quarta-feira, 31 de maio de 2006

QUARTA

MORRE O JORNALISTA DANIEL HERZ
Falei neste meu amigo há alguns dias, aqui. No momento só consigo pensar: “tanto filho-da-puta vivo e bem de saúde e um sujeito decente e lutador como o Daniel ter que passar pelo que ele passou e ainda morrer cedo assim”.

Sem ter muito o que acrescentar, peço licença para transcrever o texto de Marco Aurélio Weissheimer, da agência Carta Maior.

PORTO ALEGRE – A luta pela democratização da comunicação no Brasil perdeu um batalhador. Morreu na tarde desta terça-feira (30), no hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o jornalista Daniel Herz, 51 anos, autor do livro A História Secreta da Rede Globo (Editora Tchê!, 1987) e diretor do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), que manteve o site Acessocom, especializado na área de mídia, até 2003.

Daniel Herz foi professor e chefe do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (1980-1984), coordenador da Frente Nacional de Luta por Políticas Democráticas de Comunicação (1984-1985), coordenador da campanha da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) no Congresso Constituinte (1987-1988), secretário de Comunicação do primeiro governo do PT na prefeitura de Porto Alegre e primeiro coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, surgido no início da década de 90.

Em “A História Secreta da Rede Globo”, obra através da qual se tornou conhecido nacionalmente e leitura obrigatória nos cursos de jornalismo, Daniel Herz publicou o resultado de suas pesquisas sobre a origem da Rede Globo e suas ligações com o grupo norte-americano Time-Life, durante a ditadura militar no Brasil.

Segundo Herz, a construção da Rede Globo foi viabilizada por um decisivo suporte financeiro, administrativo e tecnológico deste grupo e por relações incestuosas mantidas com lideranças do regime militar. A denúncia de ligações inconstitucionais da Globo com a Time-Life, feita por concorrentes da emissora brasileira (em especial os Diários e Emissoras Associados), obrigou a empresa da família Marinho a se desvincular do grupo norte-americano. Quando as relações jurídicas e administrativas foram encerradas, em 1967, a Globo já havia fincado os suportes para sua transformação em principal empresa de comunicação brasileira.

O Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), suspendeu as aulas desta quarta-feira (31), em homenagem à memória de Daniel Herz. Ele foi o primeiro chefe de Departamento de Jornalismo da UFSC, na época chamado Departamento de Comunicação, no início da década de 80. Em pleno regime militar, instituiu o funcionamento democrático do Curso, com a implantação de um conselho paritário de professores e alunos, até então inédito no Brasil. Além disso, instituiu eleições diretas para todos os cargos de chefia.

O curso de Jornalismo da UFSC tornou-se conhecido nacionalmente, quando Herz organizou o lançamento da Frente Nacional de Luta por Políticas Democráticas de Comunicação, causa pela qual trabalhou sem cessar pelo resto de sua vida.
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PMDB SEM EDUCAÇÃO
Ontem foi a vez do PMDB meter os pés pelas mãos no caso da greve dos professores. Depois de uma sessão literalmente ordinária (porque estava com uma freqüência baixa de deputados), o Afrânio Boppré pediu que fossem concedidos uns minutos para que os grevistas pudessem dar seu recado na tribuna da Assembléia Legislativa.

Dar a permissão para esses pronunciamentos é uma prática democrática que não tem causado maiores problemas. Os caras vão lá, dizem o que acham que devem dizer, a turma nas galerias aplaude, grita umas palavras de ordem, a TV Alesc transmite e pronto. Tá resolvido o assunto.

Mas algum gênio do PMDB, algum assessor que nunca ouviu falar do VDM, sugeriu aos deputados do partido do governo, que saíssem da sessão e alguém pedisse a “verificação de quórum” (pedir pra contar se tem o número mínimo de presentes). Se não tem deputado que chega, a sessão tem que se encerrada imediatamente.

ROLO DESNECESSÁRIO
E, pior, de propósito ou por acaso, coube justamente ao Presidente da Comissão de Educação da Assembléia, deputado Romildo Titon, a tarefa ingrata de pedir a tal contagem que iria encerrar a sessão antes do representante dos grevistas poder falar.

Os grevistas ficaram, com toda a razão, indignados. E mesmo encerrada a sessão, não saíram das galerias nem da Assembléia, porque acharam que o que fizeram com eles foi uma sacanagem. O tumulto chegou a fazer com que a sessão solene prevista para a noite, fosse atrasada e até corresse o risco de não ser realizada.

Tenho falado mal, aqui, quase todo dia, dos grevistas da educação. Não gosto e não concordo com muitas atitudes deles. Mas não posso deixar de registrar essa bola fora dos governistas. Transformaram uma manifestação que provavelmente ocorreria sem maiores transtornos, num episódio que só demonstrou falta de habilidade política.

Depois do leite derramado, reuniram-se os líderes dos partidos e ficou acertado que o presidente da Assembléia, Julio Garcia (outro que não gosta que acentuem o nome dele) iria hoje bater às portas do consultório do Dr. Moreira para tentar abrir um canal de negociação que resolva o impasse.

Faltou, ao PMDB, um cara de bom senso que, ao ouvir a idéia de provocar o encerramento da sessão para evitar o discurso dos grevistas, dissesse, com toda clareza: “vai dar merda...”

A MOÇA DO ACENTO
A assessora do Cesar Souza, cujo e-mail publiquei ontem me ligou, ainda de manhã. Estava encabulada porque o recadinho, que tinha sido escrito apenas para o jornal da Assembléia Legislativa, acabou sendo enviado também para outras pessoas (e acabou caindo na minha mão e, por conseguinte, na boca do povo).

Este é o grande problema do e-mail: é só a gente se enganar na hora da remessa que em pouco tempo a coisa pode se espalhar de uma maneira incontrolável. Menos mal que o caso do acento do Cesar não era grave nem sério. Mas ver o texto de um e-mail circular fora do contexto para o qual foi escrito sempre deixa a gente meio envergonhado.

PONTO FACULTATIVO?
Hoje vai ser um dia daqueles, em Florianópolis. Os motoristas e cobradores de ônibus, pra variar, podem parar (com todo o transtorno que isso representa para o trânsito e para a vida do povo trabalhador que perde o dia, a viagem e a paciência).

Os servidores públicos federais das outras áreas podem se reunir aos grevistas da previdência, numa paralisação de 24 horas.

Os professores grevistas, que estavam com o prestígio em baixa e tiveram um considerável impulso graças à inabilidade dos deputados do PMDB, devem estar se sentindo o máximo e certamente preparam alguma.

O melhor é considerar o dia como “ponto facultativo” e ficar em casa cuidados dos curiós, dando banho nas galinhas, preparando uma tainha escalada e depois tirar um cochilo vendo a sessão da tarde.

A TERRA DO JÁ TEVE
O lendário hotel Maria do Mar, no Saco Grande, vai a leilão. Como o leilão é promovido pelo BESC imagino que o Rubens Pereira (pai do vice-prefeito Bita Pereira) esteja com alguns problemas para saldar seus papagaios.

O Maria do Mar foi um hotel inovador e pioneiro, numa ilha onde a mesmice de vez em quando parece tomar conta do pedaço. Mas decerto não conseguiu resolver seu principal dilema: não era um hotel central, ficava meio afastado, mas também não era um hotel de praia.

Um de seus últimos grandes momentos foi há alguns anos, quando fazia, aos sábados, uma feijoada espetacular. Mas mesmo o restaurante, recentemente, andava às moscas. Os espaços criados para grandes eventos, como casamentos, é que ultimamente estavam movimentando a casa.

Com certeza a situação do Maria do Mar não é tão grave quanto a de outra lenda da hotelaria catarinense, o Hotel Itapirubá, situado ao Sul da capital, próximo a Imbituba. Ontem me contaram que já começam a depredar o prédio abandonado.

FALTOU MANEZINHO
Na lista dos Manezinhos que receberão o troféu em 2006 (no dia 3 de junho, na Manezada da Rita Maria) que publiquei, ficaram de fora dois nomes. Coisas da minha proverbial distração e enorme capacidade de cometer erros mesmo quando realizo tarefas simples como copiar e colar.
Republico a lista (espero que agora esteja correta), pedindo desculpas aos que não tinham sido citados.
Annita Hoepcke da Silva;
Antônio Diomário de Queiroz;
Aurino Manoel dos Santos;
Cláudio Agenor Andrade;
Cláudio Manoel da Costa (Cadinho);
Gilberto João Machado;
Hélio Costa;
Heraldo Russi Wagner;
Maria de Lourdes da Costa Gonzaga (Dona Uda Gonzaga); e
Zenaide Maria de Souza.

MANEZINHO INSTITUIÇÃO
Sociedade Recreativa e Musical Lapa (Banda Nossa Senhora da Lapa).

MANEZINHO HONORÁRIO
Joaquim José Pereira da Mota Veiga (Lisboa, Portugal).

terça-feira, 30 de maio de 2006

TERÇA

CESAR SEM ACENTO
Agora eu sei que estou em boa companhia. Não sei por que cargas dágua, prefiro que meu nome não seja acentuado (contrariando a norma gramatical do bom português, que diz que César é César e não Cesar). A assessora do deputado-apresentador-papai-noel Cesar Souza enviou ontem e-mail gritante (sempre que escrevem tudo em letras maiúsculas, a gente tem a impressão que estão gritando), reclamando de alguém que cometeu a suprema heresia de grafar o nome do chefinho com acento.

Dá uma olhada no e-mail da moça, transcrito ipsis litteris, sem tirar nem por:
gente!!!!!!!!
ATENÇÃO
NÃO ACENTUEM O NOME DO CESAR PORQUE NÃO TEM ACENTO... SEMANA PASSADA COLOCARAM ACENTO NO NOME DELE NO TITULO DA MATÉRIA!!!!!
BJOS
CARMEN
Como vêem, a moça está tão preocupada com o acento do Cesar, que resolveu encher-nos a todos de pontos de exclamação.

GREVE SEM EDUCAÇÃO
Os sindicalistas que levam a sério seu papel devem acompanhar com cuidado o que alguns dirigentes do Sinte (sindicato dos trabalhadores na educação) têm feito e proposto.

A falta de noção da realidade, de tato político e de educação básica demonstrada a cada nova “manifestação” pode causar mais mal às lutas dos trabalhadores da educação em particular e das demais categorias em geral, do que todo o descaso governamental.

Se o sindicato de trabalhadores avalia que as negociações não foram boas, que o governo não está agindo corretamente, deve agir de forma a trazer, para seu lado, a comunidade, os pais, os alunos e as demais categorias. Não fazer com que, a cada dia, mais e mais, dos possíveis aliados, sintam-se constrangidos e assustados com a violência e a desinteligência de algumas manifestações.

Aliás, até parece que o governo tem gente infiltrada no sindicato, porque tamanha falta de compreensão dos danos que essas ações desastradas causam à imagem do sindicato não pode partir de sindicalistas realmente comprometidos com as lutas trabalhistas e sindicais.

QUE LUTA É ESSA?
Aqui de fora, de onde observo essas coisas, tenho a impressão que a luta dos professores em greve (ou pelo menos de suas lideranças) não é por uma educação de qualidade nem pela correção dos problemas salariais históricos. Tanta violência tá mais com jeito de movimento para criar um fato político-eleitoral.

Naturalmente, embalados pelas dificuldades e pelos problemas, muitos professores e professoras devem participar da greve achando que estão lutando pelas suas reivindicações legítimas. Não sabem o que na verdade suas lideranças estão pretendendo ou o que buscam. Nem nós. E o governo, completamente concentrado na disputa eleitoral, com o caixa zerado, fazendo malabarismos para cobrir a folha, não parece ser um interlocutor sensível.

FIADO SÓ AMANHÃ
Fornecedores do governo que ainda não arrancaram todos os cabelos, estão com o que restou em pé. Receber o que é devido passou a ser um privilégio de poucos e cada vez de menas* gente.

Como resultado, as coisas podem começar a parar, como já estão parando veículos e algumas atividades. Como as chances do LHS se reeleger parecem grandes (do Amin também eram, lembram?) os fornecedores não estão pressionando, porque esperam ser recompensados mais tarde. Mas o sufoco está bem grande.

*sim, eu sei que menas é errado. Escrevi-lo porque qui-lo. Sacaste-lhe?

POLÍCIA? ONDE?
O novo Comandante Geral da Polícia Militar, Cel. Edson, assumiu dizendo que é preciso colocar a polícia na rua, especialmente na Grande Florianópolis, para reduzir a sensação de insegurança da gente. Mas acho que as boas intenções do Comandante ainda vão levar algum tempo até serem transformadas em ações concretas.

Anteontem, na SC-401, a poucos quilômetros do Centro Administrativo, às cinco em ponto da tarde, bandidos armados desceram de um Marea e assaltaram uma montoeira de gente que jogava futebol suíço num campinho de aluguel. Ainda era dia claro.

A polícia foi chamada, mas até às 22h ninguém tinha aparecido por lá. Parece que um dos freqüentadores, que era policial rodoviário, conseguiu acionar seus colegas, para tentar localizar o carro dos assaltantes, mas isso também pode ser apenas boato.

Não tive mais nenhuma informação porque eu, tal e qual a polícia, estou sem dinheiro pra colocar gasolina e ir até às proximidades do Centro Administrativo para investigar direito o que aconteceu. Melhor deixar quieto. Pode ser que numa curva da estrada os bandidos derrapem, batam com o carro e o assunto se resolva por si só.

A TURMA DE 2006
O troféu Manezinho da Ilha, criado por alguns florianopolitanos meio de brincadeira, acabou ganhando força e fama e pelas mãos do Aldírio Simões e transformou-se numa instituição.

Mais de 300 pessoas já receberam o troféu, nos últimos 16 anos. Mesmo depois da morte do Aldírio, o troféu continua a ser atribuído a personalidades que de alguma forma tenham a ver com o nosso jeito manezinho de ser. Este ano serão estes os agraciados:
Annita Hoepcke da Silva;
Antônio Diomário de Queiroz;
Aurino Manoel dos Santos;
Claudio Agenor Andrade;
Hélio Costa;
Heraldo Russi Wagner;
Maria de Lourdes da Costa Gonzaga (Dona Uda Gonzaga); e
Zenaide Maria de Souza.

MANEZINHO INSTITUIÇÃO
Sociedade Recreativa e Musical Lapa (Banda Nossa Senhora da Lapa).

MANEZINHO HONORÁRIO
Joaquim José Pereira da Mota Veiga (Lisboa, Portugal).

VEM MAIS ROLO AÍ
Os trabalhadores do transporte coletivo de Florianópolis estão ameaçando com nova paralisação amanhã. As conversas de ontem com o sindicato dos patrões parece que não foram muito produtivas: só conseguiram aumento de 3,34%. Eu devo andar muito mal de sindicato, porque há alguns anos que não consigo reajustar meu salário.

Bom, acho que se eu pudesse parar de trabalhar, atravancar o trânsito com meu ônibus e deixar a cidade sem transporte, provavelmente conseguiria também aumentos como esse.

Quem pode, pode. E o contribuinte, que paga os impostos e as passagens cada vez mais caras, tem mais é que chorar pelos cantos.

A COISA É ESTRANHA
Tomara que seja apenas mau-humor de segunda-feira. Mas não consigo entender direito o tal “Fórum da tarifa única” que o irmão-deputado Berger criou na Assembléia Legislativa e que teve uma audiência pública ontem, dirigida pelo presidente da Comissão de Transportes, deputado Reno Caramori, cuja família é dona da Reunidas.

Os participantes chegaram a pelo menos três estranhíssimas conclusões.

Conclusão um: cada município trata do transporte coletivo isoladamente, o que dificulta ou impede a criação de um sistema metropolitano de transportes. “As prefeituras são diferentes, os interesses são diferentes”, lamentou o diretor do Deter, Roberto Sacalabrin. Se as coisas são assim tão imutáveis, não se sabe o que, afinal, faziam todos lá.

Conclusão dois: o que inviabilizou a criação do sistema integrado metropolitano (aquele que a Dona Ângela quis criar e que ficou pela metade), foi um pedido de sustação encaminhado pela prefeitura de São José. Que, na época, era dirigida pelos irmãos Berger. Bom, mas agora Djalma Berger quer ressuscitar a discussão. Ou não?

Conclusão três: para o representante do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de Passageiros, Ricardo Freitas, a tarifa única é responsável pelo “inchaço das periferias”. Segundo ele, com a tarifa única poderá haver uma “ocupação desordenada do norte e do sul da Ilha”. Imagino que o ilustre líder sindical dos trabalhadores (!) esteja defendendo tarifas mais caras para desestimular o povo de morar longe. Quem sabe então se tarifas caríssimas, impedindo os pobres de ir e vir, não resolveria o problema da favelização?

JORNALISTAS SE REÚNEM
O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina abriu inscrições para o 4º Congresso Estadual, que será realizado em Itajaí, cidade-sede do melhor e mais vendido jornal do mundo, o DIARINHO. O evento será de 14 a 16 de junho e como só relógio trabalha de graça, pra entrar tem que pagar uma inscrição. O procedimento, pra variar, é bem complicadinho: o sujeito, além de morrer com uma graninha, tem que enfrentar uma filinha básica no BESC, fazer o depósito na conta do sindicato e depois mandar o comprovante para o sindicato. E ainda tem, de alguma maneira, que comprovar o Registro Profissional. Ufa!

Ainda bem que não sou sindicalizado e não tenho grana pra pagar a inscrição. Senão teria que ir e acabaria discutindo com metade dos presentes.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

SEGUNDA

A INVASÃO DOS HOMENS
E MULHERES DE FERRO

A Ilha literalmente para para ver passar os mil e tantos competidores dessa dificílima prova de resistência, que todos os anos faz com que os olhos de boa parte do mundo esportivo voltem-se para cá. Uma grande festa.

Mas a cidade, provinciana e metida a besta, parece não compreender o tamanho do que está acontecendo. Algumas madames sem noção se incomodam com aqueles homens e mulheres passando diante de suas janelas, nos balneários do norte da ilha e conseguiram que este ano o trajeto fosse modificado para incluir ruas e estradas praticamente desertas.

Como resultado, a parte legal da população, que botava bandeira nas sacadas, que reunia amigos pra assistir de camarote o espetáculo e gostava do agito, ficou a ver navios.

Os mil e tantos voluntários que ajudaram a manter hidratados e alimentados os corredores também são parte da festa. Mostram que a cidade, mesmo sem ter compreendido direito o que é sediar um evento desse porte, tem condições de fornecer o apoio necessário.

O turismo que o IronMan gera é de alta qualidade. Em torno de cada atleta tem pelo menos três ou quatro pessoas que vêm junto. Só aí já são umas três mil pessoas na cidade. Fora aqueles que acompanham mesmo sem ter ligação com os atletas. Seria legal melhorar a informação da população sobre o que é, o que representa e como é que acontecem coisas deste tipo nos outros lugares do mundo.

SUJEITO AVOADO
Não sei onde estava com a cabeça quando disse, na coluna do final de semana, que a convenção dos lojistas era em Blumenau. Todo mundo, inclusive eu, sabia que era em Itapema. Então por que diabos troquei o nome da cidade? Sei lá. O fato é que estava errado e agora estou tentando consertar. Perdão Itapema, desculpe Blumenau.

TUCANOS NA TV
Aí na foto acima, de banho tomado, maquiados e bem iluminados, o senador Pavan e o presiden te do PSDB, Dalírio Beber, durante a gravação do programa de 20 minutos que vai ao ar hoje. A assessoria informa que será um programa pra mostrar as ações da “Agenda 45”. Segundo eles o Pavan não vai descer o cacete em ninguém (como nada está decidido nas coligações, tem que ir devagar com o andor).

FIGURINHAS DIFÍCEIS
Vetustos senhores e respeitáveis profissionais do Centro Administrativo, metidos em seus ternos, pretos ou de outras cores discretas, encontram-se pelos cantos, reúnem-se próximo a beiradas de mesas, formam grupinhos em qualquer lugar. No centro das atenções, as figurinhas da copa.

Trocar figurinhas é o grande esporte e alguma figuras já viraram lenda: tem um cara, na Secretaria da Administração, que tem um saco de figurinhas e todo mundo, das outras secretarias, o procura, porque é bom negócio na certa.

A velha desculpa do “ele não pode atender porque está em reunião” agora é rigorosamente verdadeira: eles estão todos em reunião. É verdade que é para trocar figurinhas, mas não deixa de ser reunião.

UNIFORMES DE INVERNO
Já que estamos falando do Centro Administrativo, continuaremos lá. Desde o começo do governo LHS, dois pequenos grupos de servidores se destacam pela elegância: os do gabinete do vice-governador e os do gabinete do Secretário de Comunicação.

Os dois grupos usam uniformes muito chiques, feitos especialmente por modistas e figurinistas de grande renome na cidade. Além de ficarem bem apresentáveis, economizam uma barbaridade, porque é tudo pago por nós.

Agora que assumiu o governo, o Dr. Moreira levou seu pessoal bem vestido para o gabinete do governador. E na semana passada a movimentação era grande, porque estavam preparando, provando e definindo o guarda-roupa de inverno.

A turma que não tem direito a uniforme nem ajuda de custo pra se vestir, mesmo sendo funcionária do mesmo Centro Administrativo e também tendo que estar sempre arrumadinha, morre de inveja (e fica meio indignada com a discriminação). Mas a vida é assim mesmo. O sol não nasce pra todos.

A TIM TÁ TÃ-TÃ
O prezado leitor, a caríssima leitora acham que só porque compraram casa de 2 milhões de reais no Jurerê Internacional vão conseguir falar facilmente pelo celular? Lêdo engano.

A coisa tá tão ruim que tem gente que tem que subir num banquinho, no banheiro do quarto da criança, bem perto da janela, pra poder falar e receber ligações. No restante dos cinco banheiros e mil metros quadrados da casa não tem jeito de pegar.

E quem mora mais lá pra perto da Praia do Forte sofre ainda mais, porque embora oficialmente ali seja área 48, geralmente as ligações para telefones de mesmo número da área 47 tocam ali. Uma grande confusão, ou porque as torres mais próximas ficam do outro lado da baía, ou porque é uma esculhambação mesmo.

O pessoal que veio pro IronMan achou inacreditável que bairro tão lustroso fosse tão mal servido de celular.

O DESCANSO FEZ BEM
Mais de uma pessoa me comentou como o LHS estava bem apessoado nas propagandas na TV da semana passada. Remoçou. Uma amiga, mais fofoqueira, chegou a dizer: “ele fez peeling, colocou botox e ainda fizeram algum tratamento na imagem da TV, porque ele está outra pessoa”.

Gente maldosa. Eu acho que só ficar um pouco mais longe dos pepinos do governo já pode ter provocado a melhora na aparência do LHS.

OS SEM-EDUCAÇÃO
Tenho a impressão que o fato da senadora Ideli ter começado a se destacar politicamente por causa de sua gestão no Sinte (o sindicato dos trabalhadores na educação), deve ter feito com que as criaturas atualmente na direção do sindicato resolvesse radicalizar para aparecer e faturar.
Só que as ações do sindicato são tão desastradas, tão porra-loucas, que nem podem ser classificadas de políticas. Política é outra coisa.

SECRETÁRIA ZULEIKA

Li na coluna do Paulo Alceu que está sendo cogitada a ida da professora Zuleika Lenzi para a Secretaria do Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda (o Içuriti da Codesc é o secretário interino, depois que a turma do PDT não se entendeu). Vou ficar na torcida, porque os servidores de lá estão cansados de serem chefiados por gente sem noção e sem qualificação. A Zuleika tem a cabeça no lugar e sabe o que faz.

sábado, 27 de maio de 2006

SÁBADO E DOMINGO

CHUVA DE VOTOS
Os lojistas fizeram sua convenção estadual em Blumenau e levaram, para a abertura, o Dr. Moreira (que é o governador 2, o médico de plantão do PMDB) e o Dr. Pavan, que é o senador-candidato, o tucano de bengala.

A foto acima mostra o corte da fita inaugural, ocasião em que os dois contaram com os préstimos do ex-governador Casildo Maldaner, que é exímio cortador de fitas.

Não entendi foi o motivo dos confetes (não faltaram as serpentinas, os pierrôs e as colombinas?). Mas decerto o pessoal das lojas, esperto que é, decidiu dar aos dois aliados, uma experiência pré-eleitoral otimista: simularam uma chuva de votos.

GELÉIA GERAL
Partido político, no Brasil, é uma ficção. Existem, mas não existem. Não servem pra nada. Os próprios políticos, que deveriam lutar pelo fortalecimento de suas agremiações, não estão nem aí. Querem mesmo é se arrumar, ainda mais quando a verba para a campanha não é problema.

O candidato a deputado federal, Djalma Berger, que é do PSDB e saiu há pouco do PFL, terá sua campanha coordenada pela peemedebista Dirce Heiderscheidt (mulher do Ronério, aquele que quer ser o rei do PMDB). E, como dobradinha, a mesma senhora vai coordenar a campanha do Renato Hinning (PMDB) a estadual.

Os amigos e defensores dos irmãos Berger dirão que é só uma questão de tempo para que os dois saiam do PSDB e entrem no PMDB. E que, portanto, nada melhor do que já irem se aproximando dos futuros colegas de partido. Então tá. Como dizia, os partidos existem, mas não existem.

ESSE STJ...
O Ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça mandou soltar aquela ferinha fingida que matou os pais. E, ainda por cima, recomenda que a vigilância policial que eventualmente for necessária, “seja feita de forma discreta e sem constrangê-la”.

Como não li os autos, não consigo entender o que pode ter levado o Ministro Naves a ficar assim com tanta pena dessa assassina, a ponto de zelar pelo seu conforto e comodidade.

CANTINHO DOS LEITORES
Não sei por que, ontem recebi mais e-mails de leitores do que o habitual. Aí, para que eles não se sintam desmotivados, vou tratar de publicar um resumo de alguns deles, sem revelar os nomes, que é pra não criar constrangimentos.

A OPOSIÇÃO TÁ VIVA“Com relação à nota sobre o mau uso do dinheiro público em Biguaçu, gostaria de informar que já foram feitas várias representações à Justiça Eleitoral, o mesmo sobre o caso de Palhoça. Não está havendo qualquer omissão e todos esses absurdos estão merecendo a devida atenção”.

ACENTO ERRADO“Não sei de onte tirastes aquele Biguaçú (com acento no u). Biguaçu não tem acento. Será que tenho que repetir isto 15 vezes também?”

RADICALIZAÇÃO – “Só tem um jeito do LHS radicalizar a descentralização: descentralizar as verbas. Não tem sentido instalar secretaria em São Miguel do Oeste e controlar a grana em Florianópolis. Só que eu acho que ninguém vai querer abrir mão da caneta”.

MEIA SOLA“Vou todo dia olhar as obras da ponte e ninguém consegue me convencer que o que estão fazendo ali seja diferente do que tem sido feito desde a década de 60: manutenção pura e simples”.

TEATRO DO ADEMIR“Não sei por que o pessoal ainda continua escrevendo ‘Teatro do CIC’, quando o nome correto é ‘Teatro Ademir Rosa’, em homenagem ao nosso artista e teatreiro manezinho, nascido na Rua do Fato, no Extreito. Um dos melhores atores que o Estado já teve e que merecidamente dá nome àquele teatro”.

FALTOU O PÉ – “Venho apenas pedir-lhe que peça ao responsável pela diagramação que tome mais cuidado para não cortar o fim de seus artigos. Quando leio com atenção uma reportagem, artigo ou seja lá o que for (é o caso da sua coluna), gosto de entender integralmente o que foi escrito (e acredito que todos somos assim), o que nem sempre é possível devido a uma falha que eu acredito ser da diagramação”.

Nota do autor: caro leitor, como sou eu quem diagrama a coluna, esses erros são exclusivamente meus.

IMPASSE EM A NOTÍCIA
Continuava sem solução, até ontem à noite, o estremecimento entre o jornalista Moacir Pereira e o jornal A Notícia. Moacir parou de mandar sua coluna para o jornal na segunda-feira, inconformado com as alterações propostas pela reforma gráfica.

Segundo o diretor do jornal em Florianópolis, Osmar Schlindwein, pra quem “a esperança é a última que morre”, na segunda-feira ainda será feita outra tentativa para resolver o caso e voltar a publicar a coluna.

Moacir, na palestra que fez ontem no encontro dos assessores de imprensa do governo, referiu-se superficialmente ao caso, dizendo-se magoado com a forma como teria sido tratado depois de tantos anos de colaboração.

Em todo caso, não será surpresa para esta coluna se o Moacir e a Notícia romperem, embora continue torcendo para que os esforços do Osmar sejam bem sucedidos.

A CULPA DOS ERROS
Ainda a propósito dos pequenos (e médios) erros que deixo passar nesta coluna, geralmente terminada em cima da hora, sem tempo para fazer uma boa revisão, um leitor que me conhece de outros carnavais retirou do fundo do baú uma frase que escrevi no início da década de 80, num jornazinho chamado “O Furo” e me enviou:
“os equívocos foram em conseqüência da má qualidade dos dedos do datilógrafo”.
Pronto, agora vocês já sabem por que tem tanto erro nesta coluna.

A CAPITAL DO ESTADO
Quando eu digo que o Ronério, prefeito de Palhoça, quer ser o rei do PMDB, não estou brincando. Agora, pelo jeito, ele iniciou um processo de aliciar vereadores do interior, a quem engana dizendo que Palhoça é a capital do estado.

Ontem recebi um “press-rilise” do vereador Lamim (do Itajaí, né não?), que tinha, como título: “Lamim visita capital do estado”. E, no texto, todo faceiro, ele informava que esteve em Palhoça para conhecer as experiências do Rei Ronério.

Lá no final, ele conta que também esteve na Assembléia Legislativa, mas não diz em que município a Alesc está situada. Deve ser em Palhoça mesmo.

sexta-feira, 26 de maio de 2006

SEXTA

CULTURA? ONDE?
Quem me acompanha desde o começo, em agosto do ano passado, sabe que de vez em quando eu comento erros, enganos e mancadas de assessorias de imprensa.

Acho muito injusto a gente falar de todos os profissionais, de todas as profissões e só poupar os jornalistas. Por isso, quando vejo que um coleguinha pisou na bola, eu falo.

Isso sempre irritou profundamente a imatura assessora de imprensa da secretaria da cultura (cultura?), esporte e turismo. Tanto que ela baixou ordem, meses atrás, pra esquecer que eu existo e não falar mais comigo.

Mas aí, esta semana, ela deu mais uma grande mancada e distribuiu material para todos os jornalistas, com um recado para nos deixar de fora. O companheiro Henrique Ungaretti, que tem uma coluna no suplemento AN Capital, do jornal A Notícia, ficou indignado com a coisa e fez a nota “Vade retro”, que reproduzi acima.

Com o erro, a assesora transformou uma birra particular, entre ela e o jornal, numa briga pública, conhecida por jornalistas de todo o estado.

Claro que a posição dela não tem apoio no governo. Nem mesmo na própria secretaria onde a moça trabalha. Nenhuma das demais secretarias de estado ou o próprio gabinete do governador, tem sonegado, ao DIARINHO ou a este colunista, informações oficiais.

Todos aqui rimos muito com a gafe, que tem, como tudo, aspectos positivos. O principal foi que ficamos conhecendo melhor o espírito solidário do Ungaretti e eu pude me aproximar desse colega a quem não conheço pessoalmente e com quem antes de ontem nunca tinha falado por telefone.

Também foi legal ver a forma profissional como o novo diretor de imprensa da Secretaria de Comunicação, Ricardo Fabris, conduziu o incidente (as palavras dele estão na matéria sobre o caso que o DIARINHO publica hoje: “Somos agentes públicos, recebemos salário vindo de dinheiro público e não podemos negar nenhuma informação. Vocês tem muito mais direito de cobrar de nós do que nós de vocês. A partir de hoje (ontem) tenho certeza que vocês vão receber todo o material da secretaria, como qualquer outro veículo”).

Quanto aos leitores, podem ficar tranqüilos. As informações que interessam e que são relevantes, não precisam ser enviadas: a gente vai atrás. E sempre acaba sabendo da história, mesmo que alguém queira esconder.


O ANO DA FOME
Líderes empresariais do agronegócio com quem falei ontem estão muito apreensivos: a crise na agricultura e na pecuária vai ter reflexos sérios na mesa do brasileiro.

Só que, como as coisas levam um tempo até chegar na ponta do consumo, os aumentos de preço e, principalmente, a escassez de produtos, só ocorrerão mais adiante, provavelmente em 2007. O que significa que as eleições deste ano acontecerão ainda sob o signo da mesa farta e barata.

E, em todo lugar do mundo, o eleitor leva, para a cabine de votação, a sensação que ele tem no bolso e na mesa. Portanto, pra que mudar, se o Lula manteve a estabilidade, não tem escassez e os preços quase nem estão subindo?

Um dos empresários, experiente na área de cooperativas, afirma que falta ao Brasil um planejamento de longo prazo, que permita fazer as necessárias programações para que se possa organizar a produção.

ÚLTIMA HORA
Com a transferência da convenção do PMDB para o dia 29 de junho, a coisa ficou como o brasileiro gosta: para a última hora. A coligação do PSDB e do PFL com o PMDB aqui em SC, por exemplo, fica pendente da decisão sobre a candidatura à presidência dos peemedebistas. Podem até meio que se acertar antes, mas só vai dar pra bater o martelo no dia 29 ou no dia 30 de junho.

BIGUAÇÚ É 15!
O prefeito de Biguaçú (PDMB) seguiu a cartilha do Ronério de Palhoça e também misturou administração pública com campanha política: dá 15 prêmios no IPTU, faz bolo de 15 metros, festa às 15h, o diabo. Tudo com o número do partido. E tudo com dinheiro do contribuinte (que é de vários partidos e até sem partido).

Decerto os adversários políticos do prefeito são tímidos, porque senão já teriam dado queixa na justiça. Vai ver têm medo de levar 15 chibatadas por reclamar pro juiz eleitoral e mais 15 caneladas por não serem do PMDB. Democracia é isso aí.

OLHA O CHUCHU AÍ
O candidato da coligação PSDB/PFL a presidente estará em Santa Catarina amanhã. Passeia em Blumenau, dá palestra em Itapema, reza pra Santa Paulina (se ele se eleger será um dos maiores milagres da santa) e conversa com o povo peixeiro.

Acho que seria melhor, para o País, se o Lula não estivesse numa dianteira tão grande nas pesquisas. É ruim essa sensação de não ter alternativa. Tomara que a Santa Paulina ajude a dar um gás na campanha tucana.

LHS RADICALIZA
Luiz Henrique disse, anteontem, em Joinville, diante de um auditório de cerca de 400 pessoas, que vai radicalizar a descentralização: “o processo deve ser acelerado no próximo governo, porque dá pra avançar ainda mais”.

Eu nem tentei imaginar o que estaria o LHS querendo dizer com essa proposta de “acelerar e aprofundar”, mas o pessoal das SDRs que se prepare. Vão acabar tendo que trabalhar.

Estas são cenas de um sábado no mercado. À esquerda, o veterano jornalista Moacir Pereira, que quer porque quer voltar a ser repórter, entrevista um motoqueiro cheio de dentes, observado pelo veterano jornalista Fernando Linhares. O Jarrão, da peixaria Silveira, mostra um linguado que acabou de chegar.
(Lembre-se: se clicar nas fotos, abre-se uma ampliação)

O veterano jornalista Paulo Brito, com seu discreto uniforme de ciclista da terceira idade, conversa com o Moacir e comigo, tentando nos convencer que pessoalmente ele não é tão teimoso quanto no rádio.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

QUINTA

O PROBLEMA É 2010
A gente que não é político às vezes não entende por que acontecem uns rolos meio sem explicação. Por exemplo: o PSDB participa do governo do PMDB, mais ou menos como tinha sido combinado. O LHS não falou nada de mais grave. Mas de repente o senador Pavan começa a dar canelada, falar alto e reclamar. Por quê?

O problema é que nós, mortais, achamos que a coisa mais importante é este ano eleitoral, 2006. Mas eles estão preocupados com a próxima eleição: no acerto PMDB/PSDB ficou combinado que seriam 8 anos com LHS e depois a vez seria do PSDB (Pavan) ir para a cabeça de chapa, da mesma coligação.

Só que está entrando areia nesse angu. E o Pavan está vendo que tem neguinho no PMDB preparando-lhe uma bela puxada de tapete em 2010. Por isso a irritação de agora, por isso o empenho em se preparar para sair candidato e achar outros apoios.

O dono da areia que está vazando pra dentro da engrenagem da coligação, segundo alguns, é o Dr. Moreira, que não está satisfeito com o papel secundário e quer ser o próximo bam-bam-bam, logo depois do LHS, rompendo o pacto que, numa hora difícil, o PMDB fez com o PSDB.

Assim é a vida na política: na hora do aperto, pra poder contar com o apoio, prometem mundos e fundos (“vamos juntos à vitória em 2002 e 2006 e depois, em 2010, nós apoiamos vocês”). Quando a situação melhora, o olho cresce e os termos dos acordos vão sendo modificados e/ou esquecidos conforme as conveniências.

Só que ninguém se iluda: não tem santo nem tolo nesse meio. Se os papéis estivessem trocados (PSDB no lugar do PMDB), estaria acontecendo exatamente a mesma coisa.

A COLUNA DO MOACIR
Rolou um estremecimento básico entre o colunista Moacir Pereira e o jornal A Notícia. Uma falha de comunicação, durante o processo de reforma gráfica do jornal, criou um impasse que fez com que, durante alguns dias, o Moacir parasse de mandar a coluna, que era publicada há uns 300 anos naquele vibrante órgão de penetração estadual.

Mas felizmente o Osmar Schlindwein (diretor de A Notícia em Florianópolis), que é um grande bombeiro, entrou na jogada, com extintores, escada magirus e rede de proteção. Parece que o incêndio já está controlado e entre mortos e feridos deverão salvar-se todos. Uma solução para o caso está sendo costurada e ontem já estavam nos alinhavos finais.

O NOME DO MERCADO

O prefeito Berger sancionou a Lei n° 7.017 (11/04/2006), proposta pelo vereador Jaime Tonello, dando o nome de “Aldírio Simões de Jesus” ao Mercado Público da capital.
O Chico Amante, que não perde tempo, informa que a Associação dos Manezinhos da Ilha (AMI) está programando uma solenidade para “a entronização de uma placa”, no Mercado Público, homenageando o Grande Mané. E também querem instalar uma estátua do Aldírio nas imediações do Mercado.

ESTADO SEM ESGOTO
Aproveito a foto acima, que é das obras do esgoto que a Casan está fazendo em Chapecó, pra falar um pouquinho dessa merda toda. A Santa só é Bela por fora. Por dentro é uma porcaria só: temos um dos mais baixos índices de saneamento básico do Brasil (e, por que não? do mundo). Tudo é jogado no mar, nos rios e escondido em fossas nem sempre bem construídas e nem sempre eficientes.

O ditado que coloquei na foto, da obra enterrada, ainda é levado a sério por muito administrador público, que prefere fazer um viaduto a esconder quilômetros de canos. A gente tem que prestar atenção nisso, antes que o mar de... “lama” nos afogue a todos.

A GRANA DO JUDICIÁRIO
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Manoel Abreu começou ontem a visitar os deputados, para defender a verbinha que o Poder Judiciário estadual precisa para continuar funcionando e se aperfeiçoando em 2007. O Judiciário pede R$ 563 milhões e o Executivo propõe que se mantenha o mesmo valor deste ano: R$ 460 milhões. E, com as visitas, o desembargador espera sensibilizar o Legislativo para que modifique a proposta original e acrescente os R$ 100 milhões à Lei de Diretrizes Orçamentárias.

BRIGA DE COMPADRES
“Na casa em que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão”, diz o velho deitado. Na casa do Alckmin, onde moram o PSDB e o PFL, não falta pão, mas faltam votos. E aí, a toda hora sai um bate-boca.

Ontem foi a vez do Tasso Jereissati (PSDB) estourar com as críticas do menino Maia (PFL). Os nervos estão à flor da pele, porque a eleição se aproxima e o Alckmin fica cada vez mais perto do chão.

O PFL culpa a coordenação da campanha pelo mau desempenho do candidato. O PSDB acusa o PFL de ser mau aliado, ao falar mal em público do candidato que eles teoricamente deveriam apoiar.

Por falar em eleição nacional: o Pedro Simon vai mesmo oficializar sua candidatura nesta quinta-feira. No caso do PMDB, o próprio PMDB trata de puxar briga com ele mesmo, numa espécie de “guerra interna” sem fim.

CADÊ O VDM?
Primeiro a Eletrosul inventa de reservar um percentual de vagas para “afro-descendentes” num concurso. Bem, não satisfeitos com o potencial de perigo desse gesto, ainda cancelam poucos dias depois o edital. Ah, a falta que faz alguém de bom senso que avise que isso “vai dar merda!”


A MANEZADA DA ILHA
No sábado, dia 3 de junho, dia oficial do manezinho (tem lei municipal e tudo) a partir das 11 horas da manhã, será realizada a 1ª Manezada da Ilha, em Florianópolis.

Além dos comes e bebes, terá a entrega do Troféu Manezinho da Ilha, em sua 17ª edição e a fundação solene e oficial da Associação dos Manezinhos da Ilha (AMI). Tudo com muito pagode.

Pra poder participar da festança, que será no largo da Rita Maria precisa comprar uma camiseta-ingresso, que custa R$ 50,00. O ingresso dá direito às comidas e bebidas, nos moldes das festas desse tipo (como o Ricaldinho e a Feijoada do Cacau, não tem?).
O Chico Amante está falando que os manezinhos de carteirinha (aquela multidão que ganhou o troféu nos 16 anos em que ele foi distribuído), vai ter desconto: custaria R$ 30,00. Mas no material que os organizadores distribuíram pra imprensa, não fala nada no desconto.

As camisetas estão à venda no bar e mercearia Spinoza, na Peixaria do Chico e na Aki Modas (todas no Mercado Público) e também na Fotoptica do Shopping Itaguaçu e no Manezinho bar e restaurante, no Largo Rita Maria.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

QUARTA

A BATALHA DECISIVA
DO GRANDE LUTADOR

O meu amigo Daniel Herz está atravessando um momento crítico, na luta que vem travando, há alguns anos, contra o câncer. E como talvez exista muita gente que ainda não conhece o Daniel Herz, queria aproveitar para falar um pouco dele e de suas lutas.

O Daniel é um daqueles caras que fizeram valer cada minuto das suas vidas e dedicaram cada segundo para correr atrás de seus ideais. E, mais importante que tudo, construiu ideais solidários, coletivos, num extraordinário desprendimento pessoal, dedicando-se às causas em que acreditava.

Daniel numa foto mais ou menos recente e a capa do livro que o tornou nacionalmente famoso.

Década de 80, em Florianópolis. Daniel Herz (à esquerda), Luiz Lanzetta e, à direita, eu próprio. Nesta época, além de companheiros de birita, éramos professores da UFSC.

O Daniel é um sujeito com inteligência acima da média, uma visão política generosa e uma enorme capacidade de luta e trabalho. Sempre tive enorme orgulho dele me considerar seu amigo e sempre que podia, na época em que convivíamos mais de perto, tentava fazê-lo esquecer as lutas, o salvamento da humanidade, trazendo-o para o meu mundo, que é mais lúdico e mais irresponsável. E saíamos a comer dezenas de pastéis de uma vez só, a conversar bobagens, a olhar as bundas das moças e a planejar molecagens muito divertidas que nunca realizamos.

DEMOCRATIZAÇÃO
Conheci o Daniel em 1980, na Universidade de Brasília, onde ambos cursávamos o mestrado em Comunicação. Naquela época, ele estava no início de uma das suas grandes lutas: a democratização da comunicação. E a batalha do momento era tentar democratizar a tv cabo, cuja regulamentação estava sendo discutida.

Liderados por ele, um grupo de colegas, de estudantes, eu junto, fizemos inúmeras incursões ao Congresso Nacional, fazendo lobby pelo modelo de tv por assinatura mais democrático, com canais comunitários, com canais para universidades, para romper com o modelo mercantilista da tv aberta, onde tudo é comércio e mercadoria.

Chegamos a conseguir que deputados amigos convocassem o ministro das Comunicações a se explicar e, durante a audiência, ficávamos, de deputado em deputado, sugerindo as perguntas, explicando onde estava o erro do que o ministro falava, mostrando na papelada distribuída antes, do que se tratava. Naquela época, como agora, faltava aos nossos representantes interesse pelas questões nacionais que não envolvessem dinheiro para suas bases. Era preciso dar-lhes tudo mastigadinho.

PONTA DE FACA
Tantos eram os obstáculos, que qualquer outro teria desistido. Mas o Daniel não é qualquer outro.

De tanto estudar os negócios da comunicação no País, escreveu um livro, “A História Secreta da Rede Globo”, que ficou muito tempo na lista dos mais vendidos da revista Veja e teve mais de uma dezena de edições.

E enquanto o livro fazia sucesso e furor, por contar episódios da criação da rede que normalmente eram relatados em voz baixa, Daniel se reunia com empresários, entre os quais representantes da Globo, para discutir a implantação da tv a cabo.

Ainda na década de 80, Daniel veio para Florianópolis, dar aulas no Curso de Jornalismo da UFSC, que estava começando. Ele e a professora chilena Maria Helena Hermosilla, que também era recém-chegada, deram um verdadeiro e duradouro “choque de gestão” no Curso.

Acolhidos pelo então Coordenador Moacir Pereira, tiveram os dois espaço e ambiente para semear suas idéias revolucionárias, cujo resultados, alguns anos depois, eram a excelência do Curso e o respeito internacional.

O TIO DANIEL
Quando a primeira turma do jornalismo da UFSC ia se formar, o Daniel teve uma idéia fantástica, daquelas dele: aproveitar as fotos que existiam da turma, desde a primeira fase, e montar um audiovisual para ser apresentado na solenidade de formatura.

Ajudei-o na tarefa e tudo foi feito em segredo, para que os formandos não tivessem idéia do que os esperava. Airton Kanitz, recém chegado de uma temporada na Deutsche Welle, fez a narração, com uma voz de veludo. No dia, as luzes apagaram, a música cientificamente escolhida começou e os slides, em preto e branco, se sucederam, contando a história da turma.

Os momentos importantes do curso e daquela meninada foram criando um clima tal que, ao acender as luzes, não havia uma só pessoa (exceto o sorridente Daniel), que não tivesse os olhos vermelhos de tanto chorar. As famílias dos formandos, então, se debulhavam em lágrimas, tocados pela história vivida por seus filhos naqueles quatro anos.

Daniel gosta de emocionar, mobilizar, provocar. E deixou, nos corações e mentes de seus alunos, marcas fortes e, acho, permanentes.

A TV DIGITAL
Mesmo doente (um tipo raro de câncer no sangue que o obriga a ir várias vezes ao ano aos Estados Unidos, para o tratamento), assim que melhora um pouco, volta a lutar. Naturalmente, está metido na luta pela democratização da tv digital.

Agora em maio, Daniel deu uma entrevista ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (www.fndc.org.br), onde fala sobre sua luta mais recente. A seguir um trecho (no jornal usei um outro trecho, mais curto, por questões de espaço):
“O governo Lula não mostrou a existência de um projeto estratégico para a área de comunicação social, apesar das inúmeras propostas que emergiram neste sentido, inclusive do FNDC, que apresentou um projeto para desenvolvimento da comunicação social no Brasil, e, embora tivesse sido aprovado pelo PT, essa proposição, nas definições programáticas, sequer foi divulgada publicamente e muito menos implementada. Não tivemos a transformação que poderíamos ter feito, tanto no sentido do desenvolvimento mais saudável, do ponto de vista econômico e democrático do sistema privado e também dos sistemas público e estatal, como estabelece a Constituição. Portanto, não tivemos transformações significativas no setor de comunicação social. Em relação ao debate da digitalização, a criação do Sistema Brasileiro de TV Digital não foi cumprida, porque o próprio decreto que estabelecia a participação da sociedade não foi cumprido. É um processo que ainda está inconcluso, que pode ser ainda revertido, mas a verdade é que prosseguiu (do governo FHC para o governo Lula) uma insensibilidade do governo em relação à importância da comunicação social e das possibilidades do governo federal de estabelecer ações que pudessem ampliar o grau de democratização dos sistemas no Brasil.”
[Para ler a entrevista, clique aqui.]

terça-feira, 23 de maio de 2006

TERÇA

TEMPORADA DE GREVES
Hoje os servidores públicos municipais da capital cruzam os braços pra tentar conseguir a reposição da inflação. Concentram-se (se não chover?) na escadaria da Catedral a partir das duas da tarde.

E os trogloditas do Sinte, cujas demonstrações de desvario estão cada vez mais alucinadas, decerto estão pensando em contatar o PCC para “dar um susto” no governo e na população. Porque, depois de manter 400 pessoas em cárcere privado, há pouca coisa com maior impacto a fazer.

Imagino que os trabalhadores das empresas privadas achem essa movimentação dos trabalhadores do serviço público muito curiosa. Eles parecem viver em outro mundo. No mundo do serviço público não tem falência, não tem concordata, não tem mercado ruim, não tem preço baixo, não tem concorrência dos chineses, não tem, até mesmo, ora vejam só, férias coletivas porque os containeres com a matéria prima tão retidos no porto... por causa da greve dos fiscais.

O PESO DA FOLHA

Boa parte dos líderes sindicais dos servidores públicos parece que ainda não acordou para a realidade concreta do mundo atual: o cidadão não agüenta mais pagar tantos impostos e todo sujeito alfabetizado que saiba fazer as quatro operações matemáticas acaba descobrindo, mais cedo, ou mais tarde, que o número de servidores públicos é muito grande. Claro que nas áreas em que seria preciso ter servidores bem pagos, bem treinados e solícitos, eles estão em falta. Mas nas atividades em que se trabalha pouco, abundam.

THOMAZ, O TEMERÁRIO

Nosso Ministro da Justiça gosta de viver perigosamente. Primeiro, leva pela mão um amigo advogado para apresentar ao acuado Palocci. Corre, com esse gesto, inúmeros perigos, inclusive o de ser demitido. Advogado experiente, atravessa esse mar de suspeitas e mantém-se acima da linha d’água (ou do que seja que esteja banhando o poder atualmente).

Pois na semana passada, sob uma chuva de boatos, de que o inimigo/amigo número um do governo Lula, Daniel Valente Dantas, estaria tentando chantagear os amigos/inimigos, o nosso valente ministro em vez de dar força às investigações da Polícia Federal ou soltar os cachorros, aceita bater um papinho, um tête-a-tête com poucas testemunhas (um senador do PFL e dois deputados do PT).

E depois justifica candidamente o encontro: “o Daniel queria me entregar uma carta”. Não é de espantar?

E os Correios? Ninguém mais confia nos Correios? Agora pra entregar carta precisa ser pessoalmente? Ninguém falou, ninguém conversou?

“A conversa foi absolutamente impessoal”, disse o ministro-kamikaze. Ora, meu Deus do céu, como é que duas pessoas têm uma conversa “impessoal”? Como é que o membro do governo que – suspeita-se – pode ser derrubado se o Daniel Dantas resolver abrir a boca, pode ter, com esse sujeito que os ameaça a todos, uma conversa “impessoal”?

Na “carta”, divulgada para dar veracidade à versão apresentada pelo nosso Ministro, fico sabendo que o Daniel é também Valente. Mas eu não sei de nada. Não me comprometam.

DELÚBIO SEM ESCUDO
Não acredito que ele vá dizer (ou balbuciar) alguma coisa que já não tenha dito (ou resmungado), mas em todo caso não deixa de ser uma atração a mais: Delúbio Soares depõe hoje na CPI dos Bingos sem qualquer proteção do STF.

Como da outra vez, Delúbio pediu penico, mas o Supremo negou todos os pedidos de habeas corpus que o pobre ex-tesoureiro lhe fez. Prova que as coisas estão mesmo mudadas naquela egrégia corte.

O ministro Marco Aurélio Mello, em seu despacho, disse que a independência da Comissão Parlamentar de Inquérito é “condição ínsita” ao bom desenvolvimento dos trabalhos.

Pra quem não sabe o que é “ínsito” e não tem dicionário em casa: o ministro quis dizer apenas que a independência da CPI é condição congênita, inata, ao seu bom funcionamento.

Uma boa notícia, afinal.

(IN) SEGURANÇA FEDERAL
O jornal O Globo pegou o Plano Nacional de Segurança Pública, lançado há quatro anos, com banda de música e serpentina como parte importante do programa do governo Lula e foi verificar o que foi cumprido.

Dos 28 ítens que os autores do programa do PT diziam que eram fundamentais, apenas três foram cumpridos integralmente desde que Lula chegou ao poder. Metade das propostas ainda está em implantação ou foi executada parcialmente e 11 promessas foram completamente abandonadas.

O Fundo Nacional de Segurança Pública (Funseg), de 2004 para 2005 teve uma redução de 28%. Então tá, né?

CANTINHO DOS JORNALISTAS
(FAVOR NÃO ESPIAR.
OS NÃO JORNALISTAS DEVEM PARAR DE LER AQUI.)

PROLEGÔMENOS
Uma das coisas que os jornalistas mais gostam de fazer é falar mal de outros jornalistas e às vezes até deles próprios. Por isso, de vez em quando sinto vontade de falar sobre coisas relacionadas com nossos colegas e com a profissão, mas fico sem jeito porque tem muita gente que não é jornalista lendo a coluna.

Mas agora bolei uma forma inteligente: criei este cantinho e proibi quem não é jornalista de espiar. Portanto, posso falar à vontade, como se estivesse numa mesa de bar, porque ninguém fora da categoria vai ler.

INFORMAÇÃO OFICIAL
Hoje quem vai ficar com as orelhas ardendo são os coleguinhas do Centro Administrativo, que dirigem e mantém a assessoria de comunicação do governo do estado. Eles fornecem material para jornais e emissoras de rádio do estado todo e o material é, em geral, bem aproveitado.

Transformar a informação oficial em notícia é sempre difícil, até porque nem tudo que as autoridades fazem é realmente relevante. Mas de vez em quando é bom a gente dar uma sacudidela nos coleguinhas, pra que eles não se acomodem.

O RÁDIO MUDO
Ontem alguns colegas que trabalham em rádio, no interior, me ligaram pra pedir que eu usasse a coluna pra dar um recado a quem for responsável pelo serviço de rádio do governo: “qualé? tão de férias? quase nada na sexta e praticamente nada na segunda?” Segundo eles, ontem teve uma previsão do tempo. Só.

Não que o pessoal morra de vontade de noticiar coisas do governo, mas ficam preocupados porque aquilo lá tá sendo feito (ou desfeito) com o nosso dinheiro. Um colega, querendo colaborar, até recomendou: “dá uma olhada na Radiobrás, na Rádio Senado, pra ter uma idéia como é que se faz um bom serviço com notícias oficiais”.

Os radialistas que falaram comigo acham que quem prepara o material da rádio do governo tá brincando com eles: “matéria de rádio é uma coisa mais ou menos estruturada, tem abertura, sonora e nota pé de fechamento. Colocar uns pedaços de gravação, como se fosse entrevista e como se desse pra usar, só pode ser brincadeira”.

E tem reclamação também contra a centralização radiofônica: “praticamente só tem matéria, ou pedaço de matéria, com o governador, quase nada das secretarias regionais”.

No site de notícias do governo (pra não falar mal só da turma do rádio), tinha a foto acima, cuja legenda era, ipsis litteris:
“Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional em Laguna Pedro Motta Roussenq (D) prestigiou a instalação da Justiça Federal em Laguna, representando o governador Eduardo Pinho Moreira. - Laguna, 22/5/2006 - Foto: Fabrício Faustina da Rosa / SDR-19”.
Tá, agora vocês, que são espertos, me digam, qual dos senhores à direita (de quem?) é o Secretário Regional? E não tem mais nenhuma autoridade na foto?

segunda-feira, 22 de maio de 2006

SEGUNDA

CHAVEZ QUE SE CUIDE
O senador Pavan (PSDB) e o deputado Carlito Merss (PT) estarão esta semana em Caracas, na Venezuela, participando de uma reunião do parlamento Latinoamericano. Na pauta, a política energética para o Mercosul e o gasoduto que o Chavez quer enfiar América do Sul abaixo. Claro que os dois parlamentares vão cheios de esperança que o encontro ajude a desmanchar o rolo criado pela nacionalização do gás da Bolívia.

TUCANOS NO AR
Hoje, antes de viajar para a Venezuela, Pavan grava, em Florianópolis, o programa da TV que vai ao ar dia 29 próximo. Embora a decisão sobre a sucessão estadual só saia lá pelo dia 30 de junho, parece mais ou menos inevitável a aliança entre PMDB, PFL e PSDB em torno do LHS. O problema dos tucanos é que sempre que se juntaram ao PFL, aqui em SC, acabaram de mãos abanando. Enfrentar o JKB não é fácil.

TEM AREIA NA PONTE
O Tribunal de Contas do Estado suspendeu o edital de concorrência internacional que escolheria a empresa que iria supervisionar e fiscalizar as obras de recuperação da ponte Hercílio Luz. Parece que o edital não previa limites para alguns preços unitários, que estavam assim tipo “o céu é o limite”. O Romualdo, do Deinfra, tem 15 dias pra se explicar e corrigir o edital ou anular a licitação. São cerca de R$ 10 milhões que estão em jogo.


Nesta foto aí, representantes de entidades tubaronenses, ligadas ao esporte, discutem o projeto da arena multiuso que o governo quer fazer lá. Mas ninguém explicou pra quê tanto salgadinho... decerto a reunião seria muuito longa. E reparem no nome da fotógrafa: Mylene Salgado, da SDR-20. Não é muita coincidência?
Ah, só faltou o guaraná.

Ontem, Lula esteve em São Paulo e se encontrou rapidamente com o governador Cláudio Lembo (que o Los Angeles Times chamou, sem querer, de Cláudio Limbo). Deve ter agradecido a forcinha que ele tem dado para a campanha lulista, ao fazer gracinhas em cima dos tucanos e da elite paulistana.

No sábado, dia em que normalmente não tem expediente presidencial, Lula recebeu a visita do Roberto Carlos e do cantor Alexandre Pires, que posou para as fotos bem juntinho da D. Marisa. Ela, é claro, não reclamou. Lula ganhou camisetas autografadas.

Ontem encerrou o 15° Congresso Eucarístico Nacional, em Florianópolis. Foi uma grande, bonita e significativa celebração. E agora que acabou posso falar: o pessoal que fez o cartaz, certamente com a melhor das intenções de mostrar a Eucaristia sendo repartida, não se deu conta de como ficou parecido com uma pizza. Vai ver o meu velho amigo, padre Vilmar Vicente, que coordenou a organização, fez de propósito. Ao colocar a cruz sobre a pizza, pode querer significar que só uma força superior vencerá a tentação que domina nossas autoridades, de fazer tudo terminar em pizza.

sábado, 20 de maio de 2006

SÁBADO E DOMINGO


TÁ TUDO DEZ!
Fiquei ontem alguns minutos olhando as fotos que o competente Ricardo Stuckert tira do companheiro presidente e coloca no site do governo à disposição dos jornais. Chama a atenção o semblante despreocupado do companheiro Lula, a alegria com que saúda o povo das cidades pequenas, o cuidado com que cumprimenta seus fãs, faz festinha nas crianças e posa para as fotos.

Mais ou menos no mesmo momento, no Brasil, a polícia estava perto de igualar o recorde de mortes do massacre do Carandiru: 107 cadáveres sem nome, quase todos pretos, todos pobres, alguns mulatos, numa espécie de vingança tardia.

E as famílias dos policiais e dos não-suspeitos também chora um número de mortes cataclísmico, de uma guerra civil não admitida, mas declarada. Estúpida como toda guerra.

A segurança pública, com verbas decrescentes, sem planos para o futuro, sem programas nacionais, esfacela-se diante de nossos olhos e cai vergonhosamente de quatro, submetida aos caprichos da corrupção e da bandidagem que se movimenta cada vez mais solta em todos os poderes.

Este país do medo, da perplexidade e do susto, que é o Brasil, nada tem a ver com o “mundo do Lula”. Lulópolis, Lula World, Lulândia, são conceitos que estão sendo acompanhados de perto pelo Beto Carrero e pela Walt Disney Inc. porque podem render bons parques temáticos, que ajudem-nos a fugir um pouco da realidade estressante e cruel.

MAMÃE ASSEMBLÉIA
Ontem, na nota com este título, cometi mais um errinho (será a idade? ou tenho que comer mais peixe?) escrevi “Escola de Governo” onde deveria ter escrito “Escola do Legislativo”. São coisas diferentes, porque a Escola do Legislativo, como o nome diz, é da Assembléia. E é ela que funciona no imóvel alugado pelo legislativo estadual.

Já que voltei ao assunto: independentemente da Assembléia pagar ou não as despesas das associações de servidores, deputados, procuradores e do sindicato, de maneira geral a relação entre os órgãos públicos e as representações dos servidores sempre foi meio indecente. Uns mamam mais, outros menos, mas, no ar, paira um não sei quê de imoralidade.

FESTA NO PALÁCIO
Os peemedebistas do Centro Administrativo (agora que o LHS saiu a gente pode voltar a chamar de palácio, né?) soltaram foguetes com o bloqueio dos bens do Amin e do Vieirão. Chegaram a colocar a notícia no site do governo, como se fosse obra da descentralização.

E ontem, depois que a turma da Secretaria da Fazenda terminou o carnaval, o governador 1, o candidato em exercício LHS, se empolgava no discurso e dizia que a vitória na eleição poderá ser por uma margem “superior a 400 mil votos”.

A afirmação foi feita num encontro de peemedebistas, em São Miguel d’Oeste, organizado pelo Secretário do Desenvolvimento Regional. Oops, será que as SDR vão mesmo funcionar como cabos eleitorais como acusava a oposição?

CORRUPÇÃO ENDÊMICA
Acho muito engraçado esse pessoal que enche a boca e fala da “lama de Brasília” como se aqui ao lado a coisa não fosse parecida.

Vocês conhecem esta história (que um leitor me lembrou dia desses): o sujeito paga os impostos, gosta de cumprir a lei. Aí, quando quer construir ou reformar, vai à Prefeitura requerer a autorização, afinal quer fazer tudo direito, pra não se incomodar.

O vizinho, pragmático, começa sua obra sem qualquer regularização. E enquanto o bom moço gasta os tubos e se incomoda de montão, tendo que enfrentar uma burrocracia atroz (montada para estimular o suborno), o “esperto” já está levantando as paredes.

A certa altura, aparece um fiscal, mas nada de mais grave acontece: se o fiscal for honesto, é só pagar a multa, se for desonesto é só pagar a propina. E a construção chega ao final sem maiores problemas e bem mais rápida e barata que a construção do “bom cidadão”. Ah, o irregular não tem habite-se, mas e daí?

LUIZINHO A MIL
O Ilton, um leitor perspicaz, lembra que nem todos os professores estão em greve:
“o Professor Luizinho continua na ativa, muito na ativa, passando tarefas e dando pitacos até fora da sala de aula”.
Por falar nisso, só quem não convive com esse pessoal tipo assim “novo político” ou “petista de resultados” se espantou com o bafafá que o “Professor” e sua turma aprontaram num restaurante paulistano. Grossura e prepotência são sempre uma mistura explosiva.

GREVISTAS SEM EDUCAÇÃO
Não podemos deixar passar em branco as graves acusações de assédio moral que a jornalista Mylene Margarida fez a dirigentes sindicais do Sinte. Devem ser os mesmos que tiveram idéias brilhantes como fechar a ponte, bloquear rodovias e invadir prédios públicos.

Um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da Educação teve o desplante de dizer a frase famosa de todos aqueles que são pegos com a boca na botija: “ela não tem como provar”. É claro, o assédio moral, tal qual o sexual, é difícil de provar.

Muitas vítimas desse tipo de violência no ambiente de trabalho, preferem suicidar-se, fugir, mudar de cidade, porque temem que a prepotência e a truculência os alcance em qualquer lugar. E não conseguem produzir uma prova contundente.

O PODER CORROMPE
Sábios antigos já diziam: “se queres conhecer alguém, dê-lhe algum poder”. Trabalhadores de todos os níveis, quando se vêem alçados à condição de “diretores” de sindicatos com milhares de filiados, acham-se por cima da carne seca. A um gesto deles, a cidade para, a uma palavra deles, milhares de súditos enfrentam a lógica, o bom senso e a polícia.

Dá para entender que o poder lhes suba à cabeça e que passem a tratar os subalternos como o cocô do cavalo do bandido. Mas não se pode aceitar. Nem permitir. Muito menos num Sindicato de Trabalhadores da Educação, que deveria se preocupar com a situação difícil de seus associados, com a complicada luta para arrancar migalhas do tesouro do Estado. O pior é que essa gente dificilmente será punida.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

SEXTA

VENTANIA DANADA
A foto aí em cima mostra o acesso ao Fórum da capital (que fica à direita, fora da foto. O prédio em frente é o Tribunal de Justiça). Fizeram uma passarela coberta, que foi construída com tanto “capricho” que algumas telhas já voaram.

Ali, desde que o mundo é mundo, o vento sul pega de jeito e azuneia firme e forte. Mas os gênios que bolaram esse telhadinho decerto não levaram essa informação em conta. Só espero que os juízes, promotores e outras autoridades do Judiciário, estejam processando o autor, para que conserte de graça o mal feito e nosso rico dinheirinho não voe também com a ventania.

A propósito: em dia de vento, chuva e frio, o povo que tem que ir ao Fórum se molha todo, porque a entrada do prédio é completamente desabrigada. E esse telhadinho, em dia de chuva com vento, não adianta nada. O povo que chega antes da hora de abrir o Fórum, tem que esperar na rua, tiritando de frio e se encharcando.

A sorte é que em Florianópolis quase não dá vento sul e vento com chuva, então, menos ainda...

MAMÃE ASSEMBLÉIA
Tá rolando uma intriga braba na Assembléia Legislativa. Uma turma tá espalhando que a Assembléia, tal e qual boa mamãe de seus servidores, paga o aluguel do prédio onde se instalaram as associações de servidores, de procuradores, de deputados e o sindicato. E ainda acusa o presidente Júlio Garcia de “emprestar” móveis da Alesc para as associações e pagar-lhes as contas de telefone.

A Assembléia nega e me mostrou um contrato de aluguel do prédio, assinado pela associação dos funcionários e pelo proprietário, para provar que não banca a mordomia. E afirma que os móveis foram cedidos às entidades em comodato.

Nas associações, existem ramais do pabx da Assembléia, para facilitar a comunicação, mas, segundo a assessoria da presidência, “as linhas diretas que eles usam são das próprias associações”.

O que a Assembléia paga, segundo outro contrato que me mostraram, é o aluguel de um dos andares do prédio, onde funciona um órgão da Assembléia, a Escola de Governo.

Mas a turma insiste que tem gato na tuba e ficou de me passar as provas das supostas irregularidades.

CIASC TIRA SACI DO AR
Na Ilha de Santa Catarina tem um negócio que se chama Saci (Serviço de Atendimento ao Cidadão), onde moradores do sul e do norte da Ilha podem resolver seus problemas com a Celesc, a Casan e outros órgãos estaduais, sem ter que ir ao centro (não sei se tem em outros lugares do estado).

Pois bem, ontem à tarde estavam completando 30 horas que esses serviços estavam parados, porque deu um pau no sistema (responsabilidade do Ciasc) e ninguém sabia quando seria consertado.

A informação que os usuários recebiam é que o Ciasc tinha sido avisado, mas ainda não tinha tomado qualquer providência e nem dado qualquer previsão de retorno do sistema: “talvez na sexta volte, mas não sei”, dizia uma funcionária.

O que nos leva a outro problema: o Ciasc (Centro de Informática e Automação de Santa Catarina), dirigido por um amigão do Dr. Moreira, parece que vive em crise. Ora é o pessoal que não se entende com a diretoria, ora é o equipamento que está sucateado, ora são as duas coisas juntas.

A COPA TÁ GARANTIDA
O governo catarinense, de 7 a 14 de julho, montará sua sede na Alemanha. Como bons brasileiros, o Dr. Moreira e seu staff mais próximo torcerão in loco pelo sucesso da seleção canarinho. Vão assistir, pelo menos, à final da Copa, em Berlim.

Uma providencial, oportuna e bem agendada reunião da Câmara Brasil-Alemanha permtiu a justificativa perfeita para a ida das nossas autoridades-reserva à Copa (ou parte dela, o que é melhor que nada).

Espero que o Dr. Moreira e sua comitiva apreciem as delícias da Copa na Alemanha com moderação e gostem do presente que nós, o povo, com nossos impostos, estamos dando, ao pagar-lhes passagem, hospedagem e alimentação.

BLOQUEIO GENÉRICO
O rolo da SC Genéricos continua fazendo vítimas. Depois da turma do governo, agora é a vez da turma da oposição (Amin e Vieirão) ter seus bens bloqueados pela Justiça, numa ação proposta pelo atual Secretário da Fazenda, Max Bornholdt (que também teve seus bens bloqueados).

Quando vi, no site de notícias do governo, a foto dessas senhoras elegantes aí, fiquei curioso. Qual teria sido a notícia que justificou foto tão assim tipo “coluna social”? Sim, porque o sistema oficial, teoricamente, deveria distribuir apenas informações e fotos relativas a atos de governo. Mas aí não tem notícia. Essas senhoras são as primeiras-damas (do Dr. Moreira, do prefeito, etc) que estavam presentes à homenagem que o governador 2 recebeu em Tubarão. Só. Quero crer que o Dr. Moreira, assim que souber desse pequeno deslize de seus assessores, expondo desnecessariamente sua esposa e amigas, tratará de lembrar a eles que site de notícias do governo é para divulgar notícias do governo. Não “potins” sociais.
É claro que a foto estava lá sem as estrelinhas, que eu coloquei só pra enfeitar.

quinta-feira, 18 de maio de 2006

QUINTA

No quadradinho branco da foto está escrito o seguinte:
Não tem nada mais importante para o desenvolvimento de uma cidade, de um estado e de um País, que o planejamento de médio e longo prazo. Mas o governo parece que preferiu ter um plano do PMDB (ou vão dizer que o 15 é só coincidência?) a ter um plano da sociedade catarinense. Não é de estranhar que o Glauco Côrte (da Fiesc), aqui ao lado, pareça sem jeito.
(se clicar na foto abre-se uma ampliação)

SOLUÇÃO
O leitor Celso Eduardo Flores Lino descobriu a solução para o nosso principal problema:
“Queres reduzir a criminalidade?
Simples: não compra drogas, não compra produto pirata, não compra contrabando.
E o mais importante: denuncia aquele que pratica estes crimes.”
É, nem tudo que é simples é fácil de ser colocado em prática. Mas quem sabe um dia...

CENSURA NO AMAPÁ
O jornal Folha do Amapá, de Macapá, teve sua edição on line tirada do ar ontem por ordem judicial. A justificativa é que o jornal batia muito no governador Waldez Góes (PDT). O texto que consta da decisão do juiz e que é considerado “muito forte e difamatório”, talvez nem saísse no DIARINHO, de tão fraco e sem veneno pros nossos padrões de liberdade de imprensa.

Coitado do povo do Amapá. Além de ter que agüentar, como seu senador, o Sarney, que é do Maranhão (que fica a milhares de quilômetros) e continua vivendo no Maranhão, ainda tem que ficar quieto. Não pode nem baixar um cacete básico no governador.
Assim não dá pra ser feliz.

SEGREDO FAJUTO
Esta história é fantástica: no último dia 10 fizeram uma sessão secreta, secretíssima, da CPI do Tráfico de Armas, para ouvir, entre outros, o diretor do Departamento de Investigações do Crime Organizado de São Paulo.

No dia seguinte, a gravação de tudo o que foi dito na sessão secreta estava em todos os presídios de São Paulo e nos celulares de todos os bandidos. Como aconteceu isso?

Elementar: dois advogados do PCC chegaram para o funcionário terceirizado que opera o sistema de som na sala da CPI e ofereceram uns trocados pela gravação. O moço copiou o arquivo num pen-drive (uma espécie de cartão de memória) e depois encontrou com os advogados num shopping, onde passaram o conteúdo do cartão para dois cds. Recebeu R$ 200,00 na hora e a promessa de mais grana depois. Fácil, rápido e indolor. E ainda dizem que este é um país sério.

O DESABAFO DO XIMENES
O presidente da Celesc, o tubaronense Miguel Ximenes, foi inaugurar ontem, em Orleans, uma subestação de energia elétrica que custou cerca de R$ 8 milhões. A cidade inteira estava lá, todos alegres e felizes com a obra, inclusive o prefeito, do PT.

Aí o Ximenes lembrou, no discurso, da subestação de R$ 40 milhões que “interesses eleitoreiros que não levam em conta a importância da energia” estão querendo impedir que seja construída em Florianópolis. Pois é, presidente, cada caso é um caso e cada cidade vive sua própria história.

A COPA ESTÁ GARANTIDA
Não consigo parar de me espantar. Cada nova informação parece mais absurda que a outra: 60 televisores que estão sendo instalados nas penitenciárias paulistas foram “comprados” (sem nota fiscal, certo?) pelo PCC para que todos possam ver a Copa.

Pois não é que a Administração Penitenciária autorizou a instalação dos aparelhos nas áreas comuns, mesmo sabendo quem os estava “doando”? Diante disso, não são de espantar os privilégios inacreditáveis do chefão Marcola, que é quem decide o que o PCC faz e deixa de fazer.

Se você, cara leitora, caro leitor, não entende nada dessa conversa de “tríplice aliança”, de coligação entre PSDB, PFL, PP e outras letras do alfabeto, fique tranqüila(o): eu e mais 3 milhões de catarinenses (a turma da imprensa incluída), também não estamos entendendo. Pela risada nervosa do Joares, pela pose do Amin e pelo ar de professor do Ceron, dá pra ver que mesmo eles não têm muita certeza. Mas a política é assim mesmo: nada é o que parece ser. E, na reta final dos acordos, tudo é possível e nada é improvável. A única certeza é que nós, o povo, como sempre, seremos os últimos a saber.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

QUARTA


NÓ CEGO
O sistema de transporte coletivo da capital, faz tempo, é um nó cego que parece apertar cada vez que alguém tenta desmanchá-lo. Dário Berger se elegeu prometendo “abrir a caixa preta” e resolver o problema. Quando assumiu, viu que o buraco é mais embaixo. É provável que já soubesse do tamanho da encrenca antes mesmo da eleição, porque a família tem, entre suas empresas, uma de transporte coletivo.

Nas discussões públicas, verdadeiros bate-bocas via rádio e TV, ontem, entre o prefeito e os grevistas, nada de novo. Ninguém sairá perdendo, exceto o ilustre passageiro. Que continuará dependendo de um serviço ruim, ineficaz, caro, cheio de armadilhas (a história das catracas com defeito, que obrigam os portadores de cartão a pagar R$ 2,00 em dinheiro) e totalmente de costas para a população.

Em ano eleitoral, o prefeito está muito preocupado em “viabilizar o negócio” dos empresários e em dar aos motoristas e cobradores, “tudo o que têm direito”. E os tais planos para resolver o transporte coletivo não aparecem. Até o LHS já avançou mais, com o delírio do metrô de superfície, que de tanto ser repetido e na falta de alguma coisa mais concreta, é capaz de virar projeto e promessa. Mas, pelo jeito, não passará disso.

AS HIENAS SE DIVERTEM
As hienas dos dois lados do córrego político nacional riem enquanto pobres coitados morrem de verdade ou de medo. Petistas esfregam as mãos, contentes e faceiros, por terem encontrado um tema eleitoral capaz de rivalizar com mensalão: o desastre da segurança no estado que o candidato do PSDB governava até ontem.

Tucanos reúnem dados para mostrar que a culpa é do descaso federal. Lula jogou a questão da segurança pública pra baixo do tapete, reduziu verbas, não fez o dever de casa e o país inteiro se ressente disso.

Os dois têm razão: a culpa é de todos. E os dois estão errados em tentar tirar proveito eleitoral de uma desgraça coletiva.

E A EDUCAÇÃO?
Ah, é verdade, os professores, ou parte deles, continuam em greve. Como na paralisação dos ônibus, as vítimas do “movimento” nada podem fazer a não ser contabilizar os prejuízos. E não duvido que daqui a dois ou quatro anos, quem ficou sem aulas ainda acabe votando nos líderes do “movimento”, que usam esse palanque para se lançar na política.

ERREI, SIM
Ontem publiquei, no jornal, uma nota sob o título “Plano Fiesc/PMDB” com um erro grave. Afirmei que a Fiesc participou da realização do Seminário 2015, que começa hoje e isto não é verdade. A Fiesc só cedeu o auditório.

O seminário foi idealizado e está sendo realizado pela Secretaria de Estado do Planejamento e só está acontecendo na Fiesc porque o auditório do Centro Administrativo está em obras. A Fiesc pediu-me para esclarecer ainda que, “como instituição, é apolítica e faz questão de manter diálogo com todos os partidos e correntes”. Perdão, leitores. Desculpe, Fiesc.

Ainda na noite de anteontem, quando percebi meu erro, já era tarde demais para corrigir o que sairia no jornal, mas na coluna na Internet (aqui, mais abaixo) ainda pude modificar o texto, corrigindo-o.

O FUTURO PEEMDEBISTA
Tirante a Fiesc, o que disse ontem sobre o seminário se mantém: por melhores que sejam as intenções e propostas dos renomados consultores muito bem pagos com nosso dinheiro, a molecagem do 15 (número do PMDB) em um ato administrativo, de governo, configura uma desnecessária promiscuidade com a campanha política. Ao colar este trabalho ao PMDB e não às aspirações de uma ampla frente de forças que acredita nos benefícios do planejamento, perdeu o governo e perdemos nós.

LIVROS, PRA QUÊ?
Razão tem o prefeito de Florianópolis em não dar bola para a Feira do Livro. O governo do estado também não dá bola pros livros. Mesmo que o LHS diga que lê bastante e viva citando autores célebres ou desconhecidos, a verdade é que o descaso pelos livros se vê, concretamente, na falta de bilbiotecas e bibliotecários nas escolas estaduais.

Hoje às 9h, na Assembléia Legislativa, me informa o deputado Paulo Eccel (PT), uma audiência pública vai discutir esse problema. Enquanto as autoridades municipais, estaduais e federais acharem que livro é só um negócio pra por na estante e que biblioteca só dá trabalho e despesa, as discussões sobre bibliotecas e bibliotecários vão parecer perda de tempo.

GRANDE LÚCIA!

Uma das comentaristas mais articuladas e precisas da imprensa nacional é a Lúcia Hippolito, que fala todos os dias na rede de rádios CBN (e no blog do Noblat). Ontem, em mais uma de suas belas análises, ela diz, a certa altura, o seguinte:
“Não vamos nos iludir. O destino do Brasil não está sendo jogado nem no controle da inflação nem na geração de empregos.
O destino do Brasil – e o de nós todos – vai ser decidido no enfrentamento do crime organizado. A ditadura já terminou, mas a democracia ainda continua devendo."

Só ontem recebi a foto que mostra o exato momento em que o prefeito de Florianópolis, Dário Berger (à direita), experimenta a poderosa bengala do senador-candidato Leonel Pavan. À esquerda, o secretário-candidato Marcos Vieira, de punho engessado, canta um bolero, enquanto o presidente Dalírio pensa em como colocar ordem na casa para poder começar a reunião de prefeitos (no último dia 12).

terça-feira, 16 de maio de 2006

TERÇA

A GUERRA CONTINUA
Bagdá é aqui. Os números da guerra paulista e paulistana são puro terror. No mundo todo os olhos arregalam-se e os jornais abrem espaços para essa luta entre uma bandidagem cada vez mais organizada e municiada e um Estado (e aí me refiro aos municípios, aos estados, ao governo federal e todas as suas entidades e instâncias) cada vez mais desorganizado e corrupto.

Todo mundo sabe como entram os celulares nos presídios, todo mundo sabe como é feita a arrecadação de recursos para o PCC e outras facções criminosas, todo mundo sabe de tudo, mas ninguém toma nenhuma providência. Sabiam até, com três semanas de antecedência, que iria ser feita essa farra do terror. E nem os policiais, as primeiras vítimas de sempre, foram avisados.

São Paulo parou, literalmente. Lançamentos de livros, encontros em botequins, passeios, aulas, tudo foi suspenso porque a população está com medo. Sente o despreparo das “autoridades”, que em ano eleitoral pensam primeiro nos dividendos políticos e depois em cumprir suas tarefas. PT, PSDB e PFL ainda encontram clima para “fazer política” na crise.

Com telefones congestionados, em pânico (que a polícia diz ser injustificado), os irmãos paulistanos escondem-se em casa. Esperando amanhecer.

TV CULTURA
Troca de comando na superintendência da TV Cultura, canal 2, de Florianópolis. Durante cinco anos ficou lá a ex-professora Sidneya Gaspar de Oliveira, cuja experiência profissional nunca teve nada a ver com administração de veículos de comunicação.

Sem familiaridade com o meio, teve enormes dificuldades para manter a emissora funcionando. Ela afirma que os problemas eram causados apenas por falta de dinheiro.

O chefe de gabinete do reitor da UFSC, Áureo Moraes, que é jornalista e tem experiência em TV assume no lugar dela. Certamente as dificuldades financeiras (que de resto são comuns à maioria dos veículos de comunicação) não desaparecerão do dia para a noite, mas pelo menos o Áureo é do ramo.

(IN) SEGURANÇA
Deu no site “Contas Abertas”:
“Os investimentos do governo federal em segurança pública diminuíram 11% em 2005. Foram investidos R$ 475 milhões no ano passado contra os R$ 533 milhões aplicados em 2004, já considerados os restos a pagar de exercícios anteriores. A redução de verbas atingiu três das cinco mais importantes unidades orçamentárias do Ministério da Justiça”.
Pois é, e a gente achando que segurança era prioridade...

PLANO PMDB 2015
(Alterado em relação ao texto publicado no jornal)
Amanhã o governo realiza o Seminário Santa Catarina 2015 e faz um auê com o Plano Catarinense de Desenvolvimento. Este Plano contém diretrizes e estratégias para orientar a ação governamental até 2015.

O que chama a atenção é a coincidência: o governo prepara um seminário sobre o futuro e escolhe justamente um ano que encerra o número do PMDB. E lança, no seminário, um plano de governo também até 2015 (será que o PMDB pretende ficar no governo até lá?).

Trata-se, portanto, de um evento de governo, que evidentemente faz parte da campanha do PMDB, realizado na Fiesc, entidade cujo presidente, há poucos dias, pediu votos para LHS aos empresários e ao povo blumenauense.

Nota do autor: no texto publicado no jornal, cito a Fiesc como organizadora do seminário, o que não é correto. Até onde consegui saber, a entidade apenas cedeu seu auditório para a realização do evento. Infelizmente só consegui checar a informação mais tarde, quando não era mais possível modificar o texto impresso. No jornal a correção sairá amanhã.


NOVOS AMIGOS
O ex-ministro Delfim Neto, todo-poderoso guru econômico dos militares, cuja gestão abriu as portas à concentração de riqueza e desencadeou boa parte dos males que nos afligem até hoje, é um filiado mais ou menos recente do PMDB. E o governador 1, o LHS, educado que é, tratou de cumprimentá-lo na pré-convenção que o partido realizou no final de semana.

Os dois ex-adversários conversaram durante alguns minutos (foto acima). Como cria da Arena e do PP, Delfim certamente tem muito a ensinar a LHS sobre como atrair essas ovelhas, como direi, “de direita”, ao amplo, pragmático e eclético aprisco que está sendo montado para a sucessão estadual.

RETA FINAL
Com a decisão do PMDB (ainda que por uma pequena margem de votos), os partidos entram agora na reta final das negociações. Com certeza até o final de maio a situação da campanha federal estará definida e em Santa Catarina poderá estar encaminhada, embora as conversas possam entrar junho adentro.

Até lá, não dá pra levar muito a sério o que as colunas de política dizem: está todo mundo fazendo seus jogos e plantam notinhas todos os dias.

Mas para quem gosta de uma aposta, está na hora de começar a prestar atenção no movimento das principais peças no tabuleiro.