sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Discursos rasgados

Antigamente se dizia, sobre as pessoas com baixa credibilidade, que “o que esse aí fala, não se escreve”. A prática política dos últimos anos tem demonstrado que mesmo as coisas escritas têm pouco valor. Não importa se está no programa do partido, se ficou registrado em ata, se foi dito contritamente dentro de uma capela, diante do coração ensangüentado e dilacerado de Jesus. Tudo pode ser esquecido e modificado conforme o jogo, sujo ou limpo, das conveniências.

Lembro que, às vésperas da eleição de 2002, meus amigos e eu discutimos, em torno de uma cerveja e alguns amendoins, o dilema que tinhamos pela frente: em quem votar para o Senado?

A lista era composta por Paulinho Bornhausen (PFL), Casildo Maldaner (PMDB), Leonel Pavan (PSDB), Hugo Biehl (PPB), Milton M. de Oliveira (PT), Ideli Salvatti (PT), Carlos Müller (PSTU), Gerson Basso (PV), Viviane Renor (PSTU), Elisiane Sanches (PPS) e Evaldino Leite (PSD). A ordem dos nomes é de uma das pesquisas da época. Paulinho na frente, Ideli em sexto.

A possibilidade de Santa Catarina ter, como senadores, pai e filho (Jorge e Paulinho), era aterrorizante. Sem falar que o jovem herdeiro conseguia (e parece que ainda consegue) acumular rejeições. Nenhum dos nomes empolgava o grupo todo. Os gaúchos brizolistas defendiam Pavan. Os petistas de estrela no peito, pra variar, brigavam entre si, um defendendo Ideli, outro o Milton Mendes (iriamos votar em dois senadores, mas eles nem cogitavam da hipótese de propor voto na dupla).

Ao final do engradado e dos salgadinhos, conseguimos tirar uma decisão de consenso: “votar contra o Paulinho”. E, no resto, cada um que fosse conforme sua própria cabeça.

O voto contra o Paulinho acabou elegendo a Ideli e a aliança com LHS certamente ajudou Pavan.
Depois da eleição, proclamado o resultado, o mesmo grupo se reuniu, em torno de um estoque renovado. E ninguém estava muito triste. Afinal, Ideli tinha dado muito trabalho para o Esperidião, parecia aguerrida, batalhadora.

O que ninguém, naquela época, imaginava, é que veríamos, hoje, a Ideli defendendo com unhas e dentes a prorrogação da CPMF (que nasceu pra ser provisória, lembram?) com uma alíquota indecente, e o filho do doutor Jorge combatendo do outro lado.

Age a Senadora como se o PT não tivesse esperneado a não mais poder, quando a CPMF foi criada. Rasga o discurso e faz cara de paisagem. Afinal, minha gente, são 39 bilhões!

8 comentários:

Anônimo disse...

Quero ver agora: A "oposição" (?) diz que RCPMF (O "R" é de renovação) não passa no Senado (Senado ?).
No "causo" Renan foram 40x35.
Se não for "secreta" a ?votação? (valendo uma cx de cervas) digo que vai inverter o resultado.
Esperar prá vê.
Strix.

Anônimo disse...

Cesar.
A nada nobre senadora vem na contramão do desejo do eleitorado que a colocou lá, ja faz muito tempo.
Não podemos esquecer que ela foi a patrola em favor dos mensaleiros.
Seria interessante se você, que deve dispor de alguns estagiários de jornalismos à sua disposição, levantasse todas as situações polêmicas em que a Ideli esteve à frente, na contramão.
Abraços.

Cesar Valente disse...

Ô Maurício: quem me dera eu tivesse uma equipe (ou apenas mais um, que fosse) pra ajudar na coluna. Sou só eu e ainda assim, de vez em quando, faço corpo mole.

Unknown disse...

Maurício,
acho que a tristemente célebre senadora náo vai na contramão do desejo do eleitorado. Ela faz o que sempre dizia que era, nós é que não entendíamos. Ela dizia que era a "Senadora do Lula"...

Entendeu?
Logo depois da eleição eu entendi, mas aí já era muito tarde...

Anônimo disse...

Muitos catarinenses estão afirmando que a senadora mudou muito depois que chegou a Brasilia, mas não concordo, sou defensor da tese que as pessoas não mudam, elas simplismente, um dia, se revelam. Essa é a situação da senadora Ideli.
Pedro Moreira de Mello

Anônimo disse...

Caro Cesar, como muitos catarinenses, eu também não simpatizava com o filho do Dr. Jorge. Pensava até em votar na Ideli, como forma de protesto, até que durante a campanha eleitoral escutei uma entrevista dela a uma emissora de rádio. Foi um baque. Era cada abobrinha radical. Pensei "Essa mulher só pode ser maluca, se votar nela vou votar no Stedile do MST, em Stalin, Fidel, Hugo Chavez e assemelhados! Comigo não!" Acabei votando no Pavan e, pra não anular o outro voto, no Basso. Ainda bem, só me arrependo de um voto, o no Pavan, que deixou de estar lá no Senado em favor do Neuto De Conto (que com certeza absolveu o Renan, embora diga o contrário).

Anônimo disse...

Que papelão Senhora Senadora...
Quem te viu e quem te vê...
O seu voto a senhora não vai declarar, mas o meu nunca mais terá.
Voto secreto ou covarde?
Chega de tanta vergonha...
Basta de políticos corruptos...

Hugo Bittencourt
Criciuma/SC
gihugo@hotmail.com

Anônimo disse...

Pra quem acompanhou ela nas greves no magistério, dá uma raiva danada, eta mulherzinha enganadora!