura. Assim, os trabalhos de arquitectura promovidos pelos cidadãos são sujeitos ao escrutínio estatal, com vista a apreciar se estão em conformidade com as regras urbanísticas e edificatórias em vigor.

O que isto significa é que o acto do licenciamento desempenha uma função jurídica. A autoridade conferida aos organismos licenciadores do Estado resulta de se suportar em regras que estão devidamente inscritas na legislação e publicadas enquanto tal. Caso contrário, estaríamos na presença de um acto discricionário, ao sabor do entendimento pessoal e subjectivo de cada técnico ou entidade que exerce essa função.

Um dos graves problemas – diria mesmo dramas – de produzir arquitectura em Portugal resulta da fraca cultura institucional das Câmaras Municipais e demais organismos do Estado sobre significado do serviço público que deviam exercer. A falta de rigor jurídico, o incumprimento de prazos legais de tramitação processual, a falta de objectividade em relação ao que é essencial e acessório no que respeita aos interesses públicos e privados em presença, resultam num verdadeiro atentado à actividade económica e ao espaço de liberdade individual dos cidadãos. Resultado dessa cultura institucional débil, o cidadão acaba por ser confrontado com pareceres técnicos que misturam factos jurídicos com asserções de dimensão completamente pessoal e subjectiva, do entendimento do técnico individual ou do colectivo institucional que exerce a autoridade de licenciamento.

Devia reflectir-se seriamente sobre o que está aqui em causa. Já será negativo que em certas instituições se cultive um culto de rigor que é, em boa verdade, a mais cega e estrita interpretação possível da legislação. Mas quando este exercício recai para o terreno da completa indistinção entre legal e opinativo, entre o objectivo e o subjectivo, as consequências tornam-se ainda mais graves. Licenciar torna-se assim o mais discricionário exercício de autoridade à mercê dos seus técnicos e dos seus caprichos. Quando o seu zelo não se faz acompanhar de cultura arquitectónica ou saber técnico (histórico, patrimonial ou qualquer outro), os cidadãos vêm-se sujeitos às mais irrelevantes asserções e imposições sobre beirados, alisares, cores locais e essa anedota que dá pelo nome de traça original.

É muito importante que se compreenda de forma inequívoca que a autoridade dos agentes do Estado resulta da inscrição das suas disposições em suporte legal. Quando não estão em presença valores devidamente identificados e regulamentados, a sua actuação casuística e caprichosa faz resvalar essa autoridade para um exercício ilegítimo, sem transparência e, mais grave ainda, sem validade legal. Uma situação que promotores musculados poderão rebater facilmente com suporte jurídico, mas a que cidadãos e profissionais, por desconhecimento ou receio de retaliação, se acabam muitas vezes por submeter.

A reflexão importante que deveria fazer-se em torno do que serão boas práticas de licenciamento será inútil se realizada com mero intuito de culpabilização dos seus agentes. É certo que o Estado se debate com problemas de qualificação técnica e humana, de organização, metodologias e meios. E que a nebulosa cacofónica de legislação do sector torna o trabalho de licenciamento um pesadelo para os técnicos directamente envolvidos. O que está em causa, verdadeiramente, é a urgência em inscrever no Estado uma doutrina de qualidade. A instituição de uma cultura de serviço público e a compreensão de que as más práticas têm como consequência um pesado prejuízo colectivo e o desrespeito pelos direitos individuais dos cidadãos. A cegueira em afrontar este problema terá como resultados, de simplex em simplex, a perda de autoridade dos agentes estatais e, por fim, a desregulamentação total.”