sábado, 29 de setembro de 2007

Aviso aos navegantes

Há alguns dias fiz uma modificação na forma de apresentar a coluna aqui no blog. Antes eu colocava, como título, o dia da semana e deixava todas as notas dentro de um único “post”. Depois da modificação, cada nota da coluna é colocada num “post” separado.

Alguns leitores mais distraídos não perceberam a mudança e estão meio atrapalhados. Lêem apenas a primeira nota e reclamam que “a coluna está muito curtinha”.

Por isso, estou explicando novamente. Se vocês prestarem atenção, verão que, ali em cima, em verde, tem a data. Pois bem, as várias notas correspondentes à coluna de hoje estão colocadas abaixo. Vai rolando a tela e só quando encontrares outra data verdinha dessas é que terminou a coluna de hoje.

Ainda tá confuso? Então escreve aí nos comentários a tua dúvida. Dependendo do tamanho da reclamação, volto ao sistema anterior.

NA PONTA DOS PÉS

[Para ampliar a foto, é só clicar sobre ela]

MONOPÓLIO?

O tema “monopólio dos meios de comunicação” tem sido muito mencionado, nos últimos dias. O Bispo Macedo, ao inaugurar, com a presença de Lula, seu canal noticioso de TV (Record Notícias), usou metáforas de boxe para dizer que vai socar o fígado da Globo até que ela despenque na lona.

E na Assembléia Legislativa, um seminário, na quinta-feira, reunindo pouca gente, pretendia discutir as concessões de rádio e TV. De manhã, por telefone, o procurador da República Celso Três, informou alguns detalhes da ação civil pública que ele e o colega de Itajaí pretendem impetrar contra a RBS, justamente questionando a concentração de propriedade.

Combater o monopólio não será tarefa simples, fácil ou rápida. Basta ver que à noite, na mesma quinta, na mesma Assembléia Legislativa, a RBS era homenageada. Por iniciativa da deputada Ana Paula Lima (PT) a casa reverenciou os 50 anos de existência do grupo. LHS, Pavan, deputados de todos os partidos estavam lá, louvando “a solidariedade e a responsabilidade social sempre inerentes às ações da empresa”.

E tanto no seminário onde se criticou o monopólio, quanto na sessão onde ele foi homenageado, foram citados os mesmos números, que falam por si só: 18 emissoras de TV aberta, três canais para TV a cabo, 26 emissoras de rádio, oito jornais, dois portais e mais de 80 sites de internet, “entre outras empresas e serviços”.

TIM TÁ RINDO À TOA

Meu filho Pedro recebeu, no celular, uma ligação a cobrar: um daqueles trotes de seqüestro. Um rapaz com voz chorosa dizia, “alô, pai…” Ele, que não tem filhos, desligou imediatamente. Três minutos depois, o celular tocou de novo também com um número não identificado e ele não atendeu.

Ingênuo, ligou para a TIM imaginando que a empresa estivesse interessada em registrar o ocorrido, para talvez identificar a origem da ligação. A moça da TIM falou que a única saída era ir à polícia. Ele perguntou:

– A TIM não liga que seus usuários recebam esse tipo de trote?
– Não, senhor.

Claro, quanto mais trote, mais dinheiro a TIM ganha. Afinal, uma das exigências dos falsos seqüestradores quase sempre é que a pessoa compre cartões pré-pagos para celular. Por que a TIM teria interesse em acabar com uma atividade tão lucrativa?

SE FICAR, O BICHO...

Leitores enviaram provocações e questionamentos sobre esse ciclo de palestras que a Assembléia Legislativa está bancando. Uns reclamam por não terem conseguido lugar, outros que a despesa com palestrantes é grande e querem discutir a eficácia disso.

Pois é, quando a Assembléia começou o programa Brasil em Debate eu suspeitei que isso iria acontecer: assim como os poderes públicos são criticados quando não fazem nada, quando fazem alguma coisa também levam cacete. Não tem muita escapatória.

Quanto à lotação, da mesma forma: se sobrasse lugar, porque o palestrante era pouco conhecido ou muito chato, a turma reclamaria. Como falta lugar, porque há muita procura, também reclamam. A saída, nesse caso, seria realizar o evento fora da Assembléia, num auditório maior. Mas aí perderia a característica de levar as pessoas até aquela Casa de Leis.

Ou seja, como em tantas outras atividades, não tem como agradar a todo mundo. Mas, de qualquer maneira, a Assembléia abriu a oportunidade para que muita gente, tanto pessoalmente como pela TVAL, tivesse contato com o jornalista Caco Barcelos, a escritora Lya Luft, o esportista Lars Grael, o navegador Amyr Klink e o designer Hans Donner. Não é pouca coisa, em termos de acesso a alguns dos principais nomes da cultura nacional.

MAIS POLÊMICA
E o próximo palestrante, que estará na Assembléia dia 17 de outubro, será o jornalista Ricardo Noblat. Falará sobre jornalismo on line e o fenômeno dos blogs. O blog dele (www.noblat.com.br) é um dos mais acessados do País e, a julgar pelo que seus críticos dizem, ele tanto é um tucano anti-lula, quanto um petralha lulista. A polêmica sobre o Brasil em Debate, com este novo convidado, provavelmente se manterá acesa. O que não é ruim, para um programa que tem debate no nome.

De qualquer forma, Noblat é um dos principais jornalistas brasileiros, responsável por uma fase brilhante do Correio Braziliense. Na internet, é provavelmente um dos poucos jornalistas que consegue obter seu sustento de um blog.

BEM NA FOTO

O fotógrafo oficial da Presidência, Ricardo Stuckert, tirou essa foto aí ontem, quando Lula visitou as obras da Universidade do ABC, em São Paulo. É um investimento de várias dezenas de milhões de reais, na, por assim dizer, base eleitoral do presidente. Mas taí apenas porque é uma bela foto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O FORMATO DO TEMPO

O designer Hans Donner esteve em Florianópolis fazendo uma palestra na Assembléia Legislativa, dentro do programa Brasil em Debate. Donner ficou famoso no mundo inteiro com seu trabalho para a Rede Globo. Toda a programação visual da emissora, a partir de seu logotipo, foi desenvolvida por ele. São dele também as principais aberturas de novelas e outros programas da Globo.

Na palestra ele, naturalmente, trata de outros temas, extra-Globo. E explica quais são suas principais paixões. Atualmente, os filhos estão no centro das atenções. Mas, há 21 anos, luta para colocar no mercado o relógio Timedimension. A novidade é que, em vez de ponteiros, usa discos onde o degradê cria novas formas a cada segundo. O disco externo marca os minutos, o disco médio as horas, e o pequeno disco central, os segundos. Para olhos e cérebros acostumados aos ponteiros centenários dos relógios, é preciso um tempo para acostumar-se à nova forma de mostrar a passagem do tempo. Nas figuras acima, o relógio. É claro que não tem aqueles números. Coloquei-os ali só para ajudar os mais distraídos a entenderem como é que o relógio marca as horas.


Um acordo com a Microsoft colocou o relógio como um dos “gadgets” do Windows Vista. Para o Windows XP, ele existe como descanso de tela. Os dois podem ser baixados (por usuários com windows original) em www.timedimension.net ou no site da Microsoft. Com isso, o homem que criou o logotipo a que milhões de brasileiros se acostumaram a ver, espera agora que milhões de usuários de computador, no mundo todo, também se habituem com seu relógio.

Donner, como vários estrangeiros (ele é alemão de nascimento e austríaco de criação), vê no Brasil graças e valores que muitos brasileiros não vêem. Por isso, boa parte da sua palestra gira em torno da brasilidade e do amor ao País. Ele fala muito de amor, também. E registra, com insistência e detalhe, as coincidências (ou “sincronicidades”) que ocorrem na sua vida, abrindo-lhe portas e ajudando-o a realizar seus sonhos.

Preocupado com a pouca atenção que os brasileiros dão para seus símbolos fora dos períodos da Copa do Mundo, Donner tem usado bastante as cores e formas da bandeira. Ficou, com razão, muito decepcionado com a recepção hostil que o relógio que ele criou para os 500 anos da Independência do Brasil teve. Claro, os protestos visavam a Rede Globo e, aqui no Sul, também a RBS. Mas o fato é que poucos perceberam que ele colocou o Brasil no centro do mundo. E o que era para ser uma comemoração cívica, acabou indo por água abaixo. “Não era a hora”, afirma.


Na bandeira do Brasil, ele apontou um erro de design, que é óbvio, mas que nunca virou assunto de conversas: a expressão ordem e progresso faz uma curva descendente. Uma das leis do design diz que quando a gente inclina uma linha de texto, ela deve ser ascendente, para facilitar a leitura. No caso do lema da bandeira brasileira, “o progresso está pra baixo”. Ele acha que se corrigir esse erro e acrescentar, ao lema, a palavra amor, o País melhora mais rápido. Ficaria “pra cima”. Acima, a bandeira da esquerda está com o lema na posição oficial. E a da direita é a proposta do Hans Donner.

Update místico: para entrar no jogo da sincronicidade, que o HD tanto aprecia: a coluna de ontem, escrita antes da palestra, abre com uma nota sobre o discurso do Moa, que falava em xenofilia, coisa que Donner comentou bastante, ilustrada por uma foto onde aparece uma bandeira do Brasil estilizada, com a faixa numa posição diferente da habitual. Coincidência?

NA TV ALESC
Horários das reprises da palestra de Hans Donner na TV da Assembléia:

Hoje: 23h56min;
Amanhã, sábado: 18h58min;
Domingo: 20h05min (menos para exceto Florianópolis);
Segunda-feira: 9h56min.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

DÁ-LHE MOA!

O colega Moacir Pereira, ao discursar em nome dos homenageados com o troféu do Sapesc (Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de Santa Catarina), falou sobre a valorização do setor em Santa Catarina. Criticou empresas sediadas aqui que usam agências de outros estados. E foi duro com os bancos, essas dragas:
“A crítica merece ser mais contundente em relação ao sistema bancário e financeiro, esta draga a sugar a economia de nosso povo, sem qualquer contrapartida social, cultural ou comunitária.”
Mas sobrou também para o LHS e sua mania de achar que tudo que vem de fora é melhor, mais bonito e mais chique. E usou, para definir esse vezo, um palavrão: “xenofilia”. Vejam só:
“Respeito os que querem trazer produtores americanos para fazer filmes de faroeste em São Joaquim. Julgo mais importante, contudo, incentivar nossos cineastas a desvendarem os mistérios do grandioso episodio do Contestado, da epopéia garibaldina e o Seival na proclamação da República Juliana, da colossal experiência do carijó Iça-Mirim e sua descendência na nobreza francesa.

Corremos o risco da perda da identidade cultural e com elas da própria cidadania.

Nas livrarias de Florianópolis e de Santa Catarina as vitrines mais vistosas exibem os livros mais vendidos em Londres, Paris e Nova Iorque. Mas as obras de autores catarinenses não se encontram nas prateleiras.

A xenofilia que contamina algumas lideranças de nosso Estado merece reavaliação. Se de um lado é impossível dar as costas para as maravilhas artísticas produzidas lá fora, impõe-se maior atenção aos grupos que enriquecem a cultura regional catarinense, em todas suas manifestações.”
A íntegra do discurso e outras informações sobre a festa podem ser lidas no site www.acontecendoaqui.com.br.

OPERAÇÃO FUTURA

Não tem aquela norma da Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo a qual o estado não pode gastar mais de 49% do orçamento com pessoal? Ela tem um complemento: a partir de 46,55% soam os alarmes. É o tal de “limite prudencial”. O Tribunal de Contas precisa emitir um aviso, ouvem-se buzinas dentro dos cofres e as luzes de emergência ficam piscando.

Pois bem, o Tribunal de Contas do Estado retirou, da conta de gastos com o pessoal, os pensionistas. Não sei bem direito por que, mas imagino que seja uma operação futura: é que eles serão pagos pelo fundo previdenciário que, um dia, se tudo correr bem, existirá.

Bom, já que um dia o fundo esse ficará com essa folha, então por que não retirá-lá já dos encargos? Isso fez com que o governo, por exemplo, em vez de gastar 54% do orçamento com salários (e estourar, portanto, todos os limites da LRF), gaste apenas 41,85% (mesmo assim, segundo informaram na terça, já está em 45%). Vários pontos percentuais somem como se fosse mágica. E é mágica mesmo.

LEI VIRTUAL

A bancada do PP chama a Lei Complementar 254, de 2003, de “lei virtual”. É aquela que dá aumento para a Polícia Militar. Nunca prestei muita atenção, porque achava que era apenas a bancada minoritária esperneando.

Eu sou, além de distraído, lento. Sabia que se tratava de uma lei que aumentava salários “quando houver arrecadação suficiente”, ou coisa parecida. À primeira vista, tudo normal. Mas a ficha acabou caindo: trata-se de mais uma operação futura!

O monstrinho foi criado apesar do que dizem os artigos 16 e 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal: o governo e seus deputados aprovaram uma lei que “garante” uma remuneração baseada numa receita que não se sabe quando ocorrerá, nem se ocorrerá.

Teria sido mais honesto redigir a lei nos seguintes termos:
“toda semana o Ivo Carminatti (ou outro participante do comitê gestor) jogará na mega-sena; e assim que ele for contemplado, dividirá o valor integralmente com todos os praças da PM”.
Pronto, a soldadesca saberia que tem cerca de uma chance em 50 milhões, de ganhar o aumento.

Do jeito que está, não tem como avaliar, matematicamente, as chances da coisa acontecer. É, mesmo, uma lei virtual. Fantasmagórica.

“OHHH, NÃO DEU...”
A afirmação do governo, por intermédio do Secretário da Administração, de que, infelizmente, não será desta vez que sobrará dinheiro para cumprir a promessa expressa na lei virtual, era esperada. O governo sabe (e sabia muito bem na época em que propôs a lei), que não tem como aumentar gastos com o pessoal.

A lei virtual foi uma operação futura com nítida intenção protelatória. À medida em que o tempo passa e o futuro chega, fica claro que a proposta é impossível de cumprir.

HIPOCRISIAS

Enquanto me deliciava com as belas paisagens da Provence, no intelectualizado filme “As férias de Mr. Bean”, e tentava recolher as pipocas que insistiam em cair sobre o cobertor, perguntava para mim mesmo: tem muita hipocrisia na política, né não?

CASO 1 – Vejam o caso da CPMF. Todos os que estão contra agora, estavam na tropa de choque que criou o tributo. Na época, era coisa necessária, a salvação da lavoura... e dos hospitais.

O governo Lula, que tinha sido contra a criação, ao assumir percebeu que, de fato, era um manancial importante de dinheiro. Um jorro refrescante de moedas, que nem nas piscinas do Tio Patinhas teve igual. E em vez de planejar sua extinção a médio ou longo prazo, usando aqueles recursos cada vez menos, colocou o calção, a sunga e o biquini e mergulhou na grana, como se não houvesse amanhã.

Agora, nadando de braçadas, está apavorado: se a fonte secar, morrem todos afogados. A oposição sabe disso: o governo quebra se a CPMF for suspensa de repente. Hipocritamente, faz de conta que não sabe.

Não dá pra ser contra a CPMF só quando não se está no governo. E nada fazer, quando no governo, para livrar o Estado da dependência dessa droga.

CASO 2 – Outra hipocrisia é a história dos pedágios nas estradas. Dizer que a Cide ou outras taxas, impostos ou contribuições são suficientes, é desconhecer como o estado brasileiro funciona. Nada, que não tenha destinação específica estritamente fiscalizada, vai para a finalidade proposta. Foi assim com a CPMF e é assim com toda a dinheirama que deveria ir para as estradas, mas não vai. E, quando vai, perde um percentual assustador nos desvãos da corrupção (muitas vezes num verdadeiro “financiamento público” de campanhas políticas, outra hipocrisia).

As estradas principais, de trânsito rápido, que precisam de manutenção constante e inúmeros ítens de segurança, devem ser pedagiadas. Qual o problema? O preço do pedágio? Deixem de hipocrisia e façam estudos sérios para definir um valor que não mate a galinha dos ovos de ouro.

No mundo todo se consegue fazer essas continhas. Em Londres tem pedágio em vias urbanas. Em Santiago, no Chile, para não ir longe, também tem pedágio nos novos túneis e vias rápidas da área urbana. A França usa dinheiro dos impostos para manter em boas condições as estradas secundárias e as auto-route são pedagiadas. Quem tem tempo ou quer economizar, pode viajar pelas secundárias. Que normalmente têm uma paisagem mais interessante.

SÓ NO MEU?

No fundo de tudo isso, está uma política hipócrita, que não pensa no bem do cidadão: jamais, em tempo algum, algum político brasileiro foi sincero ao pregar redução de impostos. Falam isso nas campanhas políticas, nos discursos de oposição. Mas, uma vez no poder, esquecem-se safadamente de tudo e tratam de encontrar novas formas de aumentar a arrecadação.

Reduzir custos da máquina governamental? Nem pensar. Nem os governos querem, nem os servidores permitem. Esses mesmos que amargam a falta de reajustes e planos de carreira, são os primeiros a colocarem-se contra algum plano de redução de pessoal. Sabem, é claro, que do jeito que está o Estado é inviável. Mas, hipocritamente, preferem manter seus empregos e de seus colegas (até exigindo novos concursos, para admitir mais gente), pressionando o governo para que encontre alguma outra forma de atender as “reivindicações”: com mais impostos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

“ISSO, PRA MIM, É CORRUPÇÃO!”

“A corrupção, no meio político, cada vez é pior. Disse no começo e repito aqui: quem faz a corrupção é o Executivo, que é quem tem a caneta e a mala na mão. E ele é que faz os negócios todos. Como eu falei há pouco: qualquer tipo de acordo que é uma... levando uma vantagem, é uma negociata, é uma corrupção. Citei aqui o caso do Colombo, né, porque, de fato, o Luiz Henrique metia o pau no Jorge Bornhausen, porque era oligarquia e o Colombo metia o pau na descentralização. Que eu concordo. Acho que não descentralizaram a administração, descentralizaram o cabide de emprego. Isso é que foi descentralizado aqui em Santa Catarina. E taí, cada secretaria era negociada com um partido ou com outro. Então, isso pra mim é corrupção. Eu acho que você começa dando exemplo, você que tem um mandato na mão, que tem o poder na mão. Então se nós não mudarmos a cultura brasileira, nós vamos ter muito problema pela frente.”
Transcrição de trecho da participação do ex-deputado Dejandir Dalpasquale (PMDB), no Programa Conversas Cruzadas, da TVCom (canal a cabo, disponível na Grande Florianópolis, do grupo RBS), no último dia 13.

Só ontem ouvi a gravação do programa (parte dele está no youtube, com link abaixo) em que o velho companheiro peemedebista desce o cacete no velho companheiro LHS. Chama a descentralização de corrupção. Diz que a aliança com o PFL foi negociata. E, até onde sei, ninguém reclamou.

Como perguntou o ex-blog do Vieirão (PP): “Se até o Renan Calheiros processa a Veja, por que o LHS, o Colombo e o PFL barriga-verde não processam o Dejandir?”

Não só não processam, como também evitam tocar no assunto. Como se desse pra esconder embaixo do tapete um bode desse tamanho.


[Este vídeo de 2:45 min, que encontrei no You Tube a partir da dica do ex-blog do Vieirão, mostra apenas duas intervenções do Dejandir, extraídas do programa. Não é cópia do programa todo nem tem a participação dos demais convidados.]

CONSENSO E NEGÓCIO

Dalpasquale fala também que os partidos políticos não fazem acordos com o Executivo, “fazem negócios”. E isso, naturalmente, aduba o solo fértil em que a corrupção brota e se desenvolve.

A propósito desses negócios, retirei uma frase do discurso de Lula na ONU, ontem, (que está aí em cima, na foto), onde ele se refere ao tal “consenso democrático”. Claro que ele a usou referindo-se à conjuntura internacional, mas não importa. Supõe-se que a pessoa, ao ler em público um discurso, concorde com o que ele diz.

Pois bem: parece que os governantes têm medo pânico de governar sem que todos estejam a favor. A tal arquitetura política que busca o consenso democrático, tão elegantemente esgrimida por Lula no discurso, é a mesma que faz com que políticos, outrora acreditados, sujem as mãos (e enlameiem a alma) para trazer, para dentro do seu barco, gente que não deveria estar ali. Gente que deveria ser combatida, do alto das tribunas, até que o eleitor tomasse as devidas providências.

Mas não, a descrença na democracia é tal, que não se discutem mais idéias nem propostas (embora toda a propaganda fale em “propostas”): discutem-se preços, cargos, comissões. Faz-se o consenso pela via da corrupção, e o silêncio pela via da cumplicidade.

A CONTA

Pequena notícia auto-explicativa (publicada na Folha de S.Paulo):
“Os 338 deputados federais que votaram a favor da prorrogação da cobrança da CPMF até 2011, na última quarta-feira, tiveram suas emendas ao Orçamento atendidas pelo governo federal em valores que, na média, superaram em 52% o que foi destinado aos 117 deputados que foram contra.”

O PAÍS DO FUTURO

Em dezembro começam, oficialmente, as transmissões da TV Digital. Um dos aspectos mais atrativos do novo sistema, é a alta definição de imagem. E aí tem muita loja vivaldina enganando os trouxas: não basta ter uma TV de plasma ou LCD, para poder usufruir da melhor definição.

É preciso que a TV seja mesmo de alta definição, uma “full HD”, com 1.080 linhas (as TVs atuais têm cerca de 480 linhas). Coisa para mais de R$ 6 mil (claro, a tendência é baixar). Mas não é só. As TVs (todas elas) vão precisar de um decodificador para “entender” os sinais transmitidos. Enquanto não são fabricados aparelhos com o decodificador embutido, é preciso comprar separadamente. O preço ainda não está definido, mas ficará entre R$ 200 e R$ 800.

Portanto, será uma estréia para poucos. Os especialistas acham que só lá pela altura das Olimpíadas é que a coisa começará a esquentar.

Enquanto lia sobre essas novidades tecnológicas, ouvia os resultados de um estudo que mostra que, no Brasil, a classe média empobreceu. Deve ser por isso que estou achando tudo tão caro...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Da série: LHS é fashion

(IN) SEGURANÇA

As cadeias estão superlotadas, as celas nas delegacias idem e o sistema penitenciário está um caos faz tempo. Aí, quando ocorre um crime bárbaro, deputados, senadores e até vereadores correm a tomar “providências urgentes”. Como se o principal problema da segurança pública fosse falta de leis ou de projetos de leis.

O site de notícias políticas Congresso em Foco fez um levantamento sobre o resultado prático daqueles discursos inflamados que ocorreram logo depois dos ataques do PCC em São Paulo (maio de 2006) e da morte do menino João, arrastado por um carro, no Rio (fevereiro 2007).
“Das 35 medidas apontadas como prioritárias por deputados e senadores (...), só duas foram transformadas em lei. Uma tornou falta disciplinar grave o uso de telefone celular por presos e a outra endureceu os critérios para a progressão de pena nos crimes hediondos.”
[Clique aqui para ler a íntegra da reportagem]

As demais medidas, como tantas de outras áreas, sofre de um mal conhecido, genericamente, como “paralisia legislativa”. Mesmo inicativas que não são polêmicas, como a tipificação do seqüestro-relâmpago como crime, não avançaram.

De um lado, o executivo, produzindo medidas provisórias aos borbotões e por qualquer motivo, atravanca a pauta. Do outro, os senadores, ocupados com as estripulias do presidente da Casa, pararam com toda a atividade legislativa propriamente dita. E, como decoração do bolo, o glacê burocrático, que faz os projetos tenham que tramitar lá e cá (aprova na Câmara, vai ao Senado, se houver alguma modificação, volta para a Câmara).

Enquanto isso, o caos se torna crônico na insegurança pública.

COMA PEIXE

O catarinense que está ministro da Pesca de Lula, convocou ontem uma rede nacional obrigatória de rádio e TV para pedir que a população coma mais peixe. Famoso como é, político e administrador conhecido de longa data, é claro que muita gente vai atender ao apelo do... (como é mesmo o nome?) ah, achei no Google: Gregolin.

Fora de brincadeira, um rapaz esforçado, que superou seu mestre (era secretário do Fritsch), deveria saber que existem formas mais eficientes de colocar peixe na mesa do brasileiro, do que usar a si mesmo como garoto-propaganda, banalizando uma instituição que deveria ser reservada a momentos graves e importantes, que é a tal rede obrigatória de rádio e TV.

AGARRADINHOS

Mas pode chamar também de bem-casados ou abraçadinhos. Nunca antes, nesse país, houve tal geléia geral (claro que houve, mas fica mais legal dizer que não): as pencas da tal “base de apoio” são como siri na lata. Puxa um Celso Maldaner, vem uma Ângela Amin, com um Carlito Merss pendurado e, se puxar mais, aparecem, se estapeando e se mordendo, mas bem grudadinhos, Neuto de Conto e Ideli Salvatti. Todos comprometidos com o bem comum. Quem é bem comum? Lula, claro.

CHICO E FRANCISCO

A colunista política Lúcia Hippolito lembrou, a propósito de mensalões tucanos e petistas, um velho ditado popular: “pau que dá em Chico, tem que dar em Francisco”. É o princípio básico da justiça. O País não ficaria de bem consigo mesmo, se expusesse alguns malfeitores e jogasse outros para debaixo do tapete. Mas a verdade é que parece rolar, entre PT e PSDB, um certo amor bandido, de mútua proteção. Ou, pelo menos, de cautela ao apontar o dedo.

PAU NO GNG? QUÉCO?


O leitor e a leitora têm mesmo toda a razão em perguntar-me se terão alguma coisa a ver com essas figurinhas aí em cima. Tecnicamente, são chamadas de “capturas”. Imagens capturadas da tela de um computador. E mostram o site de notícias do governo do estado (dentro do portal www.sc.gov.br) em momentos de pane. Lá embaixo, depois deste texto, uma amostra de como é o site quando está normal. Nele são apresentadas as notícias oficiais, em texto e fotos.

[Para ir até o site sobre o qual estamos falando, basta clicar aqui.]

O governo usa (na área de notícias) um programa, que não sei se foi desenvolvido pelo Ciasc ou por outra empresa, chamado GNG, sigla (acho) de “gerenciamento de notícias do governo”, que é o que o programa faz.

De vez em quando, a coisa engripa. Nas últimas vezes em que encontrei a coisa pifada, fiz essas “capturas” de tela, para comprovar que o site, naquele momento, não estava normal.

Aí estão panes que ocorreram nos dias 17, 18 e ontem. Em defesa dos técnicos do Ciasc, devo dizer que em pelo menos duas ocasiões foram panes relativamente rápidas. Só deram azar de acontecer justamente no momento em que eu ia acessar o site, em busca das fantásticas fotos do LHS (como a que abre os posts desta terça-feira).

Não é coisa grave, qualquer site de internet cuja atualização é feita por muita gente, está sujeito a isso. Mas a repetição do problema deveria colocar, na testa do moderníssimo e tecnológico governo LHS, pelo menos algumas rugas de preocupação sobre a capacidade (do Ciasc ou de quem esteja envolvido nisso), de avançar no tal projeto de governo eletrônico.

E, por falar em tecnologia emperrada: alguém sabe a quantas anda a implantação do Diário Oficial On Line?.

sábado, 22 de setembro de 2007

DÁ PRA ENCARAR?

Esta coluna de hoje vai parecer meio esquisita para os leitores de Itajaí, que já usam a bicicleta de montão. É uma cidade saudável, com um povo que não se aperta: qualquer coisa, pega a zica e se manda. Homens, mulheres, velhos, gurizada, gente grávida, gorda, magra, não importa: a turma, para muitas coisas, não depende nem de carro, nem de busão.

Mas em Florianópolis a coisa é bem diferente. A bicicleta, que na minha juventude era uma companheira inseparável, foi perdendo espaço nas ruas e na cultura. Claro que o fato da cidade não ser plana como Itajaí também ajuda a atrapalhar, mas hoje, com as marchas, as ladeiras já não são os mesmos dramas de antes.

Atravessar a ponte Hercílio Luz de bicicleta era uma aventura deliciosa. Aventura mesmo, porque a passarela de pedestres, com piso de ripas de madeira, deixava ver o mar lá embaixo. E a ponte, pênsil, tinha também o seu balanço. Entre a passarela e a pista dos automóveis, uma mureta de metal, mas também um vazio. E o marzão a dezenas de metros. Medão. Atualmente o pessoal fala “adrenalina”.

Hoje é mais um daqueles tais dias em que as prefeituras e ongs tentam fazer com que as pessoas pensem um pouco sobre a insanidade (em todos os sentidos) disso tudo. Coisa especialmente complicada numa das cidades com pior transporte coletivo e maior número de veículos motorizados por pessoa, que é a nossa capital.

Ao longo dos anos, os vereadores e prefeitos só pensam em “adensar” a ocupação da Ilha, de olho no IPTU e em outras rendas, sem fornecer, aos “adensados”, meios de locomoção. As ruas são as mesmas de 50 anos atrás, quando a gente sabia, pelo ronco do motor, de quem era o carro: “o Dr. Mário Costa passou hoje aqui na rua, de Gordini”. E o leite era distribuído de carrocinha puxada por um cavalo que sabia de cor onde deveria parar.

Entupiram tudo de carros. E há quem ponha a culpa nos proprietários dos automóveis. Em Florianópolis isso não é justo: como é que a gente vai se movimentar? O taxi é caro e geralmente mal conduzido. Os ônibus dão raiva. Metrô, bonde e barco só existem nos discursos políticos de véspera de eleição. As ciclovias são precárias, mas não custa lembrar que um sujeito que não anda de bicicleta desde os 25, não terá condições, aos 50, de deixar o carro e sair de bicicleta morro acima.

A propósito, vi um cartaz bem legal, da prefeitura de Bogotá (Colômbia), sobre o que seria uma cidade inteligente. Mostra três fotos, de uma mesma rua, onde 150 pessoas tentam se mover. Na primeira, dentro de automóveis (“a cidade de poucos”): a rua fica completamente engarrafada, até onde a vista alcança. Na segunda, de ônibus (“a cidade de muitos”). Tem só um ônibus, dos grandões, na rua. E na terceira, eles estão a pé (“a cidade de todos”) e ocupam também um pequeno espaço da rua. A campanha pretende mostrar formas mais humanas e solidárias de utilizar o espaço urbano. Taí, embaixo, ó.



BÔNUS DE FINAL DE SEMANA


Como o DIARINHO ainda não tem som e movimento, não mostrei lá este filminho de propaganda da prefeitura. Sim, propaganda bem feitinha (da Neovox, não tem?) mostrando que coisa maravilhosa que é o elevado do funil. Não fala no funil, é claro, mas, a bem da verdade, mostra uma fila única de carros e ônibus saindo dele. Depois de ver o filme, eu fiquei pensando que coisa maravilhosa é a propaganda. Dá de dez a zero na realidade.

BESC MIRAMAR

Alguém aí ainda tem alguma ilusão sobre a forma como o BESC será incorporado pelo Banco do Brasil? Alguém aí acha que o bancão vai manter, só como atração turística, o banquinho?

Lembram do Miramar? Vai ser a mesma coisa. Quando a gente estiver distraído eles trocam as placas na fachada das agências e pronto. Depois, antes ou durante, provavelmente acontecerá o que o Dieese está prevendo: fechamento de agências (pra evitar duplicações) e dispensa de funcionários. Nada excepcional, coisa corriqueira num mundo capitalista.

O AMOR É LINDO

O Rei da Venezuela, candidato a Imperador de las Américas, Chavez I, El Magnifico, recebeu Lula em Manaus para abraços protocolares, beijinhos carinhosos e palavras de estímulo. Para não perder a viagem, Chavez voltou a falar mal do Congresso brasileiro. Em solo brasileiro e na frente de Lula.

Essas coisas de soberania a gente aprende em casa. Eu posso achar o meu irmão um caco. Mas se o vizinho disser um ai contra ele, leva um cascudo na hora. O nosso Congresso não é lá essas coisas, mas é nosso. E estamos tentando lavar nossa roupa suja do jeito que podemos. Não tem nada que deixar o tiranete da camisa vermelha cagar sentença dentro da nossa casa.

E o Lula, quieto. Francamente!

NÃO DÁ PRA ENTENDER

O ex-deputado Dejandir Dalpasquale, sempre que pode, desce o cacete no seu colega de partido, LHS, afirmando, em voz alta, coisas que normalmente só se fala sussurrando, com a porta fechada. O PMDB minimiza o assunto, dizendo que se trata de uma rixa pessoal entre Dejandir e LHS.

Pessoal ou não, o fato é que alguém, de dentro do partido do governo, jogou lama (ou seria outra coisa?) no governador e respingou num monte de gente. E aí? Não será processado por calúnia e obrigado a se desdizer? Não é tudo mentira e invencionice delirante?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

HAJA VARA

Esta é a história de Florianópolis: os idiotas destroem a cidade e depois, quando são pegos, reclamam dos “entraves ambientais”. Não que vá recuperar o espaço, o tempo e a qualidade de vida perdida, mas a decisão tomada durante audiência na Vara Ambiental soa como música para os ouvidos e olhos cansados, dos manezinhos que não agüentam mais ver os espertalhões se darem bem às custas do que outrora foi uma cidade maravilhosa. Aos recém-chegados é preciso dizer: se hoje, depois de toda “m” que fizeram, ainda é bonitona, imagina se tivesse sido tratada com cuidado...

Em resumo, o juiz Zenildo Bodnar mandou parar tudo, no Santa Mônica, para que seja feito um levantamento completo do tamanho do prejuízo. Enquanto isso, nenhuma autorização poderá ser dada se não for dentro dos parâmetros definidos no Plano Diretor de 1997. E mandou a prefeitura avisar desse embargo, colocando placas nos dois extremos da Av. Madre Benvenuta.

Este caso de alteração de zoneamento no Santa Mônica é típico da esculhambação reinante em alguns órgãos da prefeitura e na cabeça de alguns vereadores, resultado da promiscuidade entre os agentes públicos, sedentos por uma graninha extra e os empresários “espertos”, confiantes na impunidade.

Um dos relatos mais completos deste imbroglio está no site “A política como ela é”, o ex-blog do Vieirão (vieirao.com.br). Apesar de ser um site declaradamente pepista, consegue expor os fatos sem corromper a essência da informação. Vale a pena ir até lá, porque é uma história comprida, que não cabe inteira aqui.

CPMF A TODA

Na primeira batalha, o governo ganhou e a gente perdeu. A primeira votação na Câmara foi pela prorrogação da praga. Ainda terão outras votações, mas só pra gente ir acompanhando, aí está o voto dos ilustres deputados e deputada catarinenses. Sem surpresas, os votos sim são todos de partidos da base de apoio do Lula e os votos não, da oposição.

Angela Amin (PP): Sim
João Pizzolatti (PP): Sim
Zonta (PP): Sim

Carlito Merss (PT): Sim
Décio Lima (PT): Sim
Vignatti (PT): Sim

Celso Maldaner (PMDB): Sim
Edinho Bez (PMDB): Sim
João Matos (PMDB): Sim
Valdir Colatto (PMDB): Sim

Djalma Berger (PSB): Sim

Nelson Goetten (PR): Sim

Fernando Coruja (PPS): Não

Gervásio Silva (PSDB): Não

José Carlos Vieira (DEM): Não
Paulo Bornhausen (DEM): Não

JND EM NOVA FASE

O jornal Notícias do Dia (que circula em Florianópolis e Joinville) estréia, na próxima terça, sua segunda fase. Nascido com aquela cara “popular” espantada que o Hora (da RBS) também tem, o diário do grupo Petrelli (Rede SC) vai mexer tanto no seu projeto gráfico, quanto no projeto editorial.

O novo projeto nasceu da experiência realizada, na edição de Joinville, pelo ex-diretor de redação de A Notícia, Luís Meneghim. Distanciando-se da condução dada ao jornal pelo editor de Florianópolis, Paulo Arenhardt, pelo jeito Meneghim teve, lá, mais sucesso que aqui.

A partir de terça, então, será possível ver o que o Meneghim, que é desde segunda o todo-poderoso das duas redações, entende por um jornal “um pouco menos popular”. Esta semana o Mauro Geres (ex-AN Capital), com quem Meneghim trabalhou por uns 15 anos, assumiu como chefe de redação do “novo jornal”.

Paulo Arenhardt está fora do projeto. Desde que sua licença não remunerada na Assembléia terminou, Paulo vinha fazendo dupla jornada e, segundo ele mesmo relata, andava cansado. Cumpria horário na coordenadoria de eventos da Assembléia das 7 às 13h e depois ia para o jornal, onde ficava até o fechamento, à noite.

OCUPANDO ESPAÇOS
Conheço o Luís Meneghim desde a década de 80, quando ele já era editor-chefe de A Notícia e eu assumi a edição do jornal O Estado. Eram os dois maiores jornais de circulação estadual, que estavam recebendo um concorrente de peso, o Diário Catarinense. Era inevitável que trocássemos figurinhas.

Começamos a conversar, também, porque o editor-chefe é uma criatura muito mal compreendida e não raro injustiçada, como recheio de um sanduíche difícil de administrar: a turma da redação vive falando mal e o donos do jornal também. É crítica de cima e de baixo. Uma vez, sugeri a ele que deveríamos fundar um sindicato.

O crescimento do Meneghim dentro do grupo Petrelli é positivo em vários sentidos. Primeiro, porque o grupo, reconhecidamente, não tinha expertise em mídia impressa. Entrou meio com a cara e a coragem. Mas, pelo jeito, aprendeu rápido que chefiar redações não é coisa para amadores.

A idéia do Meneghim é fazer algumas alterações no projeto editorial para que o jornal ocupe, em Florianópolis, o espaço, ainda não preenchido, do jornal O Estado. E, naturalmente, em Joinville, os espaços que a transformação de A Notícia em veículo RBS, abriu.

MERCADO APERTADO
O mercado publicitário, ao que parece, não estava dando, ao Notícias do Dia, o suporte desejado. Como motor das mudanças, estaria o desejo, dos Petrelli, de poderem qualificar seu veículo como hospedeiro de clientes não tão “populares”. No fundo, é o velho preconceito contra jornais que não seguem o padrão, que o DIARINHO conhece tão bem e que enfrentou e venceu com exemplar galhardia.

E, ao longe, de sua sede nos pampas, o grande polvo multitentacular espreita, com certeza atento aos menores movimentos dos independentes.

O IMPÉRIO AVANÇA
Por falar nisso, a nova diretoria do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de Santa Catarina, que foi eleita na segunda-feira, em Joinville, mostra bem como está ficando a correlação de forças nesta área. O presidente será Marcos Barboza, do Diário Catarinense (RBS). A diretoria tem, contando com ele, 16 membros. Destes, seis representam veículos da RBS (DC, A Notícia, JSC e dois da própria RBS). Os outros dez representam, cada um, um veículo.

Teoricamente esses “pequenos” estão em maioria, mas levando em conta que poderá ocorrer alguma divisão entre eles e que a “bancada” da RBS, além de ter a presidência e a tesouraria, age em bloco, dá para ter uma idéia da força que eles terão neste sindicato. Cuja função mais visível é negociar, com o Sindicato dos Jornalistas, os acordos (e desacordos) das campanhas salariais.

ESSE RENAN...

O inesquecível Renan Calheiros se encarrega, ele mesmo, de adicionar suspense e terror ao nosso dia-a-dia. A colunista Lúcia Hippolito disse que estava muito preocupada com uma coisa que o inenarrável Renan falou ontem à tarde:
“Não estou preocupado com a apresentação da terceira representação, nem com a quarta, com a quinta, com a sexta [representações]... Eu sou inocente.”
Como assim? Perguntamos todos. Será que ele está nos avisando que vem mais bomba por aí? Irá, de fato, transformar-se no interminável Renan?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

VAI TUDO MUITO BEM

A foto acima consegue, com rara felicidade, sintetizar o estado de espírito dos governos estadual e federal (se clicar sobre a foto, abre-se uma ampliação). Tudo está correndo às mil maravilhas. A principal pedra no sapato do LHS, que era a falta completa de caixa, parece que foi retirada, com a negociação em que o BESC, que era um banco federal, passou a ser... um banco federal.

Não tem importância se vocês, como eu, não tenham entendido direito alguns detalhes (ou todos). O fato é que provavelmente o governo vai voltar a pagar seus fornecedores e repor os fundos dos fundos que foram descentralizados para socorrer emergências urgentes. A vida administrativo-financeira do governo voltará à normalidade.

Hum... tem um baiacu aqui do meu lado resmungando que não vai ser bem assim, que a grana é curta, que tem outras prioridades. Não lhe darei ouvidos. Prefiro acreditar no que a foto mostra: ninguém riria tanto e tão animadamente, se não tivesse bons motivos.

CPMF COM MANTEGA
Naturalmente, o governo federal, na foto representado pelo ministro da Fazenda, Pão com Mantega e pela líder do governo no Senado, Ideli Salva-te se Puderes, também enfrenta um período de águas calmas. Calmíssimas.

Aos poucos, as resistências à CPMF vão sendo vencidas, com as concessões habituais e o “atendimento aos justos pleitos da base”. Base na qual, não temos a menor dúvida, se inclui o governador LHS. As rusgas locais, segundo ele, são de responsabilidade do PT estadual (que, por falar nisso, também incomoda a senadora).

O Renan é capítulo passado (ontem Lula o esnobou, deu-lhe um chá de cadeira e depois atendeu-o por escassos 15 minutos), um morto-vivo que deve as calças, a cadeira e a cabeça a Lula. E o ministro Genro não é Parente vai a Mônaco, fazer uma fezinha no tribunal ao lado do cassino, pra ver se traz, numa bandeja, a cabeça do Cacciola. Um troféu a mais, nesta ilha de tranqüilidade.

ÁREA DE PRESERVAÇÃO

Taí uma ótima oportunidade, pra turma que reclama sem conhecer direito o assunto, se informar melhor. A Vara Federal Ambiental de Florianópolis, da Justiça Federal, promove hoje a 4ª Palestra Educacional sobre Meio Ambiente. A convidada desta edição será a procuradora da República Analúcia Hartmann (foto), do Ministério Público Federal. Ela vai falar sobre “A proteção ambiental das áreas de preservação permanente”. Vai explicar por que essas áreas, e em especial a mata atlântica, precisam ser protegidas. Bom também para conhecer melhor o pensamento da procuradora. Será às 18h, no auditório (rua Arcipreste Paiva, 107, Centro), com entrada franca.

CANTINHO DA MEMÓRIA

“Uma capital centralizadora”

No dia 19 de junho de 1975, o jornal O Estado (que na época era o maior jornal de circulação estadual, mas tinha sua sede e suas raízes profundamente fincadas em Florianópolis), publicou, na página 3, com um certo destaque, o resumo de uma “entrevista concedida ontem à imprensa de Joinville”. Nela, o então deputado LHS dizia que SC precisava de uma nova capital, porque Florianópolis não servia.

Bom, para quem achava que a história de que “LHS não gosta de Florianópolis” tinha surgido do nada, inventada por alguém, a matéria serve para mostrar o momento em que, provavelmente, essa “lenda urbana” começava a nascer e tomar forma.

E, ao defender “uma capital centralizadora das atividades de Santa Catarina”, LHS parecia achar um absurdo o fato de SC não ter, a exemplo de seus vizinhos, uma metrópole como capital. E ser, assim, um estado tão “descentralizado”.

É lógico que, em 32 anos, as pessoas mudam de opinião, revêem posições e conceitos. LHS, por exemplo, que defendia a centralização até geográfica da capital, parece que desistiu da idéia e agora defende a descentralização. Embora continue achando que Florianópolis não é o local ideal para a sede do governo. Tanto que criou umas 36 sub-capitais. Isto, no fundo, no fundo, não deixa de ser uma forma de mudar a capital.

Leia, abaixo do recorte, a transcrição integral da notícia de O Estado (Publicada na pg 3 do nº 18.049, de 19/6/1975).

Oposição não quer Florianópolis como capital

Joinville (Sucursal) – Em entrevista concedida ontem à imprensa de Joinville o deputado Luiz Henrique da Silveira anunciou que a bancada do MDB na Assembléia Legislativa deverá desencadear uma campanha visando transferir a capital do Estado de Florianópolis para uma cidade interiorana, “que centralize as comunicações com outras cidades, não isolando-as, como acontece atualmente”.

O parlamentar justificou a proposição, dizendo que os habitantes da região Sul torcem pelo Internacional e pelo Grêmio, “são mais gaúchos que catarinenses; os serranos e grande parte dos habitantes do Oeste são um misto de paranaenses e gaúchos, torcendo pelo Coritiba e Atlético e usando trajes típicos do Paraná”.

– O que se necessita na verdade – disse o deputado Luiz Henrique – é se ter uma capital centralizadora das atividades de Santa Catarina.

Não informou, entretanto, quando a bancada da Oposição na Assembléia pretende desencadear a campanha, nem citou locais possíveis de se transformar em Capital do Estado, assinalando, no entanto, que “já está na hora de se levantar a tese da mudança. Florianópolis, como sede de governo, está mal localizada e não atende as necessidades do povo catarinense”.

– Santa Catarina – finalizou o deputado – é na realidade um Estado com três capitais: uma localizada no litoral (Florianópolis), outra no Norte e a terceira no Sul.

Legenda da foto: Luiz Henrique acha que, de fato, o Estado tem três capitais.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

AINDA O FUNIL

Amigo que é engenheiro, especialista em rodovias, mandou uma cartinha bem humorada, a respeito do elevado do Itacorubi. Aquele que começa com duas pistas e ali, naquele trecho que aparece na foto acima (tirada no dia da inauguração), vai estreitando até ficar em uma pista só.
“Tem uma história sobre obras rodoviárias que é a seguinte: quando da inauguração da Rodovia dos Bandeirantes, em S.Paulo, os empreiteiros nacionais convidaram um colega americano para conhecer a obra. Após a visita, pediram ao gringo a sua opínião e ele disse: ‘se eu fizer uma obra como esta nos Estados Unidos, vou preso no dia seguinte’. É o que deveria acontecer com aqueles que projetaram e construíram o tal viaduto do funil. Pena que a lei proíba dar nome a pessoas vivas, mas esta obra merecia ser chamada ‘Viaduto Alcaide Dário Berger’. É bem a cara do nosso prefeito.”

ESTRADAS RUINS

Não há a menor dúvida que o problema do viaduto do funil, perto de tantas outras desgraças, chega a parecer pequeno. A CNT (Confederação Nacional dos Transportes) fez um estudo sobre a situação da estradas brasileiras, que mostra que 75% dos 84 mil quilômetros pesquisados em 2006, tem algum tipo de problema grave. No país todo, menos de 11% das rodovias podem ser consideradas excelentes. Isto que temos um sistema de transporte predominantemente rodoviário.

Nas cidades, lembra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), a contribuição brasileira para resolver os engarrafamentos não é investimento em transporte de massa, como o metrô, mas o mototaxi, que nos aproxima de Bancoc e Saigon e nos afasta de Buenos Aires, Santiago, Paris, Nova Iorque...

PP MULTIMÍDIA

O deputado Joares Ponticelli (PP) resolveu usar o ex-deputado Dejandir Dalpasqualle (PMDB), pra bater no governo. Colocou o próprio Dejandir para falar, nos telões da Assembléia (foto acima). Reproduziu aquela entrevista-bomba, que o peemedebista rebelde deu à TV Com (RBS). Aquela mesmo, onde Dejandir fala sobre corrupção, diz que “quem corrompe é o executivo” e dispara sua metralhadora em várias direções, dos cabides da descentralização à mudança de posição do Raimundo Colombo.

A história é antiga, de enredo conhecido (sabemos que não vai dar em nada, como até agora não deu), mas não deixa de ser divertido ver o PMDB fazendo oposição. A si mesmo.

DEIXA A ÁGUA ROLAR...

Ontem mostrei aqui um estudo sobre domicílios ligados a redes de água tratada, onde SC aparece com números piores que PR e RS. Pois um leitor, o Silmar Neckel, levantou uma questão bem interessante a respeito:
“Não tire conclusões precipitadas meu caro César. Você é urbano, nasceu e viveu ‘toda.a.vida’ em centros urbanos. Sou do interior, área rural de um município do interior. Grão Pará, mais precisamente. Vim para Florianópolis estudar e meu condomínio não utiliza água tratada. Temos uma fonte aqui dentro. Meus pais estão ainda lá na roça e não trocam, por qualquer dinheiro do mundo, a água canalizada direto da nascente, ‘na grota’, do meio do mato. É água mineral que custa R$ 2,00/l nos mercados por aqui.

Pelo perfil de SC, garantido que desses 20 ou 30% sem água tratada, pelo menos 80% nem querem a água clorada da casan ou das samaes por aí afora.”

PARENTADA

Por falar em cabide, o Ministério Público de Santa Catarina está informando que 61 prefeituras e 54 Câmaras de Vereadores já se comprometeram a moralizar a farra da família no poder. Conhecido nos círculos letrados como “nepotismo”, esse hábito de reunir a família em torno das tetas onde jorra dinheiro público, é muito comum e difícil de combater.

Pra mostrar que a coisa é pra valer, foram ainda propostas 22 ações civis públicas contra prefeituras e sete contra Câmaras de Vereadores. O mais interessante é a força que eles fazem pra manter a ninhada junta. O argumento mais comum é que “a turma é muito competente, e tudo de confiança”.

Pocavergonha!

RECEPTADORES

Tem uma coisa que eu, do mais fundo da minha ignorância, nunca consegui entender: por que não se faz alguma coisa contra essa bandidagem estabelecida, que compra fio de cobre, metal roubado e tantas outras “sucatas”, em geral fornecidas por ladrões e assaltantes?

A existência dessas “lojas” que compram sem fazer perguntas, alimenta todo um ciclo de crimes e criminosos, aparentemente sem que ninguém os incomode.

Mas ontem a Assembléia Legislativa de Santa Catarina aprovou uma Lei que pode atrapalhar ou dificultar um pouco esse “comércio”: os estabelecimentos comerciais que comprem materiais usados para revenda, terão que identificar as pessoas de quem compraram a muamba, digo, os metais.

E devem manter um cadastro com os dados dos vendedores, para ser apresentado à polícia ou a outras autoridades, sempre que solicitado.

Resta saber como será isso na prática. Porque, na certa, alguns desmanches e ferro-velhos fazem parte do esquema criminoso e encontrarão um jeito de fraudar o cadastro. E os que são negócios honestos poderão ser pressionados, pelos criminosos, a manter um cadastro falso de vendedores ou não registrar todas as compras.

CIDADÃ IDELI

Temerosa e precavida, a paulista Ideli, senadora por Santa Catarina, suspendeu a solenidade da próxima segunda, onde receberia, da Alesc, o título de cidadã catarinense. Deve ter avaliado que a festa poderia sofrer algum tipo de embaçamento, por causa do affair público que ela teve com o senador Renan.

Imagina... o povo catarinense não se surpreende mais com o jeitinho pitbull de ser da senadora. Afinal, já a conhece há tanto tempo...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A BOCHA

O vice-governador Pavan anda muito incomodado com as visitas freqüentes do ex-governador Amin a Balneário Camboriú. Para mostrar que ali quem ainda cisca é ele, deixou-se fotografar jogando bocha, “esporte que pratica desde guri”, segundo conta, orgulhosa, a assessoria.

Assim como alguns lances na eleição de 2006 foram feitos de olho na disputa municipal de 2008, as jogadas de agora estão sendo feitas preparando o campo para 2010. E será interessante ver como o especialista em bocha Leonel Pavan, enfrentará o especialista em dominó (e truco?), Esperidião Amin, nas jogadas que serão travadas na, como diz o JC, Maravilha do Atlântico.

Correndo por fora, só pra contrariar, um cantor sertanejo brusquense também quer tirar uma lasquinha do patrimônio eleitoral que Pavan e sua turma construíram. Não vai ser fácil manter a pose.

JOÃO DA BEGA

Chegou a vez do vereador João da Bega começar a se explicar, sobre o exercício de um cargo na Casan e a vereança, simultaneamente. Ele jura que está amparado em todas as leis possíveis e imagináveis. E alega que o único impedimento seria se o horário não fosse compatível.

“Não se pode impedir ninguém de trabalhar”, diz ele. E, pelo jeito, nem impedir de ganhar mais graninha pública, de outras fontes, acrescento eu.

Já os promotores, encontraram uma porção de irregularidades. Sem surpresas e até rimando, João da Bega aos cargos se apega. E busca as brechas da lei para continuar a sua colheita.

HOSPITAL VITA

Nesta quarta-feira o juiz Zenildo Bodnar ficará frente-a-frente com vereadores da capital, para uma audiência a respeito da chamada “lei do hospital Vita”, a LC 250/06.

O assunto fez parte do cardápio da operação Moeda Verde e pode ser resumido mais ou menos assim: pra permitir a construção do hospital Vita no bairro Santa Mônica, foram feitas modificações dirigidas no Plano Diretor. Uma das modificações pegou carona numa alteração de zoneamento (legítima, até onde se sabe), proposta para a Trindade.

É mais uma “obra” da administração Juju e Marcílio (com participação de outros edis, é bom não esquecer), que a partir de quarta começa a ser melhor examinada.

No sábado, por falar nele, o ex-presidente da Santur e ex-vereador Marcílio Ávila foi almoçar no restaurante Grelhados, no Santa Mônica. Eu estava lá e pude testemunhar que ninguém o vaiou, mas também não pediram autógrafos.

CONTINHA PARA VOCÊ

Lembram daquele filminho que desencadeou a sucessão de escândalos do mensalão? Aquele em que um diretor dos Correios recebia umas merrecas pra fazer não sei o quê em favor não sei de quem?

Pois é, até hoje não deram jeito nos Correios, que continua, como Furnas e tantas outras apetitosas empresas públicas, loteado para a “base de apoio”. Agora os trabalhadores entraram novamente em greve (sempre tem alguma categoria federal em greve).

Como sempre, quem vai pagar a conta somos nós. Tanto diretamente, com algum aumento de tarifa ou repasse de imposto, quanto indiretamente, com o atraso das contas que deveriam chegar pelo correio.

Os outros roubam, eles entram em greve e nós pagamos. Tem sido assim há algum tempo e pelo jeito vai continuar. Quando um é demitido, preso ou processado, outro, do mesmo naipe, matiz e odor, assume o lugar. Não faz nada para resolver os problemas existentes na empresa, emprega os amigos, reclama das acusações injustas e, naturalmente, pede mais verba.

PAI DO MENSALÃO

Os lulistas não andam com muita sorte. Viviam dizendo que era injusto falar em mensalão sem falar no senador tucano Eduardo Azeredo. E até diziam que a grande imprensa ocultava marotamente o caso, para se concentrar apenas na turma do Zé Dirceu.

Pois o Ministério Público começa a puxar o fio da meada daquele que é considerado o “pai do mensalão” e olha só quem veio junto, na primeira fieira? O ministro de Lula, Walfrido Mares Guia. Tá certo que, se bem apurada, a história vai chegar até o Aecinho (e cerca de 160 políticos mineiros).

A história está na revista IstoÉ que começou a circular no final de semana. Ao manter o Eduardo Azeredo na presidência do partido e não exigir investigações, quando surgiram as primeiras denúncias, o PSDB não só deixou passar o cavalo da História, como apeou do alazão oposicionista e perdeu a chance de ir pra cima de Lula.

A Veja, por sua vez, traz a nova quadrilha do Zé Dirceu. Para quem gosta de se defender acusando o outro lado, tá um prato cheio.

SEM SEGREDO

Os petistas estão dando pulinhos: foi de senadores petistas a iniciativa de propor o voto aberto nas votações da Casa. Mas o projeto parou por dois anos (e ninguém se empenhou muito) e tem gente que, na época, votou contra, mas agora acusa o PT de defender o voto secreto.

SANTA CATARINA E A FALTA D’ÁGUA

O gráfico acima (que agora é chamado de “infográfico”) foi distribuído ontem pela Agência Brasil, a agência oficial de notícias do governo federal. Mostra como está a situação de abastecimento de água. No total, o país tinha, em 2006, 83,2% dos seus domicílios atendidos pela rede geral de abastecimento. Em 2005 eram 82,3%.

O que me chamou a atenção foi o fato de que, no Sul maravilha e no Sudeste ensolarado, um pequeno estado destoa. Enquanto a maioria dos estados dessas regiões está com apenas 10 a 20% dos domicílios sem água (e São Paulo tem menos de 10%), em Santa Catarina, ora vejam só, 20 a 30% das casas não tem água tratada. É o mesmo índice do Piauí, da Bahia, de Tocantins, do Ceará...

[Como em toda ilustração deste blog, é só clicar sobre ela que se abre uma ampliação]

sábado, 15 de setembro de 2007

Leitura de final de semana

*Embora pareça, esta não é a redação do DIARINHO:
é do jornal “20 minutos”, de Madri, na Espanha


De uns tempos para cá, tem surgido um debate apaixonado sobre uma tal de “mídia conservadora e golpista”, que estaria a serviço das “elites brancas separatistas” e trabalhando contra o sucesso do operário nordestino que dirige este País.

Tenho falado nisso meio de passagem, como ontem, quando comentei o ridículo artigo do Paulo Henrique Amorim. Mas nem todos os que vêem os defeitos da grande imprensa (que muitas vezes são reproduzidos pela pequena imprensa), devem ser ignorados. Há gente que sabe argumentar e que levanta pontos realmente importantes, que devem ser considerados.

O Luiz Lanzetta, que é um velho amigo e um jornalista experiente no trato com jornais e jornalistas do eixo Rio-Sampa-Brasília, acha que a “mídia” errou bastante na cobertura:
“Como fez em várias outras, desde a campanha das diretas já, que não foi cobertura jornalística, foi campanha mesmo. Fez-se o leitor acreditar que havia grande chance de mudar a constituição, quando nunca houve votos, em nenhum momento, suficientes para isto. A mídia relevou muitos fatos notórios sobre o caso Renan porque contrariavam a pauta. Ninguém pesou o discurso “contra” da Heloisa Helena, que não tinha nada que estar lá. Na verdade, ela foi o grande libelo a favor do Renan. Não existe ninguém mais anti-Senado que ela. E ninguém tão “alagoas” quanto ela, para confirmar a tese de Renan: o caso é picuinha da politica provinciana."
O veterano Luís Nassif, num artigo publicado ontem em seu blog, critica a falta de abrangência e profundidade das coberturas jornalísticas. Focados no escândalo da hora, os jornais esquecem-se das lições básicas de reportagem e, segundo Nassif, “desperdiçam os escândalos”. Cita como exemplo o caso da outorga das concessões de rádio e TV (que são mencionadas no escândalo principal, do Renan). Ele acha que a partir daí poderiam surgir reportagens sobre quem deu os “presentes” a tantos políticos, em tantas ocasiões. Em Maceió mesmo, uma das TVs é do deputado Tomaz Nonô (DEM).

Ao não aprofundar a cobertura, ao deixar passar pautas só porque não atingem diretamente o alvo do momento, a mídia desvaloriza-se e torna-se, por sua vez, presa fácil das críticas que vem sofrendo.

Embora exista um contingente de fanáticos, que defende com ganas de torcedor de futebol tudo que possa, mesmo de longe, significar ameaça à hegemonia lulista, muitos dos críticos da mídia são igualmente críticos com relação ao governo. E gostariam de ver jornais e TVs atuando com maior competência justamente para que cumpram seu papel de ajudar a colocar as coisas em pratos limpos.

Embora os jornais errem, nem sempre erram propositadamente. Não existe a mão malévola que os fanáticos enxergam, direcionando a forma como os jornalistas trabalham. Pesa mais, às vezes, o excesso de trabalho, a pressão do relógio e a inexperiência das chefias.

VIADUTO DO FUNIL

Seria até engraçado, se não fosse uma trágica demonstração de incompetência gerencial. E se eu fosse do Crea (o Conselho dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos) abriria imediata investigação: a população mais distraída vai pensar que fizeram uma coisa meia boca, porque a “engenharia” da capital não estaria em condições de planejar e executar uma coisa bem feitinha.

Claro, não faltará quem ponha a culpa no MPF, nos ecochatos, nos entraves ambientais. E faltará quem demonstre, afinal, como foi engendrado aquele funil. Deve ter sido feito da mesma forma que a lei da hotelaria: “o que vocês decidirem aí está bem pra mim”.

Tomara que os pessimistas estejam errados, mas que leva jeito do engarrafamento só ter sido transferido de lugar, lá isso leva. Um funil... que coisa!

Ah, e sobre o nome do viaduto, leitores mandaram algumas sugestões: Charles Edgar Moritz, Cláudio Alvim Barbosa (Zininho) e Antônio Henrique Bulcão Vianna. Mas, como será conhecido mesmo como viaduto do funil, talvez seja melhor não comprometer o nome de florianopolitanos ilustres.

UPDATE DO DOMINGO
Pra quem não está em Florianópolis ou mesmo pros manezinhos que não estão entendendo direito o que quer dizer um viaduto que termina num funil, coloco aqui um filminho tosco, feito ainda há pouco, que dá uma idéia melhor.



E o vereador Guilherme Grillo (PP) fez um comentário que eu trago pra cá, porque nem todos abrem a caixa de comentários:
Caro Cesar, eu fiz um projeto de lei para tramitar na câmara que denomina aquele viaduto de Beto Stodieck. Não sei se vão aprovar e o alcaide sancionar. Mas, com aquele funil inteligente, eu acho que quando eu me encontrar com o Beto lá em cima, ele vai me trucidar...Abraço do Guilherme Grillo

O “MONOPÓLIO” DA RBS

Uma agência de notícias gaúcha (Chasque, sintonizada com os interesses de sindicatos e entidades de trabalhadores urbanos e rurais), distribuiu uma notícia sobre a intenção do procurador da República Celso Três (e outros), de acionar, de alguma forma, a RBS, que estaria violando direitos ao deter a posse de tantos veículos de comunicação num mesmo estado.

E muita gente tem distribuído a nota por e-mail, como se ação já tivesse sido impetrada e estivesse tramitando.

A história é relativamente antiga. O procurador Três começou a falar nisso assim que foi anunciada a venda do jornal A Notícia para a RBS. E é uma ação muito complicada, porque não é fácil definir o que é “monopólio”, numa área não regulada da economia, como a mídia impressa. É um pouco mais clara a situação, na mídia eletrônica, já que se tratam de concessões públicas e há regulamentação.

Fazem bem os procuradores em cercarem-se de todos os cuidados e não terem pressa em propor a ação, porque levantará enormes discussões, afetará grandes interesses e revolverá conceitos que estavam, até agora, mais ou menos adormecidos.

OS MELHORES DE 2007

O site Congresso em Foco elege os melhores deputados federais e senadores do ano. Na primeira fase, votaram os 188 jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. Na fase seguinte, os 25 deputados e os 16 senadores mais votados pelos jornalistas, receberão o voto dos leitores do site Congresso em Foco, (no congressoemfoco.ig.com.br).

Entre aqueles que disputarão o voto aberto, estarão dois deputados catarinenses: Fernando Coruja (PPS, na foto ao lado) e Carlito Merss (PT). Entre os senadores estará, claro, Ideli Salvatti (PT). Eles poderão ser votados por dois meses, a partir de 18 de setembro.
No dia 26 de novembro, numa grande festa, os 41 serão homenageados e os três primeiros colocados na votação popular, na Câmara e no Senado, receberão os troféus mais vistosos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Experiência

Até ontem, eu simplesmente pegava coluna inteira do jornal e colocava aqui, num único “post”, tendo como título apenas o dia da semana. Mas aí resolvi complicar um pouco mais a minha vida noturna e coloquei cada uma das notas da coluna de hoje (sexta) como um “post” separado. Não sei se melhora ou piora pro leitor (teoricamente facilita pros comentaristas, que podem se referir a um único tópico). Vamos ver se dura e quais serão as reações. Divirtam-se. Ou não.

MOMENTO BLOG

Este blog é uma coluna de jornal, mas nem sempre consigo deixar de lado os aspectos bloguísticos deste espaço. Como, por exemplo, este: o De Olho na Capital recebeu, do blog Esquerda Festiva, um certificado de “melhores momentos virtuais”.

A brincadeira funciona assim: cada um dos “agraciados” cita cinco blogs que acha legais, a quem atribui o certificado. E, por sua vez, cada um dos cinco nomeia outros. Ajuda a gente a conhecer novos endereços e mudar um pouco o circuito de visitas.

E agora, os meus escolhidos para receber o certificado de que proporcionam bons momentos virtuais:

Jus Sperniandi, do Ilton Dellandréa

Newsdesigner, do Mark Friesen

DVeras em Rede, do Dauro Veras

Carlos Damião, do... Damião

Às margens da transposição, da Caroline e da Ticiani

Bom, toda lista é excludente. Tem mais coisas interessantes por aí, igualmente merecedoras de atenção e reconhecimento. Divirtam-se.

Discursos rasgados

Antigamente se dizia, sobre as pessoas com baixa credibilidade, que “o que esse aí fala, não se escreve”. A prática política dos últimos anos tem demonstrado que mesmo as coisas escritas têm pouco valor. Não importa se está no programa do partido, se ficou registrado em ata, se foi dito contritamente dentro de uma capela, diante do coração ensangüentado e dilacerado de Jesus. Tudo pode ser esquecido e modificado conforme o jogo, sujo ou limpo, das conveniências.

Lembro que, às vésperas da eleição de 2002, meus amigos e eu discutimos, em torno de uma cerveja e alguns amendoins, o dilema que tinhamos pela frente: em quem votar para o Senado?

A lista era composta por Paulinho Bornhausen (PFL), Casildo Maldaner (PMDB), Leonel Pavan (PSDB), Hugo Biehl (PPB), Milton M. de Oliveira (PT), Ideli Salvatti (PT), Carlos Müller (PSTU), Gerson Basso (PV), Viviane Renor (PSTU), Elisiane Sanches (PPS) e Evaldino Leite (PSD). A ordem dos nomes é de uma das pesquisas da época. Paulinho na frente, Ideli em sexto.

A possibilidade de Santa Catarina ter, como senadores, pai e filho (Jorge e Paulinho), era aterrorizante. Sem falar que o jovem herdeiro conseguia (e parece que ainda consegue) acumular rejeições. Nenhum dos nomes empolgava o grupo todo. Os gaúchos brizolistas defendiam Pavan. Os petistas de estrela no peito, pra variar, brigavam entre si, um defendendo Ideli, outro o Milton Mendes (iriamos votar em dois senadores, mas eles nem cogitavam da hipótese de propor voto na dupla).

Ao final do engradado e dos salgadinhos, conseguimos tirar uma decisão de consenso: “votar contra o Paulinho”. E, no resto, cada um que fosse conforme sua própria cabeça.

O voto contra o Paulinho acabou elegendo a Ideli e a aliança com LHS certamente ajudou Pavan.
Depois da eleição, proclamado o resultado, o mesmo grupo se reuniu, em torno de um estoque renovado. E ninguém estava muito triste. Afinal, Ideli tinha dado muito trabalho para o Esperidião, parecia aguerrida, batalhadora.

O que ninguém, naquela época, imaginava, é que veríamos, hoje, a Ideli defendendo com unhas e dentes a prorrogação da CPMF (que nasceu pra ser provisória, lembram?) com uma alíquota indecente, e o filho do doutor Jorge combatendo do outro lado.

Age a Senadora como se o PT não tivesse esperneado a não mais poder, quando a CPMF foi criada. Rasga o discurso e faz cara de paisagem. Afinal, minha gente, são 39 bilhões!