sábado, 29 de abril de 2006

SÁBADO E DOMINGO


LULA EM DOSE DUPLA
Fiz duas piadinhas com o companheiro Lula (acima), como forma de comemorar seu reencontro com o PT, ontem, no 13º Encontro Nacional do partido.

Foi uma festa tão linda que até a tia Ideli caprichou. Foi buscar uma frase do Bertold Brecht para ilustrar seu discurso, que abriu o encontro: “O tempo que me deram para viver é este tempo de guerra”. Não entendi direito o que ela quis dizer com isso, mas imagino que deve se referir ao clima da campanha eleitoral, que já começou.

Ah, e o grito de guerra com que os militantes receberam o candidato no encontro foi “1, 2, 3, é Lula outra vez”.

EPAGRI POLIGLOTA
A Empresa de Pesquisa Agropeciária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. abriu um concurso muuuito esquisito para contratar jornalista.

O problema não é contratar jornalista, que isso toda empresa precisa. O problema é que o sujeito, para ser jornalista na Epagri, tem que saber três línguas: português, inglês e alemão!

As três línguas terão o mesmo número de questões e, imagino, o mesmo peso. Ao longo de 35 anos de carreira profissional, como jornalista, já vi muita coisa. Mas não consigo atinar por que diabos a Epagri precisa tanto de um jornalista que fale inglês e alemão.

A rádio corredor da Epagri transmitiu um boletim em edição extraordinária, dizendo que o concurso foi feito assim, estranho, que é pra dar mais chance para um cineasta que é consultor do presidente da empresa e que, por coincidência, sabe falar alemão, de conseguir a boquinha.

Até pode ser, porque, além da suspeitíssima prova de alemão, a prova de conhecimentos específicos tem quase nada de jornalismo e muito de direção e produção de documentários em vídeo.

CELESC EM APUROS
O Tribunal de Justiça confirmou a sentença que condenou a Celesc a indenizar moradores de Otacílio Costa, no Planalto catarinense, que se sentiram prejudicados com a instalação de uma subestação de energica elétrica nas proximidades das suas casas.

Reclamam do barulho, dos riscos e da desvalorização dos imóveis e por isso ganharam uma indenizaçãozinha por danos morais (só R$ 1,5 mil para cada um... achei pouco).

Imagina se o povo que está empombando com a instalação de uma subestação aqui no centro de Florianópolis ficar sabendo dessa ação? Aí mesmo que vão deixar o Sitônio (o diretor da Celesc que ficou famoso no apagão, por falar a toda hora no rádio) louco.

PROPAGANDA ENGANOSA
A 1ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça confirmou sentença da Comarca de Joinville que condenou um jornal de lá ao pagamento de indenização por danos morais para duas cabeleireiras. O jornal se atrapalhou e publicou, por engano, o telefone das profissionais na seção de acompanhantes do caderno de Classificados com o seguinte anúncio:
“Izadora, morena clara, sexy e atraente para homens de alto nível. Eles, elas, casais, 24 hs”.
Cada uma das duas senhoras receberá R$ 8 mil para compensar a vergonha que devem ter passado.

EMPREGO NOVO
Já que eu falo da vida de tanta gente e conto tanta história envolvendo os outros, nada mais justo que quando acontece alguma coisa comigo eu também entre no rolo.

Na terça-feira assumo novas funções profissionais, adicionando rádio e televisão ao meu dia-a-dia, que até ontem tinha “apenas” o DIARINHO e a Revista da Pesca, Navegação e Lazer.

Ontem aceitei a proposta do meu velho amigo Roberto Amaral para ser o Diretor Corporativo de Jornalismo e Conteúdo da Rede SCC, que tem emissoras de rádio em Lages e as emissoras da Rede TV! Sul espalhadas em todo o estado e parte do Paraná. Por trás e por baixo desse título pomposo e cheio de letrinhas, está apenas mais trabalho. Muito mais trabalho, acabando com as já escassas horas vagas. Mas não com o bom humor.

Uma das coisas que me animou foi que a aproximação entre o DIARINHO, a Revista da Pesca e a Rede TV! Sul que acontecerá naturalmente com a minha presença lá e cá, pode ajudar os dois grupos a expandirem suas áreas de atuação e encontrar projetos comuns que beneficiem, com jornalismo independente e sem rabo preso, os leitores, telespct-telescr-tesl-telespectadores (ainda tenho que praticar) e ouvintes catarinenses e paranaenses.

Entre as funções que desempenharei, está a de comentarista político ou coisa parecida, que me obrigará a aparecer na telinha. Mas isso ainda levará algum tempo, porque antes tenho que cortar o cabelo, as unhas e tomar banho. E provavelmente também terei que comprar meias e cuecas novas, pra não dar vexame na TV.

Quando eu souber que dia vai começar o “espetáculo”, aviso vocês.

GREVE SEM EDUCAÇÃO
Ando meio decepcionado com os líderes sindicais que ouço por aí. Um dos líderes dos professores teve a coragem de dizer que o fornecimento de uniformes para os estudantes da rede pública estadual foi “um gasto desnecessário”.

Ora, ora. Dos uniformes do LHS a gente pode dizer tudo. Que são feios, que demoraram a chegar, que deviam ter sido comprados antes, que não deviam ter a bandeirinha tremulando, que serviram para exploração política...

Só não se pode dizer que poupar os pais de mais essa despesa (com a roupa das crianças) seja “gasto desnecessário”. O gênio ou gênia que falou isso deve ser o mesmo ou a mesma que sugeriu que eles fossem bloquear a ponte depois da assembléia.

Gasto desnecessário, em muitos casos, é o salário pago a professores sem o adequado preparo.

Portanto, se o pessoal do sindicato acredita mesmo que as causas que defendem são justas e se acham que conseguem convencer a maioria dos professores a acompanhar a greve, usem seus argumentos, lutem com vontade, mas não deixem de lado a inteligência. Afinal, trata-se de um movimento de gente com curso superior, que se acha em condições de educar nossos filhos.

COMO É QUE É?
O primeiro irmão, o deputado Berger, propôs a instalação, na Assembléia Legislativa, do Fórum Permanente da Tarifa Única do Transporte Coletivo nas Regiões Metropolitanas do Estado.

Será que ele brigou com o Dário? Porque se tem uma coisa que vai ter nesse Fórum é pau na tarifa bífida travestida de única dos ônibus da capital.

sexta-feira, 28 de abril de 2006

SEXTA

GALEGOS DÃO UMA
“FORCINHA” PRO LHS

Depois que o LHS saiu do governo e perdeu a vitrine, o povo do PMDB anda muito assustado, com medo do governador licenciado ser esquecido pelos eleitores, que têm memória fraca. Deve ser por isso que a visita do LHS hoje a Blumenau foi preparada e anunciada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional como se ainda se tratasse de uma ação administrativa do governador do estado.

Abaixo, o convite que foi distribuído por e-mail para milhares de pessoas, decerto pra dar um gás na campanha. Notem que o redator caprichou no texto e usou até o famoso gerúndio de telemarketing paulista: “o Governador vai estar atendendo”. Governador? Chi... será que demitiram o Dr. Moreira?

De: Secretaria Regional Blumenau [sdr-blumenau@bnu.sdr.sc.gov.br]
Enviada em: quinta-feira, 27 de abril de 2006 02:45 pm
Para: "Undisclosed-Recipient"
Pelo que ouvi da assessoria do Dr. Moreira sobre o que ele pensa de coisas como este convite, eu não gostaria de estar na pele do pessoal de Blumenau que fez esta bobagem e misturou alhos com bugalhos. O Dr. Moreira já planejava dar uma dura na próxima reunião do Colegiado, para evitar essas criancices que só servem para dar munição para a oposição.

AGORA O LULA JÁ SABE
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, viveu ontem, por 25 minutos, uma situação que muitos brasileiros gostariam de também ter vivido: ele discursou diante das maiores autoridades da República, Lula inclusive, dizendo o que achava da crise política brasileira.

Foi na posse da presidente do Supremo Tribunal Federal, onde, pelo cerimonial, o presidente da República não discursa. Tem que ouvir calado.

Claro que a senadora Ideli subiu nas tamancas (pra variar) e disse depois que ficou “indignada” com o discurso. Que, cá entre nós, não tinha nada demais. O único problema é que Busato falou, diante do presidente (aquele que nada sabe e nada viu), sobre todas aquelas coisas feias que nós temos visto e ouvido há muitos meses.

E isso os petistas não aceitam: o presidente da OAB pode ter maculado a inocência do presidente Lula, que agora não pode mais dizer que não sabia ou que nunca tinha ouvido falar.

Pra quem gosta dessas coisas, a íntegra do discurso está neste endereço da internet: stf.gov.br/imprensa/pdf/discursobusato.pdf. Divirtam-se.

GREVE SEM EDUCAÇÃO
Claro que o tiro no pé que os grevistas da educação deram, ao começar seu movimento azucrinando a vida de um montão de gente que não tem nada a ver com os problemas que os professores têm com o governo, repercutiu em todo lugar.

Das colunas dos jornais à tribuna da Assembléia, ninguém defendeu a violência cometida contra a cidade e seus habitantes. Claro que a situação dos professores merece atenção. Mas até para que a gente se sinta à vontade de remunerar melhor os professores, é preciso que eles demonstrem um mínimo de inteligência e de civilidade.

Aliás, eu sou favorável que se remunere muito bem os professores e, ao mesmo tempo, sejam estabelecidos avaliações sérias, isentas e sistemáticas, da capacidade profissional de cada um. Professor ruim, mal preparado, malandro, enrolador, é sempre uma praga. Tem que fazer uma limpa e deixar só aqueles que realmente se esforçam e trabalham direito. Vai abrir muita vaga.

TROCA-TROCA
O amor é lindo. O PMDB mandou três deputados passear para que três suplentes pudessem voltar à sentir o gostinho das câmeras da TVAL, da tribuna e da remuneração (e dos tantos benefícios que ajudam bastante a quem está em campanha) por 60 dias.

Eles chamam de rodízio, mas também atendem se a gente chamar de alta-rotatividade ou de troca-troca.

Claro que houve um esforço para justificar o gesto (“uma homenagem aos suplentes”), que de resto continua tão incompreensível como tantas outras.

IA ESQUECENDO...
Ainda sobre a greve sem educação: dos cinco pontos da pauta de reivindicações, houve acordo em quatro e divergência em um, que é a incorporação imediata dos abonos. Trata-se de uma reivindicação impossível de atender (sob pena de quebrar o Estado). E as lideranças grevistas, cuja motivação é fundamentalmente política e eleitoral, estão achando o impasse ótimo.

As entidades que reunem boa parte dos veículos de comunicação catarinenses (Adjori, Acaert e ADI) almoçaram ontem, na Casa D’Agronômica (um restaurante fino que funciona anexo ao Palácio Residencial do Governo), com o governador atleta (em exercício, de pé na foto). Tratou-se de uma reunião social com pelo menos um objetivo prático: pedir que o Dr. Moreira não mexa no esquema montado pelo Secretário Derly na Secretaria de Comunicação. Na foto, à esquerda, o propriamente dito (que ainda não tem data pra sair) e, à direita, os empresários Mário Petrelli (Rede SC) e Roberto Amaral (Rede TV! Sul).

quinta-feira, 27 de abril de 2006

QUINTA

MAU EXEMPLO
Antes de dizer qualquer coisa sobre o que levou os professores estaduais a decidir pela greve (coisa que farei mais abaixo), é preciso lamentar a forma estúpida como resolveram, em resposta ao governo, punir a população da capital. Como se todos os pobres coitados que sofrem tanto quanto os professores estaduais tivessem culpa.

Ao fechar o trânsito, impondo à população um sofrimento adicional inaceitável, as lideranças dos professores mostram que não têm noção de como se constrói um movimento social vitorioso. Não tem como obter a solidariedade dos habitantes da capital azedando-lhes o dia. Fazendo com que tenham que sofrer horas intermináveis nos pontos de ônibus ou dentro dos coletivos lotados.

GOVERNO INSENSÍVEL
O governo LHS/Dr. Moreira, desde seu primeiro ano, tem tido, com os servidores (e com os professores em especial), uma relação complicada, que exigiu, sempre, grande cuidado e atenção. Os abonos, que apagaram algumas fogueiras e evitaram várias greves são, por sua natureza, benefícios que precisam fazer parte de algum projeto mais amplo, que especifique prazos, porque não devem ser permanentes.

Até eu, que sou distraído, sabia que num ano eleitoral os sindicatos (que são entes geridos politicamente, como todos sabem), tratariam de reforçar sua atuação. Caberia aos agentes políticos do governo anteciparem-se a essa pressão anunciada e colocar em prática algum plano minimamente eficiente.

Apostar no esvaziamento da greve depois dela ser deflagrada e desqualificar as lideranças sindicais é sempre a pior saída. O melhor seria atuar com habilidade e sensibilidade desde o começo do ano, para mostrar aos professores (e à sociedade que, afinal, quer educação de qualidade em troca dos impostos que paga), uma clara preocupação com a organização da carreira e a justa remuneração.

Valorizar o professor não é pouca coisa e exige talento administrativo, interesse e vontade política.

MAL NA FOTO
Vocês acompanharam aqui nesta coluna e quem quis acompanhou pelo site de notícias do governo, a festa enorme que foi feita com os tais uniformes, com o material escolar, com os ginásios de esporte, com a pintura espalhafatosa das escolas.

Fotos e mais fotos celebram esses momentos lindos. Mas ao que parece, pelo que a gente ouve o sindicato dos professores dizer, ao mesmo tempo em que enchia de vermelho e verde a vida escolar, o governo não mostrava, aos professores e à comunidade, que sabia o que estava fazendo.

Uma greve na escola traz prejuízos primeiro para os alunos, depois para os pais dos alunos, depois para toda a comunidade. O governo nem precisa se preocupar: todos os candidatos que ele deseja ver eleitos se elegerão (e ainda prometerão resolver o problema educacional no ano que vem). As greves de professores não abalam o governo. E os dirigentes sindicais terão seus minutos preciosos de televisão e palanque, projetando suas próprias carreiras.

Como sempre, só os contribuintes e seus filhos ficarão mal na foto.

A CAPITAL ENFERRUJADA
O bom começo que foi a construção da monumental Ponte da Independência, consolidando Florianópolis como capital do estado, não foi seguido, décadas depois, por outros gestos e empreendimentos à altura daquela ousada demonstração de coragem.

Denominada, com justiça, de Hercílio Luz para homenagear seu idealizador, a ponte contém uma visão de utilização da cidade e da ilha que de alguma forma se perdeu no tempo.

Sua altura, que permite a passagem de navios, mantém íntegro o mar interior, não atrapalha o acesso marítimo aos vários pontos da Ilha e do continente por embarcações de todo tipo.

Seu projeto imponente integrou-se com naturalidade ao ambiente de uma cidade que, muitos anos depois, parece ter medo da beleza e um certo apreço pela feiúra e pela falta de charme de seus equipamentos urbanos.

A situação da ponte, que no começo de maio completa 80 anos, é uma triste alegoria da situação da capital: emperrada, enferrujada, com o futuro incerto, ameaçada de colapso a qualquer momento.

A CAPITAL SEM RUMO
Aqueles que têm a responsabilidade de preparar a cidade para que ela seja habitável daqui a 30 anos não pensam em nada que não sejam vinganças pessoais, picuinhas, disputas de território, demonstrações de força paroquial e em arrumar seu próprio futuro.

Não se planeja com profissionalismo o uso democrático, adequado e alegre do pequeno espaço que a Ilha dispõe. Não se pensa nem mesmo em coisas vitais, como o abastecimento de água potável.

Mas as sessões da Câmara de Vereadores, não raro, são palco de debates acirrados e apaixonados. Quem vê de longe até pensa que estão em debate questões fundamentais. Mas se olhar de perto e por baixo dos panos, vê-se que o horizonte da discussão, o mais das vezes, termina logo ali, a poucos metros, no lodo onde está o desafeto que é preciso prejudicar, ou o aliado que espera algum benefício.

A CAPITAL DO DESÂNIMO
Não deixa de ser irônico que justamente na época em que o centro da cidade e algumas áreas nobres estão bem cuidadas, em que os canteiros têm flores, as ruas têm asfalto novo, comecem a surgir tantos e tão graves problemas estruturais.

Viver bem em uma cidade não é só encontrar, em algumas áreas, as ruas bem varridas, as calçadas limpas e os jardins bem cuidados. Isso conta, mas é apenas uma maquiagem. Torna o rosto mais agradável, mas não sustenta uma conversa, não mantém uma relação.

Esgoto, transporte público, saúde, segurança, acesso público aos bens comuns (praia, montanha, parques, lagoas), cultura, alegria e prazer são algumas das coisas a que os habitantes de uma cidade como Florianópolis têm direito e cada vez mais exigem.

Não sei vocês, mas eu não tenho encontrado quem esteja animado com a cidade, com o que está sendo feito dela. As obras em andamento são pífias, destituídas de visão de longo prazo, o uso do espaço urbano será cada vez mais predatório. Uma nuvem escura encobre o sol e esfria nossas almas.

quarta-feira, 26 de abril de 2006

QUARTA

A foto acima foi tirada pouco antes do almoço que reuniu ontem as bancadas do PP e do PFL na Assembléia Legislativa, em torno do ex-governador Esperidião Amin (o que está apontando o dedo) e do ex-prefeito Raimundo Colombo (o que está com cara de quem sabe o final da piada). Foi, como dá pra ver, uma reunião tensa, com todos muito preocupados com as enormes divergências que unem os dois partidos em Santa Catarina. Pra quem não conhece, à esquerda está o presidente da Assembléia, Júlio Garcia (PFL) e à direita o ex-chefe de gabinete do Colombo, deputado Onofre Santo Agostini (PFL).

[Neste blogue, sempre que clicar sobre uma foto, abre-se uma ampliação]

O VÔO DE COLOMBO

O ex-prefeito de Lages, Raimundo Colombo, jogou-se de uma ribanceira, apoiado unicamente numa asa delta e confiando nos ventos ascendentes que o meteorogista-mor, Jorge Bornhausen, garantiu que iriam soprar.

A saída da prefeitura para disputar alguma coisa que até hoje ainda não está bem definida, foi um salto no escuro. Ontem Raimundo Colombo foi sabatinado pela viadagem do Diarinho que, no final de semana, publica um entrevistão com tudo o que ele falou.

Colombo disse que durante esse tempo de vai-não-vai a idéia de ser candidato a governador foi sendo amadurecida. Hoje ele não se contentaria em ser vice. Está trabalhando para ser candidato a governador. Ponto final.

Os ventos fortes (ainda tem muitas rajadas de Pavan pela frente) não parecem desanimar o aeronauta, que ontem, em Florianópolis, almoçou com Esperidião Amin (PP) e a bancada do PFL, em mais uma escala dessa aventura nos ares.

O entrevistão com tudo o que ele disse nas linhas, entrelinhas e nos intervalos, vocês lêem sábado. Se eu fosse o Pavan (ou o LHS), já encomendaria o DIARINHO hoje, pra não ficar sem.

RUIM COM ELES, PIOR...
De tempos em tempos volta aquele assunto das “mordomias” e dos “benefícios” dos deputados. É mais que justo dar uns cascudos no Legislativo e pressionar para que eles comecem a tomar jeito e parar com os exageros.

Isso de um deputado dono de posto de gasolina consumir um montão de reais do nosso rico dinheirinho a pretexto de pagar a gasolina que ele usou sabe-se lá pra quê, pega muito mal.

Mas a gente não pode se deixar levar pelo vai-da-valsa: se o Legislativo tem defeitos, maracutaias ou equívocos, é preciso consertar e melhorar. Não podemos é achar que é preferível “fechar de uma vez essa pouca vergonha”.

A gente, que é cinqüentão, sabe como é quando o Legislativo está fraco ou praticamente fechado. Nada melhora, nada fica mais “ético”, nada fica mais “honesto”. As sujeiras não aparecerem, porque ficam escondidas debaixo do tapete autoritário, que se estende sempre que as casas legislativas são amordaçadas.

Por falar nisso, a maioria dos “benefícios” que hoje nos escandalizam, começaram a ser concedidos durante a ditadura, como uma forma de calaboca, de cooptar esse povo que gosta muito de fazer discurso.

OUVIDORES ELEITOS
Os parlamentos, se a gente prestar atenção, cumprem muitas funções relevantes. Ontem dei uma passada na Assembléia Legislativa e vi que estavam lá funcionários do Tribunal de Contas do Estado (em greve), que foram levar aos deputados suas queixas.

Vários deputados de vários partidos sentaram-se para ouvir o que esse pessoal (na foto acima) tinha a dizer. Eles pediam que os deputados ajudassem a fazer com que o presidente do Tribunal de Contas, o irredutível e irritadiço Otávio Gilson se acalmasse e voltasse a conversar com os servidores.

Nos parlamentos, as diversas vozes das cidades, dos estados e do País encontram eco. Nem sempre as soluções são as melhores, mas tem sempre muitos setores representados.

E o fato de ainda termos um longo caminho a percorrer até que nossos parlamentos sejam desinfetados de algumas ratazanas infiltradas, não significa que a gente não deva insistir e confiar que as coisas vão melhorar.

...MUITO PIOR SEM ELES

A gente presta muita atenção no Executivo (prefeito, governador, presidente) e deixa meio de lado o Legislativo (vereadores, deputados e senadores). Só que, para que o Executivo funcione direito e se mantenha nos eixos, é muito importante que a gente cobre todo dia que o Legislativo esteja atento, vivo, aceso e atuante.

O TUCANÊS NÃO MORRE
As indústrias de produtos de higiene e limpeza, que colocam nas nossas casas uma montoeira de embalagens plásticas, assinaram convênio com algumas prefeituras catarinenses, para incentivar um programa de recolhimento e reciclagem do lixo (devem ter ficado com medo de algum processo dos ambientalistas). Adivinha que nome eles deram para o programa? “Coleta de embalagens pós-consumo”. Como se não fosse óbvio que só tem sentido recolher as embalagens depois que elas foram usadas. Bom, mas agora o lixeiro também pode ser chamado de “coletor de embalagens pós-consumo”. Chique, né?

TODOS FELIZES

Ontem foi um dia muito proveitoso: foi tirado o bode da sala do BESC e servidores públicos de várias entidades que não tinham a GAF (a gratificação que mata de inveja quem não tem), ganharam suas próprias gratificações. É verdade que vem a prazo (15% agora e o resto a perder de vista), mas um dia (em 2007, se tudo der certo) chegará.

No caso do BESC (uma espécie de chute na canela para acordar o governo federal), corria uma fofoca nos desvãos do plenário e nos cantinhos da Assembléia, que o governo do estado será de alguma forma socorrido nas suas agruras financeiras e que não precisará mais leiloar as contas para fazer caixa de emergência.

terça-feira, 25 de abril de 2006

TERÇA

A LAGOA LOTADA
A foto acima, tirada ontem à tarde, mostra a bela vista da Lagoa da Conceição que se tem do alto do morro, onde passa a estrada que vem do centro de Florianópolis.

Lá em cima, o mar oceano, depois do qual está a África, que a gente só não vê por causa da curvatura do globo terrestre. E aqui, logo depois do casario, a lagoa propriamente dita (se clicar na foto se abre uma ampliação).

É uma das paisagens mais bonitas do mundo, como nós, os manezinhos, gostamos de dizer. E nessa foto, ao mesmo tempo que dá para perceber que se trata mesmo de um lugar muito bonito, dá para notar que não tem mais como enfiar gente, estrada e construção nessa área.

LOUCURAS DE VERÃO
Claro que os incorporadores imobiliários vão olhar pra foto e dizer: “ah, mas a densidade tá muito baixa, se a gente construísse alguns prédios, dobraria o número de habitantes e o pessoal da cobertura ainda teria uma vista maravilhosa”.

Sem uma rede de esgoto eficiente, sem transporte público eficiente, sem uma malha viária eficiente, esse cartão postal quase entra em colapso no verão. Falta um tiquinho de nada pro pessoal enlouquecer nos engarrafamentos, com o cheiro de merda na água e com a falta de opções baratas para ir e vir.

Esse texto aí em cima pode ser colocado embaixo de fotos de praticamente todos os locais lindos e maravilhosos da ilha. Basta mudar o nome do local e pronto. Os problemas da Ilha toda são semelhantes. A Ilha está lotada: de gente, de carros, de construções e, principalmente, lotada de administradores incompetentes.

“INCOMPETENTE, EU?”
Bom, tá certo, alguns administradores que a cidade teve ou tem são muito bem intencionados e até conhecem o riscado, mas esbarram na falta de apoio, falta de compreensão e falta de inteligência do resto da burocracia. Em planejamento urbano uma andorinha só não faz verão. Nem inverno.

E outros nem são bem intencionados e nem conhecem o riscado. Claro: nenhum partido e nenhum prefeito ou governador pode ser responsabilizado, sozinho, por tudo de ruim ou tudo de bom que aconteceu e acontece. Mas o fato é que estamos do jeito que estamos. E, aparentemente, sem ter para onde ir.

AMEAÇAS DE GREVE
Talvez a minha amiga leitora, o meu amigo leitor, não tenha percebido que essa história de greve (de professores, de médicos, de motoristas de ônibus) recomeça a cada ano mais ou menos na mesma época.

Às vezes a negociações salariais nem começaram e já se fala em “estado de greve”. Isto é utilizado como uma ameaça para que a negociação seja rápida e favorável.

O sindicato usa a greve e a ameaça de greve como antigamente os valentões chegavam no botequim e colocavam a arma sobre o balcão. Ninguém sabe se ele é capaz de usar, se está carregada, se funciona, se não está enferrujada, mas é uma ameaça colocada sobre a mesa, digo, o balcão.

Dizem os sindicalistas que os trabalhadores são a parte mais fraca e que precisam desse recurso para fazerem-se respeitar. Que se não fizerem isso os patrões (ou os agentes públicos) tratam-nos a pão e água.

DISTORÇÕES
Tá tudo muito errado. Primeiro, porque de tanto colocar a garrucha em cima da mesa, ou seja, de tanto ameaçar que vão fazer greve, os sindicatos acabaram desgastando esse instrumento, esse recurso que o trabalhador de fato tem.

Segundo porque os próprios agentes políticos, encarregados de administrar e pagar o pessoal nos governos, fazem corpo mole. E entram no jogo: se os servidores não fizerem algazarra não levam nada.

Os gênios que administram o serviço público só sabem contratar, adicionar gratificações, agradar correligionários e inchar a folha. E depois não têm como honrar o compromisso e assegurar uma carreira decente a quem trabalha.

E a gente, que esperava que os impostos fossem usados para nos proporcionar serviços públicos eficientes (saúde e educação, principalmente), acaba descobrindo que toda a montoeira de dinheiro arrecadado é utilizado para pagar um número absurdo de servidores públicos.

Só que nós, os que pagamos impostos, não podemos nem pensar em exigir a redução do tamanho da folha dos governos federal, estadual e municipal. Sempre tem o perigo deles entrarem em greve só para mostrar que teremos que sustentá-los para o resto da vida.

CHEGA DE ATCHIM
Começou ontem a vacinação do povo dos cabelos brancos contra gripe, na Grande Florianópolis. Pra quem tem acima de 60 anos poucas coisas podem ser mais ameaçadoras que uma simples gripe. No inverno, pruma gripe virar pneumonia, levar a uma internação hospitalar e complicar tudo, é um já.

E a vacina da gripe tem se mostrado muito eficiente para evitar o começo da novela. Atravessar o inverno sem os incômodos e riscos da gripe não é pouca coisa e toda família deveria se preocupar com isso. Mesmo aquelas que não dão muito valor para seus pais e avós e são egoístas: a vacina é menos incômodo pros mais jovens.

MARCHA DOS PREFEITOS
Não sei como está agora, depois dos escândalos e dos rolos com a cafetina-mor de Brasília. Mas há alguns anos, quando eu morava em Brasília, nesses dias em que centenas (um milhar?) de prefeitos fazem a tal “Marcha” as moças de programa da capital faziam literalmente a festa. Era uma espécie de “alta-temporada”, com o pessoal do interior, de todo o País, querendo aproveitar um pouco do clima libertino que ronda o poder central.

Agora, com os Tribunais de Contas de alguns estados fiscalizando mais as prefeituras, com a imprensa louca para mostrar prefeitos abraçados e enlaçados em alguma “reunião de negócios”, talvez o pessoal esteja mais calmo.

Mas que tem muita gente que só entra nessas tais “marchas” (este é o nono ano em que a coisa acontece) para aproveitar o festerê.

A CAPITAL DO PMDB
Palhoça, que fica na Grande Florianópolis é, como vocês sabem, a capital estadual do PMDB e está de aniversário (comemorou ontem 112 anos de emancipação). O folclórico prefeito Ronério fez uma grande festa, no final de semana, por causa disso.

Estava indo tudo muito bem (teve até show do Sérgio Reis) e a população até achou que o Ronério tivesse aprendido com as últimas bobagens e resolvido se emendar, quando apareceu o bolo de aniversário.

O Ronério ofereceu um bolo para a população com 15 metros. De onde saiu esse número 15? Ah, esse é o Ronério: tinha que colocar o número do PMDB. Como resultado, azedou a festa, que devia ser apartidária.

segunda-feira, 24 de abril de 2006

SEGUNDA

DR. MOREIRA NA FARRA DO BOI
O governador 2, o Dr. Moreira, nosso atlético governador em permanente exercício foi ontem a Jacinto Machado (no sul do estado) participar da abertura do 15° Rodeio Crioula Nacional, no CTG Recanto da Gávea. Na ocasião ouviu grandes agradecimentos à mãozinha (graninha?) que o governo deu para o brilhantismo da festa.

E o CTG estava inaugurando duas canchas de laço, aqueles locais onde cavaleiros correm atrás de uma rês (geralmente um bovino) e devem demonstrar habilidade em imobilizá-la depois de derrubá-la no chão.

Portanto, se juntarmos as atividades que normalmente são realizadas nos rodeios às centenas de quilos (toneladas?) de bois mortos que podiam ser encontrados no braseiros, assando, teremos algo que pode, perfeitamente, ser chamado também de “farra do boi”.

Segundo o Dr. Moreira, “esta é uma festa de integração, que impulsiona o turismo da cidade e movimenta a economia local”.

O pessoal que vive fugindo da polícia por causa da farra do boi catarinense ficou sem entender por que aquela farra pode e esta não.

DELEGADO POLIVALENTE
O prefeito Dário resolveu colocar um policial federal, com grande experiência na área de segurança, como secretário municipal da segurança. Ninguém disse nada, porque parece muito adequado. Tem tudo pra dar certo.

Daí, praticamente na hora da posse a gente ficou sabendo que o delegado da polícia federal também iria tomar conta do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) e aí ninguém entendeu mais nada.

Ninguém sabia que o Dr. Ildo era também urbanista, arquiteto, que tivesse alguma experiência na gestão de espaços urbanos que é, como se sabe, uma disciplina complicada.

Como ele, até onde sei, não é urbanista, resta a triste conclusão: o prefeito acha que o Ipuf só existe para controlar as sinaleiras e os pardais. E como isso gera multa e multa e coisa de polícia, então tem que colocar sob a jurisdição do delegado.

Se for verdade que a visão do prefeito sobre planejamento urbano é tão curta, então estamos todos mal arranjados. Mas se ele, afinal, tem algum projeto de médio e longo prazo para a cidade, seria bom contar pra gente. E explicar por que o planejamento da cidade tem que ser feito por um delegado da polícia federal.

INSEGURANÇA BANCÁRIA

O caso daquele funcionário do Banco Real do Kobrasol, que encontrou um “chupa-cabra” (aparelho que os malandros colocam no caixa eletrônico para captar informações do cartão e a senha dos correntistas) ilustra bem o estado de insegurança da nossa capital (e do País inteiro).

O funcionário, em vez de recorrer aos vigilantes da agência, teve que sair correndo atrás de uma viatura da polícia militar. E no trajeto, foi perseguido por um idiota que gritava “esse material é meu!” e o ameaçava.

O final foi relativamente feliz porque o rapaz encontrou um policial e o policial prendeu o imbecil quadrilheiro. Mas o episódio demonstra que as agências bancárias são território de ninguém.

“GROSSA MENTIRA”
O presidente Lula (na foto acima entre os alegres fotógrafos e cinegrafistas que foram registrar a festa na plataforma da Petrobras) está mentindo ao dizer que o Brasil é auto-suficiente em Petróleo, segundo acusa o jornalista Jânio de Freitas (na Folha de S. Paulo).

A razão é simples: se o País fosse mesmo auto-suficiente, não precisaria importar petróleo, certo? Exato. Só que o Brasil importa cerca de 10% das suas necessidades de petróleo do tipo leve. Portanto, embora a Petrobras produza bastante, ainda há uma dependência externa. Não somos auto-suficientes.

E, mais grave que isto: o consumo de petróleo tem sido relativamente pequeno porque o Brasil não está crescendo. O relatório do Banco Mundial divulgado na sexta-feira mostra que o País perdeu o pique mesmo quando comparado com economias mais pobres. Até países da África Subsaariana (a região mais pobre do mundo) cresceram mais que o Brasil.

Se e quando o País voltar a crescer, consumindo mais petróleo, a tal “auto-suficiência” vai deixar cair sua máscara de campanha eleitoral.

ATÉ CHAVES TEM PLANOS
O senador Cristóvam Buarque, um ex-petista que tem feito duras críticas ao governo Lula, afirma que o grupo que governa o Brasil não tem planos para o futuro. “Não defendo os métodos do Hugo Chávez, mas ele tem um projeto para a Venezuela daqui a 30 anos. Nós não temos”. Constata o senador em entrevista ao Estado de São Paulo (para ler e entrevista, clique aqui).

sábado, 22 de abril de 2006

SÁBADO E DOMINGO

FERIADÃO COM CHUVA
Quando chove eu fico com o coração mole. Morri de pena do Lula, fazendo um esforço danado pra sair na foto igual ao Getúlio Vargas, na campanha “O petróleo é nosso” (de 1953, aqui à esquerda). Até óculos ele usou. Decerto queria mostrar pra gente que, se não fosse ele e o governo do PT, o Brasil ainda estaria importando gasolina. E não poderia baixar tanto os preços do combustível.

Hum... parece que essa parte da redução do preço da gasolina eu sonhei quando dormi na frente da televisão. Bom, mas de qualquer maneira os brasileiros estão de parabéns por terem conseguido manter a Petrobras como uma empresa eficiente e competitiva que tem sobrevivido a sucessivos governos (e cada um quer tirar da empresa o maior proveito possível).

O PAÍS DO LULA
Ao olhar para essa bela foto do nosso presidente lembrei que ele disse, há pouco, que “não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país”. Ora, o povo que pena nas filas (quando não morre nelas) do INSS e espera meses por exames urgentes, não sabe a que país o Lula se refere.

Em outra ocasião, disse que o país crescerá este ano 5%. O ministro da Fazenda, Guido Margarina, digo Mantega, afirma que, com sorte, o Brasil crescerá 4%. O FMI fala em 3,5%. Afinal, qual é o país do Lula?

MINI-PIZZAS PARA LULA
Só ontem tive tempo para ler o que os colegas gaúchos escreveram sobre a tumultuada passagem do presidente por Porto Alegre. Foi muito animado (pra quem não estava no meio do rolo). De um lado, um pessoal da CUT jogava ovos e outras coisas na turma que protestava contra o governo. De outro, os funcionários do Grupo Hospitalar Conceição, ameaçados de perder seus empregos, jogavam mini-pizzas na comitiva presidencial. Mas estavam frias.

PP SE MEXE
O ex-governador Esperidião Amin e sua turma, que estavam contando com o Congresso pra fazer uma limpa na banda podre do PP, ficaram a ver navios com tantas absolvições. Agora eles estão tentando mobilizar os estados do Sul para derrubar o mensaleiro que ainda preside o partido. A primeira reunião será segunda-feira em Porto Alegre.

MARCA REGISTRADA
Tudo quanto é inauguração, entrega de chave de carro, assinatura de papel e ato do governo tem sempre uma faixa, placa ou banner da tal “Descentralização”. A oposição tem freqüentado diariamente o site de notícias do governo, coletando fotos como essa aí acima, que, segundo seus advogados, configura a utilização ilícita de um slogan de campanha.

Eles entendem que a “Descentralização”, da forma como é utilizada, com tipologia especial e tudo, não passa de uma propaganda da candidatura LHS e não a divulgação pura e simples dos atos administrativos do governo. A Justiça Eleitoral vai ser chamada a opinar.

sexta-feira, 21 de abril de 2006

SEXTA

Nossos antepassados, do alto de suas sepulturas no cemitério do Itacorubi, assistem aos primeiros movimentos da grande confusão que acompanhará a construção do elevado. Toda obra causa transtorno e a população só esquecerá os maus momentos se, depois de pronto, o elevado de fato resolver a situação e não tiver sido, como tantas outras obras da capital, mal projetado e se tornar causa de novos engarrafamentos. Isso sem falar que seria bem melhor, em vez de facilitar a vida de um número sempre maior de automóveis, pensar soluções que reduzissem o transporte individual.

ALMOÇO POLÍTICO
Ontem a TV Senado fez concorrência à TV Câmara na hora do almoço. As duas colocaram no ar, praticamente ao mesmo tempo, dois campeões de audiência. Quase peguei uma LER no dedo, de tanto ficar trocando de canal no controle remoto.

Numa, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, jurando por tudo que é santo que nunca esteve um milímetro pra lá nem pra cá da lei. E que o fato de ter levado um advogado para apresentar ao Palocci não foi nada demais, “era até um dever”.

Noutra, o compadre do Lula, advogado Roberto Teixeira, se explicava sobre várias coisas, entre as quais o empréstimo, de grátis, de uma casa para os pais de seu afilhado.

Depois de um tempo assistindo deu pra ver que nenhuma das duas conversas traria grandes emoções.

Márcio Bastos ficou falando sete horas. Só parou quando todos os deputados tinham ido embora e as faxineiras queriam limpar a sala.

TERRA MAGAZINE
Tem boa novidade na internet: a revista eletrônica “Terra Magazine”, chefiada pelo Bob Fernandes, que era da Carta Capital. Boas matérias, algumas exclusivas, com o jornalismo competente que o Bob sempre praticou.

Acima de tudo, um bom texto, coisa difícil de encontrar na internet, onde o normal é a indigência no uso da nossa maltratada língua pátria. Para ir até lá: terramagazine.terra.com.br.

O PAPEL DO SATO
Depois da laminha lançada pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), que eu contei aqui ontem, a Agência Globo foi conversar com o prefeito de Orleans pra saber que história era aquela. E ele confirmou que encaminhava pedidos ao governo federal via o genro Sato do Lula, que por sua vez encaminharia à senadora Ideli. Mas a Ideli já fez um “êpa lá!” pra dizer que nunca usou o Sato como intermediário. Genro sofre...

COMERCIAIS SUSPENSOS

O TSE suspendeu os comerciais do PT que iriam ao ar ontem à noite e no sábado, comparando o desempenho do PT e dos tucanos. Mas é capaz de nem fazer falta: ainda tem a propaganda milionária, dirigida pelo Duda Mendonça para a Petrobras, sobre a independência petrolífera.

FREIRE NA ESTÁCIO
Um presidenciável, por menores que sejam as suas chances reais, é sempre um presidenciável. E é nessa condição que o Roberto Freire fará palestra no auditório da faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, em São José (mais precisamente nos Barreiros). Freire, que agora é presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), é comunista histórico e tem acompanhado a vida política do País a partir de um ponto de vista privilegiado. Certamente terá boas histórias para contar. A promoção é do diretório central dos estudantes da faculdade.

PAVAN, DALÍRIO E A MAÇÃ
O PSDB tem como presidente, em Santa Catarina, o Dalírio Beber, um sujeito que trabalha muito, se dedica à beça, mas quase não aparece porque não é deputado, nem senador, nem vereador. Mas talvez aí esteja o segredo do sucesso desse dirigente partidário que conseguiu, em dois anos, se tanto, transformar um pequeno partido num dos grandes participantes da cena política estadual.

Quando ele e Pavan viajam pelo estado, é claro que todo mundo só vê o senador, que fala mais alto, tem uma bengala, e está com a cara quase todo dia na TV. Vai ser assim hoje, em São Joaquim, onde participam da abertura da Festa da Maçã e de algumas costuras políticas.

Depois da festa os dois vêm a Florianópolis para uma reunião com coordenadores do plano de governo do PSDB (o “projeto Agenda 45”).

PMDB HOMENAGEIA PAVAN

No quartel-general do PMDB, a Palhoça do Ronério, o município que até nas propagandas do IPTU usa os números e as cores do PMDB, o tucano Leonel Pavan será homenageado, segunda-feira, com a entrega do título de “Cidadão Honorário”.

O pessoal lá é torcedor fanático do PMDB, mas sabe que não custa acender também uma velinha pro Leonel. Vai que o tucano rouco embala de vez e acaba eleito, né?

DÁRIO DÁ UMA MÃOZINHA PRA RBS
A imagem acima mostra pedaços do “hagah”, novo site de internet que a RBS (o poderoso grupo de comunicação gaúcho que tem filiais em Santa Catarina e no Paraná) está lançando, na área de classificados. Como patrocinador principal, aparece a Prefeitura de Florianópolis, que deve estar nadando em dinheiro, para poder investir num negócio que está começando e que ninguém sabe ainda se vai funcionar. Decerto o prefeito Dário ficou com pena da RBS e resolveu dar uma mãozinha, com nosso dinheiro.

Outra coisa: ao clicar no “banner” (que é como se chama anúncio na internet), a gente vai para a página da secretaria de turismo (a do Cavalazzi). Cá entre nós, que dinheiro mal empregado. Porque se tem um pessoal pra quem a gente não precisa fazer propaganda de Florianópolis (já é tudo apaixonado pela cidade) são os gaúchos.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

QUINTA

Faleceu ontem a engenheira florestal, ex-diretora do Horto Botânico da UFSC, e autora de Bromélias de Santa Catarina, Maike Hering Queiroz.

Era casada com Antônio Diomário de Queiroz, ex-reitor da UFSC e ex-Secretário de Estado da Educação. Deixa cinco filhos e uma vida de dedicação às espécies vegetais nativas da Ilha de Santa Catarina, que ela conhecia e valorizava como ninguém.

Maike morreu em sua casa, em Santo Antônio de Lisboa, depois de uma luta de 20 anos contra o câncer. O enterro será hoje, às 11 horas, no Jardim da Paz, no bairro Saco Grande, em Florianópolis.
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E A CAMPANHA AINDA NEM COMEÇOU...
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL) assumiu a tarefa de arranjar um jeito de incluir, como tema de campanha, o relacionamento entre o amigo de origem japonesa de Lula, o Okamotto (presidente do Sebrae e doador universal) e o genro de origem japonesa do Lula, o Marcelo Sato (chefe de gabinete da Ana Paula Lima, em Florianópolis e casado com a Lurian).

Nos boletins diários que divulga pela internet, ele tem tratado do assunto meio a conta-gotas. Anteontem, divulgou números de contas bancárias (uma delas do BESC) onde Okamotto teria dito que depositaria “presentes” para a família de Lula.

Ontem, revelou que o dono das contas era Marcelo Sato. Embora a fofoca seja carregada de malícia, qualquer um pode ter conta bancária. Mesmo no BESC. E ninguém tem nada com isso.

A GRATIDÃO DE ORLEANS

No mesmo boletim, juntando uma coisa com outra, Cesar Maia informa que no site da prefeitura de Orleans (aqui no sul do estado), tem uma notícia onde o genro do Lula aparece como lobista de projetos do município junto ao governo federal (transcrevo ipsis litteris no quadro abaixo, mas também pode-se ir até o site clicando aqui).

O prefeito do Rio ainda sugere que Sato, homem de confiança de Lula, também o é do Okamotto.

Ponticelli e Sato recebem Bratti em Florianópolis
O prefeito de Orleans, Valmir Bratti, foi recebido esta semana na Assembléia Legislativa pelo deputado Joares Ponticelli (PP), representante do Sul de SC, e pelo chefe de gabinete da deputada Ana Paula Lima (PT), Marcelo Sato, que é genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Neste contato, que se repete e estreita as relações de Bratti com os petistas, o prefeito de Orleans recebeu, com satisfação, a informação de que alguns dos pleitos, que tramitam junto ao Governo Federal, serão liberados.

Com sua esposa Lurian, filha do presidente Lula, Marcelo Sato virá, em meados de maio, até o Município de Orleans para fazer o expresso comunicado da liberação destes pedidos. Atualmente, em Brasília, tramitam mais de 30 reivindicações do Executivo Orleanense.


O ROLO DO BESC
Tá um bafafá danado porque o governo estadual (LHS/Dr. Moreira) resolveu fazer um “quem dá mais” comas contas do funcionalismo público. São mais de cem mil servidores que recebem seus vencimentos pelo BESC e qualquer outro banco daria de bom grado alguns milhões de reais pelo direito de ficar com esse filé.

O governo está de olho nessa graninha extra, que em fim de mandato (e ano eleitoral) seria muito bem vinda. Os petistas, que cuidam do BESC (que é um banco federal), estão com os cabelos em pé. Dizem temer pelo banco, mas devem estar também com medo do gás que a grana dará para LHS.

ACABOU A FRITURA?
Não é incrível como as coisas mudam de um dia para outro, na política? O secretário da saúde da capital, médico Walter da Luz (também conhecido como Juca, dos seus tempos de jogador de futebol proifissional), foi queimado durante toda a sua gestão por gente da própria prefeitura e ligada ao prefeito. De vez em quando tinha notinha na imprensa questionando a competência do Dr. Juca (que é negro, mas o prefeito jura que isso não tem nada a ver).

Ontem, na posse, o novo secretário só falou em dar continuidade ao que vinha sendo feito. Ué!? Não estava tudo tão errado? Então tinha coisa boa sendo feita? Ah, tá.

quarta-feira, 19 de abril de 2006

QUARTA

FARRISTAS BANDIDOS
Quando li, no DIARINHO de ontem, aquela história dos bandidos que quiseram tocar fogo na casa e matar a senhora que achou ruim que eles invadiram a propriedade dela, fiquei, como todo mundo, de boca aberta. Ainda mais quando vi que o crime compensa: os desgraçados foram liberados, decerto para poder azucrinar a vida da vizinhança mais uma vez.

Parece que tem razão quem diz que a Polícia anda meio sem rumo: liberar sem mais nem menos os sujeitos que desafiaram a própria polícia, que riram na cara da lei, que anunciaram que iriam cometer crimes é aceitar o deboche. É expor a população de bem ao perigo e estimular a bandidagem.

BANDIDO É BANDIDO
Depois a gente fica irritado quando o povo dos outros estados fica falando mal da farra do boi e dos catarinenses. Desse jeito tem mesmo que falar mal. O que aconteceu em Penha é um dos mais graves incidentes que pode ocorrer numa cidade que queira ser decente.

Primeiro, atravessaram um terreno particular e a dona do terreno, com toda a razão e direito, reclamou. Queria ver eles atravessando, sem pedir licença, os terrenos da família Eredes dos Navegantes, que parece que é bem situada na política local.

Depois, os marmanjos mimados e sem noção resolvem partir para a agressão. E chegam à tentativa de homicídio, que por pouco não resultou em morte.

Aconteceu coisa parecida no Rio de Janeiro: um traficante quis um saco de pipoca de graça, o pipoqueiro negou. O bandido juntou uma turma e veio dar “uma lição” no pipoqueiro, queimando-o e destruindo seu ganha-pão.

É a mesma cabeça doente e criminosa nos dois casos. Não dá pra Polícia ficar achando que em Penha não tem bandido perigoso ou que só porque o sujeito tem parentes conhecidos, pode deixar ir embora.

Essa gente que fez isso com a casa da dona Ivanilde não tem condições de ficar por aí, como se nada tivesse acontecido, sem se explicar para a Justiça. É bom o pessoal da Penha anotar os nomes e prestar atenção, porque quem faz o que eles fizeram é capaz de qualquer coisa.

PAPELÃO
A história da agressão à dona Ivanilde mostra também uma face burocrática e acomodada da Polícia. Quando ainda estava em tempo de evitar a agressão, nada foi feito. Quem já precisou da Polícia deve ter passado por isso: ou falta viatura, ou a viatura não tem combustível, ou precisa saber o nome de quem fez a ameaça (o cidadão tem que fazer o trabalho do investigador)...

Depois, saem correndo atrás do prejuízo. Mas mesmo quando conseguem prender os autores da covardia, ainda podem escorregar na falta de respeito ao bem estar dos cidadãos: liberam as criaturas, sabe-se lá a qual pretexto, sabe-se lá a pedido de quem.

Coloquem-se no lugar da dona Ivanilde, que foi destratada, ameaçada, agredida, teve alguns de seus bens destruídos, sua casa e terreno invadidos por esse bandidos, ao ver que, algumas horas depois, eles estão livres, leves e soltos, prontos para fazer tudo de novo. Isto é o que o governo catarinense entende por segurança pública?

DEINFRA INCONFORMADO
Servidores do DEINFRA estão indignados com o valor das gratificações que receberam. Um grupo deles me mandou um e-mail detalhando as razões do protesto:
“Os funcionários do DEINFRA (ex - DER), sempre tiveram orgulho do órgão em que trabalham e foi com competência, responsabilidade e afinco que dotaram Santa Catarina do segundo melhor sistema rodoviário estadual do país. E o reconhecimento e a contrapartida do governo LHS foi dada na semana passada com deboche, escárnio e desprezo”.
E para comprovar eles mostram uma tabela comparando as gratificações que o governo LHS deu ao pessoal de nível superior em diversas entidades do governo:
  • Secretaria da Saúde: R$ 1.838,00;
  • Sec. da Administração: R$ 1.800,00;
  • DETER: R$ 1.400,00;
  • FATMA: R$ 1.200,00;
  • DEINFRA; R$ 360,00.
Claro que essa diferença de cinco vezes entre eles e a Saúde azedou a Páscoa do pessoal, que não consegue entender a razão de terem sido tratados como servidores de terceira categoria.

INVESTINDO NO FUTURO
Richard Nixon, nos anos 50, quando teve seus primeiros problemas com a Justiça, disse uma frase que ficou famosa, rodou mundo e pode ser utilizada por qualquer político: “A memória do povo é fraca e seu coração complacente”. Ou seja, a gente esquece rápido e não guarda rancor.

Pois é apostando nisso que Marcos Valério e Delúbio Soares têm aguentado tudo no osso do peito, calados e quietos. Confiam que serão, mais tarde, quando a poeira tiver baixado, recompensados.

Ontem o jornalista Ricardo Noblat contou a história de um recado que Valério mandou para o Okamotto (o banco 24 horas do Lula) por um senador, no segundo semestre do ano passado: “estou duro de dinheiro”. O recado foi dado e o Okamotto respondeu: “não está fácil, verei o que é possível fazer”.

Dias depois, o mesmo senador contou essa história ao Presidente da República. Lula perguntou: “o que o Okamotto disse?” e depois da resposta mudou de assunto.

Embora as trapalhadas da dupla dinâmica tenham ajudado o circo a pegar fogo, a discrição dos dois (Valério e Delúbio) salvou, até agora, o pescoço e o cargo do presidente. Não é pouca coisa.

LAMA DE CAMPANHA
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL) publicou ontem no seu boletim que é enviado por e-mail, uma informação potencialmente explosiva.

Segundo o prefeito, um repórter distraído deixou seu gravador ligado e, quando foi ouvir, estava lá a voz do Okamotto (presidente do Sebrae e banco 24 horas do Lula), falando para alguém os números das contas que teria usado para “dar presentes” à família do Lula.

E seguem as contas: Banespa, agência 0147, cc 01051149-7, BESC, agência 003, cc 121.827-0 e Banco do Brasil, agência 0427-8cc (com ruído)7255-9.

É bom lembrar que o PFL está em campanha contra Lula e sua turma.

FALTAS OPORTUNAS
O site Congresso em Foco fez um levantamento das presenças e ausências de deputados nas sessões onde estava em jogo o mandato de algum dos mensaleiros.

Quase metade dos deputados federais faltou a pelo menos uma das 11 votações realizadas até agora no plenário da Câmara para julgar perdas de mandato.

Dos 218 ausentes, 153 (70%) são da base governista (PMDB à frente, é claro). Mas teve faltosos em praticamente todos os partidos. Só o Prona não faltou a nenhuma sessão.

E entre os catarinenses?

Mauro Passos (PT-SC): seis faltas, quatro delas justificadas como missão oficial. O deputado não deu explicações sobre as duas ausências.

Gervásio Silva (PFL-SC): das quatro faltas, uma foi justificada como missão oficial. A assessoria do parlamentar não deu explicações sobre as três ausências.

Luci Choinacki (PT-SC): faltou três vezes, não justificou nenhuma ausência.

Adelor Vieira (PMDB-SC): faltou a duas sessões e não justificou a ausência. Segundo a assessoria, estava em compromissos partidários.

João Pizzolatti (PP-SC): faltou a duas votações e não justificou a ausência.

Ivan Ranzolin (PFL-SC): faltou a uma votação. Segundo a página da Câmara na internet, ele estava em missão oficial no dia.

Para ler a informação completa é só ir ao congressoemfoco.com.br.

TURISMO DE EVENTOS

Tanto o governador 2 (o Dr. Moreira) quanto o prefeito da capital afirmaram ontem, num fórum sobre turismo promovido pela IstoÉ Dinheiro em Florianópolis, que um dia ainda seremos gratos por esses mega-super-hiper centros de eventos que estão sendo plantados no estado e em Florianópolis.

Dário disse que o turismo de eventos (congressos, feiras, seminários, etc) é uma das duas prioridades para investimentos em Florianópolis (a outra são as empresas de software).

Taí, quando feito com competência e livre concorrência (não fica só uma panelina de hotéis e restaurantes centralizando tudo), o turismo de eventos oxigena a economia. É um pessoal que geralmente vêm à cidade com as principais despesas pagas por suas empresas e acaba sempre gastando um pouquinho mais em passeios, compras e outras atividades turísticas.

SUBTERFÚGIO INCLUSO
O governo do estado distribuiu ontem uma informação sobre a reunião que acontece amanhã em Imbituba, para preparar a cidade para ser escala de navios de turismo. O texto merece ser colocado numa moldura.

Começa chamando os navios (que fazem trajetos geralmente entre Santos e Buenos Aires) de “transatlânticos”, mas o melhor vem quase no final (grifo meu):
“Tanto Luiz Henrique da Silveira, quanto Eduardo Pinho Moreira, vinham insistindo para que a Secretaria da Cultura, Turismo e Esporte encontrasse subterfúgios para intensificar o turismo no Sul do Estado. Depois de várias participações do Secretário João M. de Borba Neto em eventos (...) o Estado foi incluso na rota dos Cruzeiros.”

terça-feira, 18 de abril de 2006

TERÇA

Vocês, que se sentem moradores tão tradicionais da cidade onde vivem, praticamente fundadores ou descendentes dos fundadores do município, já imaginaram se, de repente, chegasse um outro povo, com uma língua estranha, hábitos ainda mais estranhos, e, pior, achando-se “mais evoluído” e, na marra, matasse, escravizasse e tomasse conta de tudo? Pois foi isso que aconteceu, a partir de 1500, com o pessoal que morava aqui na terra brasilis.

Amanhã é Dia do Índio, uma daquelas datas hipócritas inventadas pra mostrar como os branquelos são bonzinhos. Que pelo menos sirva de pretexto pra gente pensar um pouco na situação que nós, invasores europeus, criamos. Nos masssacres que fizemos. Na forma desumana como tratamos quem chegou aqui antes. E, quando encontrarmos alguns sobreviventes nas calçadas, tentando vender artesanato ou mostrar o que sobrou de sua cultura, temos que, no mínimo, sentir alguma culpa.

(Na foto acima tem alguns dados do IBGE sobre a população indígena brasileira: para ficar melhor pra ler é só clicar sobre a foto que se abre uma ampliação)

MAL NA FOTO
E pros manezinhos que acham ruim a invasão de paulistas e gaúchos, não custa lembrar que o que nós, os portugueses, espanhóis, italianos, alemães e tantos outros, fizemos com os Carijós, Guaranis e as demais etnias que moravam por aqui, foi muito pior.

Portanto, antes de criar problema com os índios que querem ter um pedaço de terra, é bom lembrar que a nossa fotografia, nos livros de história, já não é muito boa e à medida em que aumentar a consciência dos crimes que foram cometidos em nome da “colonização do novo mundo”, vai ficar ainda pior.

As professoras e professores que pensam em fazer alguma atividade no Dia do Índio devem preocupar-se em não transformar os nativos em imagens folclóricas. E nem pensem em importar símbolos norte-americanos (os índios de faroeste): a cultura indígena brasileira é muito mais interessante.

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CHEGA DE COVARDIA
Pois não é que teve gente que gostou das minhas sugestões de campanha contra a covardia? Ontem alguns chegaram a perguntar se podiam distribuir aqueles cartazetes. Um queria fazer adesivos, outro imprimir em papel, outro distribuir por e-mail para os amigos.

É claro que podem, desde que sejam observadas estas três condições: 1) tem que manter aquela faixinha, embaixo, que diz que é “um serviço público do DIARINHO”; 2) não pode ser vendido ou relacionado a qualquer promoção comercial; 3) não pode ser associado a partido político ou candidato.

TERÇA-FEIRA GORDA
A agenda política hoje tá bem cheia, mas se eu fosse vocês nem me preocupava muito. Pode dar em nada.

No final da tarde o Congresso vai tentar novamente (com quatro meses de atraso) votar o Orçamento de 2006. As demais votações estão trancadas por três Medidas Provisórias.

Começa hoje o encontro do PMDB com seus dois candidatos a presidente que mais parecem dupla caipira: Garotinho e Topete. Ou Pastor e Itamar.

A CPI do Fim do Mundo (também conhecida pelo apelido de CPI dos Bingos) quer porque quer convocar o Mattoso ex-Caixa e o compadre do Lula, Roberto Teixeira (que era o Banco 24 Horas Pessoal antes do Okamoto assumir a função).

Na TV começam a ser veiculados os anúncios do PT falando bem do governo Lula e naturalmente dando um pau nos tucanos e adjacências.

SEMANA MORNA
Amanhã, na Câmara, mais um mensalista (José Mentor, do PT-SP) deve ser absolvido.
No início da noite o Copom vai anunciar mais um corte na taxa de juros. E o PT, é claro, vai festejar.

Na quinta tanto poderá ter como não ter o depoimento do ministo da Justiça. Márcio Thomaz Bastos na Câmara dos Deputados. E a CPI do Fim do Mundo ouve os angolanos ligados aos bingos que são acusados de ter engordado o caixa 2 do PT.

Na sexta, Lula aproveita o feriado em que se homenageia o mártir da Independência para anunciar a independência pretrolífera do Brasil. Tudo emoldurado por uma campanha publicitária da Petrobras que custou a bagatela de R$ 32 milhões.

SLOGAN RECICLADO
O PFL da Bahia (mais especificamente o Zé Carlos Aleluia) está recomendando que se diga para a população mais pobre que “Lula é o chefe da quadrilha”. Como bem lembrou o Blog do Brasiliense, agora só falta a oposição ressuscitar o refrão da marchina que os caras pintadas cantaram contra Collor em 1992: “É, ou não é, piada de salão, o chefe da quadrilha é presidente da Nação”.

E por falar em quadrilha, o ministro Joaquim Barbosa, do STF, já mandou notificar todos os 40 acusados pelo Ministério Público Federal, para que façam a defesa preliminar. Depois dessa fase, o STF acolhe ou rejeita a denúncia. Se acolher, vira ação penal.

PREFEITO SABONETE
Tenho feito muito esforço para deixar de implicar com o prefeito Dário Berger. Não gosto de ficar achando que algum administrador é assim ou assado sem ter motivos concretos para isso, só baseado em “impressões”.

Mas li ontem uma entrevista que ele deu ao companheiro Fabian Lemos, do DC, e não consegui me animar. Ao contrário. Ele não tem um estilo direto, de falar as coisas claramente. Sobre o Ipuf, que ele quer acabar, falou o seguinte:
“Acho o Ipuf um instituto importantíssimo para o desenvolvimento de Florianópolis. É formado por técnicos altamente qualificados, porém é preciso obter o compromisso com resultados práticos e objetivos, para o bem da cidade e de seus moradores”.
Essa resposta empolada e enrolatória quer dizer mais ou menos o seguinte: “Se pudesse, acabaria com o Ipuf porque acho que seus técnicos têm uma visão de cidade diferente da minha”.

E à pergunta direta “O senhor sobe no mesmo palanque que Jorge Bornhausen?” o prefeito respondeu em círculos espiralados:
“Tenho muito respeito pela democracia. Sei conviver politicamente, portanto, se a coligação consolidar-se, o PFL subirá no nosso palanque”.
Traduzindo: “não, na subo no palanque do Jorge. Ele se quiser que suba no meu palanque”.

Na questão de São José ele foi mais direto, decerto para deixar claro quem manda no pedaço: “nosso compromisso é com a reeleição do prefeito Fernando Elias, a quem ajudamos a eleger”.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

SEGUNDA


CHEGA DE COVARDIA
Estava comendo uns chocolatinhos derretidos (minha madrinha tinha esquecido o presente dentro do carro, no sol), olhando para o céu azul que mandei pintar no teto do meu escritório e vendo, ao longe, o vento balançar as árvores e arrancar uns telhados, quando me ocorreu uma coisa. Uma idéia. Um pensamento. Tipo assim.

Um dos grandes males do mundo moderno é a covardia. A falta de coragem para enfrentar os problemas, encarar os poderosos. O excessivo zelo com que tantos de nós protegem seus fiofós. Já diz o ditado que quem tem, tem medo. E é compreensível que a gente tenha medo.

Só que chega num ponto que o medo razoável passa a ser covardia, passa a ser um cagaço injustificado e indigno. E em muitas situações nós estamos diante dessa falta doentia de coragem. A ponto de vermos de quatro e rastejando pessoas que nunca imaginaríamos que fossem capazes de tanta covardia.

CORAGEM, PESSOAL!
Aí aproveitei o feriadão e comecei a imaginar algumas campanhas que poderiam ser feitas para combater a covardia, mal que se espalha mais rapidamente que a gripe aviária e é mais contagioso que bocejo (que são esses cartazetes que ilustram a coluna de hoje. Como sempre, se clicar sobre eles abre-se uma ampliação).

O engraçado – e triste – dessa história é que o slogan “Chega de Covardia!” serve praticamente pra tudo. Serve, por exemplo, pros deputados que absolveram acusados de receber dinheiro de caixa 2 de do mensalão. Se não fossem covardes, não teriam “faltado” à sessão, nem se absteriam, nem votariam em branco.

Mas a gente não sabe quem votou a favor dos corruptos: o voto é secreto. Ora, como pode ser secreto um voto que é dado em nosso nome? Se a gente escolhe o representante, tem que ter como acompanhar seus passos. E aí tem outra campanha: por que tem voto secreto? Porque tem covardes que morrem de medo que a gente saiba como eles votam.


EM CASA E NA RUA
A gente gosta muito de dizer que político é tudo igual, que é tudo ladrão, mas se esquece que às vezes o corrupto está aqui pertinho, dentro da nossa casa ou na casa do vizinho.

O sujeito que acha que vai se dar bem e aceita vender o voto dele e da família (e às vezes dos amigos) em troca de uns sacos de cimento, uma carrada de tijolos, a dentadura da tia e uma promessa de emprego na prefeitura é tão corrupto quanto quem fez a proposta. E é covarde o suficiente para não enfrentar de cabeça erguida a vida, as dificuldades da vida e essas propostas indecentes.

Os pais que morrem de medo de dizer não para o filho “rebelde”, que não sabem nem tentam saber como educar uma criança, deveriam ser chamados às falas, mais adiante, quando seu filhote “rebelde” aprontar alguma. Mas nem as famílias acham que devem educar as crianças e impor os necessários limites (têm medo) nem a sociedade acha que deve tomar uma providência mais séria (tem medo).

Ou seja, se a gente, a partir de hoje, resolver ser um pouco mais corajoso, boa parte dos problemas pode começar a ser enfrentada e até resolvida.


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FUJA DO ITACORUBI
Quarta-feira a prefeitura da capital muda algumas coisas no trânsito do trevo do cemitério (ou das três pontes), na Avenida da Saudade.

Como o próprio prefeito já disse que o Ipuf é uma bagunça e todos sabemos que a Guarda Municipal não tem conseguido se acertar com o trânsito e que a Secretaria de Obras está sem o poderoso primeiro-irmão, a expectativa mais conservadora é que os problemas da área só vão piorar.

A solução é não passar por ali. O grande problema é que aquele gargalo é o único caminho para o Saco Grande, Cacupé, Sambaqui, Jurerê e outras áreas densamente povoadas.

JEFFERSON TÁ VIVO
O lendário Roberto Jefferson deu uma entrevista ao jornal O Dia, do Rio de Janeiro, neste final de semana.

Diz, pra começo de conversa, que o Ministro da Justiça “está podre”. Mas o que mais me admira na conversa desse político profissional é a sem-cerimônia com que fala sobre corrupção.

“Todo mundo, todo partido, quando indica presidente de estatal, é para fazer caixa”, diz ele, com a naturalidade de quem sabe o que fala. As empresas terceirizadas, segundo Jefferson, fazem a festa dos partidos. Retribuem a boquinha com contribuições generosas. Ele cita as terceirizadas da Petrobras como exemplo.

(Clique aqui para ler a entrevista completa)

sexta-feira, 14 de abril de 2006

SEXTA, SÁBADO E DOMINGO

PAZ NA TERRA?
Reuni estas citações em dezembro de 1972, para uma crônica que publiquei, a propósito de alguma ameaça de guerra ou conflito. Naquela época (uns 33 anos atrás) a paz já era assunto antigo e angustiante.

Agora continua. O que mantém tudo o que se fala sobre paz, ao longo dos séculos, sempre atual. É um mundo estranho, este em que vivemos, onde só é imutável aquilo que precisava mudar.

“Se alguém disser: – Amo a Deus – mas odeia a seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus esse mandamento: o que amar a Deus ame também o seu irmão”.
(I Jo 4, 20-21)

“Mais uma advertência: a paz não pode fundar-se numa falsa retórica de palavras, em geral bem aceitas por corresponderem às aspirações profundas e genuínas dos homens, mas que podem também servir, e, infelizmente, já serviram algumas vezes, para dissimular a falta de um verdadeiro espírito e de reais intenções de paz, e mesmo até para encobrir desejos e iniciativas de opressão ou interesses partidários”.
(Paulo VI, 8 de dezembro de 1967)

“Quem possuir bens deste mundo, e vir seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade”.
(I Jo 3, 17-18)

“Como podemos celebrar um Natal sereno com tal ameaça (a destruição da humanidade pelas armas homicidas) sobre a sorte do mundo?

Nossos votos, por isso, se transformam em urgente apelo a todos os homens de boa vontade, a todos os homens responsáveis no campo da cultura e da política, a que se proponham, como problema fundamental, o da paz. Da paz verdadeira e não da paz exaltada por uma propaganda hipócrita que visa adormecer o adversário e a ocultar a própria preparação para a guerra.

Não da paz fraca e retórica, que evita as negociações indispensáveis, que exigem muita paciência e são extenuantes, é verdade, mas que são as únicas eficazes. Não da paz fundada exclusivamente no equilíbrio precário de interesses econômicos opostos ou no sonho de orgulhosas hegemonias.

Da paz verdadeira, a saber, da paz que funda a própria segurança na prudente abolição ou, pelo menos, na redução das causas que a podem comprometer, como são o orgulho nacionalista e ideológico, a corrida armamentista, a desconfiança nos métodos e organismos que foram instituídos para tornar ordenada e fraterna a convivência dos povos.

Paz na verdade, na justiça e no amor é a paz que desejamos.”
(Paulo VI, 23 de dezembro de 1963)

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O TROTE DO VOTO NULO

No dia seguinte à invenção do e-mail, um gaiato inventou o trote por e-mail. E desde então, a cada dia, a caixa postal eletrônica sempre tem alguma coisa com jeito de coisa séria, aparência de coisa urgente que, no fundo, é só uma bobagem ou uma brincadeira de mau gosto.

Essa história de que todos temos que votar nulo porque “com 51% dos votos nulos será realizada uma nova eleição com candidatos que não participaram da primeira” é uma dessas bobagens que, de tanto ser reenviada, acaba ganhando status de coisa séria.

Valho-me das sábias palavras ex-juiz Ilton C. Dellandréa, que mantém um blog (uma página pessoal na Internet) com o sugestivo título de “Jus Sperniandi” (dellandrea.zip.net), para tentar mostrar que esse e-mail é fajuto.

MANOBRA PETISTA?
O Ilton até se pergunta se essa história do voto nulo não teria sido inventado pelos petistas, porque, como veremos a seguir, isso beneficia o companheiro Lula e praticamente lhe assegura a sonhada reeleição.

Então vamos lá, tentar entender:

É TUDO ILUSÃO

Segundo o Ilton, “não há, na Lei Eleitoral qualquer dispositivo a respeito” (da história que 51% de votos nulos anula a eleição).

Ele enumera os artigos do Código Eleitoral que poderiam ter gerado essa interpretação maluca (maliciosa?) do e-mail: o 211 (que manda excluir, para a contagem dos votos, os em branco e nulos); o parágrafo 1º do 213 (que introduziu o segundo turno); e o 224 (que fala na “nulidade”).

O artigo 224 diz “se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias”.

E aí entram os esclarecimentos do Ilton: “não se considera o voto nulo, proposital ou involuntário, depositado pelos eleitores, mas a própria eleição nula. A lei declina os motivos da anulação no artigo 220: I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei; II - quando efetuada em folhas de votação falsas; III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17 horas; IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios. V - quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do art. 135.

Como se pode ver, a lei não leva em conta, para esse fim, os votos individuais nulos em eleições regulares. A pregação do voto nulo, no meu modo de ver as coisas, é pegadinha do PT. Anular o voto, pragmaticamente, significa ajudar o presidente Lula a se reeleger. Os petistas certamente votarão e com eles os simpatizantes do lulismo ou do petismo. Anular é retirar o voto de algum adversário porque os votos nulos não contarão para a apuração da maioria absoluta – como diz a lei.

Assim, se na contagem dos votos válidos no segundo turno forem apurados apenas três e um candidato obtiver dois e o outro um, o que obteve dois será proclamado eleito!”


Obrigado, Ilton.

E para os queridos leitores e amadas leitoras, desejo uma santa sexta-feira, um sábado de iluminada Aleluia e uma Páscoa feliz e tranqüila.

(Aviso aos navegantes: a coluna, como boa cristã, vai gozar o feriadão e volta à programação normal só na segunda-feira).

quinta-feira, 13 de abril de 2006

QUINTA



LADOS OPOSTOS
O ex-governador Esperidião Amin mandou-me ontem um e-mail dizendo que PP e PMDB são, a esta altura, praticamente como água e óleo: não se misturam. Mas, como não é todo dia que ex-governadores me escrevem, transcrevo o bilhete na íntegra:
“Em primeiro lugar, desejo registrar meu aplauso pelo teu espírito crítico, indispensável à democracia e à inerente liberdade de imprensa. Este espírito crítico é muito saudável, especialmente porque ‘bem humorado’. Derrotismo e lamentos não fazem bem a ninguém (favorecem ao câncer...).

Quanto à preocupação de que PP esteja como PMDB em SC, quero te afiançar que isto é o ‘legítïmo impossível’.

Dos demais, não devo e não posso falar. Tua perspicácia é o bastante”.
Por coincidência, antes de abrir o e-mail do Esperidião tinha conversado com um peemedebista graduado e ele me disse mais ou menos a mesma coisa: “não tem como coligar com o PP”.

BANHO MARIA
Bom, de qualquer maneira, tirante essa questão PP/PMDB, tudo está em compasso de espera. Nada de muito sério deve acontecer antes do final de junho. Até lá serão lançados vários balões de ensaio, muita coisa se dirá, mas as conversas pra valer só começam depois do dia 15 de junho.

O CUSTO DA COISA
Um leitor atento escreve para chamar a atenção para o seguinte: “a imprensa tem noticiado o convênio da prefeitura de Florianópolis com o governo do estado para construir o mega-centro de eventos da baía sul por R$ 20 milhões. O centro multiuso de São José, que não deve ser muito diferente do que instalarão em Florianópolis (os projetos seguem um padrão), custou uns 30% menos: cerca de R$ 13 milhões”.

E aí o leitor deixa, parada no ar, a pergunta que não quer calar: por que a diferença? Só porque tudo é naturalmente mais caro na Ilha que no continente?

DESACELERAÇÃO
A Dona Ivete conseguiu fazer com que o governador LHS desligasse, pelo menos por uns dias, o motorzinho que faz com que ele funcione a mil por hora. Para alívio dos assessores e auxiliares, que já estavam com a língua de fora do estirão dos últimos dias de governo.

Domingo LHS retoma devagarinho o ritmo. Conversa com o coordenador da campanha, Derly de Anunciação, para começar a preparar a rotina que seguirá nas próximas semanas.

O PROJETO KALIL
Ontem obtive, de duas fontes bem situadas no governo e na iniciativa privada, uma informação muito interessante a respeito da história da compra de jornais pelo Adriano Kalil e o tal “sócio oculto”. Garantiram-me, as duas figuras, com quem conversei separadamente, que o projeto da rede de jornais, idealizado por Kalil, chegou a ser levado ao secretário da comunicação, mas ele não topou.

Um dos meus interlocutores ainda brincou: “neste caso deve ter funcionado o VDM, porque era uma coisa meio enrolada”. Bom, isto significa que aquela conversa de envolvimento do Derly no esquema, como sócio, não passaria mesmo de conversa.

PÚBLICA E PRIVADA
Parece que a solução do enroladíssimo problema da SC-401 passa pela transformação da estrada (que vai do centro da capital ao norte da Ilha) numa PPP (parceria público-privada), com a interferência, no processo, da SC Parcerias. Vou tentar acompanhar a história, porque se a gente se descuidar a parte boa pública acaba na privada.

SALVADOR DA PÁTRIA
O presidente da Codesc, o manezinho Içuriti Pereira, quem diria, acabou tendo a enorme chance de salvar a Secretaria do Desenvolvimento e reduzir o impacto negativo que sucessivas más administrações podem ter na campanha de reeleição do LHS.

Interino há poucos dias, Içuriti tem dado expediente lá de manhã e na Codesc à tarde. E já conseguiu ter uma idéia dos principais problemas da pasta. Decerto começa a entender por que eu batia tanto, aqui, no Cezar Cim.

Aquela é uma das principais secretarias para que o governo possa levar algum bem estar à população. Precisa ser levada a sério. Tomara que o Içuriti, a quem o LHS ouve bastante, faça um relato detalhado da situação e se empenhe em que o próximo secretário (ou secretária) trate aquilo lá com o respeito que merece.

ALFACE DE DOIS LEGUMES
Hoje estava preso num engarrafamento inexplicável na SC-401 e comecei a pensar. E o pensamento, já dizia Lupicínio, “parece uma coisa boa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar...”

Seguinte: essas páginas de notícias e fotos que a Secretaria de Comunicação montou no site do governo são como uma faca de dois gumes.

De um lado cumprem uma tarefa importante, quase vital, de colocar a informação à disposição dos jornais, rádios e TVs de qualquer tamanho, ao mesmo tempo. Coisa fantástica.

E do outro também servem para que a oposição amplie sua fiscalização, às vezes com excesso de ranzinice, pegando no pé das bandeirinhas, camisetas, bandeirolas e outras suspeitas de “uso da máquina”. E é ótimo para engraçadinhos de plantão, como eu, encontrarem material para piadas, nem sempre favoráveis ao governo.

Bom, aí a fila começou a andar e tive que parar de pensar pra poder engatar a primeira e ir adiante.

EU A PÉ E O ZÉ VOANDO

Diz Fernando Rodrigues (da Folha, no seu blog):
“Zé Dirceu visitou Itamar Franco em Minas Gerais. Foi de avião. Está mandando bem o ex-ministro.

Usou um jatinho Citation I, prefixo PT-WBY. O aviãzinho saiu de Sorocaba, pegou o ex-ministro petista em São Paulo e chegou a Juiz de Fora por volta das 11h40. Zé Dirceu passou uma hora e meia com Itamar, voltou para o aeroporto local e o jatinho o levou de volta para São Paulo.

Pois é, quem pode, pode.

Agora, quem paga esse tipo de viagem...?”

quarta-feira, 12 de abril de 2006

QUARTA

O NOSSO ASTRONAUTA
O companheiro Marcos Pontes é o tipo do sujeito certo na hora errada. O esforço, dedicação, estudo, aplicação que esse moço foi capaz de fazer para realizar um sonho que ele julga decente, digno e honrado, acaba sendo tratado com pouco caso por uma multidão que não vê, nesse feito isolado (colocar um brasileiro no espaço), grande mérito. Apenas uma despesa inútil.

Ele é, como tantos brasileiros, um sujeito competente. O brasileiro é em geral um cara competente. Falta-nos, para que mais brasileiros se destaquem em muitas áreas, o estímulo básico e continuado de uma educação de qualidade. Enquanto formos esse país injusto e desigual, continuaremos tendo esses heróis solitários.

Vocês decerto já perceberam que temos tantos craques no futebol porque muita gente, de todas as classes, têm acesso a esse esporte. Muita gente jogando, com muitos clubes razoavelmente organizados, resultam no aparecimento de um número grande de bons jogadores.

É assim em todas as áreas. Se tivermos bastante gente jogando tênis, em boas condições de treino e carreira, muitos Gustavo Kuerten aparecerão. Boas escolas, professores bem preparados, livros baratos, bibliotecas e livrarias ao alcance da mão, resultam em um grande número de cientistas, empreendedores de sucesso e pesquisadores de respeito internacional.

Não somos “raça” inferior nem mal dotados de qualquer coisa. É só alimentar direito os brasileirinhos e fornecer-lhes os estímulos adequados, que estaremos prontos para enfrentar qualquer desafio.

Mas, ao longo dos anos, temos andado de ré. Sem querer ofender quem está ocupando cargos de responsabilidade hoje na polícia, nas empresas públicas, nas várias secretarias estaduais ou municipais, na própria área da educação e nos parlamentos, dói ouvir os erros de português e a falta de vocabulário demonstrados nas entrevistas de rádio de televisão e nos discursos, que traçam um perfil que quase chega a ser desanimador.

Tudo porque falta escola. Boa escola e bons professores. Muitos dos professores que a gente encontra, até mesmo em escolas particulares, são verdadeiros desastres. Eles próprios mal formados por mestres de segunda categoria. Não tem como esperar, desses pobres, esforçados mas carentes de cultura, técnica e conteúdo, um desempenho capaz de entusiasmar seus alunos para uma vida de estudo e amor aos livros.

Falar bem, escrever direito, ler bastante não é coisa “da elite”. Quantos e quantos grandes mestres podemos localizar, na história de cada uma das nossas cidades, que foram gigantes do ensino e do saber, mas pessoalmente humildes, de poucas posses, esmagados por salários baixos (uma constante republicana, ao que parece)?

Não sairemos desse atoleiro, onde nada parece dar certo e de onde não conseguimos nem ver o horizonte, se não valorizamos o estudo e o trabalho. Com que país você gostaria de o Brasil se parecesse? Aposto que essa nação que você admira, qualquer que seja, foi construída com muitos anos de escola obrigatória e valorização do trabalho (e não da vadiagem ou da “esperteza”).

A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA
A Internet é uma coisa maravilhosa. Por exemplo: quer ler tudo o que o Procurador Geral de República, Antônio Fernando de Souza escreveu em sua denúncia contra as 40 pessoas (40 ladrões?) envolvidas no chamado “esquema do mensalão”?

Pois é só colocar o seguinte endereço no seu navegador para abrir um documento em “pdf” (precisa do Acrobat Reader, o leitor de pdf): www.pgr.mpf.gov.br/pgr/asscom/mensalao.pdf [ou clicar aqui para ir direto]. São 136 páginas e dependendo da sua conexão pode demorar um pouquinho.

O Procurador enviou a denúncia ao Supremo Tribunal Federal no dia 30 de março. Os denunciados são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva e peculato.

TRECHINHO DA DENÚNCIA

“Com a base probatória colhida, pode-se afirmar que José Genoíno, até pelo cargo partidário ocupado, era o interlocutor político visível da organização criminosa, contando com o auxílio direto de Sílvio Pereira, cuja função primordial na quadrilha era tratar de cargos a serem ocupados no Governo Federal.

Delúbio Soares, por sua vez, era o principal elo com as demais ramificações operacionais da quadrilha (Marcos Valério e Rural) repassando as decisões adotadas pelo núcleo central. Tudo sob as ordens do denunciado José Dirceu, que tinha o domínio funcional de todos os crimes perpetrados, caracterizando-se, em arremate, como o chefe do organograma delituoso.”
Extraído da denúncia enviada pelo Procurador Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

VAIS ANISTIAR O ZÉ?

Enquanto o Procurador Geral da República trata os 40 amigos como quadrilheiros e o considera como um dos mentores do esquema, o Zé disse ontem, em Florianópolis, que tem um duplo projeto político: reeleger Lula e conseguir a anistia para si próprio.

O Zé (que Zé? o Dirceu, claro) afirmou que tem um monte de gente e de entidades que estão loucas para começar uma campanha pela anistia dele. Segundo ele nada ficou provado e é tudo intriga da oposição.

PREFEITO ESQUISITÃO
Tenho observado o prefeito Dário, ultimamente, com mais atenção, porque achava que a má impressão inicial era apenas má impressão inicial.

Cheguei a ouvir entrevistas com grande atenção, para identificar alguma posição, postura ou afirmação que desfizesse a tal impressão inicial. Mas não consegui, até agora.

Vamos ver se vocês, que certamente vêem méritos nesse jovem administrador da nossa capital, me ajudam e explicam essas situações que, por enquanto, considero problemáticas:

Problema 1 – praticamente desde a posse ele se queixa do presidente do IPUF (empossado por ele!), que é do PMDB. Quem poderia trocar esse agente público inapto? O prefeito. Mas não trocou. Preferiu uma longa e desgastante (para os dois lados) fritura.

Problema 2 – praticamente desde a posse ele se queixa do secretário da saúde (empossado por ele!), que é de uma corrente do PSDB que se opõe à dele, do seu irmão e do pai do seu secretário da administração. Quem poderia trocar esse agente público inapto? O prefeito. Mas não trocou. Preferiu uma longa e desgastante (para os dois lados) fritura.

Problema 3 – praticamente desde a posse ele se queixou do secretário de obras. Depois de algum tempo, colocou, no lugar, seu irmão, Djalma. Agora o irmão saiu para concorrer à reeleição como deputado. Quem ficou no lugar? O mesmo secretário que tinha sido fritado antes.

Pode ser implicância, mas não consigo entender essa preferência pelo desgaste prolongado. Parece indecisão, cheira a falta de traquejo político e demonstra dificuldade para trabalhar em equipe. Mas pode não ser nada disso. Vai que é o estilo do moço.

DENÚNCIA ANÔNIMA
Em epoca de eleição sempre aparecem folhetos anônimos, recheados de “denúncias”. Covarde quem as propaga, imbecil quem lhes dá crédito. Quem sabe de alguma irregularidade séria e verdadeira deve denunciá-la ao Ministério Público ou à polícia, para que os autores sejam punidos. Se a coisa fica só na base da fofoca anônima é porque não tem fundamento mesmo.

Lembram que falei segunda-feira na farra dos colunistas? Quando a gente foi colocado na roda das fotografias com os políticos do PSDB? Pois aí tá a prova do crime. Na esquerda o Cláudio Prisco e entre o Pavan e o Marcos Vieira estamos eu (numa pose de dedo-duro) e o Moacir Pereira. Tudo isso pro Pavan mostrar a bengala (nova?) com um tucano no cabo.