quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A coluna recomeça dia 18

Estar de férias é coisa muito boa, mas tem um problema básico e inevitável: um dia acaba. A coluna De Olho na Capital voltará a ser publicada, no DIARINHO e aqui, no dia 18 de dezembro, uma segunda-feira. Minha chefe disse que se eu não voltar a trabalhar nesse dia, é só passar no departamento do pessoal pra buscar meus direitos. Diante desse argumento, não tenho escolha a não ser me preparar pro batente. Paciência.

Até lá, se vocês quiserem se distrair, podem acompanhar o blog “As Férias do Tio Cesar”. É só clicar aqui para ir para lá.

domingo, 26 de novembro de 2006

Férias!

Pois é, a coluna está de férias. Voltará a ser publicada provavelmente antes do Natal (quando souber exatamente, informarei). No jornal, no local da coluna, entra o noticiário de geral ou política.

Aqui, ficará este post, congelado. Mas não pensem que vocês ficarão sem opções: criei um novo blog, As Férias do Tio Cesar (deolhonaestrada.blogspot.com) onde de vez em quando colocarei algumas fotos de viagem. E onde há atalhos para as últimas notícias do O Globo, da Folha e as últimas notas das colunas do Josias e do Noblat. Apareçam por lá. É só clicar aqui.

Até a volta.

sábado, 25 de novembro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

O NOVO COMPADRE
LHS anunciou na Fiesc que a secretaria da Fazenda continua com a turma de Joinville. Mais precisamente nas mãos do Sérgio Roberto Alves (na foto acima sendo guiado pelo governador eleito). Tem tudo pra ser um novo compadre, no bom sentido. Amigo de todas as horas, guardando a chave do cofre com unhas e dentes pra evitar que aconteça coisa pior.

E o mais engraçado é que tem gente em Joinville reclamando que a cidade está “pouco representada”. Se do jeito que está os manezinhos já acham que aquilo ali é a República do Norte Catarinense, nem quero imaginar como seria um governo em que as lideranças da Manchester catarinense se sentissem ainda mais à vontade.

CASAMENTO
A solenidade de ontem na Federação das Indústrias pode ter o nome que lhe quiserem dar, mas na essência foi uma festa de casamento. O governo LHS jogou-se nos braços musculosos e endinheirados dos empresários representados pela Fiesc. Teve abraços, beijos e juras de amor eterno. Coisa linda. LHS não vai fazer nada, nem viajar ao exterior nem aprovar incentivos sem ouvir a Fiesc. Não é mesmo um casamento de papel passado?


DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ – A vida política pode ser, às vezes, muito romântica. As aproximações se assemelham muito àquelas que a gente assiste, na primavera, entre casais e grupos de diversas espécies. Os movimentos podem se dar em sofás adornados com anjinhos (seriam cupidos?), ou o namoro pode se dar como entre os pássaros (no caso, tucanos).
E assim a vida segue...



[Como sempre, se tiveres alguma dificuldade para ver as fotos ou ler o convite acima, é só clicar sobre eles (as fotos ou o convite), que se abre uma ampliação]

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TIO CESAR TIRA FÉRIAS!
A partir de segunda-feira esta coluna entra em férias. Por alguns dias, que eu tentarei espichar e minha chefe encurtar, ficarei fora do ar. Volto em algum dia de dezembro, ou a qualquer momento, se ganhar na mega-sena (para contar o que farei com a grana).

Descansado (ou ainda mais cansado, porque quando as férias são boas a gente não para), tentarei fazer um segundo ano da coluna com mais informações e mais bobagens. Até a volta. Divirtam-se.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

SEXTA

GENTE FINA
O pessoal da prefeitura de Palhoça não é fácil. Vocês sabem que o prefeito ReiNério Heiderscheidt é peemedebista, fez campanha pro LHS, vive incensando o grande líder, de quem, teoricamente, é grande amigo e aliado (pelo menos assim se diz).

Pois olha só como a prefeitura divulgou a visita de cortesia que o governador eleito fez:
Com uma hora e 20 minutos de atraso, o governador reeleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, realizou nessa terça, dia 21, a sua primeira visita oficial, depois de sua vitória nas urnas, ao prefeito de Palhoça”...
Viram? Já começou dando bronca no LHS, porque se atrasou. Imagina se a visita não fosse de cortesia... Claro que mais adiante o prefeito agradece os R$ 27 milhões que LHS liberou para Palhoça durante o show do milhão, mas a primeira impressão é a que fica.

E pra encerrar a nota, a turma da prefeitura parece saudosa da campanha (sem ligar muito para essa bobagem legalista de separação entre o que é política e o que é administração):
“O evento virou, ainda, um palanque político. Presenças dos deputados eleitos Marcos Vieira, Ada Luca, Renato Hinning e Djalma Berger. O prefeito Dário Berger também compareceu.”
RUSGAS DE AMOR
O PTB, partido do Roberto Jefferson, foi ao Palácio para dizer que vai apoiar Lula (foto abaixo). E só. Graças ao fato de ter, como presidente, o desencadeador do turbilhão de lama do mensalão, Roberto Jefferson (que não é bem vindo no Planalto e naturalmente não apareceu na reunião), o partido não fará parte da coalizão que ajudará Lula a governar.

Continuará, porém, com o ministério do Turismo, hoje ocupado pelo Walfrido Mares Guia. O que, no final das contas, é melhor que nada.

SUPER JORNAL DO BISPO
Antigamente, quando a gente queria falar em jornais de grande tiragem, usava exemplos dos tablóides ingleses, com mais de um milhão de exemplares, ou os jornais japoneses, também contados aos milhões.

Só que os veículos da Igreja Universal do Bispo Macedo estão alcançando números semelhantes. A Folha Universal, por exemplo, em sua última edição, publicou espantosos 2,3 milhões de exemplares. É sem dúvida o jornal de maior circulação do Brasil, país onde os jornais vendem muito pouco. Supera a soma da tiragem de todos os principais jornais diários.

INDECISÃO PRESIDENCIAL
O cientista político Carlos Alberto de Melo publicou um artigo no blog do Noblat onde comenta a dificuldade do presidente Lula para escolher caminhos e definir suas prioridades. Ele conclui que Lula parece mesmo não saber para onde ir. Um trecho:
“Por isso [por não saber onde quer chegar] dá voltas em torno do próprio eixo: protela, adia, resmunga, tergiversa e não apresenta nem a novos aliados e nem a velhos adversários quais sejam suas intenções. Dá ainda mais espaços para demandas que ele próprio criou e que não consegue controlar. Governadores, prefeitos, movimentos sociais, petistas, peemedebistas e outras legendas menos cotadas querem o quinhão que o governo nem consegue dar e nem negar. Lula lida com todos como se tentasse ganhar tempo; barganha interesses e crê religiosamente no poder milagroso da lábia e da negociação. Supostamente, assim estabelecerá o consenso e a paz. Mas a paz será curta se não possibilitar avanços reais e duradouros, por meio de uma determinação reformista, que apontem saídas para os entraves da economia e da sociedade brasileiras.”
A ESCOLA DO BARULHO
A Justiça continua decidindo contra a escola de Florianópolis que, contra tudo e contra todos, tenta impor sua presença num bairro residencial. Só que nos jornais da capital o noticiário aparece como se o problema fosse o barulho das crianças.

Talvez até os advogados das famílias prejudicadas tenham errado em algum ponto, ao dar a esse item um destaque que, a meu ver, não cabe. Os ruídos das crianças nos recreios são realmente altos, nessa escola encravada no meio de residências e espremida porque os lotes não previam atividade comercial, muito menos escolas, que sempre precisam de uma área maior.

Mas o maior problema é tentar forçar, na marra, uma alteração do Plano Diretor enfiando, em área inadequada, uma atividade comercial que não caberia ali. E, agora, até o Sindicato das Escolas resolveu tomar as dores da escola transgressora.

Desde a década de 90 (praticamente desde que foi instalada ali) a escola tem sido acionada e questionada e vem sobrevivendo às custas de liminares, de conivência de funcionários municipais, de cegueira de outros. Todas as decisões têm sido contrárias à escola, mas mesmo assim ela insiste, agora, em provar que os fiscais municipais que detectaram irregularidades, não estavam preparados para isso, eram inaptos.

E vai por aí afora. Que tipo de educação espera um pai que matricula o filho numa escola dessas? Decerto não está nem aí. Tal e qual os donos da escola, para quem as palavras de ordem parecem ser: “dane-se a lei, o bom senso e a convivência civilizada”.

NOVA TAXA JOSEFENSE
Leitor escreve, indignado:
“A Prefeitura de São José está enviando para as empresas via correio, o boleto de cobrança da Taxa de Fiscalização para Localização de Estabelecimentos (TFLE), mais conhecida como alvará. A ‘novidade’ é que estão cobrando a taxa TSO (Taxa de Segurança Ostensiva contra delitos) (?!?!). Liguei para o setor de alvará e o funcionário da Prefeitura justifica que esta taxa é para ‘manter’ a Guarda Municipal (?!?!?). Absurdo!”
A prefeitura não aceita boletins de ocorrência de assaltos e furtos como argumento para abatimento na taxa.


quinta-feira, 23 de novembro de 2006

QUINTA

TÁ TUDO COMBINADO
Pra mostrar que o PMDB está unido, o Temer levou o Orestes Quércia para conversar com o Lula. Quércia, Jader Barbalho, os Sarney e tantos outros estão contentíssimos com o andar da carruagem. O PMDB participará do governo e disputará inúmeros cargos, mas, para todos os efeitos, fará negociações sobre projetos.

Não poderá ser chamado de fisiologista, mas, na prática, conseguirá ocupar espaços preciosos. Quem sabe, até, o lugar do PT no coração do Lula. E poderemos saber disso brevemente, quando D. Marisa for novamente à praia: se não tiver mais a estrela vermelha no maiô, é porque o casal já virou peemedebista de carteirinha.

ANDAR DE BAIXO
O pessoal está acompanhando com atenção a movimentação para a formação do colegiado do novo governo estadual. Fulano foi convidado, beltrano não aceitou, Ceron é o secretário da Agricultura, a Associação Comercial e Industrial de Joinville será o Secretário da Fazenda (representada pelo seu presidente) e assim por diante.

Mas a história tem demonstrado que mais vale prestar atenção na composição dos andares inferiores. É de lá que têm saído os protagonistas de tantos rolos e escândalos. E é lá que mora o perigo: como estão menos visíveis, com iluminação mais fraca, podem ter a impressão que ninguém está vendo ou que ninguém saberá do que acontece.

CATARINENSES DE FORA
O site Congresso em Foco instituiu um Prêmio para “reconhecer o trabalho dos deputados federais e senadores que se destacam no cumprimento de suas obrigações”. Jornalistas que cobrem o parlamento fizeram uma pré-seleção de 25 deputados e 15 semadores, que agora serão votados pelos leitores do site e os mais votados receberão troféus numa solenidade no dia 19 de dezembro.
Li e reli a lista dos escolhidos para disputar o voto dos leitores e não encontrei nenhum catarinense, nem unzinho só. Achei uma injustiça, pelo menos, com o Coruja e também, por que não, com a Ideli.

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CONSULTÓRIO DO TIO CESAR
“JAMAIS VOU ENTENDER AS MULHERES”

As mulheres funcionam todas mais ou menos da mesma forma. Todos os homens (ou pelo menos a maioria) provavelmente tiveram a amarga experiência de ver surgir, à sua frente, uma mulher acabada de arrumar perguntando “que tal?”

Muitos casamentos, namoros e casos terminaram exatamente neste momento. Porque a gente acha, à primeira vista, que é uma pergunta simples, que pede uma resposta simples. Alguns até dizem com sinceridade o que acharam. São as famosas últimas palavras.

Uns pobres coitados olham cuidadosamente e examinam todos os detalhes antes de responder. Jamais conseguirão recuperar-se.

Outros, mais experientes, respondem de bate-pronto: “tá ótima, linda!” Dependendo do tempo que levaram para isso, do tipo de olhar que lançaram, essa pode ser a resposta certa. Mas nem sempre.

* * *
As mulheres, nós sabemos, são seres complexos, com uma forma de entender o mundo e os homens extremamente misteriosa. Nós, os homens, elas sabem, somos seres singelos, com uma forma de entender o mundo e as mulheres muito previsível. Por isso elas estão sempre em vantagem.

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Ou vocês vão dizer que nunca deram uma resposta errada (que era, antes da reação dela, a coisa mais certa a dizer ou fazer)? Nunca tiveram que ouvir palavras ásperas sem saber o que teria causado tal coisa?

No começo eu até falava em voz alta “o que foi que eu fiz?” mas, com o tempo, embora continue tendo exatamente esta mesma atitude diante das coisas incompreesíveis que ouço e recebo sobre a cabeça, apenas penso: “o que foi que eu fiz desta vez?”

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Desistir de tentar entender é a melhor coisa a fazer. Tenho um amigo que fez tanta força para entender as mulheres que acabou se transformando numa delas. Hoje eu não o entendo. Muito menos como é que ele faz para se equilibrar naqueles saltos altos, com duas bolsas de silicone de 2 litros cada implantadas no peito.

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Não entender como as mulheres chegam àquelas conclusões e não se preocupar com isso não é coisa que atrapalhe o relacionamento. Ao contrário, ajuda, porque permite que a gente se concentre nas coisas realmente importantes. Porque quando a mulher quer ter uma conversa séria sobre o que lhe vai n’alma, procura uma amiga. Conosco a história é outra. As conversas, mesmo sérias, são de outro tipo. Do tipo onde, na dúvida, a melhor resposta sempre é “sim, querida”.

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De qualquer forma, por mais que elas achem que a gente é apenas um primata com quem é necessário conviver para a procriação e para ter quem troque as lâmpadas e mude o sofá de lugar, não podemos reduzir nossa auto-estima nem entrar nesse jogo. É necessário usar toda a inteligência e todo o prozac disponíveis para manter o equilíbrio nessa dificílima situação: elas passam dez anos nos amestrando em todos os aspectos da vida a dois. Da tampa da privada à temperatura dos pés na cama. Quando fazemos exatamente como elas nos ensinaram, nos descartam porque deixamos de ser interessantes. Ficamos chatos e piegas.

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Jamais vou entender as mulheres. Mas não consigo entender os homens que não vêem a graça desse jogo. Ou que desistiram de esperar ansiosos que a briga, o amuo ou o fricote termine, para que o primata ressurja em seu esplendor e restabeleça a ordem no muquifo, entregando a ela o controle remoto da TV, oferecendo chocolate e fazendo-lhe uma massagem relaxante nos ombros e na nuca. “Tá melhor assim, querida?”

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

QUARTA

MAIOR DO MUNDO – O presidente Lula inaugurou ontem em Barra dos Bugres (MT) a primeira usina do mundo a produzir biodiesel, açúcar e álcool de forma integrada. Na verdade inaugurou a parte que fabrica o biodiesel, porque a usina existe há 20 anos e produz 150 milhões de litros de álcool e 40 mil toneladas de açúcar por ano. Dos R$ 27 milhões investidos na expansão, um pouco mais da metade (cerca de R$ 16 milhões) é dinheiro público. É a terceira maior usina de biodiesel do País. Ao lado de Lula, louco de faceiro, estava o governador reeleito do Mato Grosso, Blairo Maggi, o maior plantador de soja do mundo. Todos muito felizes porque a usina vai comprar a produção dos pequenos produtores de soja e girassol do estado. Pequeno produtor de soja? Então tá.


GENTE FOFOQUEIRA...
Tem sempre aqueles catastrofistas que conseguem ver conspiração em tudo. Ontem me ligaram, muito em segredo, para contar que a idéia do LHS, de dividir a Segurança e criar de novo a Secretaria de Justiça, onde abrigaria o ex-presidente da OAB-SC, era uma espécie de agradecimento à forma como votaram, no Pleno do TRE-SC, os juízes indicados pela OAB.

E o pior é que tem gente que acredita mesmo nessas fantasias, por mais sem pé nem cabeça ou inverossímeis que sejam. Basta haver uma sugestão de desonestidade ou de comportamento ilícito e imediatamente todo mundo comenta e passa adiante, sem querer saber se é só fofoca ou se tem algum fundo de verdade.

No caso do julgamento do LHS surgiram várias dessas. Algumas alimentadas até por bem intencionados defensores, que ao divulgar, dias antes, com precisão, como seria o voto de determinado juiz, fizeram com que as suspeitas e os boatos nascessem como ervas daninhas.

O PDT DE NOVO? NÃO!
O Maneca Dias quer a Secretaria do Desenvolvimento Social para sua mulher, Dalva de Luca, mais ou menos como antigamente o sujeito abonado instalava uma boutique para a mulher cuidar. Nem sei se a D. Dalva tem competência, mas é que a gestão anterior do PDT nessa secretaria deixou tantas feridas que entregá-la novamente para a mesma turma soa como, no mínimo, insensatez.

Se o LHS fosse mesmo o sujeito esperto que aparenta ser, daria uma olhada na situação durante a gestão PDT e agora, na gestão Zuleika Lenzi. Há uma diferença do dia para a noite, na forma como os mais pobres e os recursos públicos são tratados.

TRAPALHADAS
Valdebran Padilha, em depoimento na CPI dos Sanguessugas:
“Uns (os petistas) desconfiavam se o outro (Luiz Antônio Vedoin) tinha informação e o outro desconfiava se iam pagar. No final, vimos que um não tinha informação e o outro não tinha dinheiro.”
Jorge Lorenzetti, em depoimento à CPI dos Sanguessugas:
“O que me incomodou profundamente foi o fato de ter sido identificado como o churrasqueiro do Lula. Eu quero homenagear os churrasqueiros do Brasil que fazem um grande trabalho para o mundo porque é um produto que hoje é o país identificado lá fora. Mas isso foi para tentar me vincular ao Lula. Desde 2002, só participei de quatro churrascos. Em 2005 e 2006, não participei de nenhum churrasco.”
DINHEIRO A RODO
Deu no jornal O Globo: “a Petrobras firmou convênio inédito de R$ 228,7 milhões, este ano, sem licitação, com a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi). A entidade reúne algumas das principais empreiteiras – e doadoras de campanhas eleitorais – do país”.

E mais: “a Petrobras repassou, entre agosto do ano passado e outubro deste ano, pelo menos R$ 31 milhões a ONGs ligadas ao PT, à campanha de reeleição de Lula ou ao MST”.

Crise? que crise?

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CRONIQUINHA DE MEIO DE SEMANA
NA BEIRA DO RIO URUGUAI EU SENTEI NA PEDRA

Sabe maratona de astro do rock? Pois é, um dia em cada lugar. É mais ou menos assim, com algumas diferenças. Eles ganham em dólar, um monte de dólar. Eu ganho diária em reais, uma miserinha que mal dá pro hotel de terceira, pão com manteiga e média com pouco leite. Eles são assediados pelas fãs. Eu tenho que andar atrás das pessoas com quem preciso falar, que sempre parece que estão fugindo de mim. Imagina.

Bom, estou na capital do Oeste, Chapecó. Daqui a pouco vamos para Maravilha, depois Palmitos e finalmente o gran finale em Pinhalzinho. Pernoite em Chapecó, já de madrugada. Tá bom pruma tarde e noite, né? Amanhã continua. Xanxerê, Seara, Concórdia. Pernoite em Treze Tílias. Já no meio-oeste. Terminou? Não, na sexta, um dos únicos dias do ano em que a família toda (filhos e agregados) está reunida em Florianópolis, por causa do aniversário do primogênito, tenho que fazer Arroio Trinta, Videira, Campos Novos e Curitibanos.

Tudo isso porque ainda não acertei os números da mega-sena. E preciso catar real por real, trabalhando todos os dias, fazendo as coisas mais estapafúrdias, a fortuna que um dia terei. E quando a tiver, poderei cumprir a singela lista abaixo, que levo comigo, num papelinho dobrado, amarelecido pelo uso (mostarda e ketchup também ajudaram no tom) e quase se desmanchando:

1. Ser feliz.
2. Fazer felizes as pessoas próximas (até seis graus de contato).
3. Se der tempo, escrever um livro.
4. Dirigir um ônibus-leito lotado, numa viagem longa, em noite de chuva e neblina.
5. Dirigir um ônibus de dois andares e quatro eixos, numa viagem longa, num dia ensolarado.
6. Dirigir uma Kombi 68.
7. Se sobrar tempo, mandar cartas para os amigos, assinadas cada vez por um dos 32 personagens que vivem na metade direita do meu cérebro.

Mas agora ainda não posso fazer isso, porque estou ocupado fazendo as tarefas que me cabem. Alguém poderá dizer, certamente sem grande experiência de vida, que “ah, mas dá pra ser feliz sem precisar de muito dinheiro e enquanto se está ainda fazendo a poupança...” Sinto desapontá-las (os), mas não dá. Já tentei e quase fui pra rua do emprego.

Bom, deixa eu ir, que o pessoal está esperando e, afinal, não é todo dia que a gente pode começar o serviço numa cidade chamada Maravilha.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

TERÇA

VISITA DE CORTESIA
O governador eleito tem visitado os prefeitos da coligação para agradecer o empenho e o apoio. Ontem esteve na prefeitura de Florianópolis para dar um abraço no Dário Berger (d). Disse que não vai deixar o prefeito pendurado no viaduto nem na ponte e que a graninha pras obras vai pingar. E bem ao estilo LHS convidou o prefeito para irem semana que vem a Brasília negociar com a embaixada do Japão sobre o tal metrô de superfície (que é a mesma coisa que bonde, não tem?). Pra variar, nos bastidores, o Djalma Berger e o Galina cochichavam sabe-se lá sobre o quê.
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LHS ABSOLVIDO, IMPRENSA CONDENADA
O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, por 4 votos a 2, absolveu LHS das irregularidades apontadas pela coligação adversária. E para fazer isso, os juízes que votaram contra o relator tiveram que mostrar que a imprensa e nada é a mesma coisa. Em resumo, afirmaram que a imprensa não fede nem cheira.

Lembraram que no caso do referendo do desarmamento, a imprensa fez campanha numa direção e o povo votou noutra. No caso mais recente, a imprensa, segundo alguns juízes, fala contra o Lula e o povo votou no Lula. Ou seja, pode escrever o que quiser a favor ou contra quem quer que seja, que não tem perigo de alterar o voto.

Cá com os meus botões, fiquei pensando que os juízes não disseram que não houve excesso de elogios, apenas que este excesso não influiu na decisão do eleitor. E que, se a imprensa fosse levada a sério pelo eleitor, teria ocorrido um delito. Mas como a imprensa não vale nada, tanto faz como tanto fez.

O outro ponto em que o relator José Trindade dos Santos e o juiz Henry Petry Júnior foram votos vencidos, é o de abuso do poder. A maioria entende que a propaganda do candidato foi feita por dinheiro de particulares ou em espaço cedido gratuitamente pelos jornais. E que não ficou provado o uso de dinheiro público.

A coligação Salve Santa Catarina, por intermédio do advogado Gley Sagaz, informou, ontem à noite, depois de concluído o julgamento, que irá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral.

ESSES JORNAIS...
O julgamento desta representação dos cadernos promocionais do LHS levanta uma questão importante que vai além e acima da conjuntura político-eleitoral (e do fato de ter ou não influência no resultado da eleição): afinal, qual é a função, a razão de existir, da imprensa?

Para que servem os jornais? Para veicular elogios aos governantes em material, de alguma forma, pago? Ora isso pode ser feito por agências de publicidade, por folhetos de propaganda, por qualquer tipo de veículo publicitário. Jornal é (ou deveria ser) algo mais. Não é à toa que os jornais gozam de uma espécie de fé pública.

Os leitores, na sua maioria, acreditam naquilo que lêem nos jornais e muitos imaginam que, “se saiu no jornal, é porque é verdade”. Pensam que existe alguém (o jornalista?) que trata de filtrar, pesar e examinar as matérias antes de publicá-las.

Há também quem espere, dos jornais, uma visão crítica e desapaixonada dos acontecimentos. Quer que o jornal seja fiel aos fatos, que não falseie a verdade. E, por ser bem informado, o ajude a separar alhos de bugalhos. Auxilie a entender o que se passa, amplifique as inquietações comunitárias, cobre providências.

No momento em que o jornal se abraça com o governo ou com um grande anunciante, com uma facção política ou com um grupo empresarial, pensando que isso garante sua sobrevivência, começa a morrer. Claro que continuará existindo, poderá até comprará novas máquinas, construirá sedes suntuosas, mas será um produto sem alma. Não será um jornal como a gente conhece e admira, mas um veículo publicitário, a serviço não dos leitores, mas dos anunciantes. Sem seiva, resseca e morre. Mas é claro que, externamente, pode até ser confundido com um jornal.

Por isso as questões levantadas neste julgamento atingem tão fortemente a imprensa catarinense. Até que ponto os jornais conseguirão ser jornais envolvendo-se de tal maneira com um projeto de poder?

Dalmo Vieira, o fundador do DIARINHO, dizia que “Um jornal só pode ter liberdade editorial se for financeiramente estável”. Por isso, sempre foi ponto de honra deste jornal conquistar o equilíbrio financeiro, sem depender demais deste ou daquele anunciante. E, principalmente, sem sentar no colo do governo para mamar nas tetas do dinheiro público.

PENDÊNCIAS
Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo,
“dos 27 governadore eleitos ou reeleitos em outubro, apenas 6 não têm nenhuma pendência na Justiça Eleitoral que possa representar risco ao mandato. Figuram nesse pequeno grupo os vencedores das eleições na Bahia, Jaques Wagner (PT), no Ceará, Cid Gomes (PSB), em Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), no Distrito Federal, José Roberto Arruda (PFL), no Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e no Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB). Outros 21 têm de 1 a 15 processos – caso do governador reeleito do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB) –, que podem implicar a não-diplomação ou até a cassação do futuro mandato.”
Pode nem servir de consolo, mas sempre é bom saber que não se está sozinho. No mínimo, evita que a atenção da imprensa se concentre num único caso. O que devemos evitar, contudo, é que o eleito use o voto como escudo e o mandato como imunidade universal. O fato de alguém ter sido bem votado não deve, ou não deveria, significar perdão para todos os crimes passados e futuros.

Essa justificativa transforma o eleitor em jurado, coisa que ele não é nem deve ser. Até porque, dá uma enorme vantagem para o réu: os “jurados/eleitores” não tiveram acesso ao processo, não ouviram a acusação, não se informaram dos argumentos de um e de outro lado: “decidiram” unicamente baseados na imagem pública do “réu/candidato”.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

SEGUNDA

A IMPRENSA CATARINENSE
TAMBÉM ESTÁ EM JULGAMENTO

Hoje continua o julgamento da representação contra Luiz Henrique no Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC). Ele está sendo acusado de se beneficiar de um uso exagerado do esquema de comunicação montado em parceria com a Associação dos Jornais do Interior (Adjori). O primeiro voto, o do relator, Juiz José Trindade dos Santos, além de pedir a punição do governador eleito, levanta uma série de questões relacionadas com o uso indevido dos veículos de comunicação. E os jornais que participaram do esquema ficam muito mal na fotografia. Dá uma lida no voto do Juiz (tem uns trechos abaixo): a imprensa catarinense não sai bem dessa história.

O DIARINHO não é associado à Adjori, não tem o rabo preso em nenhuma ratoeira. Isto faz com que cresça a nossa responsabilidade. Por isso, resolvi publicar, hoje, os trechos que achei mais importantes ou interessantes do relatório do Juiz, que foi apresentado na sessão de terça-feira passada. Como não cabia tudo, tive que cortar muita coisa. Onde tem [...] significa que cortei um ou mais parágrafos e onde tem (...) significa que cortei palavras ou frases de um parágrafo. Os destaques foram feitos por mim. O texto inteiro tem 40 páginas, que li atentamente no final de semana.

Lamento azedar a segunda-feira com um tijolão destes, cheio de letrinhas, mas é provavelmente o assunto mais importante desta semana: o futuro político catarinense está sendo discutido aí.

Claro que tem gente dizendo que se LHS perder o mandato, a “vontade do povo” será desrespeitada. Bobagem: o eleitor votou na boa fé, na confiança, mas se ficar provado que houve crime, tem que punir.

Em tempo: qualquer que seja a decisão do TRE-SC, haverá recurso ao Tribunal Superior. A novela não deve terminar este ano.

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R E L A T Ó R I O

Cuida-se de INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (por abuso do poder econômico, abuso do poder de autoridade e uso indevido dos meios de comunicação), aforada pela Coligação Salve Santa Catarina (PP/PV/PMN/PRONA), (...), contra os Srs. LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA e LEONEL PAVAN, respectivamente candidatos a governador e vice-governador pela Coligação Todos Por Toda Santa Catarina (PMDB/PFL/PSDB/PPS/PRTB/PTdoB/ PAN/PHS),(...). [...]

V O T O

[...] 3.1 Se fosse necessário sintetizar a demanda, afirmar-se-ia, sem hesitar, que se está diante da apreciação de uma única e singela questão: a publicidade dada ao nome de Luiz Henrique da Silveira no primeiro semestre de 2006, antes mesmo da oficialização de sua candidatura, caracteriza desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de sua candidatura? Se caracterizado quaisquer um dos abusos ou uso, existe potencialidade para desequilibrar o concurso eletivo, quebrando o tratamento igualitário entre os concorrentes?

[...]A representação aforada não envolve tão-somente, implícita ou explicitamente, “candidatos concorrentes”. Muito mais do que isso, envolve o “processo eleitoral”.

[...] 3.3 Dos indícios e presunções.

Focado exclusivamente no que é trazido à colação - entre o que foi alegado e o que foi contraditado – há fortes indícios de que houve uso da máquina do estado em prol da candidatura do representado. (...)

3.3.1 (...) apenas para ilustrar, parece-me inexplicável o montante despendido em publicidade institucional pelo Governo do Estado, data venia dos entendimentos contrários.

Diz-se isso por não ser crível que investimentos milionários sejam feitos simplesmente para informar, sem agregação de outro valor educativo ou de orientação; não é conceptível que sociedades carentes ou, metaforicamente, “em desenvolvimento”, se dêem ao luxo de executar recursos públicos na mídia simplesmente para divulgar as realizações de uma administração; não é admissível, mesmo que a lei e a cultura e/ou as práticas administrativas amparem, que se priorize “propaganda” em detrimento de educação, saúde, segurança, saneamento básico etc.; não é possível achar que o investimento de “X” milhões de reais em publicidade - 50, 60, 70 ou qualquer outra cifra vultosa -, simplesmente porque previsto no orçamento do Estado (que também é aprovado por lei), por si só justifique sua oportunidade e conveniência; não é defensável eleger qual ou quais princípios constitucionais que regem a Administração Pública, individual e/ou isoladamente, serão atendidos, sem a visão do conjunto, do todo!

E, mais, tal realidade não é privilégio desta ou daquela administração: é, ao que se tem visto, a regra. E isso é estarrecedor.

[...]O que chama atenção é a ação implícita e/ou explícita do Estado no intuito de veicular os feitos da administração que ainda comanda Santa Catarina, exatamente em período lícito, mas preenchendo maciçamente o primeiro semestre do exercício em curso.

A que se deve tal cobertura pouco importa (importa, neste processo, é avaliar se essa cobertura foi abusiva e se tem potencialidade), mas chama atenção o seu vigor e a adesão de jornais de todo o Estado em prol da divulgação das obras do governo, divulgação essa, conforme aludido pelos representados, realizada pelos próprios jornais no livre exercício do seu ofício, no exercício de sua liberdade de imprensa, no formato e na intenção de veicular matéria jornalística noticiosa.

Curioso, v.g., seguindo essa linha de raciocínio - e de ação da imprensa - que não se vê um comparativo entre este e os governos anteriores; não há um comparativo entre ações administrativas deste ou daquele candidato; não existe uma composição crítica entre o que foi prometido e o que foi realizado, e o que mais pode ser realizado (anseios, desejos, necessidades e/ou novas etapas de obras antigas), envolvendo administrações.

E disso é lícito suscitar uma questão: por que os veículos produziram tanto material focado numa pessoa, centralizado em uma administração?

Inquieta-me uma provocação - que não é uma dúvida - de saber se, estando em esfera diferente, os mesmos jornais também produziriam idêntica campanha, divulgando os feitos de um prefeito municipal que também estivesse concorrendo ao cargo de governador... Será?

Materializando o exemplo e a provocação, provocação para reflexão crítica: nas mesmas condições políticas do representado, havia o candidato José Fritsch, que durante o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva exerceu elevado cargo no Executivo Federal. Houve algum encarte para a Secretaria Especial da Pesca?

3.3.4 O que levou tais veículos a produzir tais encartes? A democratização da informação? A democratização dos recursos públicos destinados à publicidade institucional? A importância da notícia? A sombra do governo por trás de um candidato ou de um Secretário de Estado da Comunicação (este, no processo eleitoral de 2006, coordenador-geral de campanha do representado)? Tais questionamentos apenas integram o rol de provocações à reflexão, a fim de se buscar a verdade dos autos, que importará a procedência ou não da representação.

3.3.5 O que se vê, efetivamente, é propaganda, é enaltecimento de governante que já se anunciava candidato, e o foi, e hoje está (re)eleito!

O que se vê, efetivamente, é, no mínimo, o efeito da presença do Estado no meio jornalístico. E assim, se lícita a propaganda institucional - ou até as alegadas “matérias jornalísticas” consubstanciadas nos encartes de jornal - não o são os seus efeitos, igualmente materializados em indevida exposição publicitária.

3.3.6 Ademais, dizer que os encartes contidos nos autos são matéria jornalística, é, a meu juízo, vergonhoso - se não fosse tão sério, seria risível!

[...] (...) contudo, sobre os cadernos encartados em jornais de todo o Estado, não há como silenciar, muito menos aceitar passiva e alienadamente que se tratam de encartes noticiosos com o registro dos feitos realizados pelo representado nesta ou naquela região.

É escandaloso o cunho promocional, mesmo que se tratasse de cobertura jornalística. E como também não se está aqui a julgar propaganda eleitoral - da competência dos Juízes Auxiliares do Tribunal - permaneço apenas com os efeitos dessa publicidade, às vésperas das eleições, enaltecendo cidadão que era - foi - governador do Estado.

[...] 4.1 Dos documentos acostados pela representante, anoto o seguinte: 1) a entrevista concedida pelo então Secretário de Estado de Comunicação, Sr. Derly Massaud de Anunciação, ao Jornal Diário Catarinense, onde o ex-Secretário faz referência, no tocante à propaganda institucional no exercício em curso, ao período em que o Governo poderá manter-se ativo na comunicação paga e à continuidade dessa política agressiva de comunicação, tecendo comentários sobre os gastos com propaganda, inclusive sobre um eventual excesso (fl. 94); 2) no site da ADJORI (www.adjorisc.com.br), especificamente no link “Associados”, extrai-se o seguinte texto: “Atualmente a Adjori/SC mantém 143 jornais associados. Com tiragem média de 3.000 exemplares, os jornais ultrapassam a marca de 400.000 exemplares circulando em praticamente todos os 293 municípios de Santa Catarina, inclusive em Florianópolis. Juntos, os jornais associados somam mais de um milhão de leitores no Estado, considerando-se a média de 3 leitores por exemplar” (fl. 101);

[...] 4.4 Os elementos constantes nos autos demonstram com robustez a promoção pessoal do representado, promovida pela mídia impressa, quer tenha sido por meio da propaganda institucional, quer seja pelas matérias classificadas de jornalísticas, data venia dos entendimentos contrários (...).

[...] 5 Da caracterização.

Este tema merece especial atenção.

5.1 Alega a representante que há abuso do poder econômico, abuso do poder político e uso indevido dos meios de comunicação social.

Em uma análise sistêmica, creio que seja possível afirmar que estão configurados os abusos e o uso, mas mesmo que não se desejasse, mesmo que se fizesse uma interpretação restritiva, é inquestionável o uso indevido dos meios de comunicação social.

5.1.1 Do abuso do poder econômico.

[...] (...) o emprego de recursos lícitos em tal monta que quebre não a igualdade financeira dos candidatos, mas a igualdade política, em condições de interferir no resultado da eleição (tanto no resultado propriamente dito, como no ânimo e disposição do eleitorado, e não necessariamente reverter em resultado), também caracteriza o abuso.

Some-se a isso, quiçá não o investimento direto e efetivo de recursos financeiros - particulares, públicos e/ou de campanha -, mas um apoiamento que caracterize bem estimável em dinheiro (Resolução TSE n. 22.250/2006), na forma de publicidade; um apoiamento conquistado ou articulado a partir das campanhas institucionais do Governo, a partir da democratização dos recursos governamentais destinados à publicidade institucional, a partir de uma expectativa de negócios futuros... enfim, um apoiamento nos moldes de uma parceria, provavelmente vinculada ao grande filão dos recursos públicos.

E toda essa construção já começa a conduzir ao abuso do poder político, note-se - e continuo.

[...]Nesse passo, impressiona o interesse da Associação dos Jornais do Interior - ADJORI - em produzir matérias jornalísticas com os feitos do Governo do Estado de Santa Catarina, exatamente no interregno do quarto final de mandato, do afastamento e renúncia do ex-Governador-representado. Se tal interesse persistisse, quiçá Santa Catarina economizaria alguns milhões de reais dos cofres públicos destinados a questionáveis campanhas institucionais... (...)

Certo é que o espaço na mídia não é gratuito!

(...) E é a partir desse ponto - a existência do público e do privado; do institucional e do jornalismo; do exercício profissional da imprensa e do eleitoral - que se unem os elos dos abusos e do uso.

É por isso que vejo existir também abuso do poder econômico, sendo desnecessário demonstrar valores e/ou suas origens: a campanha veiculada na mídia catarinense não foi, financeira ou politicamente, gratuita!

5.1.2 Do abuso do poder político.

Nessa linha de raciocínio, se houve o patrocínio da iniciativa privada na/para a produção e divulgação de material jornalístico francamente favorável ao representado, não é demais afirmar que há fortes indícios de que tal apoio tem estreita ligação com a ação governamental na mídia, no mínimo por intermédio das astronômicas cifras investidas em publicidade institucional.

[...] No caso em apreciação, flagrante a pessoalidade de toda a divulgação, conforme se vê do material acostado aos autos, não só nas ditas matérias jornalísticas, mas, também, na propaganda institucional.

Por isso é que entendo estar caracterizado também o abuso do poder político. O favorecimento, somado às coincidências de declarações de autoridade governamental e de simultâneas e/ou subseqüentes campanhas institucionais e “campanha jornalística”, induzem à conclusão de que, de maneira indireta e/ou direta, implícita e/ou explícita, existiu a influência e o uso do Governo Estadual.

[...] 5.1.3 Do uso indevido dos meios de comunicação social.

[...]A propaganda institucional personalizada no Governador-ex-Governador-Candidato-representado, somada à dita campanha jornalística, caracteriza, indubitavelmente, o uso indevido dos meios de comunicação.

[...] Os jornais e revistas trazidos à colação justificam as manifestações precedentes: 1) existe uma maciça campanha publicitária em torno de um único protagonista, o ex-Governador-candidato-representado Luiz Henrique da Silveira; 2) a campanha publicitária, por sua vez, apresenta contornos ainda mais temerários, quais sejam, (a) envolve promoção pessoal por intermédio de propaganda institucional e (b) promove promoção pessoal por intermédio das alegadas “matérias jornalísticas”. Estas, a seu turno, estão envoltas numa nuvem de fortes indícios de uso e/ou influência da máquina administrativa, quer seja por intermédio da democratização das verbas oficiais destinadas à campanhas institucionais do governo (interiorização da informação!), quer seja em torno das expectativas de negócios futuros, haja vista ser vultosa a conta de publicidade governamental.

[...] Em síntese: existe abundante material de promoção pessoal do representado; esse material envolve propaganda institucional e alegadas coberturas jornalísticas na imprensa regional.

[...] 6 Da potencialidade

[...] Pois bem, entendo que a maciça campanha personificada no candidato-representado tinha e teve potencialidade para interferir na eleição para o governo do Estado de Santa Catarina.

[...] (...) mais do que tudo, há um aparato publicitário centrado na pessoa do representado, promovendo-o de forma indevida a partir, primeiro, do diferencial criado com relação aos outros concorrentes (e por via de conseqüência e por si só suficiente a macular e deslegitimar o pleito); segundo, por estar sustentado quiçá até em um investimento formalmente legítimo, mas materialmente viciado, haja vista a explícita adesão da mídia impressa em favor dessa candidatura; terceiro, complementar ao primeiro, por ser visível a “mão do Estado” sobre toda essa campanha publicitária (pois não pode ser outro o juízo a partir das maciças campanhas institucionais e das “campanhas jornalísticas”, deflagradas casadas e concomitantemente, ao que tudo indica sob os auspícios de fartos recursos públicos e de inquestionável influência política); quarto, por existir um significativo segmento da mídia impressa alinhado e à disposição para tal promoção, talvez nem focados na candidatura e no candidato (o que para o presente caso é irrelevante), mas certamente “olhando para o futuro”: “o que mais quatro anos desse governo poderá representar para o nosso segmento, especialmente nós, jornais do interior, uma vez que as ações de mídia, como regra, ficavam concentradas nos grandes centros e com os maiores veículos?”, é o que deve ter se perguntado a ADJORI.

[...] 6.5 O resultado de todos esses aspectos é a existência de real possibilidade de influência no resultado da eleição, com desequilíbrio entre os candidatos.

[...] E no caso sub examine, consoante o já consignado acima, não apenas restaram caracterizados os abusos e o uso indevidos como demonstrada está a sua potencialidade para interferir no processo eleitoral, colocando em vantagem perante os seus concorrentes o candidato representado.

Posto isso, pelas razões expostas e nos termos do art. 22, incisos XIV e XV da Lei das Inelegibilidades, julgo procedente a representação, declarando inelegível nos três anos subseqüentes ao pleito eleitoral de 2006 o representado Luiz Henrique da Silveira,(...).

[...] É o voto.

sábado, 18 de novembro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

CONVESCOTE
A tal reunião de governadores do PMDB convocada por LHS não deu em nada. Ou melhor, serviu para comprovar algumas suspeitas que pairavam no ar.

1. Luiz Henrique não é mais aquela liderança nacional dos tempos do MDB autêntico, quando era unha e carne com o Dr. Ulysses. Chamou os companheiros e os companheiros não só não vieram, como nem ligaram pra dizer que não viriam ou para dar uma satisfação.

2. Luiz Henrique se precipitou e inventou a reunião cedo demais, antes que Lula fizesse o movimento inicial do jogo. Os governadores de todos os partidos estão indo beijar a mão do Lula e os do PMDB não iriam querer, justamente neste momento, criar atritos com quem tem a chave do cofre e a caneta das nomeações.

QUE SEMANA, HEM?
Luiz Henrique deve estar pensando que teria sido melhor se não tivesse voltado da Argentina. Antes do feriado, o TRE-SC começou a julgar a ação do PP sobre excessos na propaganda do governo e o relator votou pela punição do LHS. Depois, a reunião de governadores do PMDB naufragou melancolicamente. Segunda-feira continua o inferno astral.

A AJUDA DE LULA
Enquanto LHS aguardava a chegada de seus colegas governadores (além dos quatro da foto acima, apenas Germano Rigotto apareceu), os peemedebistas RenanCalheiros e José Sarney reuniam-se com Lula.

O presidente disse que antes de pedir cargos, o PMDB tem que resolver sua crise interna. Indiretamente, reforçou a intenção de LHS.

“A MANUELA É NOSSA!”
O Ilton Dellandréa, em seu blog (www.dellandrea.zip.net), mostra a foto ao lado da Manuela d’Ávila (PCdoB, recém eleita deputada federal pelo Rio Grande do Sul) e entre outras coisas diz o seguinte:
“...cada Estado tem a celebridade política que merece. Os paulistas, por exemplo, podem escolher entre o Maluf e o Clodovil. Os paranaenses vão ter que engolir o Requião no cargo estadual mais elevado por mais uma legislatura.E vocês, catarinenses, bem, vocês têm a Ideli Salvatti.”
MEIA SOLA
Pra “resolver” o problema do controle do espaço aéreo, o governo vai alterar algumas rotas dos aviões. Por exemplo: em vez dos aviões que vêm da Europa entrarem pelo nordeste e ficarem sob controle do Cindacta de Brasília, vão continuar pelo litoral e entrar pelo Sudeste, sob controle de outro centro. Com isso reduz o número de aviões que os controladores de Brasília, sobrecarregados, têm que monitorar. Puro remendo.

ESSES JORNALISTAS...
Pois foi só o STJ dar uma no cravo que o STF deu uma na ferradura. A liminar do Supremo cancelando a obrigatoriedade de diploma para registro de jornalista é mais um capítulo desta novela de mau gosto que tenta desmoralizar uma profissão que, nos últimos tempos, tem incomodado bastante os poderosos de plantão.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

SEXTA

FIM DE SEMANA EM FLORIANÓPOLIS
Luiz Henrique convidou seus colegas governadores eleitos do PMDB para um fim de semana no Costão do Santinho, do seu (dele) amigo Fernando Marcondes de Matos. Pra não ficar só naquela de praia, sauna, ginástica e churrasco, eles iriam aproveitar para tentar unir o PMDB, ou pelo menos uma parte dele, em torno de algumas propostas de redistribuição do dinheiro dos impostos, cuja parte do leão fica mesmo com o Lula. Mas ontem à tarde a reunião, que começa hoje, já estava fazendo água.

Primeiro, o ministro da fazenda disse que os governadores podem tirar os cavalinhos do sol: ninguém vai mexer na distribuição da grana federal para os estados. Fosse ele manezinho teria dito: “mofas com a pomba na balaia”. Depois, uma das estrelas do elenco de novos governadores, o carioca Serginho Cabral (filho do Sérgio Cabral, crítico de música do Pasquim, mas isso ninguém mais se lembra), começou a tirar o corpo fora e a tentar esvaziar a reunião. Conseguiu convencer pelo menos o Paulo Hartung, do Espírito Santo, a não vir tomar sol.

Alguns acham que o Lula, preocupado com o rumo das coisas, teria dado uma prensa nos convidados, até pra que a bolinha do LHS não fique muito cheia de gás. A reunião, em todo caso terá as presenças, confirmadíssimas, do Roberto Requião do Paraná e do Rigotto, do Rio Grande do Sul (em final de mandato), além do Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, que já chegou ontem pra não perder o café da manhã, que dizem que é muito bom. O resto só se terá certeza quando estiverem chegando.

EXCESSO DE CORTES
Pois o governador Eduardo Moreira, preocupado em terminar o mandato com as contas em ordem, mandou apertar os cintos, cortar gastos. E na Secretaria de Segurança, alguém resolveu levar ao pé da letra o pedido de economia. Por meio do ofício-circular 3837 determinou uma série de cortes de gastos que atingiria em cheio a atuação da secretaria justamente na temporada de veraneio.

Ontem de manhã, irritado com a repercussão do tal ofício, que adicionava mais combustível político àquela história dos 5 litros por viatura, o governador Eduardo Moreira mandou cancelar o infeliz ofício da secretaria de segurança.

É claro que faltou bom senso, ou até inteligência, a quem pretendeu atender o pedido de economia com corte nas atividades essenciais. O governador disse que “a economia é necessária, mas não podemos comprometer os serviços prestados à sociedade, como a operação veraneio.” O secretário da articulação Ivo Carminatti garante que os recursos programados serão liberados conforme o cronograma e que nenhum corte daqueles contidos no ofício da secretaria de segurança se justifica.

Com o ato de ontem, o governador desautoriza publicamente o Secretário de Segurança, Dejair Vicente Pinto, que assinou o ofício com as medidas de redução de policiamento durante a Operação Veraneio no último dia 8 de novembro.

Então tá. Resta saber se o governo tomaria a mesma atitude, de cancelar o ato da secretaria, se a notícia dos cortes não tivesse sido publicada. Pelo sim, pelo não, o jeito é continuar a fazer o que tem sido feito pelo DIARINHO e outros jornais: ouvir as queixas e ir atrás das explicações. Afinal, às vezes pode ser que o andar de cima ainda não tenha tomado conhecimento de alguma bobagem feita no andar de baixo e o alerta ajude a dar uma arrumada na casa.

O JULGAMENTO DO LHS
No entardecer de terça-feira, véspera de feriado, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) começou o julgamento de uma ação proposta pelo PP contra LHS. Em resumo, eles acham que o governo usou a comunicação de forma excessiva, divulgando o nome do LHS além dos limites deixando os demais concorrentes em desvantagem na campanha.

O relator do processo, desembargador José Trindade dos Santos, votou no sentido de ser decretada a inelegibilidade do governador eleito, por três anos, a partir da eleição. “Houve abuso de poder econômico na divulgação de propaganda institucional a favorecer amplamente a reeleição de LHS e com a capacidade de desiquilibrar o pleito”, afirmou em seu voto.

Também chegou a ser discutida a cassação do registro da candidatura, mas um pedido de vistas (um dos desembargadores pediu para ler o processo) adiou o final do julgamento para segunda-feira. Pavan entra no rolo: se LHS for condenado, Pavan não poderá assumir em seu lugar.

Não tem muita gente apostando na condenação de LHS e pode não dar em nada, mas só saberemos quando o julgamento terminar.

NOVELA POLICIAL
O Jânio de Freitas, na Folha de S. Paulo, chama a atenção para o fato que o caso do dossiê, que os aloprados petistas inventaram de comprar para turbinar a campanha de Mercadante, se arrasta e que tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público Federal, nas suas seções de Mato Grosso, já começam a admitir que não conseguirão chegar a lugar algum.

Têm dificuldades não só na identificação dos culpados e na obtenção de provas, mas também na forma de indiciar os envolvidos. Que tipo de crime terão cometido? A cada novo passo, o novelo, e a novela, em vez de desenrolar, complica-se mais.

JORNALISTA DIPLOMADO
Parece uma coisa simples e óbvia (jornalismo é uma profissão regulamentada que pode ser exercida por profissionais de nível superior com curso específico), mas volta e meia tem gente que quer discutir o caso.

O Superior Tribunal de Justiça acaba de decidir, num processo, que o óbvio é o correto: jornalista tem que ter diploma, tem quer ser jornalista. E isso, disse o ministro relator, não compromete nem dificulta o exercício da liberdade de expressão.

O caso que foi julgado é o de um médico que queria porque queria que a justiça lhe desse o título de jornalista, para que ele pudesse colaborar num jornal. O tribunal disse que a lei profissional dos jornalistas tem uma figura onde o médico cabe perfeitamente: a do colaborador. Qualquer profissional, de qualquer área, pode escrever em jornal sobre assuntos de seu conhecimento e especialidade.

Mas fazer o jornal, exercer as técnicas todas que fazem com que todo dia o leitor tenha este caderno cheio de notícias para ler, é coisa de jornalista. O que nem é tanto privilégio assim, porque jornalista ganha mal, trabalha muito, vive estressado, morre mais cedo que os demais profissionais e de tempos em tempos ainda tem sua regulamentação profissional questionada, como se fazer um jornal, colocar um telejornal no ar, produzir uma reportagem no rádio, com qualidade, fossem coisas banais que qualquer um pudesse fazer.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

QUINTA

O BRASIL NÃO É A VENEZUELA
O jornalista Paulo Moreira Leite fez uma análise muito interessante sobre esse envolvimento do Lula com o Chávez e as críticas do presidente brasileiro à imprensa.

Ele afirma que Lula está errado ao comparar-se a Chávez e dizer que ambos foram vítimas da mídia:
“Chávez foi vítima de um fracassado golpe de Estado, apoiado por grandes empresários, uma parcela do Exército e da mídia local. Lula foi alvo de denúncias de corrupção, em função de atos cometidos pelo PT. Ninguém questionou o calendário eleitoral, nem seu primeiro mandato nem a reeleição. Teve apoio tão grande de empresários que teve de rever, para cima, o orçamento da campanha. O único golpe ocorrido na campanha foi aplicado pelos “aloprados” que tentaram comprar o dossiê Vedoim.

“É apenas fantasia eleitoral falar em articulação golpista no país. Nem Lula é Chavez nem a Venezuela é o Brasil.

O esforço de Lula para se fazer de vítima é um esforço para deixar a mídia de joelhos no segundo mandato. Em entrevista a Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana já explicou que esse papel ajuda a manter a popularidade do presidente.”
DEPUTADOS BRASILEIROS FAZEM SUCESSO NA ESPANHA
O jornal espanhol El País, na edição de ontem, contou para seus leitores o quanto ganham os deputados federais brasileiros: pouco mais de R$ 92 mil por mês. Os deputados espanhóis devem estar se roendo de inveja. Ainda mais porque as continhas foram feitas antes de entrar em vigor o aumento que os abonados brasileiros provavelmente terão no ano que vem.

Diz a Agência Estado:
“Por mês, de acordo com cálculo da publicação, os deputados recebem R$ 92.300 entre salário e pagamentos extras. A divisão dos vencimentos foi feita pelo El País: R$ 12.400 de salário, R$ 50.000 para pagar assessores, R$ 3.000 para habitação en Brasília, R$ 4.200 para envio de correspondência, R$ 15.000 reservados para indenizações, R$ 15.000 para pagar um escritório em sua base eleitoral e R$ 8.300 para passagens de avião.”
Mesmo antes do aumento de 100% no salário previsto pelo projeto que Aldo Rebelo apresentou (vai para R$ 24.200), os deputados brasileiros já estão entre os mais bem pagos do mundo. Não é o máximo?

FERIADÃO NA PREFEITURA
Florianópolis está vivendo mais ou menos uma espécie de feriadão político-administrativo. Vários secretários pediram demissão e ainda não foram substituídos, um dos secretários, delegado de polícia federal, levantou várias suspeitas, ia sair, mas ficou e luta contra a burocracia para poder apurar e provar que tinha gente metendo a mão na grana das multas.

O prefeito, como se fosse irmão siamês do LHS, diz que só vai dar jeito no seu secretariado depois que sair a lista de secretários estaduais. Decerto está esperando pra ver se o irmão, Djalma Berger, vai ter emprego ou se algum outro amigo ficará de fora, precisando de uma forcinha.

Segundo o deputado Afrânio Boppré, obras importantes, como os elevados do Itacorubi e da Av. Ivo Silveira estão parados por falta de verbas. O que fará com que os engarrafamentos da temporada sejam quilométricos. Os recursos para as obras, afirma Boppré, viriam em boa parte do Fundo Social estadual, que secou (pelo menos até o final do ano). E o prefeito fica chorando pelos cantos e reclamando do governo estadual, que além de não repassar o dinheiro, ainda não deu a Secretaria de Infraestrutura para o primeiro-irmão.

ABERTO PERO NO MUCHO
Na Assembléia Legislativa ainda se discute a adaptação do regimento da casa à emenda constitucional que prevê o fim do voto secreto nas deliberações parlamentares. O deputado Gelson Merísio (PFL) ainda tem dúvidas sobre se os deputados devem votar abertamente. E faz uma comparação, que acho indevida, com o voto secreto do eleitor.

Ora, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O deputado, o vereador, o senador, são nossos representantes, eleitos (teoricamente) para defender um programa partidário, propor leis e fiscalizar os atos do governo. Nada disso precisa ser feito às escondidas. Talvez na ditadura o voto secreto nos parlamentos fosse útil para evitar perseguições políticas, mas com o Estado de Direito em vigor, é preciso que o eleitor, que o contribuinte, que a população, saiba como votam Vossas Excelências. Sempre e a qualquer momento.

É a única forma de evitar acordos por baixo dos panos e mostrar a tal “transparência” de que tanto se fala e tanto se teme.

LHS E O PMDB NACIONAL
Amanhã o LHS reúne em Florianópolis alguns governadores e dirigentes do PMDB para conversar sobre a forma como o partido sentará no colo do Lula. No PMDB nacional, dividido como sempre, tem quem tope até beijo na boca. Tem gente mais recatada, que acha que deve sentar de ladinho e só no joelho. E tem o LHS e mais alguns que acha que um pouco de compostura não faria mal nenhum.

Em todo caso, é uma articulação complicada, porque no Brasil o governador pode morrer à míngua sem as verbas federais. Portanto, algum tipo de diálogo é necessário. Ao mesmo tempo, não pode se aproximar demais do PT, para não criar novos problemas.

BERTOLI NÃO PRETENDE SER SECRETÁRIO DE LHS
O presidente da Acaert, Ranieri Moacir Bertoli pede que eu esclareça alguns pontos, relacionados com a nota da terça-feira, em que comentei a possibilidade dele ser convidado a ocupar a Secretaria de Comunicação do próximo governo.

Ele informa que não foi convidado e que, “se isso acontecer, não aceitarei em hipótese alguma”. E não pretende assumir qualquer outra função pública: “Tenho um compromisso com a Radiodifusão Catarinense que não inclui a possibilidade de cargos comissionados”.

Eu tinha entendido que ele tinha deixado a presidência da Acaert (chamei-o de ex-presidente), mas na verdade continua à frente da entidade. A nova presidente, Marise Hartke, só assume no começo do ano. E Bertoli lembra que não é radialista (profissional que atua em rádio ou televisão), apenas radiodifusor (dono de empresa de radiodifusão).

Bertoli também diz que ele e o ex-secretário Derly de Anunciação são apenas bons amigos. Aquela fofoca, que circula há algum tempo tanto nos corredores do Centro Administrativo quanto em outras rodas, que os dois são sócios, é apenas fofoca.

Ele elogia a forma como a Secretaria de Comunicação tem se relacionado com o chamado “trade de comunicação e propaganda”: “isso possibilitou, pela primeira vez na história do Estado, a implantação de uma política de comunicação responsável, aprovada pelo mercado”.

Claro que, no final da cartinha, Bertoli reclama do que ele chama de “costume equivocado de representantes da Imprensa que transformam fofoca em notícia”. Não foi bem o caso da nota nesta coluna, que manteve a fofoca como fofoca, sem pretender dar-lhe outra aparência.

CANTINHO DOS LEITORES
Tenho recebido, de eleitores de Lula que são leitores desta coluna, algumas cartas muito interessantes. Não é o caso de reproduzi-las, porque algumas são apenas uma troca de idéias, sem o propósito de alimentar alguma discussão pública. Algumas foram escritas a propósito daquela nota sobre a crônica da Danuza a respeito da D. Marisa, mas tratam também de outras questões.

Um ponto que me chamou a atenção, porque aparece em várias cartas, é a idéia que a imprensa só fala mal do Lula e não mostra as coisas boas que ele tem feito. É o tipo de coisa que não bate com a realidade. Quem lê os principais jornais sabe que ali estão registrados os fatos marcantes da gestão Lula.

A oposição até acha, que em certos momentos, há um excesso de informação governamental nos jornais. Mas é claro que as denúncias envolvendo os auxiliares do presidente também aparecem bastante. E isso tem incomodado bastante os lulistas, que prefeririam, é claro, que os jornais dessem menos destaque a esse noticiário, “porque no governo anterior eles não falavam tanto nisso”.

É o grande problema de quem é governo: se transforma em vitrine e acaba sempre sendo alvo das pedras do debate democrático.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

QUARTA


A REPÚBLICA (IM) POSSÍVEL
Hoje comemoramos 117 anos da proclamação da República neste nosso Brasil. A participação do presidente da... República, em atos de campanha política num país vizinho às vésperas desta data acabou sendo até metafórica, uma espécie de ilustração da fase atual da nossa relativamente tumultuada história republicana.

Lula empolgou-se com aquele mar de camisas vermelhas, sentiu-se novamente presidente de sindicato, esqueceu até que visitava a Venezuela e, tal qual Reagan fez com o Brasil, saudou o povo da Bolívia. E queixou-se da perseguição implacável que lhe move a Zelite e a imprensa. Os eleitores de Chavez ficaram morrendo de pena do pobre presidente brasileiro, vítima de tantas injustiças.

Esse Lula tipo exportação, o Lula sindicalista enquanto presidente e a nível de revolução popular, que aflora quando ele se abraça com o Chavez ou com o Evo Morales, não tem muita coisa a ver com o Lula que beija a mão do Jader Barbalho, dá cheque em branco para o Roberto Jefferson, socorre a filha do Sarney e agasalha o Orestes Quércia.

A menos que ele tenha encontrado um atalho, pela direita, para a revolução. De tanto ir pela esquerda e esbarrar com a cara na porta da cadeia, resolveu ir pela direita. E está tendo sucesso, porque conseguiu se reeleger mesmo depois de ser quase-quase envolvido em vários casos de corrupção. E isso (ter corruptos por perto, driblar as denúncias e ainda sair como vítima) era uma espécie de marca registrada da direita.

PT SAUDAÇÕES
O governo tem uma empresa de comunicação chamada Radiobrás. Administra emissoras de rádio e TV e produz noticiário, que é distribuído por uma agência de notícias chamada Agência Brasil. Dirigida pelo jornalista Eugênio Bucci, a Radiobrás tem sido, no governo Lula, um exemplo de profissionalismo, dentro dos limites do jornalismo oficial.

Mesmo durante a campanha eleitoral, divulgava noticiário sobre Alckmin e os demais candidatos, com tratamento igual ao do presidente-candidato. Sem brigar com o fato, encontrei ali, mais de uma vez, notícias que petistas e lulistas certamente não gostariam que ali estivessem. Para um certo tipo de militante político, que existia na época do PSDB e existe agora também, os órgãos de comunicação estatais devem elogiar o governo, fazer propaganda. Nada de informar com alguma isenção.

Pois o presidente da Radiobras acaba de encaminhar carta ao presidente Lula colocando seu cargo à disposição, para evitar constrangimentos, caso as pressões do PT para que a Radiobrás se transforme numa enorme máquina publicitária dos atos governamentais vençam. Uma pena, porque no meio de tanta incompetência e partidarismo cego, a Radiobrás era uma repartição pública que cumpria com correção suas funções.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

TERÇA

A CAMPANHA CONTINUA
Assim como o Chavez participou da campanha de Lula, Lula está participando da campanha para a reeleição do amigo. Tirante o fato que Chavez só usa, em campanha, uma camisa vermelha e todo mundo usa vermelho (e o Lula se afastou um pouco dessa cor), as campanhas são muito parecidas.

O discurso dos eleitores do Chavez lembra o discurso dos lulistas e, como bons fãs, perdoam tudo e enxergam as coisas pelas lentes cor-de-rosa dos óculos da paixão.

A inauguração da ponte, ontem, foi anunciada pelo sistema de comunicação do governo venezuelano de uma forma que nos é familiar. Nunca se construiu uma obra de infraestrutura tão importante e o fato concreto é que ela atravessa o terceiro rio mais caudaloso do planeta e une de forma indissolúvel os povos irmãos do Brasil e da República Bolivariana.

A viagem do Lula permitiu que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, um comunista do PCdoB, fosse presidente por um dia. Poderia até significar um gesto importante, se o PCdoB, e os demais partidos “de esquerda”, não tivessem se embaralhado com o momento histórico, perdido referências e renunciado a algumas posições e lutas próprias, diluindo-se na indefinível geléia política que se aloja nas várias instâncias do poder.

A ESCOLA DO BARULHO
Tem uma escola, no Jardim Anchieta, em Florianópolis, que está querendo impor sua incômoda presença, mesmo que para isso tenha que desafiar decisões judiciais, contrariar o bom senso e colocar na lata do lixo as posturas municipais.

Tem gente, inclusive colunistas, que defendem a escola, naturalmente pensando que o problema são os vizinhos “incomodados” com o barulho das crianças, como maldosamente a diretoria da escola tem divulgado.

O buraco é mais embaixo: os vizinhos já estavam lá, numa área estritamente residencial, quando a escola começou timidamente a se instalar. Aos poucos, foi ampliando, mesmo sem autorização da prefeitura, até construir um monstrengo grudado nas casas, que a Justiça embargou porque já era muito desaforo e pouco caso. Ao desobedecer continuadamente a lei, a escola mostra o tipo de educação que oferece.

JUIZ VALENTE
Antes que alguém pense alguma coisa, deixa eu esclarecer: o juiz que condenou o “intelectual” Emir Sader por injúria, calúnia e difamação contra o senador Jorge Bornhausen chama-se Rodrigo César Müller Valente. Apesar de ter Cesar e Valente no nome não é, até onde sei, meu parente. Mas solidarizo-me com ele, porque fãs do Sader protestam contra a decisão, como se o juiz tivesse transformado vítima em réu. Basta ler o artigo de Sader para entender que a decisão foi correta.

FUTUROLOGIA
Na bolsa de apostas e especulações para o colegiado do governo estadual, os nomes sobem, descem, aparecem e são queimados com grande rapidez. Mas o ex-executivo da RBS, Derly Massaud de Anunciação, que coordenou a campanha de reeleição e antes montou o esquema de comunicação, parece estar confirmadíssimo. Só não se sabe pra onde irá.

Há quem garanta que ele vai para a Fazenda. Mas há quem diga que LHS não vai querer perder um operador dessa competência, que conhece como ninguém as fraquezas e necessidades das empresas de comunicação que atuam em Santa Catarina.

Em todo caso, se o Derly for para outro lugar que não a Comunicação, um dos nomes mais cotados para assumir o esquema é o radialista Ranieri Bertoli (foto ao lado), ex-presidente da Acaert (a associação das emissoras de rádio e televisão).

Dizem que poucas pessoas conhecem o funcionamento institucional da Secom como ele. Fruto de um relacionamento muito próximo com o Derly. A ponto de serem apontados, nas rodas de fofoca, como sócios numa fazenda, no meio-oeste catarinense.

FIM DE FESTA: a coisa está mesmo feia no governo. Nos últimos dias (ontem de manhã ainda continuava assim), a página da Secretaria de Estado da Cultura, Turismo e Esporte tinha uns títulos estranhos nas suas notícias. Deve ter dado algum erro e não apareceu ninguém para arrumar. Vai ver que nem notaram.

Atualização das 08:09: durante a tarde de ontem o problema foi corrigido.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

SEGUNDA

Catarinense tem que ter mesmo muito feriado, pra poder aproveitar todas as maravilhas que tem à disposição

OUTRA SEMANA CURTINHA... UÊBA!
O governador eleito retoma seu costume de aproveitar os feriados para visitar a Argentina. Claro que nem pensa em trazer vinhos, energéticos, uísque e champanhe para as festas de final de ano, porque já sentiu que a polícia anda de olho na turma que vai só se abastecer.

O vereador Juarez Silveira pagou fiança (R$ 14 mil, o que na certa acabou com a economia que esperava fazer ao trazer as bebidas do Uruguai) e hoje deve se explicar, ou pelo menos tentar se justificar.

Hoje também o PSDB faz uma reunião para lamber as feridas e contabilizar o prejuízo das primeiras nomeações de LHS para o colegiado. Os irmãos Berger posam sorrindo para as fotos, mas acima das cabeças dá pra ver a fumacinha de raiva.

Pra quem pode (como o LHS), essas semanas curtinhas são ótimas. Dá para parar no feriado propriamente dito e ainda enforcar o dia antes ou depois. Maravilha. O problema é quando a gente tá no meio de algum projeto ou mesmo embalado em algum serviço. Aí o feriado mais atrapalha que ajuda, porque picota a semana.

SOBROU O GENESC
Ah, então tá. O governador, Dr. Moreira, explicou que o vice-governador eleito, Dr. Pavan, terá coisas pra fazer. Ele dirigirá o Genesc (Grupo Executivo de Energia de Santa Catarina). Nesse grupo, que tem a participação também de empresários do setor, Pavan poderá, se quiser, cobrar a lição de casa do novo tri-presidente Moreira (Celesc, SC-Gás e Ciasc).

APAGÃO ANUNCIADO
E por falar em energia e Celesc, uma das primeiras encrencas que o Dr. Moreira terá que resolver (ou não) é o problema da capital, cujas subestações de eletricidade estão saturadas e atuando no limite.

Um rolo envolvendo moradores, vereadores, interesses pouco claros e muita confusão levou a um impasse na construção da subestação da Ângelo Laporta. Sem esse equipamento, a Celesc ameaça parar de autorizar ligações de novos empreendimento.

O problema é sério e exige que o poder público use tato e habilidade para resolver. Porque todo mundo quer ter luz, mas ninguém quer uma subestação por perto. Nem cadeia, nem estação de esgoto, nem lixão...

APERTO DE FINAL DE ANO
O governo do estado quer encerrar o ano (e a gestão) sem atrasar um único dia os salários e o 13°, mesmo que para isso tenha que apertar o cinto em todo o resto. Na Secretaria da Comunicação até as assinaturas de jornais sumiram. Os carros alugados e telefones celulares também estão escasseando. Essa quase paralisia não tem causado grandes problemas, porque, de fato, é final de festa. O governador Eduardo Moreira está mais ocupado e preocupado com a montagem do próximo governo.

E os demais chefes estão também preocupados com seus cargos. Cada declaração do LHS dizendo que precisa “esvaziar o ônibus” pra nova turma entrar, deixa um monte de gente com pressão alta e paralisada de medo.

O GRANDE NEGÓCIO
A Rede Bandeirantes tem um canal em UHF em São Paulo que era chamado Canal 21. No começo do ano o canal passou a se chamar Play e foi vendido, arrendado ou cedido para a Gamecorp, que, como todos devem saber, é aquela empresa dos filhos do Lula e do Jacó Bittar que tem crescido de forma espetacular.

O toque de Midas do Lulinha é tão poderoso que contagia também quem se aproxima dele e da empresa dele. Desde que fechou o negócio, a rede Bandeirantes viu o volume de publicidade do governo subir geometricamente. Cresceu algo como uns 60% no período de maio a setembro, segundo conta Diogo Mainardi na Veja.

Isso sem ter aumentado a audiëncia, sem que o mercado publicitário esteja em crescimento semelhante. Apenas porque deixou-se tocar pelas mãos mágicas do maior fenômeno empresarial das últimas décadas.

AINDA A D. MARISA...
O leitor que defendeu o “dolce far niente” da D. Marisa escreve de novo, para reclamar que eu disse que ele xingou a Danuza Leão. Tá certo, ele apenas tentou desqualificá-la, tipo dizer “quem é essa aí pra falar da D. Marisa?” Pra mim, soou como xingamento, até porque, independentemente de quem seja ou deixe de ser, qualquer cidadão brasileiro, pagador de impostos, tem o direito (e o dever) de cobrar, daqueles que são sustentados com dinheiro público, que ajam de acordo.

E o desafio era justamente esse: defender sem desqualificar o comentarista ou, vá lá, “acusador”. É mais difícil, mas exercita os neurônios e oxigena a inteligência.


ASSALTO AO TESOURO
A Folha de S. Paulo mostra, valendo-se de números do próprio Tribunal de Contas da União, uma situação que a gente desconfiava que existisse, mas eu, pelo menos, não imaginava tão grave:
“Organizações não-governamentais sem condições ou sem capacidade para executar convênios com a União receberam mais da metade (54,5%) das verbas federais destinadas a atividades para as quais faltam braços ao Estado, estima relatório de auditoria recém-aprovado do TCU (Tribunal de Contas da União), com base em amostra que para o órgão representa o padrão de comportamento dessas entidades.”
O nosso suado dinheinrinho, extorquido em impostos pra lá de injustos, é distribuído como se fosse água da chuva, para ongs que não tem como realizar o serviço para o qual estão sendo pagas com dinheiro público.

Não é à toa que nasceram tantas ongs. Parecem gafanhotos, praga bíblica, que se nutrem do tesouro, sem oferecer em troca nada além desse sentimento amargo que todos nós carregamos na alma, otários que somos.

sábado, 11 de novembro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

[Os problemas habituais com modem e outras bugigangas atrasaram a atualização desta página. Por via das dúvidas recomendo comprar o DIARINHO nas bancas,
que chega mais cedo e raramente falha]

O PASSEIO DO JUAREZ
Florianópolis, cidade que cultiva um amor apaixonado pela fofoca, pela desgraça alheia, amanheceu ontem em festa: afinal, não é todo dia que um vereador é apanhado numa blitz da Polícia Rodoviária Federal com a caçamba cheia de bebida.

Claro que o fato do Juarez ser líder do Governo Municipal (embora viva às turras com o prefeito), diretor da Codesc e amicíssimo do influente Içuriti Pereira só aguçam a curiosidade e amplificam o fato.

Ele garante que, feitas as contas, só excederam a cota de importação em US$ 200 (a cota é de US$ 150 por pessoa e eles estavam em três). O fato em si não deverá ter maiores conseqüências. Imagino que não se conseguirá comprovar que a “muamba” era para vender. Trata-se apenas de um festeiro prevenido que foi abastecer sua adega particular para a festa de seu casamento e as festas de final de ano. Talvez escape com uma multa ou coisa parecida.

O problema maior é justamente ter o nome circulando nas rodas de conversa, na boca do povo. Além do vexame público que é ter sido apanhado por uma blitz de rotina, há a circunstância inevitável da fofoca: quem conta um conto aumenta um ponto.

Fatos passados, presentes e futuros relacionados ou não ao vereador são adicionados à história nem que seja só para fazer graça ou para mostrar intimidade com o caso.

E o Juarez acaba, nestas horas, colhendo o fruto das posições polêmicas, dos confrontos políticos e das suas atitudes que, ao longo de sua carreira, foram certamente criando inimigos e desafetos. Todos eles, ontem e hoje, devem estar exultantes. E é nessas horas que aparecem aquelas “amigos da onça”.

A parte boa desta notícia é o fato que a Polícia Rodoviária Federal (ou pelo menos seu Grupo de Operações Especiais) não tenha se deixado impressionar pelo fato do vereador ser diretor de uma estatal, nem pela extensa relação de amigos bem posicionados em umas tantas áreas, que o Juarez, se quisesse, poderia ter acionado. A parte ruim é todo o resto.

COSTUME ANTIGO
Há algumas décadas, quando as importações eram muito mais limitadas que hoje, era comum as famílias abonadas recorrerem aos seus contrabandistas de confiança para abastecerem-se para as festas de final de ano, para casamentos, para festas em geral. Era impensável comprar no mercado local. Uísques nacionais intragáveis e vinhos insolentes ofenderiam os convidados, por mais simples que fossem. O contrabandista de bebidas era uma instituição. Do juiz ao promotor, do chefe de polícia ao governador, todos, vez por outra, tiveram que recorrer a seus serviços para obter produtos que, de outra forma, eram literalmente inacessíveis.

Mas os tempos mudaram, a legislação abrandou, a facilidade de acesso aos bons produtos internacionais aumentou. Só que velhos hábitos, como o de abastecer a adega nas vésperas das festas, a preços módicos, ainda permanecem. E comprar em Rivera, Uruguai, para fugir dos impostos brasileiros, parece ser um bom negócio, desde que, no meio do caminho, não apareça uma blitz.

E AÍ, DONA MARISA?
Ontem publiquei trechos de uma crônica da Danuza Leão em que ela cobrava ou sugeria que a D. Marisa arranjasse alguma coisa que fazer. Decerto expressa alguma preocupação feminina com a imagem de esposa silenciosa e submissa.

E fiz uma proposta: alguém se habilita a defender D. Marisa? Pois o Rômulo Mafra, que é editor do jornal A Platéia (de Itajaí) aceitou o desafio (só retirei as referências à Danuza, porque tinha avisado que não valia xingar a colunista):
“Onde está escrito que a mulher do presidente precisa fazer alguma coisa? (ah, só não vale dizer que ‘pegaria bem’, como a própria Leão fala na péssima crônica, pois ‘pegar bem’ é fazer o ridículo jogo-de-cena que as outras faziam, e este governo não precisa fazer de conta. Ele faz.)

Talvez as mulheres dos anteriores faziam trabalho social porque exatamente SEUS MARIDOS NÃO FAZIAM NADA. Diferentemente deste governo do Lula.
Que d. Marisa continue sendo a boa esposa que é para o nosso presidente, pois se deu certo nestes quatro anos que estão acabando, que continue sendo o melhor presidente para o povo brasileiro por mais quatro. e não precisa ficar fazendo ‘joguinho-de-cena’ pra agradar peruas e colunistas políticos. Parabéns d. Marisa.”
Taí, então, tem quem ache legal que a D. Marisa não faça nem fale nada. Que é o que ela, ao que tudo indica, continuará fazendo.

ACIMA DA LEI?
O mesmo Rômulo Mafra, do texto acima, aproveita a mesma carta para mandar uma pergunta sobre o que ele considera “medo excessivo” dos jornais com a quebra de sigilo telefônico pela Polícia Federal. Não sei se o jornal tem medo do que a polícia possa descobrir se souber para quem seus jornalistas ligam. Acho que o medo é mais com o fato da polícia achar que pode agir acima e ao arrepio da lei. Porque aí sim, tudo pode acontecer.

O CHEQUE E O XEQUE
Os leitores habituais sabem que eu erro com enorme freqüência. Em geral são erros pequenos, que nem por isso deixam de ser erros.

Na coluna de quinta-feira escrevi um título assim: “Cheque mate. Já?” E os leitores mais atentos já chiaram.

Claro que eu queria ter escrito “xeque-mate”. “Cheque” foi mais um daqueles erros habituais. Ou então ato falho. Mas, mesmo em se tratando de notinha sobre montagem do governo, eu juro que não queria insinuar nada.

PRESIDENTE JADER
O PMDB corre o risco de ter, como presidente, o notável e controverso Jader Barbalho. Pra variar, o Supremo Tribunal Federal acolheu ontem denúncia contra Jader, que vai responder a uma ação (mais uma?) penal, acusado de peculato. Quem deve estar alegre com as possibilidades do Jarder Barbalho dirigir o partido e do PMDB ser base de apoio e participar do governo Lula, é o governador eleito Luiz Henrique, que pelo jeito terá que engolir, de uma só vez, o sapo barbudo e o sapo paraense.