sábado, 11 de novembro de 2006

SÁBADO E DOMINGO

[Os problemas habituais com modem e outras bugigangas atrasaram a atualização desta página. Por via das dúvidas recomendo comprar o DIARINHO nas bancas,
que chega mais cedo e raramente falha]

O PASSEIO DO JUAREZ
Florianópolis, cidade que cultiva um amor apaixonado pela fofoca, pela desgraça alheia, amanheceu ontem em festa: afinal, não é todo dia que um vereador é apanhado numa blitz da Polícia Rodoviária Federal com a caçamba cheia de bebida.

Claro que o fato do Juarez ser líder do Governo Municipal (embora viva às turras com o prefeito), diretor da Codesc e amicíssimo do influente Içuriti Pereira só aguçam a curiosidade e amplificam o fato.

Ele garante que, feitas as contas, só excederam a cota de importação em US$ 200 (a cota é de US$ 150 por pessoa e eles estavam em três). O fato em si não deverá ter maiores conseqüências. Imagino que não se conseguirá comprovar que a “muamba” era para vender. Trata-se apenas de um festeiro prevenido que foi abastecer sua adega particular para a festa de seu casamento e as festas de final de ano. Talvez escape com uma multa ou coisa parecida.

O problema maior é justamente ter o nome circulando nas rodas de conversa, na boca do povo. Além do vexame público que é ter sido apanhado por uma blitz de rotina, há a circunstância inevitável da fofoca: quem conta um conto aumenta um ponto.

Fatos passados, presentes e futuros relacionados ou não ao vereador são adicionados à história nem que seja só para fazer graça ou para mostrar intimidade com o caso.

E o Juarez acaba, nestas horas, colhendo o fruto das posições polêmicas, dos confrontos políticos e das suas atitudes que, ao longo de sua carreira, foram certamente criando inimigos e desafetos. Todos eles, ontem e hoje, devem estar exultantes. E é nessas horas que aparecem aquelas “amigos da onça”.

A parte boa desta notícia é o fato que a Polícia Rodoviária Federal (ou pelo menos seu Grupo de Operações Especiais) não tenha se deixado impressionar pelo fato do vereador ser diretor de uma estatal, nem pela extensa relação de amigos bem posicionados em umas tantas áreas, que o Juarez, se quisesse, poderia ter acionado. A parte ruim é todo o resto.

COSTUME ANTIGO
Há algumas décadas, quando as importações eram muito mais limitadas que hoje, era comum as famílias abonadas recorrerem aos seus contrabandistas de confiança para abastecerem-se para as festas de final de ano, para casamentos, para festas em geral. Era impensável comprar no mercado local. Uísques nacionais intragáveis e vinhos insolentes ofenderiam os convidados, por mais simples que fossem. O contrabandista de bebidas era uma instituição. Do juiz ao promotor, do chefe de polícia ao governador, todos, vez por outra, tiveram que recorrer a seus serviços para obter produtos que, de outra forma, eram literalmente inacessíveis.

Mas os tempos mudaram, a legislação abrandou, a facilidade de acesso aos bons produtos internacionais aumentou. Só que velhos hábitos, como o de abastecer a adega nas vésperas das festas, a preços módicos, ainda permanecem. E comprar em Rivera, Uruguai, para fugir dos impostos brasileiros, parece ser um bom negócio, desde que, no meio do caminho, não apareça uma blitz.

E AÍ, DONA MARISA?
Ontem publiquei trechos de uma crônica da Danuza Leão em que ela cobrava ou sugeria que a D. Marisa arranjasse alguma coisa que fazer. Decerto expressa alguma preocupação feminina com a imagem de esposa silenciosa e submissa.

E fiz uma proposta: alguém se habilita a defender D. Marisa? Pois o Rômulo Mafra, que é editor do jornal A Platéia (de Itajaí) aceitou o desafio (só retirei as referências à Danuza, porque tinha avisado que não valia xingar a colunista):
“Onde está escrito que a mulher do presidente precisa fazer alguma coisa? (ah, só não vale dizer que ‘pegaria bem’, como a própria Leão fala na péssima crônica, pois ‘pegar bem’ é fazer o ridículo jogo-de-cena que as outras faziam, e este governo não precisa fazer de conta. Ele faz.)

Talvez as mulheres dos anteriores faziam trabalho social porque exatamente SEUS MARIDOS NÃO FAZIAM NADA. Diferentemente deste governo do Lula.
Que d. Marisa continue sendo a boa esposa que é para o nosso presidente, pois se deu certo nestes quatro anos que estão acabando, que continue sendo o melhor presidente para o povo brasileiro por mais quatro. e não precisa ficar fazendo ‘joguinho-de-cena’ pra agradar peruas e colunistas políticos. Parabéns d. Marisa.”
Taí, então, tem quem ache legal que a D. Marisa não faça nem fale nada. Que é o que ela, ao que tudo indica, continuará fazendo.

ACIMA DA LEI?
O mesmo Rômulo Mafra, do texto acima, aproveita a mesma carta para mandar uma pergunta sobre o que ele considera “medo excessivo” dos jornais com a quebra de sigilo telefônico pela Polícia Federal. Não sei se o jornal tem medo do que a polícia possa descobrir se souber para quem seus jornalistas ligam. Acho que o medo é mais com o fato da polícia achar que pode agir acima e ao arrepio da lei. Porque aí sim, tudo pode acontecer.

O CHEQUE E O XEQUE
Os leitores habituais sabem que eu erro com enorme freqüência. Em geral são erros pequenos, que nem por isso deixam de ser erros.

Na coluna de quinta-feira escrevi um título assim: “Cheque mate. Já?” E os leitores mais atentos já chiaram.

Claro que eu queria ter escrito “xeque-mate”. “Cheque” foi mais um daqueles erros habituais. Ou então ato falho. Mas, mesmo em se tratando de notinha sobre montagem do governo, eu juro que não queria insinuar nada.

PRESIDENTE JADER
O PMDB corre o risco de ter, como presidente, o notável e controverso Jader Barbalho. Pra variar, o Supremo Tribunal Federal acolheu ontem denúncia contra Jader, que vai responder a uma ação (mais uma?) penal, acusado de peculato. Quem deve estar alegre com as possibilidades do Jarder Barbalho dirigir o partido e do PMDB ser base de apoio e participar do governo Lula, é o governador eleito Luiz Henrique, que pelo jeito terá que engolir, de uma só vez, o sapo barbudo e o sapo paraense.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cesar,

Houve um crime. Crime de contrabando. O criminoso eh um diretor de estatal e vereador. Homem publico nao pode cometer crime. Por menor que seja. Nem jogar papel no chao... na rua. O Governador ja devia te-lo demitido sumariamente. Como fez com Aldo Hey Neto, outro criminoso. Alias esse governo tem criminosos demais.
Daqui a pouco podera ser acusado de formacao de quadrilha.