terça-feira, 18 de abril de 2006

TERÇA

Vocês, que se sentem moradores tão tradicionais da cidade onde vivem, praticamente fundadores ou descendentes dos fundadores do município, já imaginaram se, de repente, chegasse um outro povo, com uma língua estranha, hábitos ainda mais estranhos, e, pior, achando-se “mais evoluído” e, na marra, matasse, escravizasse e tomasse conta de tudo? Pois foi isso que aconteceu, a partir de 1500, com o pessoal que morava aqui na terra brasilis.

Amanhã é Dia do Índio, uma daquelas datas hipócritas inventadas pra mostrar como os branquelos são bonzinhos. Que pelo menos sirva de pretexto pra gente pensar um pouco na situação que nós, invasores europeus, criamos. Nos masssacres que fizemos. Na forma desumana como tratamos quem chegou aqui antes. E, quando encontrarmos alguns sobreviventes nas calçadas, tentando vender artesanato ou mostrar o que sobrou de sua cultura, temos que, no mínimo, sentir alguma culpa.

(Na foto acima tem alguns dados do IBGE sobre a população indígena brasileira: para ficar melhor pra ler é só clicar sobre a foto que se abre uma ampliação)

MAL NA FOTO
E pros manezinhos que acham ruim a invasão de paulistas e gaúchos, não custa lembrar que o que nós, os portugueses, espanhóis, italianos, alemães e tantos outros, fizemos com os Carijós, Guaranis e as demais etnias que moravam por aqui, foi muito pior.

Portanto, antes de criar problema com os índios que querem ter um pedaço de terra, é bom lembrar que a nossa fotografia, nos livros de história, já não é muito boa e à medida em que aumentar a consciência dos crimes que foram cometidos em nome da “colonização do novo mundo”, vai ficar ainda pior.

As professoras e professores que pensam em fazer alguma atividade no Dia do Índio devem preocupar-se em não transformar os nativos em imagens folclóricas. E nem pensem em importar símbolos norte-americanos (os índios de faroeste): a cultura indígena brasileira é muito mais interessante.

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CHEGA DE COVARDIA
Pois não é que teve gente que gostou das minhas sugestões de campanha contra a covardia? Ontem alguns chegaram a perguntar se podiam distribuir aqueles cartazetes. Um queria fazer adesivos, outro imprimir em papel, outro distribuir por e-mail para os amigos.

É claro que podem, desde que sejam observadas estas três condições: 1) tem que manter aquela faixinha, embaixo, que diz que é “um serviço público do DIARINHO”; 2) não pode ser vendido ou relacionado a qualquer promoção comercial; 3) não pode ser associado a partido político ou candidato.

TERÇA-FEIRA GORDA
A agenda política hoje tá bem cheia, mas se eu fosse vocês nem me preocupava muito. Pode dar em nada.

No final da tarde o Congresso vai tentar novamente (com quatro meses de atraso) votar o Orçamento de 2006. As demais votações estão trancadas por três Medidas Provisórias.

Começa hoje o encontro do PMDB com seus dois candidatos a presidente que mais parecem dupla caipira: Garotinho e Topete. Ou Pastor e Itamar.

A CPI do Fim do Mundo (também conhecida pelo apelido de CPI dos Bingos) quer porque quer convocar o Mattoso ex-Caixa e o compadre do Lula, Roberto Teixeira (que era o Banco 24 Horas Pessoal antes do Okamoto assumir a função).

Na TV começam a ser veiculados os anúncios do PT falando bem do governo Lula e naturalmente dando um pau nos tucanos e adjacências.

SEMANA MORNA
Amanhã, na Câmara, mais um mensalista (José Mentor, do PT-SP) deve ser absolvido.
No início da noite o Copom vai anunciar mais um corte na taxa de juros. E o PT, é claro, vai festejar.

Na quinta tanto poderá ter como não ter o depoimento do ministo da Justiça. Márcio Thomaz Bastos na Câmara dos Deputados. E a CPI do Fim do Mundo ouve os angolanos ligados aos bingos que são acusados de ter engordado o caixa 2 do PT.

Na sexta, Lula aproveita o feriado em que se homenageia o mártir da Independência para anunciar a independência pretrolífera do Brasil. Tudo emoldurado por uma campanha publicitária da Petrobras que custou a bagatela de R$ 32 milhões.

SLOGAN RECICLADO
O PFL da Bahia (mais especificamente o Zé Carlos Aleluia) está recomendando que se diga para a população mais pobre que “Lula é o chefe da quadrilha”. Como bem lembrou o Blog do Brasiliense, agora só falta a oposição ressuscitar o refrão da marchina que os caras pintadas cantaram contra Collor em 1992: “É, ou não é, piada de salão, o chefe da quadrilha é presidente da Nação”.

E por falar em quadrilha, o ministro Joaquim Barbosa, do STF, já mandou notificar todos os 40 acusados pelo Ministério Público Federal, para que façam a defesa preliminar. Depois dessa fase, o STF acolhe ou rejeita a denúncia. Se acolher, vira ação penal.

PREFEITO SABONETE
Tenho feito muito esforço para deixar de implicar com o prefeito Dário Berger. Não gosto de ficar achando que algum administrador é assim ou assado sem ter motivos concretos para isso, só baseado em “impressões”.

Mas li ontem uma entrevista que ele deu ao companheiro Fabian Lemos, do DC, e não consegui me animar. Ao contrário. Ele não tem um estilo direto, de falar as coisas claramente. Sobre o Ipuf, que ele quer acabar, falou o seguinte:
“Acho o Ipuf um instituto importantíssimo para o desenvolvimento de Florianópolis. É formado por técnicos altamente qualificados, porém é preciso obter o compromisso com resultados práticos e objetivos, para o bem da cidade e de seus moradores”.
Essa resposta empolada e enrolatória quer dizer mais ou menos o seguinte: “Se pudesse, acabaria com o Ipuf porque acho que seus técnicos têm uma visão de cidade diferente da minha”.

E à pergunta direta “O senhor sobe no mesmo palanque que Jorge Bornhausen?” o prefeito respondeu em círculos espiralados:
“Tenho muito respeito pela democracia. Sei conviver politicamente, portanto, se a coligação consolidar-se, o PFL subirá no nosso palanque”.
Traduzindo: “não, na subo no palanque do Jorge. Ele se quiser que suba no meu palanque”.

Na questão de São José ele foi mais direto, decerto para deixar claro quem manda no pedaço: “nosso compromisso é com a reeleição do prefeito Fernando Elias, a quem ajudamos a eleger”.

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