quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

QUINTA

LULA PREPARA UMA FESTA “SIMPLES E SÓBRIA”
Como dá pra ver na foto acima, tirada ontem na rampa do Palácio do Planalto, os preparativos para a posse do presidente Lula estão a toda. Vai ter palco, telões e tudo o mais que um grande show exige. O PT e partidos aliados pagarão uma conta de R$ 1 milhão pela festa da posse.

“O presidente pediu que fosse realizada uma posse simples e sóbria, mas forte politicamente”, afirmou um assessor. Simples e sóbria como pode ser uma festa que tem cerca de 1.600 convidados vips (sem contar o povão que ficará na rua e de pé).

Pra quem gosta de acompanhar essas coisas, taí o roteiro completo, fornecido pela própria Presidência:

No dia 1º de janeiro, o presidente reeleito sairá do Palácio da Alvorada e irá direto para a Catedral de Brasília, onde chegará às 15h45. Ele, o vice e as esposas saem às 16h da Catedral de Brasília e seguem em carro aberto até o Congresso Nacional, onde Lula será empossado.

Na saída do Congresso, por volta das 17h15, Lula passa em revista a tropa, recebe uma salva de 21 tiros (não nele, mas para o alto ou para o chão) e segue para o Palácio do Planalto. No Palácio, aguarda uns 30 minutos para o deslocamento dos convidados e do povo que estiver acompanhando. Nesse momento, haverá a evolução da banda dos fuzileiros navais. Depois, o presidente sai do palácio já com a faixa presidencial, entra pela rampa e dirige-se ao parlatório (que é um lugar elevado, à frente do Palácio, de onde fará um pronunciamento).

Por volta das 18h começa o show no palco montado na Praça dos Três Poderes. Serão duas horas e meia de música com cantores e músicos de Brasília e de fora. Como Leci Brandão, Geraldo Azevedo, Olodum, a Bateria da Mangueira, um grupo de percussão formado por surdos, chamado Surdundum, a dupla sertaneja Zé Mulato e Cassiano e outros artistas. A escolha dos artistas, garante a assessoria palaciana, foi baseada na disposição de tocarem e cantarem de graça. Sem cachê.

O milhãozinho seria só para pagar as grades de proteção, sistema de som, palco, passagens aéreas dos artistas e outras despesinhas.

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ANISTIA, ÔBA!
Num país com os juros que nós temos, até parece justo que, de vez em quando, alguém resolva anistiar os devedores, reduzindo juros e multas. O raciocínio, simplista, é que assim o devedor, que não pagava nada, tem condições de voltar a pagar alguma coisa e todos saem ganhando.

Foi o que o governo estadual fez ontem com os caloteiros da Cohab. Uns 3.200 devedores ganharam, de presente de Natal, o perdão de 70% dos juros e multas que deviam à companhia de habitação do estado.

É um benefício controverso, por causa da mensagem que envia para os contribuintes pontuais: “vocês são uns otários”. E para os caloteiros: “o crime compensa”.

Mas como o governo está raspando o fundo de todos os tachos, ninguém, na administração sainte, está se lixando para essas questões morais. E ninguém, na administração entrante, vai reclamar, porque o que for arrecadado irá resolver problemas futuros. Afinal, o Brasil, Santa Catarina junto, já está se acostumando a ser um lugar onde a corrupção é endêmica e o respeito aos contratos é coisa sem qualquer valor.

TUDO NA MESMA
Se tem uma coisa que os administradores públicos catarinenses e florianopolitanos não dão a menor bola (talvez porque nem saibam direito como funciona) é a internet.
O site da Prefeitura ainda mostra que Gean Loureiro, Felipe Mello, Rodolfo Pinto da Luz e os outros são secretários. Ninguém se lembrou de atualizar. Ou ninguém sabe atualizar.

A BOA E VELHA FAB
Os aviões da Força Aérea Brasileira quebraram o maior galho pra TAM: de 22 a 26 transportaram 2.615 passageiros, em quase 88 horas de vôo. O boeing 707, carinhosamente chamado de sucatão, é aquele que o Lula desdenhou, trocando pelo Aerolula. Foram usados ainda um boeing 737 e um embraer 145. Ao todo foram mobilizados 120 tripulantes militares.

Assim como o sistema de controle de vôo e tantos outros organismos e entidades militares, a FAB é tratada a pão e água, lutando com dificuldade para ter suas revindicações atendidas e manter seu pessoal e equipamento em mínimas condições de uso.

Mas, na hora do aperto, todo mundo lembra de pedir penico pra eles. Seja pra FAB, seja para o Exército (no caso dos conflitos urbanos).

TRABALHO VOLUNTÁRIO
O governo catarinense entrante só vai oficializar a nomeação dos cargos comissionados (os tais “de confiança”) lá por março. Quer fazer uma economiazinha.

Mas como o governo não pode parar, ainda mais porque o apressadinho do LHS quer remeter, no começo de fevereiro, uma nova reforma administrativa para a Assembléia, muita gente terá que trabalhar sem ter sido nomeada. Como o Estado não pode pagar retroativamente, ninguém receberá os dias trabalhados antes da publicação dos atos no Diário Oficial. A coisa vira trabalho voluntário.

Em 2003 ocorreu coisa parecida, só que o tempo de “voluntariado” ficou em, no máximo, 15 ou 20 dias. Agora parece que será bem pior.

GAYOSO SE RETIRA
Ao que tudo indica a Secretaria de Comunicação, que era uma área, por assim dizer, pertencente à cota pessoal do LHS, passará a ser gerida pelo PMDB. Não consigo ver outro significado na indicação do jornalista Ilson Chaves para ser o diretor de Imprensa da Secom. O cargo foi ocupado pelo jornalista José Augusto Gayoso durante a gestão LHS e pelo Flávio de Sturdze durante a gestão do Dr. Moreira.

Na prática, o diretor de Imprensa cuida de toda a divulgação jornalística dos atos do governo e do relacionamento com as redações. O Secretário (Derly) atua mais na área institucional, de relacionamento com os veículos e da propaganda do governo.

Gayoso não sai do governo, mas irá para a assessoria de imprensa da Secretaria da Fazenda. Não é um lugar ruim para se trabalhar. Graças às distorções salariais do governo, um assessor na Fazenda ou na Administração pode ganhar mais que o diretor de Imprensa da Secom (tem um adicional de atividades fazendárias que praticamente dobra o salário).

Não sei se foi por este motivo que ele escolheu a Fazenda, porque ainda não consegui falar com ele. Mas, em todo caso, espero que ele seja feliz nas novas funções. O Gayoso sempre tratou os colegas com decência e respeitou o trabalho dos jornalistas, mesmo aqueles que não rezam pela cartilha governista e ganhou, com isso a admiração de muitos de nós.

O Ilson, de quem fui contemporâneo na escola de jornalismo da PUC-RS, é mais ligado à estrutura partidária, mas provavelmente manterá o nível estabelecido pelo seu antecessor.

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