sábado, 30 de dezembro de 2006

O ÚLTIMO “POST” DE 2006

NÃO RESISTI E TAMBÉM FIZ UMA “RETROSPECTIVA”
Disse ontem, aqui, que uma das coisas mais chatas do final de ano é todo mundo fazendo as tais “retrospectivas”. E aí hoje, com a cara de pau que me é peculiar, apareço reunindo imagens do ano que termina. Tinha jurado que não faria isto, mas aí comecei a dar uma olhada em tudo o que foi publicado e achei que poderia ser interessante lembrar alguns momentos.

Foi difícil escolher, porque o principal assunto, desde janeiro até outubro, era a campanha política. LHS, aliás, faz campanha o tempo todo. E, no mesmo ritmo, tem o Lula, que nunca desceu do palanque. Os dois, por falar nisso, vão entrar 2007 em campanha. Pra 2008.

[Excepcionalmente hoje, o conteúdo da coluna aqui na internet está ligeiramente diferente do conteúdo da coluna no jornal impresso. Por causa do espaço limitado, algumas fotos que estão aqui não estão lá.]

JANEIRO
LHS foi pagar um mico legal no inverno russo.

FEVEREIRO
A Polícia Militar mostra seu despreparo e prende repórter fotógráfico que estava... fotografando.

MARÇO
Na queda de braço entre o Ministro e o caseiro, num primeiro momento, a impressão era que os dois tinham se ferrado. Agora a gente sabe que foi só o caseiro que se deu mal. E numa visita de Lula a SC, LHS contou alguma coisa muito interessante pra Ideli. Acho que jamais saberemos o que foi.

ABRIL
Campanha no começo: PP e PFL ainda se falavam. E até riam.

MAIO
Morre Daniel Herz, o grande batalhador pela democratização das comunicações no País, depois de uma longa luta contra o câncer.

JUNHO
No mês da Copa, Dona Marisa e Lula aproveitaram pra fazer campanha.

JULHO
A campanha política, tanto da penca como dos adversários, se caracterizou pelo corpo a corpo. Sem grandes comícios, tinha que ir casa a casa.

AGOSTO
A Polícia Federal entra na campanha catarinense, fazendo estragos. E a RBS anuncia a compra do último grande jornal catarinense.

SETEMBRO
A “operação” dossiê dá errado e explode no colo do professor Jorge Lorenzetti. Lula fica com a bunda exposta.

OUTUBRO
LHS colhe, nas urnas (em dois turnos), o resultado de ter reunido sob suas asas os principais partidos.

NOVEMBRO
Os controladores de vôo resolvem mostrar que são importantes e o governo fica com a bunda exposta.

Feliz 2007 pra todos nós.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

SEXTA

ISTO É QUE É
UMA RETROSPECTIVA:
de volta a 1960!


DINHEIRO E POLÍTICA
Uma das coisas mais chatas do final de ano é todo mundo fazendo as tais “retrospectivas”, falando de coisas que todo mundo ainda lembra, porque aconteceram há pouco tempo. Aproveitando uma dica do deputado Vieirão (PP), que faz oposição ao governo eleito e reeleito (PMDB, PSDB, PFL e mais uma penca), vamos fazer uma retrospectiva radical: voltar a 1960, ano em que Celso Ramos (PSD) se elegeu, derrotando a UDN.

A história em quadrinhos abaixo foi publicada no dia 22 de fevereiro de 1960 no jornal O Estado, que, como dá pra perceber, fazia campanha pro PSD. Naquela época, na capital, cada partido tinha um jornal.

[Para ir para o blog do Vieirão, onde tem a historinha com os comentários dele, é só clicar aqui]

O Banco INCO, dos Bornhausen (UDN) era particular e tinha as contas do governo do estado. Celso Ramos, em campanha para o governo, propunha criar um banco estadual, pra tirar a faca e o queijo das mãos dos adversários políticos. E, de fato, em 1962 criou o BESC e descapitalizou a UDN.

Os adversários de hoje do LHS vêem, na manobra para passar para o Bradesco as contas do estado, muita semelhança com o que acontecia em relação ao banco INCO. E é por isso que eles foram tirar do baú esta página de propaganda eleitoral.

Dizem que a história se repete, só que, agora, como farsa. Mas é bom lembrar que o BESC foi usado como uma espécie de fornecedor ilimitado de grana para os amigos do governo.

Nota do Tio Cesar: os comentários nesta letrinha pequenininha, entre os quadrinhos, são meus, não faziam parte da historinha original. Para ver os quadrinhos ampliados, é só clicar sobre eles. Em alguns deles, pra facilitar a leitura, as letras do texto foram refeitas, mas o conteúdo, naturalmente, foi mantido.
Saca a maldade neste quadrinho: a delegacia, a coletoria e a inspetoria escolar funcionando na sede da UDN.
Mais maldade: o “Chico Cupincha”, da UDN, usa o rádio da PM para passar mensagem para o banco INCO não emprestar grana pra turma do PSD.
O slogan da campanha de Celso Ramos provavelmente ainda será muito usado por aqueles que se opõem à privatização das contas.
ENDIVIDADOS E FELIZES
Esta propaganda em forma de história em quadrinhos tem uma lógica interessante: o problema principal, pelo que fica subentendido, é que no INCO a turma do PSD não tinha crédito. Ou era difícil para os catarinenses obterem empréstimos. Com o BESC tudo ficaria mais fácil. De fato, levantar um papagaio (um empréstimo pessoal) ficou sendo coisa corriqueira. Renovar o papagaio, mais fácil ainda. E se deixasse de pagar, dependendo do padrinho político, nada ou quase nada acontecia. Até que a casa caiu e o banco teve que ser federalizado.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

QUINTA

LULA PREPARA UMA FESTA “SIMPLES E SÓBRIA”
Como dá pra ver na foto acima, tirada ontem na rampa do Palácio do Planalto, os preparativos para a posse do presidente Lula estão a toda. Vai ter palco, telões e tudo o mais que um grande show exige. O PT e partidos aliados pagarão uma conta de R$ 1 milhão pela festa da posse.

“O presidente pediu que fosse realizada uma posse simples e sóbria, mas forte politicamente”, afirmou um assessor. Simples e sóbria como pode ser uma festa que tem cerca de 1.600 convidados vips (sem contar o povão que ficará na rua e de pé).

Pra quem gosta de acompanhar essas coisas, taí o roteiro completo, fornecido pela própria Presidência:

No dia 1º de janeiro, o presidente reeleito sairá do Palácio da Alvorada e irá direto para a Catedral de Brasília, onde chegará às 15h45. Ele, o vice e as esposas saem às 16h da Catedral de Brasília e seguem em carro aberto até o Congresso Nacional, onde Lula será empossado.

Na saída do Congresso, por volta das 17h15, Lula passa em revista a tropa, recebe uma salva de 21 tiros (não nele, mas para o alto ou para o chão) e segue para o Palácio do Planalto. No Palácio, aguarda uns 30 minutos para o deslocamento dos convidados e do povo que estiver acompanhando. Nesse momento, haverá a evolução da banda dos fuzileiros navais. Depois, o presidente sai do palácio já com a faixa presidencial, entra pela rampa e dirige-se ao parlatório (que é um lugar elevado, à frente do Palácio, de onde fará um pronunciamento).

Por volta das 18h começa o show no palco montado na Praça dos Três Poderes. Serão duas horas e meia de música com cantores e músicos de Brasília e de fora. Como Leci Brandão, Geraldo Azevedo, Olodum, a Bateria da Mangueira, um grupo de percussão formado por surdos, chamado Surdundum, a dupla sertaneja Zé Mulato e Cassiano e outros artistas. A escolha dos artistas, garante a assessoria palaciana, foi baseada na disposição de tocarem e cantarem de graça. Sem cachê.

O milhãozinho seria só para pagar as grades de proteção, sistema de som, palco, passagens aéreas dos artistas e outras despesinhas.

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ANISTIA, ÔBA!
Num país com os juros que nós temos, até parece justo que, de vez em quando, alguém resolva anistiar os devedores, reduzindo juros e multas. O raciocínio, simplista, é que assim o devedor, que não pagava nada, tem condições de voltar a pagar alguma coisa e todos saem ganhando.

Foi o que o governo estadual fez ontem com os caloteiros da Cohab. Uns 3.200 devedores ganharam, de presente de Natal, o perdão de 70% dos juros e multas que deviam à companhia de habitação do estado.

É um benefício controverso, por causa da mensagem que envia para os contribuintes pontuais: “vocês são uns otários”. E para os caloteiros: “o crime compensa”.

Mas como o governo está raspando o fundo de todos os tachos, ninguém, na administração sainte, está se lixando para essas questões morais. E ninguém, na administração entrante, vai reclamar, porque o que for arrecadado irá resolver problemas futuros. Afinal, o Brasil, Santa Catarina junto, já está se acostumando a ser um lugar onde a corrupção é endêmica e o respeito aos contratos é coisa sem qualquer valor.

TUDO NA MESMA
Se tem uma coisa que os administradores públicos catarinenses e florianopolitanos não dão a menor bola (talvez porque nem saibam direito como funciona) é a internet.
O site da Prefeitura ainda mostra que Gean Loureiro, Felipe Mello, Rodolfo Pinto da Luz e os outros são secretários. Ninguém se lembrou de atualizar. Ou ninguém sabe atualizar.

A BOA E VELHA FAB
Os aviões da Força Aérea Brasileira quebraram o maior galho pra TAM: de 22 a 26 transportaram 2.615 passageiros, em quase 88 horas de vôo. O boeing 707, carinhosamente chamado de sucatão, é aquele que o Lula desdenhou, trocando pelo Aerolula. Foram usados ainda um boeing 737 e um embraer 145. Ao todo foram mobilizados 120 tripulantes militares.

Assim como o sistema de controle de vôo e tantos outros organismos e entidades militares, a FAB é tratada a pão e água, lutando com dificuldade para ter suas revindicações atendidas e manter seu pessoal e equipamento em mínimas condições de uso.

Mas, na hora do aperto, todo mundo lembra de pedir penico pra eles. Seja pra FAB, seja para o Exército (no caso dos conflitos urbanos).

TRABALHO VOLUNTÁRIO
O governo catarinense entrante só vai oficializar a nomeação dos cargos comissionados (os tais “de confiança”) lá por março. Quer fazer uma economiazinha.

Mas como o governo não pode parar, ainda mais porque o apressadinho do LHS quer remeter, no começo de fevereiro, uma nova reforma administrativa para a Assembléia, muita gente terá que trabalhar sem ter sido nomeada. Como o Estado não pode pagar retroativamente, ninguém receberá os dias trabalhados antes da publicação dos atos no Diário Oficial. A coisa vira trabalho voluntário.

Em 2003 ocorreu coisa parecida, só que o tempo de “voluntariado” ficou em, no máximo, 15 ou 20 dias. Agora parece que será bem pior.

GAYOSO SE RETIRA
Ao que tudo indica a Secretaria de Comunicação, que era uma área, por assim dizer, pertencente à cota pessoal do LHS, passará a ser gerida pelo PMDB. Não consigo ver outro significado na indicação do jornalista Ilson Chaves para ser o diretor de Imprensa da Secom. O cargo foi ocupado pelo jornalista José Augusto Gayoso durante a gestão LHS e pelo Flávio de Sturdze durante a gestão do Dr. Moreira.

Na prática, o diretor de Imprensa cuida de toda a divulgação jornalística dos atos do governo e do relacionamento com as redações. O Secretário (Derly) atua mais na área institucional, de relacionamento com os veículos e da propaganda do governo.

Gayoso não sai do governo, mas irá para a assessoria de imprensa da Secretaria da Fazenda. Não é um lugar ruim para se trabalhar. Graças às distorções salariais do governo, um assessor na Fazenda ou na Administração pode ganhar mais que o diretor de Imprensa da Secom (tem um adicional de atividades fazendárias que praticamente dobra o salário).

Não sei se foi por este motivo que ele escolheu a Fazenda, porque ainda não consegui falar com ele. Mas, em todo caso, espero que ele seja feliz nas novas funções. O Gayoso sempre tratou os colegas com decência e respeitou o trabalho dos jornalistas, mesmo aqueles que não rezam pela cartilha governista e ganhou, com isso a admiração de muitos de nós.

O Ilson, de quem fui contemporâneo na escola de jornalismo da PUC-RS, é mais ligado à estrutura partidária, mas provavelmente manterá o nível estabelecido pelo seu antecessor.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

QUARTA

LULA E A CADUQUICE POLÍTICA
O presidente Lula tem falado sobre as mudanças que a idade traz. Com 60 anos, o fundador do Partido dos Trabalhadores tem dito bobagens como esta:
“Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas. Então, quando a gente está com 60 anos (...) é a idade do ponto de equilíbrio (...) a gente se transforma no caminho do meio”.
O deputado Afrânio Boppré (P-SOL) afirma que “não é a natureza que define a ideologia de uma pessoa, mas sim o meio social, a política, o conhecimento”. Boppré acha que Lula atribuiu sua mudança ideológica ao amadurecimento “para justificar a traição à sua trajetória”. É, também, uma tentativa de “desqualificar posições ideológicas, tanto de jovens quanto de pessoas mais idosas”.

A Folha de S. Paulo ouviu alguns esquerdistas sobre essa pérola presidencial, de que a ideologia vai mudando conforme a idade. Transcrevo abaixo parte do material da Folha:
A socióloga Maria Victoria Benevides, 64, ex-integrante da Comissão de Ética Pública do Palácio do Planalto, respondeu, em tom de brincadeira, que ao ler as declarações de Lula pensou que tinha de ir ao médico. Em seguida, a petista criticou o presidente, mas afirmou que não fazia nenhuma “condenação moral” a Lula.

“Acho que foi uma indelicadeza com militantes que continuaram de esquerda depois dos 60 anos, como o Apolônio de Carvalho, o Florestan Fernandes. Que eu saiba, nenhum deles se declarou de centro.”

Plínio de Arruda Sampaio, também ex-integrante do PT e hoje no PSOL, disse: “Há muito tempo Lula não tem mais posição de esquerda, o que é novo é a discussão médica. Não sabia que ele entendia disso, mas às vezes, na andropausa, o cara descobre vocações novas”.

O advogado Hélio Bicudo, que também se desligou do PT, afirma que ficou mais de esquerda com o tempo. “Estou com 84 anos e sou mais de esquerda hoje do que quando tinha 60 anos.”

O sociólogo Francisco de Oliveira, ex-integrante do PT e hoje no PSOL, afirmou: “Tenho 73 anos e continuo de esquerda, com muito orgulho. Tenho pena dos que se afastaram dela, embora respeite as razões de alguns e leve outros na brincadeira. Essa do Lula não é brincadeira, é lamentável”.

IMPLICÂNCIAS
A principal função dos jornais e dos jornalistas, em relação aos governos, é ser implicante. Os governantes não devem achar que a gente é bonzinho ou amiguinho. A gente (e acho que falo em nome dos colegas das outras áreas do jornal) não se incomoda de ser considerado chato e murrinha. Aí estão algumas notinhas implicantes. Pra animar o feriadão dos funcionários públicos e aquecer os motores para encher o saco dos novos governantes.

CÉU PARANAENSE
No começo do mês o governo do estado doou um terreno de 15 mil m2, em São Joaquim, para uma faculdade particular paranaense instalar um observatório astronômico.

E alguns empresários da região também vão entrar na “parceria” pra facilitar as coisas para os paranaenses, provavelmente construindo o prédio do observatório. O telescópio será adquirido com grana do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Aí eu me pergunto: não teria em Santa Catarina nenhuma instituição capaz de gerenciar um observatório astronômico? Nem na UFSC nem na Udesc? Nenhuma das particulares? Não seria uma oportunidade para criar um núcleo catarinense nessa área? E por que beneficiar justa e precisamente aquela escola paranaense (UNIBEM, Faculdades Integradas Espírita Bezerra de Menezes)?

FUNDOS SEM FUNDOS
O governo estadual sacou dinheiro de alguns fundos específicos, para repor mais adiante. Com a falta geral de grana, não teve como repor e, ao contrário, continua precisando de mais. Saco sem fundo, o governo consome um volume crescente de recursos e não conseguiu conter a sangria. E nada indica que conseguirá.

BENEDET PALPITEIRO
A coisa mais fácil do mundo é dar palpite. Sei disso porque sou um grande palpiteiro (os colunistas em geral vivem disso, de dar palpites na vida dos outros). O ex e futuro secretário da Segurança, Ronaldo Benedet, gosta de falar num projeto de escola integral que ele tem. Não se conhece grandes projetos dele para a Segurança, mas dá seus palpites na Educação.

Seria bem legal se os encarregados de uma área importante como a Segurança se dedicassem a fazer bem o seu serviço (que vai além, muito além, de posar para fotos entregando chaves de “viaturas”). E que o pessoal da Educação também fizesse o mesmo. Assim, o governo ficaria mais concentrado nos seus objetivos, sem se dispersar duplicando esforços e desviando o assunto.

ESSA DALVA...
A futura secretária do Desenvolvimento Social, Dalva Dias (que tem sempre que usar o “de Lucca” no meio do nome, pra evitar o cacófato) garante que a gestão dela será melhor que a do Cézar Cim, de triste memória. Diz que vai escolher os auxiliares segundo “capacidade técnica e competência política”.

Então tá. Vamos esperar pra ver no que vai dar isso de “competência política” para diretores e gerentes.

CALENDÁRIO ALESC
A Assembléia Legislativa está fechada, para as festas, até 2 de janeiro. De 3 a 31 de janeiro, o expediente será em turno único, das 13 às 19 horas. No dia 1º de fevereiro os 40 deputados estaduais eleitos tomam posse para dar início à 16ª Legislatura. E tudo volta ao normal. Ou quase.

É que esta será uma legislatura majoritariamente governista. Mais ainda que a que termina agora.

CALENDÁRIO UFSC
Para a Universidade Federal de Santa Catarina 2006 não termina dia 31 de dezembro. Graças à desorganização do calendário escolar promovido pelas greves de professores, 2006 só vai terminar dia 2 de março de 2007.

O primeiro semestre de 2007, na UFSC, começa dia 19 de março. E até seria possível ter um ano acadêmico normal, que terminasse no final do ano. Mas nada garante que a turma não vá aproveitar o primeiro ano do governo Lula pra dar mais uma revigorante paradinha reivindicatória.

PAÍS DE CONTRASTES – Este cidadão mora, há mais de um ano, numa árvore, na esplanada dos Ministérios, em Brasília. Com vista para o Congresso. Segundo o MInistério das Cidades faltam, no Brasil, 7,9 milhões de moradias.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

TERÇA

LULA TREINA
No sábado, o presidente Lula e a D. Marisa participaram de um encontro natalino com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e encantaram-se com a filhinha de um catador. Parece que o projeto 2007 da D. Marisa (adotar uma criança) está de vento em popa. Já fazem ensaios públicos de como pegar nenem no colo. Na verdade, mais parece um treinamento, para recuperar a antiga forma e para a D. Marisa ver se o maridão ainda se lembra de como é ter criança pequena em casa.

O próximo treinamento será fazer o Lula trocar as fraldas de alguma criança, que encontrarão por acaso numa dessas solenidades que tem toda semana. Acho que só depois desse teste definitivo é que a D. Marisa vai tomar a decisão final.

O LULÊS
O Macaco Simão vive brincando com o Lulês, uma língua que ele atribui a Lula e ao PT. Mas aquilo é só brincadeira. A Folha de São Paulo levou a sério o Lulês e fez um levantamento em 1.127 discursos do presidente, a maioria feitos de improviso, para identificar palavras e expressões que Lula usa com freqüência.

Algumas são usadas centenas de vezes, como as palavras que estão entre aspas no parágrafo abaixo:
O “dado concreto” é que “nunca na história deste país” um presidente esteve tão “convencido” de que não existe “mágica na economia”, seu governo está fazendo uma “revolução na educação” e o “século 21 será da América Latina” – e tudo isso é “extraordinário”. Mas “dor de dente é coisa de pobre”.
Além de usar seu próprio vocabulário, Lula fala muito. A média é um discurso por dia útil. Mas já houve casos em que ele fez quatro discursos no período de 12 horas. E em geral são longos, em geral com mais de 40 minutos. As chances de cometer gafes, portanto, são grandes.

A Folha foi buscar especialistas para analisar a língua falada pelo presidente. E a conclusão é que, de fato, Lula tem um linguajar próprio, um vocabulário que adotou ao longo do tempo e que repete, mas eles acham que Lula se expressa com sinceridade.

TÁ CHEGANDO A HORA!
Dia 1º (próxima segunda-feira), LHS toma posse, de novo, como governador do estado. A principal novidade é a presença, neste mandato, de um tucano no gabinete do vice governador.
Por mais que digam que a função está esvaziada, o vice-governador tem um acesso ao governador que poucos políticos terão. A menos que aconteça alguma coisa muito grave, que faça LHS fechar as portas, Pavan estará numa situação privilegiada.

Se utilizará com sabedoria essa oportunidade é outra história. E, no PMDB, tem gente preocupada e torcendo contra.

E A TAM, HEM? QUEM DIRIA...
E pensar que nós todos admirávamos a TAM pela sua capacidade de inovar e servir bem. O comandante Rolim deve estar se revirando onde estiver e xingando de tudo quanto é jeito o que fizeram com a empresa que ele construiu do nada. Até o pomposo “comunicado oficial aos brasileiros” que a TAM colocou ontem em seu site é mal escrito, canhestro, insatisfatório. Indigno daquela TAM que a gente conhecia.

No domingo e ontem a empresa foi socorrida por aviões da FAB (boeings 707, 737 e Embraer 145) para tentar colocar em ordem sua escala de vôos. O incidente mostra que a maior empresa, a líder do mercado, tem problemas administrativos sérios e talvez tenha crescido rápido demais.

EDINHO, O FURA-FILA
Na quinta-feira, o avião da TAM para Florianópolis atrasou apenas uma hora. Nele estavam a senadora Ideli Salvatti e alguns deputados. Uma amiga desta coluna também estava neste vôo. E conta que todos se comportaram muito bem, respeitando as filas, esperando com civilidade, como os demais passageiros. Só um deputado se destacou pela empáfia, pela desconsideração e falta de educação: o Edinho Bez. Chegou a furar a fila (foi devidamente vaiado, mas nem se tocou), usando um discutível privilégio parlamentar imperial.

E, privilégio por privilégio, feitas as contas, a senadora, que é líder do governo e “assim” com o hômi, até poderia ter um tratamento especial. Mas não. Penou como uma passageira normal. O Edinho, conta minha amiga, indignadíssima, “com aquele cabelo brilhando de glostora, se acha mais e melhor que os outros”.

PERIGO! PERIGO!
Foi só eu alertar para o perigo de entregar secretarias e órgãos públicos a políticos despreparados ou excessivamente gananciosos, que choveram e-mails com novas advertências. Da Fesporte à Fundação de Cultura, passando por outras, a preocupação com o bem público é grande.

sábado, 23 de dezembro de 2006

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA

DA SÉRIE: LULA SE DIVERTE E A GENTE...
FELIZ NATAL!
Como nós (vocês e eu) somos apenas cidadãos comuns, eleitores e pagadores de impostos, podemos, com toda a tranqüilidade desejar-nos Feliz Natal. Cumprimos nossos deveres, votamos em quem achávamos que deveríamos votar e agora vamos comemorar mais um Natal do jeito que Deus é servido. E da melhor forma que cada um de nós conseguir.

Mas, para os nossos queridos governantes eleitos, a coisa está um pouco mais complicada. Aqui no estado, até a operação montada para abrir as portas do tesouro aos bancos particulares fez água. Foi temporariamente suspensa, o suficiente para deixar o caixa seco por mais alguns dias.

O BANCO GENEROSO

O deputado Vieirão (PP), que está terminando seu mandato (não foi reeleito) levanta novamente, em seu blog, informações que, se este fosse um país sério, fariam pelo menos tremer os bigodes das pessoas de bem. Mas como o ano está no final, o verão está aí, ninguém liga.

Vieirão descobriu que banco é esse tal de banco Alvorada, que, segundo o TSE, doou R$ 800 mil à campanha do candidato Luiz Henrique da Silveira e R$ 300 mil ao comitê financeiro do PFL barriga-verde (banco bem mão aberta, que no total doou R$ 13 milhões para campanhas Brasil afora).

O Banco Alvorada é o sucessor, por cisão, do Banco Baneb. E o Baneb foi comprado pelo Bradesco em junho de 1999. O banco generoso é controlado, portanto, pelo Bradesco, que na terça-feira, dia 19, levou as contas-salário do funcionalismo público estadual. Vai pagar, quando o STF deixar, R$ 210 milhões. Não é à toa que o manda-chuva do Bradesco, Lázaro Brandão, tenha ligado pessoalmente para o governador Eduardo Moreira para agradecer o empenho na aprovação da “MP das portas abertas para os bancos”. Não parecem ser apenas coincidências.

ESCULHAMBAÇÃO!
Festival de incompetência e pouca vergonha nos ares, nos aeroportos e nos gabinetes das tais “autoridades”. A TAM, empresa que já foi orgulho da iniciativa privada brasileira, mergulha a toda velocidade no mesmo buraco que engoliu a Varig e leva, com ela, todos os órgãos do governo relacionados com o transporte aéreo. É um bate-cabeça assustador.

O pior de tudo é ver a falta de autoridade, a falta de vergonha na cara do medíocre presidente da Anac, que deveria ter pedido o boné há bastante tempo. Mas parece que tem as costas quentes ou então se apóia na falta de autoridade do próprio presidente da República, que fala sobre o assunto como se fosse um de nós.

Eu e vocês podemos ir para o balcão das companhias aéreas gritar e reclamar. O presidente Lula tem que mandar, ordenar, determinar e cobrar providências. Podemos até fazer um acordo: a gente, que não tem poder nem foi eleito pra nada, se queixa e choraminga pelos cantos. E vocês, que ganham pra isso, tratam de resolver a encrenca. Caso contrário, peguem o boné (ou o capacete), vão pra casa e parem de encher o nosso saco.

VIDA BOA...
Os “órgãos da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo” (ou seja, todas as repartições públicas estaduais), já começaram a folgar ontem. E depois emendam o feriado até o dia 2. Semanão de férias, que se somará às férias regulamentares de 30 dias a que a rapaziada tem direito. E nem adianta colocar no decreto das folgas que haverá compensação, porque a gente sabe como essas coisas funcionam: vocês fazem de conta que trabalham uma hora mais e a gente faz de conta que acredita.

Feriado sempre é bom, mas, cá entre nós, não consegui entender por que incluir a sexta 22 e a terça 2, na semanada. Não bastaria ficar 9 dias de folga? Precisava começar antes e terminar depois? Dá impressão que alguém, muito debochado, gosta de provocar a ira do contribuinte, né não?

PERIGO! PERIGO!

Atenção, alerta geral. Todas as viaturas, criaturas e assemelhados. O deputado Godinho, que não foi reeleito, quer meter a mão no Ibama de Santa Catarina. Assim como qualquer zé mané precisa apresentar a folha corrida e a declaração de bons antecedentes pra conseguir um emprego, o Godinho deveria ser chamado a apresentar a sua folha, com a ruinosa, espalhafatosa e ineficiente gestão na Secretaria do Desenvolvimento. Imagina o que não fará numa delegacia de órgão ambiental, envolvido por interesses poderosos, milionários e melífluos. Será o fim da picada!

A propósito, a secretária Zuleika Lenzi recebeu tocante homenagem dos servidores da Secretaria que o Godinho tinha destroçado: reconheceram nela competência e dedicação.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

SEXTA

HO-HO-HO CATAPÁF!
Até poderia ter comentado isto ontem, mas quis primeiro ver com meus próprios olhos. E é claro que não acreditei no que vi. Maldosamente, as emissoras de TV alteraram o som da reunião conjunta das Comissões de Finanças e Constituição e Justiça e o que era apenas uma apresentação do coral dos deputados, ficou parecendo uma briga de rua.

Tá certo que Suas Excelências, sem ensaio, acabaram cantando cada um uma música diferente e deu uma certa idéia de confusão. Mas não teve nada de briga. Teve até gestos de grande camaradagem, como o do deputado Paulo Eccel, que ao ver o contralto Jorginho Melo suando, refrescou-lhe providencialmente a cuca jogando um copo dágua gelada. Tal e qual nas maratonas.

Um tenor convidado (foto abaixo) levou a platéia ao delírio e os fãs tentaram levantá-lo nos ombros. Mas, como todo tenor, ele estava um pouco acima do peso e acabou sendo apenas abraçado calorosamente.


$C BINGO$
Leitor escreve, indignado, para reclamar que o título da nota de ontem sobre o ridículo papel do governo estadual na defesa desesperada que faz dos bingos e da jogatina em geral estava errado. Coloquei “SC Bingos” e diz ele que os esses deveriam ser cifrões. Como a norma do jornal é ouvir com atenção tudo que o leitor diz, faço esta errata, com o título usando os cifrões.

Claro que isto não significa nenhum tipo de suposição ou insinuação, muito menos suspeita, de que o empenho defensivo se dê por outro motivo que não a manutenção de um pujante mercado de trabalho para os catarinenses. Os bingos e as empresas de jogatina em geral, até onde sei, estão surpresas e sensibilizadas com o esforço governamental. E, naturalmente, muito, mas muito gratas.

PRO KART TEM GRANA
O evento do final de semana passada em Florianópolis, que teve a participação de pilotos internacionais, alguns da Fórmula 1 (como o Felipe Massa), no kartódromo do norte da Ilha de Santa Catarina, contou com patrocinadores privados e também com o nosso rico dinheirinho. De mais um daqueles Fundos miraculosos, o governo do estado sacou R$ 500 mil (repassados à Fundação de Esporte do município de Florianópolis) para dar uma mãozinha. É cerca de um terço do total investido. Claro que os aficcionados, que se divertiram com o espetáculo, devem achar pouco. Mas aposto que os coitados dos policiais civis e militares e dos bombeiros, que começam a Operação Veraneio sem gasolina, sem equipamento e sem gente, não devem achar a menor graça. E por falar em esporte, R$ 500 mil seria, por exemplo, suficiente para construir um ginásio de esportes em algum bairro desprovido desse equipamento.

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LIVRO AINDA É O MELHOR PRESENTE
Como todo mundo, deixei para a última hora a compra dos presentes de Natal. Preocupado com a dificuldade que tantos podem ter para a difícil escolha fui buscar, na coluna da minha amiga Cora Rónai, de O Globo, algumas sugestões de livros que ela leu recentemente e garante que são o máximo. Como eu acredito nela e confio no seu gosto, tomo a liberdade de reproduzir aqui só a listinha, sem os comentários (que poderão ser lidos em cora.blogspot.com):

O exército de cavalaria, de Isaac Bábel, edição da CosacNaify;
O quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell, quatro volumes agrupados pela Ediouro num estojinho caprichado;.
A distância entre nós, de Thrity Umrigar, Nova Fronteira;
Paixão Índia, de Javier Moro, em edição recheada de fotos da Planeta.
D. Leopoldina – Cartas de uma imperatriz, da Estação Liberdade, um livro primorosamente editado, indispensável para quem se interessa pela História do Brasil.
Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro, de Pascoe Grenfell Hill, pequeno livro da série Baú de Histórias, da José Olympio;
– Os botões de Napoleão, de Penny Le Couteur e Jay Burreeson, da Jorge Zahar;
Por que sou gorda, mamãe?, de Cíntia Moscovich, publicado pela Recordmente micos e inseguranças;
De veludo cotelê e jeans, de David Sedaris, Companhia das Letras;
Organize-se, de Donna Smallin, da Editora Gente;

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

QUINTA

DÊEM-SE AO RESPEITO
Sempre que vejo o pessoal muito irritado com os políticos, querendo fechar o parlamento e colocar todo mundo na cadeia, acho oportuno lembrar que, ruim com eles, pior sem eles. Botar na cadeia é mesmo uma boa idéia, mas fechar o parlamento é uma péssima sugestão.

De todos os poderes, o Legislativo é o mais aberto, o mais fácil de controlar (no bom e no mau sentido) e o mais sensível à pressão popular. É claro que muitos eleitores ainda não aprenderam a votar e acreditam que o sujeito mais rico, que faz campanha na maior camionete, que tem mais cartazes e o trio elétrico mais barulhento será, automaticamente, o melhor deputado. Mas, mesmo assim, o Legislativo é a Casa do Povo. Se tem deputado malacabado, é porque tem eleitor malacabado.

Agora que está terminando o ano e que vários deputados encerram seus mandatos, porque não foram reeleitos, queria, aqui neste canto modesto do maior jornal do Sul do mundo, ficar de pé e com a mão no coração e os olhos no amanhã, prestar uma homenagem aos deputados estaduais e federais, atuais e futuros que honram as calças e saias que vestem, que têm vergonha na cara e coragem para dizer não às tentações. Vocês são importantes demais para deixarem que uns inconseqüentes e corruptos arrastem na lama a imagem da instituição e enterrem na fossa fétida do interesse pessoal o respeito que deveriam merecer.

SC BINGOS
O Ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, está estarrecido com o empenho do governo catarinense na defesa dos contraventores. Disse o magistrado que a “confusão de alhos com bugalhos” causda por Santa Catarina no STF “parece que foi de propósito”.

O que irritou o Ministro foram os embargos, pedindo anulação do julgamento com base num discutível descumprimento de prazo pelo STF. E mais, o registro da confusão mostrou que o próprio governador do estado tem interferido, ao pedir o adiamento do julgamento pelo STF.
Claro que qualquer um de nós gostaria de ter a máquina jurídica do estado atuando incansável e diuturnamente a seu favor. E olha que muitos de nós têm questões muito mais legítimas e defensáveis do que a teimosia em legislar sobre jogos de azar.

Pertence disse ainda que
“o que se tem nestes Embargos é nada mais que o esperneio das empresas de bingos e do governo catarinense quanto à decisão do Supremo Tribunal, que insistem em não aceitar pelos interesses que contraria.”
Os catarinenses poderiam ter dormido sem essa. Nossos governantes estão esperneando ao ponto de serem motivo de riso no Supremo e mostrarem-se, diante do País, completamente identificados com os empresários do jogo. Um envolvimento difícil de aceitar, porque talvez represente algo mais do que puro interesse público.

A DOR DO LHS
Alguém pisou nos calos do LHS ou então enfiou a ponta do guarda-chuva na unha encravada, porque na terça ele estava indócil, a ponto de irritar-se com o Moacir Pereira. Logo com o jornalista a quem o próprio LHS, diante de uma grande platéia, em 2003, entronizou como o “Príncipe da Imprensa Catarinense”. Na época, enciumados, o Paulo Alceu e o Cláudio Prisco até reivindicaram seus títulos de nobreza. Queriam ser duques ou barões, já que Príncipe, como vocês sabem, só tem um. Tinha.

ILHA DE INSENSATEZ
Ao que parece, portanto, foi extinta a monarquia jornalística, deposto o Príncipe e LHS agora assume ares de revolucionário republicano, que deseja levar ao paredão todos os membros da família real.

E sobrou, como sempre, para Florianópolis, classificada por LHS de “ilha de pequenez e insensatez”, segundo li nos jornais. Ao que tudo indica ele estava furibundo porque acreditou na balela que lhe contaram: houve reação à MP que aumentava impostos porque os colunistas ilhéus começaram a falar contra ela.

Alguém botou na cabeça do LHS que o povo catarinenses das demais cidades é dócil, compreensivo e amigo do LHS e jamais colocaria pedras no caminho da MP do imposto, se o ex-Príncipe e seus asseclas não tivessem feito a fofoca. E se a fofoca não tivesse sido feita nesta “ilha de pequenez e insensatez” que tem uma enorme caixa de ressonância.

A FALTA QUE O VDM FAZ...
Como florianopolitano até fico muito orgulhoso com a importância que o LHS está nos dando, atribuindo-nos um poder exagerado. Mas como observador mais ou menos desapaixonado, vejo que ele está rotundamente enganado. E absurdamente mal aconselhado. O Gayoso deve estar de férias. Só pode ser isso.

Aliás, continua fazendo falta alguém que assuma a Secretaria do Vai Dar Merda! Um sujeito de bom senso que avisasse o LHS, ao pé do ouvido, antes dele dizer ou fazer bobagem: “vai com calma, pensa um pouco mais, porque isso aí, dito desse jeito, vai dar merda...”

A DOR DO DÁRIO
O prefeito de Florianópolis e seus brothers estão porraqui com o LHS. A ponto do Berger do Executivo (o Dário, porque os outros são o Berger do Legislativo e o Berger Prestador de Serviços ao Governo) sair dizendo que ele ficaria melhor na foto ao lado da D. Ângela, do que a Ideli.

Isso lá é comparação que se faça? Ainda mais depois do arranca-rabo entre ele e o marido da D. Ângela na Câmara de Vereadores, dia desses?

Parece que, de fato, como dizem seus inimigos, política não é o forte do Dário. Dá a impressão que os irmãos Berger estavam achando que seria fácil concretizar seus planos de dominar a capital e utilizá-la como trampolim para outros vôos.

Ora, todos os políticos e correntes políticas do estado pretendem a mesma coisa. Portanto, a briga é de foice e só os cachorros grandes sobreviverão. E, ainda assim, bem machucados.

CONTA À VENDA
Inspirado pela milionária venda das contas dos servidores públicos catarinenses para o Bradesco, resolvi também fazer leilão da minha conta bancária. Ela está estacionada no Banco do Brasil e estou cansado das queixas do gerente, que reclama do saldo permanentemente negativo.
Fui, então, aos bancos particulares, fazer o mesmo tipo de oferta que, aparentemente, o governo fez: “vocês terão minha conta bancária, desde que me paguem uma graninha”. Os gerentes riam e me mandavam passear.

Tá feia, a coisa: não posso aumentar meu próprio salário, não tenho como aumentar impostos pra melhorar minha renda, não tenho cartão corporativo da Presidência da República e agora nem consigo ganhar dinheiro vendendo a conta bancária...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

QUARTA

O NATAL DA PENCA
Esta turma já ganhou seus presentinhos de Natal do Papai LHS. Para saber quem são, pegue os óculos e siga os numerinhos:

1. Coord. e Articulação, Ivo Carminatti;
2. Comunicação, Derly de Anunciação;
3. Fazenda, Sérgio Rodrigues Alves;
4. Educação, Paulo Bauer;
5. Planejamento, Altair Guidi;
6. Agricultura, Antônio Ceron;
7. Administração, Antônio Gavazzoni;
8. Saúde, Dado Cherem;
9. Segurança, Ronaldo Benedet;
10. Desenvolvimento Social, Dalva de Luca Dias;
11. Desenvolvimento Sustentável, Jean Kuhlmann;
12. Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Gilmar Knaesel;
13. Infra-estrutura, Mauro Mariani;
14. Procuradoria-geral, Adriano Zanotto;
15. Casa Militar, Ten.Cel.João Luiz Botelho;
16. Art Nacional, Geraldo Althoff;
17. Art Internacional, Vinícius Lummertz;
18. JUCESC, Antônio Zimmermann;
19. CODESC, Içuriti Pereira;
20. BADESC, Dalírio Beber;
21. FCEE, Rosane Vailatti;
22. FAPESC, Diomário Queiroz;
23. EPAGRI, Murilo Flores;
24. COHAB, Maria Darci Mota Beck;
25. CASAN, Walmor de Luca;
26. SANTUR, Marcílio Ávila;
27. DEINFRA, Romualdo França Júnior;
28. CELESC, Eduardo Pinho Moreira;
29. SC GÁS, Ivan Ranzolin;
30. FATMA, Carlos Leomar Kreuz;
31. BRDE, Casildo Maldaner;
32. BRDE, Renato de Mello Vianna;
33. IPESC, Demetrius Ubiratan Hintz.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

TERÇA

Este vereador de Florianópolis, Gean Loureiro (PSDB), é um cartazista militante. Qualquer que seja o pretexto, ele espalha sua faccia pela cidade. Decerto deve ter bons amigos no Tribunal Regional Eleitoral, porque essas coisas são a mais deslavada propaganda fora de época, um verdadeiro deboche, mas ele nem tchuns e eles nem tchans. E, como o papel aceita tudo e as palavras vão aos poucos perdendo sua força e significado, ali está a “ética”. No lugar poderia estar “balinha de côco” ou mesmo “algodão doce”. O efeito seria o mesmo.
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O ESTADO REFÉM
O Tribunal de Contas do Estado descobriu que Joinville está refém de uma empresa privada. Na decisão nº 2565/2006 de 11/12, o TCE recomendou à Companhia Águas de Joinville que adote providências para a
“quebra do monopólio da empresa Raiz Soluções e Informática Ltda. A empresa foi contratada no ano passado por dispensa de licitação para montar e gerir o cadastro comercial dos usuários do sistema de água e esgoto da cidade. O valor da dispensa foi de R$ 2.610.756,00, para um contrato de seis meses — o um custo mensal médio de R$ 435.126,00”.
O que a Companhia de Água diz, em sua defesa, é estarrecedor:
“a empresa detém o software com a massa de dados de todos os usuários do sistema de água e esgoto do município de Joinville”.
Tão assustado quanto qualquer um de nós, o TCE alertou para
“uma inversão da supremacia do interesse público: uma empresa privada detém as informações que são pertinentes ao serviço público, ou seja, o Estado fica vinculado a uma empresa particular para utilizar suas próprias informações”.
A argumentação da Companhia de Águas para justificar o contrato milionário e a absurda dependência poderia entrar em qualquer conto de realismo mágico passado em alguma república bananeira. Inacreditável.

AULINHAS
Os deputados que foram eleitos têm hoje à tarde, na Assembléia, aulinhas de parlamento estadual. Vão aprender como funciona a Casa, os pontos principais do regimento interno e como deverão se conduzir. Claro que as aulinhas são mais úteis e interessantes para os que foram eleitos pela primeira vez.

Mas é uma pena que a Assembléia não reúna todos os deputados, eleitos e reeleitos para dar-lhes aulinhas de boas maneiras políticas e de respeito ao eleitor. Porque vários deles, senão a maioria, já esqueceu completamente o que prometeu aos seus eleitores. E sequer imagina o que deles espera quem lhes deu o mandato.

A grande preocupação (ressalvadas as exceções de praxe) é mesmo quantos assessores poderão ser contratados, o espaço físico do gabinete, as verbas, o automóvel, as cotas de gasolina e quantas vaguinhas poderá dispor no grande loteamento Aliança, da imobiliária LHS.

DE TERÇA A SÁBADO
Esqueci de avisar na sexta, distraído que sou: agora esta coluna aparece nas edições de terça a sábado. Não tem mais na edição de segunda. O espaço continuará a ser ocupado, como vinha sendo durante as férias da coluna, por matérias especiais produzidas pela equipe de repórteres do DIARINHO.

Num mundo jornalístico onde cada vez mais o espaço da reportagem encurta e surgem cada vez mais colunas de opinião de discutível utilidade, não deixa de ser uma boa e saudável novidade esta decisão. Ganha o leitor, que continuará tendo, às segundas-feiras, uma bela página especial de informação local. E eu ganho uma folguinha no final de semana, o que é ótimo.

NINGUÉM LIGA...
O deputado Vieirão (PP), no seu blogue (vieirao.com.br), faz uma ligação direta entre o ex (e futuro) secretário da Segurança, deputado Benedet e as prisões de funcionários públicos envolvidos na falsificação de carteiras de motorista no Sul.

Afirma que eram cabos eleitorais de Benedet. Caso se confirme e caso estivessemos em um país sério, a acusação seria da maior gravidade. Liga ao banditismo um político destacado, que chefiou e estava indicado para voltar a chefiar a polícia e a política de segurança.

Mas que bobagem, a minha. Ninguém liga pra essas coisas. Caso as informações e afirmações do deputado oposicionista sejam falsas, nada acontecerá. Caso sejam verdadeiras, igualmente, nada acontecerá.

Ninguém gosta de mexer nessas coisas de cabos eleitorais e apoios. A gente, aqui de fora, fica com a impressão que todo mundo tem o rabo preso. O candidato faz vistas grossas, durante o período eleitoral, e depois, quando estouram os escândalos, o jeito é fazer cara de paisagem e esperar que ninguém ligue, como de fato ninguém liga.

PDT MAL DE CONTAS
Os erros (erros? hum...) grosseiros que levaram o TRE-SC a rejeitar as contas do PDT mostram que eles precisam ir urgentemente para a escola. Falta-lhes o que eles queriam recomendar para o povão.

POUCA VERGONHA
Reproduzo trechos do editorial do site Congresso em Foco (e, naturalmente, assino embaixo):
“Protestos ou palavras fortes são muito pouco para reagir à decisão, adotada quinta-feira, de elevar em quase 91% os vencimentos dos deputados e senadores, fixando-os em R$ 24,5 mil mensais.

(...) o mais poderoso dos argumentos contra o aumento é que a população, por todos os meios que tem à disposição, dá demonstrações inegáveis de que não o aceita.

(...) É triste ver não apenas a revolta, mas como ela vai se transformando em descrença ou, pior ainda, em desqualificação do Poder Legislativo como um todo. Alguns chegam a defender o fechamento do Congresso, no qual não reconhecem nenhum ato em favor da população.

O quadro soa ainda mais melancólico quando lembramos que o ousado gesto dos caciques do Congresso tem como pano de fundo a disputa da presidência da Câmara e do Senado. Empenhados em agradar à massa de parlamentares anônimos conhecida como baixo clero, pré-candidatos aos dois cargos aprovam o aumento salarial.

É uma estratégia suicida porque deixa fora do cálculo os eleitores, que rejeitam vigorosamente o aumento.”
Só pra lembrar e encerrar: na outra vez, o Severino se elegeu prometendo aumento. Agora deram-se o aumento antes da eleição.

sábado, 16 de dezembro de 2006

SÁBADO E DOMINGO


LAS VEGAS DO SUL
Um dia talvez a gente entenda o por quê do empenho do governo do estado pela legalização do jogo. A defesa que tem feito dos bingos e de outras formas de jogo chega a ser comovente. E até seria emocionante, se eles não estivessem gastando o nosso dinheiro nessa defesa.

Ontem o Supremo declarou inconstitucional, pela segunda vez,a lei estadual a respeito dos jogos de azar. E afirma que qualquer autorização para funcionamento de bingos será enquadrada na lei das contravenções penais.

Da decisão não cabe recurso, mas algo me diz que Santa Catarina, empenhada em se transformar numa Las Vegas com vento sul, continuará tentando dar abrigo institucional aos “empresários” da contravenção. Talvez a saída seja declarar independência e formar uma espécie de república da jogatina. Talvez isso resolva, de vez, os problemas de caixa do governo.

SAÍDA À FRANCESA
Sempre que uma pessoa sai de uma festa sem se despedir de todos, discretamente, diz-se que foi uma saída “à francesa”. Foi mais ou menos o que o secretário da Fazenda, Felipe da Luz, fez. Assim que a poeira da MP que aumentava impostos baixou, ele pediu o boné, tentando não fazer marola. Oficialmente, só antecipou a saída em duas semanas, para viajar e descansar um pouco.

Mas é claro que não é só isso. Afinal, ele estava no centro da história da MP. Amigos dizem que ele foi contra desde o início. Inimigos dizem o contrário. Talvez só daqui a alguns anos venhamos a saber todos os detalhes. Em todo caso, é estresse demais para quem sofreu uma cirurgia cardíaca há poucos meses.

DIPLOMAÇÃO
O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina julga as contas da campanha de LHS na segunda-feira. E a diplomação de todos os eleitos no estado será no dia 19, terça, na Assembléia Legislativa, às 20h.

VAI O DERLY MESMO
Reconduzir o Derly de Anunciação à Secretaria da Comunicação acabou sendo a forma encontrada para neutralizar algumas forças intestinas que estavam se movendo, assanhadas e aceleradas, em direção ao esquema de comunicação do governo. Entre mortos e feridos salvar-se-ão todos e não se trocará o certo pelo duvidoso nem se mexerá no esquema.

A NOVELINHA DO COPOM
A manchete de ontem do DIARINHO refletia o espanto dos itajaienses diante da falta de informações claras sobre a saída, da cidade, de mais uma repartição estadual.

Nada muito dramático, se visto a partir de Florianópolis, que é de onde, afinal, o governo, por mais descentralizado que seja, olha para o estado.

E qual era o panorama visto da capital? Para o comando da Polícia Militar, parecia óbvio que o investimento feito ao longo de anos para reformar e preparar um prédio para sediar um Centro de Operações da Polícia Militar regional, em Balneário Camboriú, significava que o Copom de Itajaí seria desativado.

DISSE QUE ME DISSE
Ninguém parecia levar muito a sério o chororô itajaiense, que na área da segurança tem tido várias perdas. E ninguém na PM parecia ter ouvido ou lido o governador eleito (certamente em respeito a seu aliado Volnei Morastoni) dizer que o Copom de Itajaí continuaria a funcionar.

Ontem, o bom senso voltou a imperar e o comando da PM começou a falar a mesma linguagem da Secretaria da Segurança e do governador eleito: o Copom fica em Itajaí.

FINAL MELANCÓLICO
Mas vários equipamentos já foram retirados e transferidos para Balneário Camboriú. E agora? O jeito será comprar novos equipamentos para Itajaí. Uma operação que poderá levar meses, ou anos.

Na teoria, houve um recuo e uma contemporização, para atender aos compromissos do governador. Na prática, a posição pró-centralização em Balneário venceu a parada. É lá que estarão o efetivo e os recursos. O Copom de Itajaí funcionará mal e mal, como um arremedo de central de operações, sem verba, sem gente, sem equipamentos adequados. Será apenas um nome numa placa e uma sala quase vazia, se tanto.

Até que, daqui a algum tempo, quando todos tiverem esquecido o caso, alguém retire a placa, apague a luz e chaveie a porta, encerrando mais esta novela. Sem choro nem vela.

Há otimistas que apostam num final diferente. Eu, embora torça por Itajaí, não colocaria muito dinheiro na aposta, se fosse eles.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

SEXTA

Da série:
Coisas que eu não entendo nas obras públicas


Cena 1: sobre o rio da Vargem, na SC 456, em Campos Novos, tinha esta ponte de madeira. Estreita e sem muretas laterais. Um problema sério e antigo.

Cena 2: uma nova ponte sobre o rio da Vargem, na SC 456, em Campos Novos, construída ao custo de R$ 143,8 mil, no lugar da ponte de madeira. Maravilha. Só que a ponte continua estreita e sem muretas laterais de proteção (só tem de um lado, pro pedestre não cair no rio, se se assustar com os caminhões).

A dúvida: Seria assim tão impossível fazer a coisa direito e já construir a ponte um pouco mais larga e com as muretas? Ou isso fica para ser prometido na campanha municipal e iniciado às pressas em 2010? Na maioria das obras públicas a gente sempre fica com essa impressão de coisa feita pela metade, para pouco tempo. Dali a um ano ou mais vai ter que ampliar, alargar, melhorar, corrigir, remendar. Não consigo entender. Ou melhor, até consigo, mas não quero.

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TIRARAM O BODE DA SALA!
Todos respiraram aliviados quando o governador Dr. Moreira disse que o bode ia embora. O fedor do bicho estava insuportável, porque a sala é pequena e tem muita gente. Os engravatados de todos os matizes (políticos, empresários, garçons e maîtres) já nem se falavam direito, por causa daquele animal incômodo no meio da sala. Como já estava há uma semana, somavam-se ao cheiro peculiar de seu pelo, os odores não menos singulares da urina e das fezes.

Ontem, nas rodas de conversa, o assunto era um só, com várias dúvidas: quem botou o bode na sala? e por que puseram o bode ali? ou então, por que demoraram tanto tempo para tirá-lo?
O bode, que atende na intimidade por “Aumento de Imposto”, foi enviado para local incerto e não sabido. Nem a sociedade protetora dos animais quer saber dele. Alguns daqueles que, no começo o acariciaram, olhando-o com olhos cúpidos, agora juram que jamais quiseram nada com ele.

E o fato é que, tirado o bode da sala, já se animam todos até para uma festinha, um sarau lítero-musical ou um convescote. Melhor assim.

ACABOU-SE A POBREZA
A sala de onde o bode “Aumento do Imposto” foi retirado tem um nome pomposo: Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecep/SC). E está localizada no prédio Medida Provisória nº 131/06.

Existe uma sala semelhante no governo federal (criada em 2000 com validade até 2010), com o objetivo de “viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência”.

Tudo muito lindo. Somos todos mil por cento a favor que a pobreza e as desigualdades, que estão na raiz de 80% dos nossos problemas, diminuam e até desapareçam.

Só que o idiota aqui achava que era justamente para isso que todos os outros impostos serviam. Que os governos não tinham outro motivo para existir que não fosse melhorar a vida de todos os brasileiros. O Estado, entendia eu na minha ingênua parvoíce, deveria contribuir para que todos os seus habitantes pudessem ter níveis aceitáveis de nutrição, educação, saúde e renda. Mas vejo agora que esses são objetivos do tal Fecep, cujos recursos serão aplicados em “ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social, voltados à melhoria da qualidade de vida”.

Então tá. Durante anos tiraram o nosso couro, cobrando o que podiam e o que não podiam de impostos e não conseguiram reduzir as desigualdades e dar vida digna nem à metade da população. Mas era porque faltava esse fundo. Agora, com o fundo, tudo será resolvido. E, melhor ainda, até 2010. A eleição está garantida.

PRIMEIROS RESULTADOS
Talvez já seja efeito do Fundo de Erradicação da Pobreza: os deputados e senadores, coitados, que amargavam um salário de fome de R$ 17,7 mil, conseguiram finalmente reajustar seus vencimentos e passam a ganhar R$24,6 mil. Agora vai, porque eles não precisam mais roubar para comer.

NA PONTA DO LÁPIS
Os parlamentares justificam o aumento pornográfico que se concederam dizendo que valem a mesma coisa que um ministro do Supremo e que, portanto, devem ganhar o mesmo salário. O repórter Felipe Recondo, no blog do Noblat (www.noblat.com.br) fez as contas pra ver se é isso mesmo.

As contas:
um deputado ou senador recebe o salário de R$ 24.500, mais R$ 3.000 de auxílio-moradia; R$ 50.815 de verba de gabinete; R$ 15.000 para gastos no estado em que se elegeu; R$ 4.268 de verba de correio e de telefone (no Senado a verba para telefone é ilimitada) e quatro passagens aéreas por mês. Além disso, todos os parlamentares recebem dois salários além dos 13 que todo brasileiro com carteira assinada recebe, um custo mensal de R$ 4.083. E no Senado, há carro oficial para cada um dos 81 parlamentares. Deixemos de fora que deputados e senadores têm direito a usar a gráfica para produzir material próprio. No total, portanto, um deputado custa R$ 111 mil por mês.

No STF, um ministro recebe seus R$ 24.500 por mês, R$ 3.570 de cota de passagens aéreas, R$ 300 por mês para a conta de telefone e aproximadamente R$ 35.000 para contratar funcionários de fora do Tribunal para o gabinete. Tem direito ainda a um carro oficial, gasolina ilimitada e motorista e a um apartamento funcional, mas não recebe auxílio caso não queira morar neste apartamento. Total: R$ 63 mil por mês.

Nem tente comparar com o seu salário. É depressão na certa.


O ESTADO “DELES”
Na parte do site de notícias da RBS que teoricamente é direcionado para Santa Catarina (acima), tinha ontem mais uma daquelas notícias que mostram onde a coisa é feita e quem é que manda: “pesquisadores dizem ter encontrado no Estado fóssil mais antigo”.

Qualquer imbecil acharia que o fóssil foi encontrado em Santa Catarina. Afinal, a página selecionada tem um SC lá em cima. Mas que nada, o Estado é mesmo o Rio Grande do Sul. Da mesma forma que, quando aparece “capital”, pode conferir: é Porto Alegre.

Mais tarde, alguém se deu conta da burrada e trocou o título, tirando o “Estado”.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

QUINTA

COFEM APERTA O CERCO
O Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem) decidiu ontem reforçar a mobilização contra a Medida Provisória que aumenta o imposto. O Cofem quer aumentar é a mobilização, envolvendo outras entidades representativas da sociedade, para lotar a Assembléia Legislativa na audiência pública da segunda-feira, às 14h.

O governo está numa situação difícil. Porque, ainda que todos os aliados peçam sempre mais dinheiro, ninguém, exceto o líder Blasi, assume a defesa da MP. E como sempre acontece nestas ocasiões, dizem pra platéia que são contra qualquer aumento de imposto. Mas, assim que for aprovada estarão lá, de pires na mão, exigindo a sua parte. Discretamente.

AS CONTAS DE LULA
A decisão do TSE, de rejeitar as contas do comitê de campanha de Lula “apenas” por causa de uma doaçãozinha de R$ 10 mil sustenta-se no fato da empresa doadora, uma tal de Deicmar, ser permissionária de serviço público. E empresas desse tipo estão proibidas, por lei, de contribuir para campanhas eleitorais.

A Deicmar é concessionária do porto seco de Santos. Segundo o jornalista Paulo Moreira Leite, “desde o início, o governo Lula tem tentado tomar medidas que beneficiam empresas que administram portos secos”. A última, uma medida provisória, deve ser votada por esses dias. E aí, acredita o jornalista, “o bicho vai pegar”. Mas eu tenho a impressão que não vai acontecer nada. Nadica de nada.

GLOSSÁRIO
A política se utiliza de um vocabulário específico com termos cujo significado nem todos compreendem. Para continuar nossa tarefa de tornar a política acessível e desmistificar sua prática, apresento aqui um pequeno glossário pós-eleitoral:

Filé: o sentido é mais ou menos aquele conhecido, de carne macia, sem nervuras. Só que se aplica a cargos, posições e oportunidades. Uma diretoria de estatal, por exemplo, é em geral um filé. A diretoria financeira, então, é com certeza um filé maturado de primeiríssima. Uma secretaria de estado nem sempre é um filé, pode ser carne de pescoço (ver abaixo). Mas dependendo dos recursos que movimenta e do relacionamento que o secretário pode ter com empreiteiras e grandes fornecedores, vira um filé.

O motivo pelo qual um posto é classificado de filé, naturalmente, nada tem a ver com a remuneração prevista para essa função. As remunerações no estado são relativamente baixas. Mas, como todos sabem e ninguém confessa, existem inúmeras formas de aumentar o patrimônio pessoal e familiar quando se está de posse de um filé. Que, justamente por isto, é filé.

Carne de pescoço: funções onde o titular tem que trabalhar, prestar serviço ao público e, pior, mostrar serviço. Tudo isso sem usufruir das benesses adicionais que só os filés possuem. Quando o titular tem escolaridade mais baixa e pouca educação, também classifica como naba. Em conversas reservadas o uso do termo se daria mais ou menos assim: “trabalhei tanto pra eleger aquele desgraçado e ele só me conseguiu esta naba”. Em raras ocasiões, quando a vítima, digo, o escolhido, é especialmente esperto e bem relacionado, consegue transformar a carne de pescoço numa coisa um pouco melhor, como um granito ou uma alcatra. Mas nunca num filé. Até porque, se alguém ficar sabendo que aquela naba virou carne de primeira, vai querer desalojar o titular pra colocar gente sua lá.

Fundos: o dinheiro arrecadado pelo governo por intermédio dos impostos vai para um caixa único, um tesouro, de onde sai para as diversas finalidades previstas no orçamento. Como as despesas são, em geral, superiores à arrecadação e várias leis obrigam a gastar nisto ou naquilo (25% com educação, por exemplo), nunca sobra dinheiro. O governo vive sempre no fundo do poço ou raspando o fundo do tacho.

A saída encontrada, de uns tempos para cá, foi criar Fundos. Fundo Social, Fundo pra combater a pobreza dos governantes, Fundo para reaparelhamento do Judiciário, etc. Esses Fundos permitem que parte do dinheiro arrecadado não vá para o tesouro. Não entre na vala comum. Não se perca no saco sem fundo das despesas.

Com os fundos, os governantes conseguem separar um troco pra fazer coisas que apareçam, como viadutos, e coisas que nunca aparecerão e sobre as quais jamais teremos notícia (e se vazar alguma coisa será um Deus nos acuda). O problema é que o contribuinte não parece disposto a ficar dando, dando e só levando.