sábado, 30 de junho de 2007

Sábado, domingo e segunda

IL PERIPLO ITALIANO
Na quinta-feira o palácio, digo, o Centro Administrativo, distribuiu uma mensagem dizendo o seguinte:
“Por favor, na matéria enviada nesta quinta (28) sobre a viagem do governador à Itália,o evento em Roma teve a participação de cerca de 100 empresários e não de mais de 150.”
Era uma correção rotineira, de uma notícia divulgada poucos minutos antes. Nada fora do comum. Mas é claro que fiquei curioso.

E ontem peguei uma das fotos distribuídas pelo governo (essa aí de cima), para ver se, de fato, tinha 100 empresários. Malino como sou, ampliei a foto no monitor o máximo que deu, pra ver se dava pra contar os presentes (para ampliar aqui, é só clicar sobre a foto).

De cara, vi que a Dona Ivete estava lá. E o Galina, da SDR de Florianópolis (ou alguém muito parecido com ele). E, roendo unhas, o ex-secretário da Fazenda, Felipe da Luz, diretor da Sadia. E mais uns tantos que não sei o nome, mas que, pelo “pin” (broche) com as bandeiras de Santa Catarina e da Itália, devem ser membros da comitiva brasileira. Aliás, só a comitiva já lotaria uma sala como essa, da embaixada brasileira.

Contei duas vezes e mesmo levando em conta que, no cantinho que ficou de fora da foto esteja uma porção de gente, difícilmente haverá mais de 60 presentes. No momento da foto, os 100 empresários (italianos?) para quem LHS fez uma palestra sobre oportunidade de investimentos em Santa Catarina talvez ainda não tivessem chegado. Ou então já tivessem saído.

E qual é a importância disso? Nenhuma. Não faz muita diferença que o LHS tenha falado para 20 ou para 100 empresários italianos. Afinal, o importante é que Santa Catarina está, mais uma vez (é verdade que só este ano já é a quarta viagem?) mostrando ao mundo seu potencial.

Como diria o MasterCard:

– Levar a comitiva de deputados, prefeitos e servidores públicos à Europa: alguns milhares de reais;

– Preparar recepções, contratar salgadinhos e som para os encontros no estrangeiro: outros milhares de reais.

– Ver o prefeito Morastoni (PT) e o ex-prefeito Jandir Belini (PP) passeando em Roma de mãos dadas: não tem preço!

PAI SORTUDO
Quando a filha do LHS estava estrelando um show musical, numa tournê nacional, o governador sempre tinha a sorte de seus compromissos administrativos o levarem às cidades dos espetáculos justamente nos dias em que ela se apresentava. Juiz de Fora, Goiânia, São Paulo, Brasil afora, sempre numa coincidência danada. Mas LHS, além de pai atencioso, é também um sujeito de muita sorte e consegue estar no lugar certo na hora exata.

Pois agora não foi diferente. O Cacau Menezes, no Diário Catarinense, publicou ontem a seguinte nota:
“Esta é exclusiva: governador Luiz Henrique da Silveira aproveita a sua nova viagem à Europa para acompanhar o casamento da sua filha, Márcia Mel, na Itália. O noivo, que ela conheceu em Floripa, é chef de cozinha.

Aliás, não são poucos os cozinheiros europeus que estão se casando com mulheres catarinenses. Alguns se conheceram pela Internet.”
Não entendi direito o que é que o segundo parágrafo tinha a ver com o casamento da filha do governador, mas o importante é que, no próximo final de semana, quando boa parte da comitiva viaja para Portugal, LHS e dona Ivete (que, como vimos naquela foto ali também está por lá), ficam na Itália para o casamento da filha. Por coincidência, novamente os compromissos oficiais do LHS o levaram para perto da filha. É, de fato, um pai sortudo.

O palácio, digo, o Centro Administrativo, faz questão de esclarecer que o compromisso social de LHS é extra-agenda, cumprido com recursos próprios, num final de semana, sem comprometer as atividades previstas.

INTERIOR ADENTRO
Embalado por aquela “conversa municipal” publicada aqui ontem, o jornalista Luiz Lanzetta, residente em Brasília, mas leitor assíduo do DIARINHO, mandou o seguinte e-mail:
“Jovem, a propósito da nota sobre a penetração pelos interiores e recônditos catarinenses, devo lamentar não ficarem por aí localidades como Curralinho, Ponta Grossa, Analândia, Campo Largo e Rolândia. Precavido, recolho-me a Não-Me-Toque...”
NOMÍNIMO FECHOU
O NoMínimo era um site de jornalismo e jornalistas, que publicava notícias, comentários, crônicas. Fechou ontem e anunciou sua “morte súbita” com uma “nota de falecimento”, onde explica que morre “vítima de inanição financeira decorrente do desinteresse quase geral de patrocinadores e anunciantes em sua sobrevida na web. NoMínimo deixa órfãos cerca de 150 mil assinantes entre os mais de 3 milhões de visitantes que, em média, se habituaram a passar por aqui todo mês nos últimos 5 anos.”

O fechamento de um site com o tamanho e a qualidade do NoMínimo equivale ao fechamento de um jornal. A gente tem que ficar triste e preocupado, porque é um canal a menos para difusão de informação, idéias e debates.

A falta de uma forma eficiente para financiar o jornalismo de qualidade assume, a cada dia, cores mais dramáticas e assustadoras.

O MAL DA GRAVATA
O Mário Gentil Costa (MaGenCo) é médico em Florianópolis. Muito conhecido e respeitado, é uma das figuras tradicionais da cidade. De uns tempos para cá, tem publicado, num blog, seus escritos, comentários e desenhos. Até já o recomendei aqui, como um dos meus endereços preferidos da internet (magenco.blog.uol.com.br).

Esta semana ele publicou um artigo bem interessante sobre médicos que usam gravatas no trabalho, com este título: “O mal da gravata”. Conta que leu, numa revista médica catarinense, o artigo “Doutor de gravata pode estar mal acompanhado”, de autoria do neurocirurgião Cezar Zillig, de Blumenau. Zillig fala dos “riscos de contaminação dos ambientes hospitalares por germes habitualmente presentes em gravatas”.

E o Magenco complementa, concordando com a tese do colega:
“gravatas são, a rigor, o único elemento do vestuário que não é lavado. E são constantemente manuseadas pelo usuário, tanto ao vestir-se quanto no ato involuntário e quase automático de ajustá-la ao colarinho. Então, de que adiantam um jaleco e uma camisa trocados diariamente, imaculados em sua brancura asséptica, se a gravata estiver contaminada?”

IMAGEM NO EXTERIOR
A revista The Economist desta semana tem uma reportagem sobre o Lula ilustrada com o desenho acima e com o título bem maroto (com rima e tudo): “Lazy, hazy days for lucky Lula” (algo como “Dias preguiçosos e nebulosos para o Lula sortudo”).

A revista mostra que Lula navega num mar de tranqüilidade, cercado de escândalos por todos os lados e fustigado por uma imprensa lida por muito poucos. Afinal, o maior jornal, (Folha de S.Paulo) vende 300 mil exemplares num país de 190 milhões de habitantes.

Para ler a matéria (em inglês), clique aqui.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Sexta

Uma pedra bilionária no sapato do governo
Acho que a maioria de vocês nunca ouviu falar da Invesc. Quando foi criada, no governo Paulo Afonso, foi saudada como obra prima da engenharia financeira. A salvação da lavoura. Tratava-se, em resumo, de captar dinheiro, dando em troca debêntures. No caso, davam como garantia pedacinhos da Celesc.

Foram colocados no mercado 10 mil desses papéis e captados, na época, se minhas fontes não estão enganadas, uns R$ 100 milhões. A lei que criou a Invesc, aprovada na Assembléia, dizia que o dinheiro deveria ser aplicado em obras, no estado. Os deputados chegaram a relacionar quais as obras que deveriam receber a grana.

Há quem diga que nenhum centavo foi aplicado nessas obras. Bom, mas perto do que aconteceu depois, isso nem é tão importante. O que aconteceu foi que o governo não resgatou os papéis, que tinham sido comprados por fundos de pensão (cerca de 80% deles estão nas mãos do Previ, que é o fundo dos funcionários do Banco do Brasil) e a coisa saiu de controle.

ENTREGAR A CELESC?
Com os juros, o valor desses debêntures foi crescendo. Alguns credores entraram na Justiça tentando cobrar. Em 2004, quando foi feito um levantamento sobre a situação, apurou-se que seriam necessários R$ 1 bilhão, 21 milhões e uns trocados para poder resolver o caso.

O caso só tem uma solução: paga e não bufa. Bom, a outra saída não pode ser considerada como “solução”: entregar a Celesc, ou parte dela, a quem a “comprou”. Foi justamente por causa desse risco que o conselheiro Moacir Bertoli, do Tribunal de Contas do Estado, na sessão de julgamento das contas do governo, falou, de forma até emocionada, que era preciso evitar que a Celesc deixasse de ser uma empresa catarinense. Ou, pelo menos, controlada por catarinenses.

E AGORA, SÉRGIO?

O secretário da Fazenda, Sérgio Alves, começou uma conversa com os credores, para demonstrar a boa vontade do governo em solucionar o impasse. Por um lado, livrar-se dessa pedra no sapato ajudaria muito Santa Catarina a recompor sua capacidade de captar recursos, de endividar-se. Por outro lado, mesmo que os valores necessários fossem o que eles admitem publicamente (cerca de R$ 800 mil), é muita grana para um caixa praticamente vazio.

Um governo que precisa, urgentemente, da graninha que o governo federal vai liberar em pagamento pelas contas do BESC, não pode nem pensar em gastar tantos milhões. A Fazenda se diz otimista. O secretário afirma, sem entrar em detalhes, que tem como encaminhar uma negociação, uma vez que os pagamentos não precisam ser obrigatoriamente em dinheiro vivo. A oposição teme que seja criada outra Invesc, para cobrir o rombo da anterior. Ou que seja entregue algum outro patrimônio do estado para acalmar os credores.

O enredo é complicado, os personagens são meio sem graça, mas esta é uma novela que todo catarinense deveria acompanhar.

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CONVERSA MUNICIPAL!

No meio daquelas coisas que são repassadas todos os dias por e-mail encontrei este texto, que, pra variar, não faz menção ao autor (ou autora), mas que é bem divertido (e até um pouco picante). Reproduzo aqui, pra gente se distrair um pouco.

Ah, pra quem não conhece muito bem o estado: os nomes em negrito são de municípios catarinenses. Em itálico, outras localidades.
O Abelardo Luz estava conversando com o Coronel Freitas, numa festa da Dona Irani, esposa do seu Dionísio Cerqueira, quando contou-lhe o seguinte episódio: estava eu em um Novo Horizonte da vida, resolvi sair para um Descanso. Sentado à porta de um Barracão, deparei-me com uma Formosa menina, que se aproximava.

Agradeci a Santa Terezinha, que Progresso. Fiquei no Paraíso, mesmo estando no Sul do Brasil. Pensei comigo mesmo, Quilombo! Não suportei. Ela estava Lindóia, fui abrindo suas lindas perninhas para contemplar sua Anchieta, que Maravilha aquele Capinzal, que Riqueza ter na frente uma Princesa. E com a ponta dos dedos comecei a tocar o seu Vargeão, que Campina da Alegria!

Quase Caíbi de costas quando senti um calor no Pessegueiro. Ah, foram aquelas Águas Mornas.

Ela queria dinheiro mas eu estava sem Pratas, nem Ouro. Pensei: ela não Concórdia comigo, mas lhe disse “vamos lá naquele Arvoredo”. Vai ser ali, Entre Rios, com a Ponte Serrada. Rolamos então por uma Serra Alta até encontrar uma Vargem Bonita. Com delicadeza, acariciei a Iraceminha. Recebi um tapa na orelha, PAIAL!!!

Ela voltou-se e disse-me: “tire a Mondaí!” E deu um Saltinho. Não me intimidei e botei sua mão no meu Tigrinho e perguntei: Chapecó? E ela responde: Xaxim! E completou: “tens um Palmito que é um Modelo!”

Pensei: “Seara que ela tá falando a verdade?” Fui acariciando seu Belmonte, ela ajeitou-se e ficou com a Cordilheira Alta. Fui introduzindo o Guatambú na Ilha Redonda. Iporã para todo Oeste. Naquela época eu era um Araçá. Rezei a Santo Antônio para casar.

Hoje não passo de um Erval Velho e só me restam Saudades...

Itá encerrado o assunto!

DESCENTRALIZANDO...
A Secretaria de Estado da Infra-Estrutura distribuiu à imprensa uma nota, informando que o prefeito de Iraceminha (lá do extremo Oeste), acompanhado de dois vereadores, teve audiência com o presidente do Deter, em Florianópolis, para pedir auxílio para a instalação de abrigos nos pontos dos ônibus.

O presidente do Deter disse que vai levar o pedido para ser examinado no Conselho Administrativo do órgão, “que deverá definir as liberações de convênios e próximas ações do DETER”. E recomendou que o pedido também fosse “enviado à Secretaria de Desenvolvimento Regional de Maravilha para apreciação no Conselho de Desenvolvimento”.

Pelo jeito, neste caso, fez bem o prefeito em vir a Florianópolis. Afinal, tem uma instância no Deter que define o que deve ser atendido no estado todo. E aí, a passagem no Conselho da SDR, aparentemente, é mais pro forma, pra cumprir uma etapa burocrática e inócua.

O GRANDE DEBATE
Sem que se dirijam diretamente um ao outro, está estabelecido um grande e interessantíssimo debate no seio (seio? vá lá!) do governo. De um lado, o ministro Hélio Costa, das Comunicações, defendendo, ou pelo menos encaminhando favoravelmente, as reivindicações de emissoras e produtoras internacionais de conteúdo, para bloquear gravações na TV digital (coisas que até os norte-americanos podem fazer, não nos permitiriam, para garantir o “copyright”).

Do outro, o ministro Gilberto Gil, da Cultura, que conduz um Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, com a participação de gente de primeira linha de vários países, defende que hoje é preciso ter maior flexibilidade nessa questão de direitos autorais. É uma discussão atualíssima e importante, mas temo que, no governo, o Hélio Costa, que sabe transitar pelas picadas da política tradicional, cheias de armadilhas e portas secretas, acabe por fazer valer a posição de seus apoiadores.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Quinta

SOCORRO, LULA!
A senadora Ideli Salvatti está envolvida até o pescoço com a operação de salvamento do Renanzinho das Alagoas. Segundo se lê nos jornais, foi ela que levou a Lula o apelo/ameaça do presidente do Senado: o PMDB abandonaria o governo no Senado se o governo o abandonasse.

Ontem, num encontro de 40 minutos, no Palácio do Planalto, Lula e Renan colocaram as conversas em dia, naturalmente sem o tom de chantagem contido no recado mandado pela senadora Ideli. E ficou acertado que o governo e o PT irão se empenhar ainda mais para ajeitar as coisas.

Lula pode se dar ao luxo de dar uma mãozinha para aliados enrolados porque, como as pesquisas mostram, nada o atinge. É uma espécie de super-homem da política, com uma roupa de teflon anti-aderente.

ESSE PSDB...

Depois de se acertar com Lula, o travesso Renan fechou um esqueminha maneiro com os tucanos. Ou pelo menos com a parte do PSDB que responde pelos nomes de Arthur Virgílio, José Serra e Aécio Neves. Se o leitor ou a leitora imaginava que caberia ao PSDB um papel de oposição, pare de imaginar coisas. Eles estão fechadíssimos com o Renanzinho.

Os senadores, de uma maneira geral, estão solidários com o drama de Renan. Muitos deles têm cachos, teúdas, manteúdas, que passaram a exigir correção da tabela de pensões e auxílios em geral, levando em conta o índice Mônica.

E muitos têm, com empresas dos vários setores que acompanham o Congresso (não são só empreiteiras que mantém lobistas em Brasília e se preocupam com alterações na legislação), relações igualmente complicadas. Por isso é tão fácil para eles entender as justificativas do imprudente Renan. Pra nós, aqui na planície, é um pouco mais difícil.

ESSE PAVANELLO...

Se tem um sujeito, no governo catarinense, que parece que gosta de levar cascudos do LHS, é o tal de Cacá Pavanello (DEM), da Fesporte. Depois de levar um puxão de orelhas por dizer que não recebe petista, mandou convocar (sim, convocar) servidores das 36 Secretarias Regionais para uma reunião, no início de junho, em Florianópolis, poucos dias antes do LHS conseguir reunir suas dezenas de secretários.

A tal convocação está no Diário Oficial do Estado de 22 de maio. Achei estranho não só o tom imperial, mas o fato de um diretor, de um órgão subordinado a uma secretaria, ter poder para mandar em funcionários de outras secretarias. Ao que tudo indica, o secretário Gilmar Knaesel (PSDB) foi atropelado.

BLOQUEIO DIGITAL
A implantação da TV digital no Brasil é uma briga de foice no escuro e se recomenda às famílias tirarem as crianças da sala quando forem se informar sobre o que anda acontecendo.

Tal como na época do estabelecimento da legislação para a TV a cabo, os grandes interessados estão pressionando o ministério das Comunicações (que não por acaso está nas mãos do Hélio Costa, ele próprio dono de emissora de TV) e até a presidência da República.

O lance mais recente é a discussão se as emissoras poderão ou não impedir que o telespectador grave o programa que quiser. Obedecendo às pressões dos grandes estúdios, as emissoras estão pressionando o restante do governo (Hélio Costa apóia a pretensão das emissoras), para que a gente tenha, em casa, um decodificador que impeça a cópia dos programas. Pode assistir, mas se quiser gravar pra ver depois ou pra mostrar pra alguém, não pode. Acham que, desta forma, impedirão a pirataria.

TÁ CARO!
O Congresso é um dos fundamentos da democracia. Ruim com ele, muito pior sem ele (só depois de ter escrito isto vi que o Fernando Rodrigues tinha usado a mesma frase ao falar sobre este assunto, aqui). Mas o levantamento que a ONG Transparência Brasil fez deveria levar os deputados e senadores a pensar um pouco melhor sobre o que estão fazendo.

A pesquisa comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal. E dividiu pelo número de habitantes, para descobrir o quanto custa pra cada brasileiro: R$ 32,49.

Em valores absolutos, o Brasil está em terceiro lugar (atrás de Estados Unidos, Itália e França). Mas se levar em conta o peso no bolso (afinal, o salário mínimo e a renda per capita são diferentes), o Brasil é campeão: tem o Congresso mais caro. Coitados de nós.

A CELESC E O VERDE
A Celesc está contratando, por dispensa de licitação (lógico!), a Fundação Parques e Jardins do Município do Rio de Janeiro, para transferência de tecnologia em “gestão do verde urbano”.

Se Santa Catarina não tivesse paisagistas, especialistas justamente no tal “verde urbano”, reconhecidos nacionalmente, talvez fosse justificável ir aprender com os cariocas. Mas aqui tem até profissionais com teses de mestrado em paisagismo (na UFSC) que a Celesc poderia permitir que a ajudassem (caso, naturalmente, tivesse interesse em abrir uma concorrência).

Bom, decerto a Celesc quer aprender o jeito carioca de podar as árvores para que elas não atrapalhem seus postes e fios. Ou como tirar as árvores do caminho sem levar uma bala perdida.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Quarta

[Para ver melhor o que está escrito, clique na foto que se abre uma ampliação]

LULA NAS NUVENS
Saiu mais uma pesquisa CNT/Census e novamente os jornalistas debruçam-se sobre os resultados, como se uma pesquisa genérica como essas que de tempos em tempos a Confederação Nacional dos Transportes compra de algum instituto e publica, fosse um oráculo infalível.

Uma confederação patronal não iria gastar dinheiro (e um dinheirão) numa pesquisa nacional, se isso não fosse uma ferramenta política. Imagino que os resultados mostram se os empresários devem ir pra cá ou pra lá.

Não tenho formação em estatística nem estudo suficiente para fazer uma crítica séria a esta ou qualquer outra pesquisa. E até acredito que ela possa medir com razoável acerto algumas coisas. Parece que ninguém contesta o fato de Lula ter melhor imagem que seu governo. E da maioria da população não fazer uma ligação precisa entre ele e o que acontece (de ruim) no País.

Uma parcela mínima da população lê jornal. Cidades como Itajaí e Balneário Camboriú, onde cerca de 10% da população compra diariamente um jornal (o DIARINHO!) são raríssimas. Um número muito pequeno assiste – e entende – noticiário de televisão.

Portanto, um presidente simpático, que fala de um jeito familiar, um sujeito simples que “chegou lá” e se preocupa com os mais pobres (como ele próprio diz, e a turma acredita), será sempre melhor que outros desconhecidos que falam de um jeito esquisito.

CENÁRIO SUPERFICIAL
Algumas das indagações da pesquisa prestam-se (e já começaram a servir a isso) a interpretações apressadas e, a meu ver, equivocadas.

A pergunta sobre “censura prévia na TV” é um exemplo típico. Censura, para a geração que viveu durante a ditadura, tinha um significado mais concreto e negativo. Agora, passados tantos anos, não é de espantar que a população queira ter alguma defesa contra as barbaridades que são mostradas na TV. Por isso, os 58% que aceitaria que alguém visse antes o que a TV quer apresentar e fizesse uma seleção, não pode automaticamente servir para afirmar que a maioria dos brasileiros é a favor da censura. Mostra, antes, que as emissoras de TV estão passando dos limites e que o telespectador comum sente-se impotente para dizer-lhes o que gostaria de ver e o que não quer que seja mostrado.

CAOS? O QUE É CAOS?

Outra questão cheia de armadilhas da pesquisa é a pergunta sobre os problemas dos aeroportos e do controle aéreo, que na pesquisa aparecem como “apagão aéreo”. Levando-se em conta a parcela da população que viaja de avião, até que o brasileiro está razoavelmente informado: 31,4% ouviram falar sobre o problema.

E aí, para estes, a pesquisa pergunta se “o governo tem ou não condições de resolver a crise no curto prazo”?

Isso até parece aquelas perguntas idiotas e sem sentido que os sites de jornais colocam, para simular uma interatividade, a “participação do leitor”. Ora, até mesmo alguém que acompanhe de perto as ações do governo teria dificuldades para responder sim ou não a este tipo de dúvida. É claro que aqueles que confiam no governo dirão que sim, os que duvidam, dirão que não. E esse resultado não acrescenta nada.

O povo, ao contrário do que geralmente se pensa, tem lá suas sabedorias. Quando fizeram outra pergunta complicadíssima, “o controle aéreo deve ser civil ou militar?”, houve uma divisão meio-a-meio. Claro, à primeira vista, tanto pode ser um como outro. Ninguém tem informação suficiente para se posicionar com um mínimo de seriedade. É o estímulo ao chute.

E, quando perguntam se a pessoa foi prejudicada pelo “apagão” ou conhece alguém que foi, deu a lógica: 67% responderam não. Problema de aeroporto não é – e isto é o óvio ululante – problema pessoal da maioria.

E aí está outra armadilha: é, apesar disso, um problema que deve preocupar a todos. As empresas catarinenses que exportam (e já penam com o real supervalorizado) precisam sair à cata de novos clientes, visitar mercados e têm grande prejuízo adicional quando seus representantes e executivos perdem conexões. Sem falar no desgaste pessoal. E para os setores que estão aquecidos justamente por causa do dólar baixo, ir aqui e ali, fechar negócios, prospectar mercados, vender e comprar, passou a ser uma tortura.

Era fácil e possível um florianopolitano pegar o avião cedo, ir a reuniões em São Paulo e voltar no final da tarde. Hoje é mais prudente ir na véspera e dormir em São Paulo, para não se arriscar a sair no mesmo dia e perder a hora. Com este custo, em dinheiro e agilidade, o País, como um todo, perde empregos, competitividade e ânimo.

O IPESC E O TCE
O presidente do Ipesc, Demetrius Hintz, chama a atenção para um detalhe importante, naquela decisão do Tribunal de Contas do Estado, sobre a contratação da Fepese, que eu comentei aqui no final de semana.

Ele conta que, desde que começaram a estudar a forma de cobrar algumas dívidas, que o próprio Ipesc e seu pessoal não têm como cobrar, tentou se cercar de todos os cuidados, para fazer a coisa certa. Pediu pareceres da procuradoria do estado e dos procuradores junto ao Tribunal de Contas. E finalmente, antes de fazer qualquer pagamento à empresa, mandou a papelada ao Tribunal de Contas, para exame.

E aí levou um susto quando o Tribunal tascou-lhe uma multa e mandou suspender os pagamentos e o convênio. Como se não tivesse havido, por parte do Ipesc, interesse em saber se o procedimento estava correto e eles tivessem pego o Demetrius com as calças na mão. Ele vai, é claro, recorrer.

SIMBAD, O NÁUFRAGO

O senador Simbad, digo, Sibá Machado, abandonou o barco. Sem presidente e sem relator, a nau sem rumo da comissão de ética do Senado discute hoje se muda seu nome para “comissão aética”. Havia dúvidas se iria sair uma margherita, aquela tradicional, de mussarela e tomate, ou uma mais apimentada, à calabreza, que é aquela feita depois de uma discussão mais acalorada. Mas parece que, pra não esfriar, a pizza do Renan só vai pro forno depois das férias.

Agora vão preparar a do Roriz.

LHS 56 X 37 LULA
O Ponticelli (PP) mandou carta ao Alckmin (que criticou os 37 ministérios do Lula) lembrando-o que o LHS (com 56 secretarias) ganha de goleada.

FUJAM DO JORNALISMO
Peguei esta no blog do Noblat (www.noblat.com.br) e assino embaixo:
“Apagão aéreo, Vavá, Marta Relaxada e Gozadora, PAC em câmera lenta, Mangabeira arrependido... Nada cola no Lula, o Super-Teflon. O que prova a absoluta irrelevância da imprensa, dos jornalistas, dos colunistas, dos blogs. Vou abrir uma pizzaria.”

(Confissão de um veterano e desalentado jornalista, que, inspirado no grande Sibá, desrecomenda a profissão. Para não perder o emprego, ele prefere se manter no anonimato.)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Terça

VAI COM DEUS, AMIGO!
No sábado morreu o repórter-fotográfico Olívio Lamas. Premiado, elogiado, respeitado nas principais redações do País, escolheu Santa Catarina para morar na década de 80, instalou-se na Lagoa de Ibiraquera, perto de Garopaba, e aí ficou. Petista de coração, foi fotógrafo de campanha do Lula em 2002. Depois que Lula virou presidente, não quis ir pra Brasília, não quis usufruir das benesses do poder.

Conheci-o pouco depois de ter chegado, em 1988, quando tinha essa cara aí. Levei-o para o jornal O Estado, trabalhamos algum tempo juntos e, de lá pra cá, só mantivemos contatos esparsos. Há alguns meses, fiz uma materinha, na revista da Pesca, Navegação e Lazer, sobre uma das exposições dele, “Reflexos”. As duas fotos acima faziam parte dessa mostra.

Quem não conhecia o Lamas pode ter uma idéia um pouco melhor de quem era esse personagem e da sua importância, lendo o texto escrito por Celso Martins para a revista Mural (publicado no nº 27, de março de 2007), que está disponível no site do Sindicato dos Jornalistas (www.sjsc.org.br).

No site de notícias do Artur Monteiro (www.digitalabc.com.br), estão alguns depoimentos de amigos. E um texto da jornalista Sibyla Loureiro, contando como foi o enterro, emocionante e concorrido, no domingo (clique aqui para ler).

O Lamas era, fundamentalmente, um repórter. Contava suas histórias com imagens, mas sempre apaixonadamente. Estivesse ele num bar, na rua, na sua kombi, onde fosse, estava sempre “trabalhando”. Sempre tinha uma sugestão de pauta na ponta da língua. Várias vezes me ajudou, aqui na coluna, chamando a atenção, por telefone ou pessoalmente, para fatos que podiam render uma nota. Sempre com o olhar crítico que é a marca dos grandes repórteres.

Tenho certeza que aqueles que tiveram a ventura de conhecê-lo, seja por terem trabalhado com ele ou apenas por terem compartilhado uma mesa (ou um balcão) de bar, manterão sua lembrança viva. Fará enorme falta.

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DESCENTRALIZAÇÃO?

Falei aqui há alguns dias sobre a inacreditável e milionária aquisição de assinaturas de jornais pela Secretaria da Educação e o DIARINHO fez matéria sobre o assunto na edição de final de semana.

Ali, mostra que o instrumento legal que permitiu a aberração, nasceu bem intencionado. Dizia que as escolas estaduais deveriam fornecer aos alunos, acesso a jornais locais e regionais. Em algum momento das rusgas de amor entre o governo e a RBS, “locais e regionais” foram transformados, na cara-dura, em “estaduais”.

Que bela descentralização, essa, que entupirá, ao custo de R$ 2 milhões, as escolas com dois jornais estaduais, em detrimento dos tais “locais e regionais”. E, pelo silêncio de todos os prejudicados (todos os jornais locais e regionais do estado, que somam algumas dezenas, mais as pessoas e entidades preocupadas com a disseminação de uma fonte de informação única e uniforme), tem-se a impressão que estão todos com medo. Ou então não se deram conta da monstruosidade do ato praticado pelo governo.

AS CONTAS DE 2006

No blog do Vieirão (vieirao.com.br), o Vitor Santos (que, como o ex-deputado Vieirão, é ligado ao PP), mostra algumas pérolas que ele catou no Relatório do Tribunal de Contas, sobre as contas do governo LHS/Dr. Moreira, em 2006. Alguma coisa eu já tinha comentado aqui, mas transcrevo outros itens:
PROPAGANDA É O MÁXIMO
“… as despesas em Funções de Governo importantes como Judiciária, Assistência Social, Trabalho, Habitação, Gestão Ambiental, Ciência e Tecnologia, Comércio e Serviços e Desporto e Lazer, foram menores do que o aplicado com serviços de publicidade e propaganda” [R$ 48,37 milhões].

MORADIA E ESGOTO NÃO SÃO PRIORITÁRIOS
“… os vultosos dispêndios das Empresas Estatais com assistência médico-odontológica de seus empregados e dependentes, foram, no exercício de 2006, 235% superiores ao que a COHAB investiu em moradias e 25% superiores ao que a CASAN investiu em saneamento básico”.

SUBVENÇÕES GARANTIDAS
… durante o exercício de 2006 houve preocupação por parte do Poder Executivo em contigenciar os gastos da máquina administrativa …[decretos 4000/06 e 4688/06], entretanto, tais decretos não afetaram a concessão de Subvenções Sociais”.
“…as Subvenções Sociais repassadas à entidades privadas sem fins lucrativos equivalem a 21,37% dos Investimentos realizados pelo Estado”… em 2006.
[Essas subvenções geralmente são concedidas a pedido dos deputados estaduais]

ORÇAMENTO REGIONALIZADO EM BAIXA
“Os programas e ações priorizadas pela população de Santa Catarina no Orçamento Estadual de 2006 [o tal Orçamento Regionalizado] deveriam consumir somente 1,71% da Despesa Total Realizada pelo Estado. Apesar disso, o governo contingenciou [bloqueou] esse mínimo, realizando despesas de R$ 24,26 milhões, correspondente a 0,31% da Despesa Orçamentária Total”.

EDUCAÇÃO SUPERIOR PELA METADE
“… para cumprir o estatuído no artigo 170 da Constituição Estadual, o Estado deveria destinar às Fundações Educacionais, em 2006, pelo menos R$ 55,17 milhões, porém, os demonstrativos da execução orçamentária revelam que o Poder Executivo empenhou somente R$ 28,25 milhões, ou seja, o equivalente a 51,21% do valor legalmente definido”.
LÁ VAI LHS DE NOVO!
O governador parte amanhã para mais uma dificílima e importantíssima missão oficial, na Itália e em Portugal, com numerosa comitiva. Arrivederci!

sábado, 23 de junho de 2007

Sábado, domingo e segunda

AVISO AOS VIAJANTES, digo LEITORES: O CONTROLE DE VÔO DESTA COLUNA RESOLVEU FAZER UMA GREVE, digo “OPERAÇÃO PADRÃO” EM PROTESTO, EM SOLIDARIEDADE E PORQUE É DIVERTIDO. POR ISSO HOJE AS COISAS ESTÃO UM POUCO BAGUNÇADAS E ATRASADAS. MAS NÃO ESQUENTEM, É O PREÇO QUE SE PAGA PELO SUCESSO. O NEGÓCIO É GOZAR E RELAXAR.


(Cá entre nós: na verdade, a bagunça gráfica é mais visível no jornal. Aqui, como eu não sou programador e meu filho programador não quer saber de trabalhar de graça para o velho pai, não estará tão desorganizado como os aeroportos. Mas a culpa, certamente, é dos controladores em greve. Como muitos já sabem, para ver melhor qualquer foto, é só clicar sobre ela que se abre uma ampliação)


ESSES SENADORES...
No O Globo Online estava escrito que “O Ibama em Mato Grosso multou ontem o senador Jaime Campos (DEM/MT) por crime ambiental. A multa chega a R$ 3 milhões”.

Na revista Época deste final de semana está dito que o senador Joaquim Roriz (ex-governador do DF) será investigado porque teria participado de uma estranha repartição de dinheiro (coisa pouca, uns R$ 2 milhões) no escritório do presidente da Gol, em Brasília.

O presidente do Senado, que continua presidindo como se não estivesse sob suspeita, engatou uma marcha lenta. A estratégia, segundo avaliam os colunistas que acompanham o caso de perto, é atrasar o que puder. Com isso, as notícias vão rareando, a pressão diminui e a pizza poderá ser servida sem constrangimentos.

Lugarzinho bem animado, esse nosso Senado da República, né? Tem sempre alguém tendo que explicar alguma coisa. Sorte que a senadora Ideli está lá, atenta, enérgica e disposta, para colocar as coisas nos seus devidos lugares. E dar bons conselhos aos amigos em dificuldades.




Senhoras e senhores leitores, a nota que deveria começar aqui, no alto desta coluna, terá um atraso de aproximadamente duas horas. Por motivo de segurança, já que houve um problema de comunicação no msn, uma pane no word e um desligamento do mp3, as notas estão saindo com espaço de sete minutos entre uma e outra. E, na frente desta nota tem uma fila de 25 notas esperando o momento da publicação. O jornal pede desculpas pelos problemas involuntários e aconselha a todos que escolham um cantinho escuro e macio para poder seguir o conselho da ministra do Turismo. Obrigado.





CAOS AÉREO
O jornalista Ricardo Noblat, que tem um dos blogs de política mais lidos do país, resumiu bem a questão. Acho que algum leitor deve ter comentado que ele, nos últimos dias, tinha se ocupado principalmente das agruras de Renan e aí ele publicou esta nota, sob o título “Tenho dito”.
“Dizer o quê sobre o caos nos aeroportos?

Que o governo havia sido avisado sobre a iminência dele desde o início de 2003 e que nada fez?

Que pouco ou nada fez desde que ele se instalou há quase um ano?

Que primeiro desautorizou a hierarquia militar mandando o ministro da Defesa negociar diretamente com os controladores, depois tentou restabelecer a hierarquia tirando o ministro de cena, para mais adiante por meio do ministro do Planejamento se render diante dos controladores e, mais tarde, dar o dito pelo não dito e devolver o problema aos militares?

Bem, é isso aí. Tenho dito.”


CAOS AÉREO 2
O comandante da Aeronáutica fez ontem um discurso duro, que bem poderia ter sido feito no primeiro amotinamento dos sargentos/controladores. Não tanto pelo conteúdo punitivo, mas principalmente pela parte que começa a esboçar algum tipo de encaminhamento para uma solução.

Todos sabem (ou deveriam saber) que o problema do controle aéreo não tem soluções de curto prazo. Para formar um (bom) controlador leva de três a quatro anos. Portanto, mesmo se tudo der certo daqui pra frente e se o governo fizer direitinho seu dever de casa, em 2010 o caos aéreo ainda será tema da campanha eleitoral.



OUTRA DO TCE
Agora o Tribunal de Contas mandou o Ipesc anular um contrato feito com a Fepese (a fundação do centro sócio-econômico da UFSC) sem licitação. A turma ia ganhar um percentual da graninha que conseguisse levantar das dívidas do Regime Geral da Previdência. Assim não dá, desse jeito, com a lei ambiental de um lado, o TCE de outro e a PF e o MP na pirotecnia, o estado não vai conseguir avançar em direção ao seu futuro radiante e próspero. Para que o Ipesc não se sentisse muito só, o TCE lembrou que a prefeitura de Joinville já cometeu deslize semelhante e também teve que anular a contratação.


PISARAM NA BOLA?
Alguma coisa errada ou estranha aconteceu no episódio da demissão dos temporários da Saúde para contratação dos efetivos, concursados. O que deveria ser uma transição tranqüila, um passo a ser comemorado (não é isso que todos pedem, em todas as áreas, todos os anos?), virou uma história mal contada de leitos fechados pela direção do hospital, reabertos pela secretaria e demissões longe da data de contratação.

Ninguém gosta de perder uma boquinha. Seria de se esperar que os servidores temporários (que já se achavam permanentes) esperneassem. Portanto, manda qualquer manual básico de recursos humanos, que alguém cuide dessa possibilidade. Os hospitais não estão com excesso de gente (gente que trabalha e não faz corpo-mole, digo) e portanto, a troca de pessoal deveria ser igualmente administrada com cuidado. Qualquer um que sai faz falta.

Só que às vezes tem-se a impressão que tem gente, em vários setores e níveis da administração pública estadual que, das duas, uma: ou não entende do riscado, tá ali só ocupando vaga, ou quer mesmo que a coisa “exploda”.
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Ontem foram presas 24 pessoas, no oeste, acusadas de sonegação fiscal. Entre os envolvidos, fiscais da Cidasc, que punham em risco o esforço para mostrar que SC cuida adequadamente das suas fronteiras. A coisa tá mesmo muito feia.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sexta

DO QUE LULA RI?
Mesmo que, pessoalmente, Lula tenha motivos de sobra para estar às gargalhadas, deveria pensar um pouco na imagem institucional da Presidência da República e conter-se um pouco.

Lula, sempre que se encontra com um de seus dois queridinhos, o governador do Rio, Sérgio Cabral e o governador de Minas, Aécio Neves (com quem está na foto acima, tirada ontem, em Belo Horizonte), derrete-se e ri como se tivesse voltado a ser moleque. Piadinhas, anedotas, chistes, facécias, sabe-se lá o que conversam, mas o fato é que em muitas fotos o presidente aparece com os dentes à mostra.

Não acho que fechar a carranca seja sinal de seriedade nem acredito naquele velho ditado do “muito riso, pouco siso”. Acho que todos nós trabalhamos e vivemos melhor com bom humor. Rir é bom, faz bem. Não sei se é o melhor remédio, mas ajuda bastante a levar a vida.

O problema, portanto, não é que o Lula ria. É que o Presidente da República apareça rindo na hora errada. Ontem, por exemplo, por mais alegre que o Lula estivesse por rever seu amigão e provável sucessor, o Presidente tinha nas mãos problemas imensos, crises verdadeiras, concretas, a maioria delas completamente sem graça.

CRISE 1: O ADÚLTERO
É perfeitamente plausível que as risadas da foto acima tenham ocorrido quando os dois amigos comentaram algum aspecto do rolo em que o presidente do Senado está metido. Renan Calheiros contaminou o Congresso e o Senado com as circunstâncias da sua aventura extra-conjugal. Não é, como pode parecer, um problema do Renan. Não é um problema apenas do Senado. É uma crise política grave, porque envolve alguns dos principais aliados do governo. Porque enfraquece ainda mais o parlamento diante da opinião pública. Porque tem ingredientes comuns à crise geral de imoralidade dos homens públicos.

É fato que, quando o Legislativo se desmoraliza, abre espaço para que o Executivo torne-se mais forte. Talvez Lula também esteja rindo disso. Porque acha que só tem a ganhar com a crise provocada pelo senador promíscuo.

CRISE 2: DESCONTROLE
Desde seu início, há vários meses, a crise no controle do espaço aéreo brasileiro já teve vários níveis de agravamento e nenhuma proposta concreta de solução. O governo se mostra ora perplexo, ora paralisado, ora bate-cabeça, ora acha que, se ficar bem quietinho, de olhos fechados, daqui a pouco a crise terá terminado. Milagrosamente.

O caos nos aeroportos e nos céus não tem a menor graça. Ao contrário, tem forma, jeito, cor, tamanho e peso de um enorme desastre institucional. Mas o governo quer fazer-nos crer que, apesar das aparências, a coisa não é grave. Basta uma gratificação aqui, uma válvula nova ali, uma demão de tinta acolá e pronto. Tudo se resolve.

Para demonstrar que as risadas presidenciais são contagiosas, que o bom humor na hora e no lugar errados estão sendo institucionalizados no governo, ontem o ministro da Fazenda também quis fazer piada com a paralisia aérea. Disse que esse caos “é o preço a pagar pelo sucesso”. Como a economia vai bem, mais gente tem condições de voar e isso seria a causa dos “problemas”.

Há poucos dias, a ministra do Turismo (sexual), tinha filosofado que, no caso dos problemas nos aeroportos, a única coisa a fazer era “relaxar e gozar”.

Claro, se o presidente ri a bandeiras despregadas, se tudo vai bem, se não há crises, por que deveriam os ministros levar as agruras do povo a sério?

CRISE 3: A CORRUPÇÃO

O Lula parece que acha que, como sempre existiram corruptos e corruptores e provavelmente continuarão existindo, não há nada a fazer. Mas o Presidente da República não pode varrer para debaixo do tapete mais esta crise. São milhões, bilhões de reais de dinheiro público que a corrupção consome.

Deveria preocupar-se com os efeitos de uma epidemia desse porte. Em todos os cantos do País, onde exista dinheiro público, estão, de mãos dadas, corrupto e corruptor, montando algum esquema, estudando alguma forma de fazer-nos de palhaços.

O grande problema é que, no momento em que o PT, partido fundado por Lula, escolheu, para defender-se, aquela história de que “todo mundo faz, todo mundo fez”, desmoronou diante dos nossos olhos. Eu, vocês, todo mundo, achávamos que o PT podia ter lá seus problemas, mas era diferente. Quando o próprio partido resolveu dizer que era igual a todos os outros, no que de pior os outros tinham, assumiu a sua parcela na imundície.

E o Presidente da República, diante dessa posição de seu partido, resolveu adotar a tática do avestruz. Nada sabe, nada viu. Portanto, está seguro. Reeleito (principalmente por falta de adversário à altura), considerou-se absolvido e radicalizou o alheiamento. Ri-se e se alegra como se vivesse em outro país.

Talvez viva mesmo.

PIADINHA DE SALÃO
Já que é pra rir, vamos lá. O prefeito de São José, Fernando Elias, chegou atrasado e acabou sendo colocado ao lado de seu maior desafeto, o presidente da Câmara de Vereadores, Édio Vieira, na reunião do Orçamento Regionalizado em São José (foto no alto). Ficou a maior saia-justa.

A coisa ia andando, discursos pra lá e pra cá, e os dois inimigos, um do ladinho do outro, soltando fumacinha. Acima, o deputado Cesar Souza Jr. discursa. Veja que ele está ao lado da deputada Ada.
Assim que o Cesinha saiu da mesa, o prefeito, mais que depressa, tomou o lugar. A propósito, a lei anti-nepotismo aprovada pela Câmara, pivô da briga dos dois (Elias e Vieira), está sendo validada pelo TJ. Não é engraçado?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Quinta

CIDADÃO CATARINENSE
A Assembléia Legislativa de Santa Catarina concedeu ao governador do Paraná, Roberto Requião, o título de cidadão catarinense. E a solenidade de entrega será no próximo dia 25.

Como todo o processo demorou e a data de entrega do título ficou muito longe do fato determinante, tem gente fazendo todo tipo de suposições sobre o motivo pelo qual Santa Catarina estaria dando essa honraria ao governador do estado vizinho.

O governador do Paraná, dado a gestos e opiniões polêmicas, entrou para o anedotário nacional por causa de uma gafe na audiência mostrada na foto acima. Quando Lula abriu um daqueles vidros e apresentou a Requião as baguinhas secas de mamona, usadas para produzir combustível, o governador colocou algumas na boca, como se fossem amendoins ou sementes de girassol. E Lula teve que avisá-lo, constrangido, que aquilo era venenoso.

Até o colega Cláudio Humberto, ali da página 4, publicou uma notinha bem humorada, sob o título “Mamonas assassinas”, dizendo que não sabia se seriam distribuídas mamonas na cerimônia de entrega do título.

Mas Requião não será agraciado por causa dessa ou de outras mancadas. A iniciativa de conceder-lhe o título foi do ex-deputado Cesar Souza (pai), entusiasmado com o fato do governo do Paraná, na época do furacão Catarina, ter ajudado, com presteza, a socorrer as vítimas, enviando pessoal e material.

Para lembrar o episódio do Requião com a mamona, recorra ao www.youtube.com e faça uma busca por “Requião come mamona”. Ou clique aqui e vá direto.

CÁ COMO LÁ!

Nos últimos dias muita gente tem comentado a decisão do presidente Lula, de aumentar o número de cargos de confiança e dar um substancial aumento salarial aos cargos já existentes. Ora, por aqui também acontecem coisas semelhantes, mas a turma é meio distraída e só pega no pé do Lula.

A prestação das contas de 2006 do governo do estado de Santa Catarina, aquela que levou, do Tribunal de Contas, alguns puxões de orelha, contém informações muuuito interessantes.
Antes de citar alguns números, é bom relembrar que 2006 foi ano eleitoral. Bom, mas comparando janeiro com dezembro de 2006, obtém-se o seguinte:

O número de servidores efetivos (aqueles admitidos por concurso) aumentou 4,94%; o número de servidores comissionados (em cargos de confiança), aumentou 20,55% e o número de servidores temporários (principalmente os ACTs, professores substitutos), aumentou 635,45%!

Uau! é isso mesmo? Seiscentos por cento? Sim, em janeiro havia seiscentos por cento menos temporários que em dezembro. Fantástico!

E como se comportou a folha de pagamentos do estado? Ora, mais ou menos acompanhou esse crescimento: a folha dos efetivos aumentou 18,45%, a dos comissionados cresceu 35% e a dos temporários, 390%.

Cá, como lá, o enxugamento da máquina e a contenção das despesas (para permitir, mais adiante, redução de impostos e mais investimentos) é apenas um discurso bonito que ninguém consegue transformar em prática.

O LOBBY DO VINHO
Gosto de vinho quase tanto quanto de cerveja, mas não canso de me admirar com a capacidade dos vitivinicultores catarinenses em sensibilizar nosso governador LHS.

A turma das pequenas cervejarias esteve, há alguns dias, com o secretário da Fazenda, pedindo um tratamento tributário mais justo. Pois ontem, como um dos resultados da viagem a São Paulo, divulgou-se que Luiz Henrique, depois de ouvir João Paulo Freitas, mandou o secretário da Fazenda estudar a forma de conceder benefícios fiscais a fabricantes de máquinas e insumos utilizados na cadeia produtiva... do vinho!

O Freitas é presidente do Instituto Catarinense de Tecnologia da Vitivinicultura e, ao que tudo indica, amigão do LHS. O vinho já tem uma alíquota menor de ICMS (17%) e agora quer mais alguns benefícios fiscais. A turma da cerveja, que por enquanto só quer os mesmos 17% do vinho, deveria criar um Instituto Catarinense de Tecnologia Cervejeira e convidar o Domenico Di Masi para presidente de honra. Aí, quem sabe, o LHS notaria a existência desse setor produtivo.

ACABOU O PAPEL!
Um servidor do Deinfra ligou-me indignado. Fez as contas das diárias que os secretários ganharam para ir à tal reunião de Lages e algumas outras depesas correlatas, como o deslocamento aéreo do governador, e chegou a alguns milhares de reais, que poderiam ser muito úteis, por exemplo, na repartição em que ele trabalha, onde faltam várias coisas, entre as quais o papel.

SEM NOÇÃO DO PERIGO
O Carlos Gonçalves, leitor desta coluna que, como tantos leitores, gosta de observar o que fazem aqueles a quem o povo deu poder, notou, numa foto distribuída aos jornais (publicada ontem na coluna do Prisco, em A Notícia), que o prefeito de Palhoça (PMDB) e o deputado federal Djalma Berger (PSB) estavam realizando um evento partidário, abonando novas filiações e falando sobre política partidária, num ambiente que, provavelmente seria uma sala da prefeitura de Palhoça.

Parece que ninguém está muito preocupado com o uso dos espaços públicos (pelo que se vê na foto – que está logo ali embaixo – o local tem tudo para ser o gabinete do prefeito Ronério Heiderscheidt), como se fosse permitido a um prefeito, um governador, ou mesmo ao presidente, fazer política partidária no mesmo gabinete onde trabalha, pago por nós.

Se o alegre convescote bipartidário foi realizado sobre a mesa de reuniões do gabinete do prefeito de Palhoça, no interior da prefeitura, configura inaceitável confusão sobre o que a lei permite e o que proíbe. E cidadão nenhum pode (e muito menos um prefeito e conceituado líder partidário ou um deputado federal e também dirigente partidário) alegar ignorância da lei.

Depois ainda tem gente que pergunta por que a imagem dos políticos anda tão desgastada. Ora, dêem-se ao respeito! Tratem de política partidária na sede do partido, na praça, onde quiserem, mas não numa repartição pública. Saco!

Da esquerda para a direita: Pedro Dias, Paulo Amâncio (presidente do
Conselho Comunitário do Brejaru), Gilberto Rosa (vice-presidente do PSB catarinense e secretário de Administração de Palhoça), prefeito Ronério Heidersheidt (PMDB), deputado Djalma Berger (presidente do PSB-SC) e Sidionei Mota (suplente de vereador). Dias, Amâncio e Mota, na solenidade mostrada na foto, conforme explica o texto também enviado aos jornais, filiaram-se ao PSB.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Quarta

Foto tirada no tal compromisso, em São Paulo, onde o LHS foi pra fugir dos abacaxis da reunião do Colegiado. Para ver melhor, clique sobre a foto, que se abre uma ampliação.

DIARINHO TEM PODER!
Não tem aquela bandeira vermelha com duas suásticas que parecia fazer propaganda do nazismo, que estava pendurada na fachada do Teatro Álvaro de Carvalho? Tiraram!

Falei no caso aqui, na coluna do final de semana. Era propaganda de uma exposição de atrocidades do nazismo que ficará três meses no teatro. Como a turma do Centro Administrativo e adjacências leva o DIARINHO muito a sério, tratou de fazer a coisa certa e deu um fim na atrocidade. Melhor assim.

A PORTA DOS FUNDOS
O serviço público só tem uma porta de entrada: a da frente, guarnecida por um concurso igualmente público. Mas tem sempre umas criaturas que querem abrir portas nos fundos, ou transformar janelas em portas.

Um dos casos mais emblemáticos dessa prática malandra e inconstitucional foi um corpo estranho, enfiado na Lei Complementar 376 (de 30/1/2007), o já famoso e malfalado artigo 2º.

A Assembléia aprovou, o governador vetou, mas a Assembléia, diligente, derrubou o veto. E a presidente interina, deputada Ana Paulo, promulgou o dispositivo, que diz o seguinte:
“Art. 2º Fica estendido aos servidores efetivos, com habilitação de nível superior em Direito, com o devido registro na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, que estejam, até a data da publicação desta Lei Complementar, lotados e em efetivo exercício na Diretoria Jurídica do Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina – IPESC, o disposto no art. 7º, da Lei Complementar nº 60, de 03 de agosto de 1992, devendo ser utilizado, para efeito de enquadramento por transformação, a linha de correlação do então cargo de Técnico em Previdência de que trata o anexo II da referida Lei Complementar.”
A coisa é tão dirigida que só falta colocar os nomes e as fotografias dos beneficiados. Que são, até onde sei, no máximo quatro servidores, que querem o tal “enquadramento por transformação”, sem ter que fazer novo concurso. A tal porta dos fundos.

O mais interessante é que esta é a segunda ou terceira vez que este dispositivo aparece no meio de uma lei qualquer. Numa das primeiras vezes, quando notou a manobra, o governo editou outra lei, cancelando a anterior e deixando o penduricalho de fora. Mas os artífices do atalho e do caminho mais fácil acabaram, por artes sabe-se lá de quem e a que propósito, engabelando de novo os senhores deputados (tão cuidadosos para outras coisas) e fazendo-o aprovar no meio da 376.

O Ipesc fez concursos, não só para advogados, mas também para outras carreiras e vários servidores, que desejam ascender profissionalmente, foram à luta e fizeram o concurso, para poder entrar pela porta da frente.

Resta saber por que os deputados, que votaram e depois derrubaram o veto, não aconselharam o pequeno (mas aparentemente poderoso) grupo de beneficiados, a estudar um pouco para fazer um concurso? Agora, a menos que Santa Catarina esteja virando a casa da Mãe Joana, alguém terá que fazer alguma coisa para tentar remendar o soneto. O que essa turma conseguiu, com o beneplácito dos deputados, é imoral, inconstitucional e injustificável.

O BALANÇO OFICIAL
O governo catarinense reuniu na segunda, em Lages, suas várias dezenas de secretários. Alguém, no Palácio (oops, Centro Administrativo) deve ter achado que o noticiário sobre a reunião não estava bom e ontem, do nada, a secretaria da Articulação distribuiu à imprensa um texto com um “balanço” sobre a reunião do Colegiado.

Os principais trechos do tal “balanço” vão a seguir, em itálico. Depois de cada item, publico os comentários que um leitor mandou:
“De acordo o secretário de Estado de Coordenação e Articulação, Ivo Carmanti, essa primeira reunião do Colegiado foi de grande valia. “Importantes decisões foram tomadas”, disse. Conforme Carminati, o governador Luiz Henrique determinou que os secretários regionais e centrais chegassem a uma decisão consensual em relação à desconcentração orçamentária e financeira.”
“Tirante” o erro na grafia do nome do secretário (que, de Carminati, virou Carmanti), algumas considerações: afinal, os secretários regionais e centrais é que vão decidir como será a “desconcentração” orçamentária e financeira? O que diz o texto da reforma administrativa (a terceira em menos de cinco anos)?
“Isso significa repassar recursos financeiros para as Secretarias de Desenvolvimento Regional, para que ações sejam executadas nas respectivas secretarias, após as prioridades defitidas pelos Conselhos de Desenvolvimento Regional”, salientou Carminati.”
Ué, mas já não são as SDRs as responsáveis pelas obras? O que fizeram as 30 estruturas espalhadas pelo Estado de 2003 até agora? Só política e promoção pessoal do governador e do secretário?
“O secretário de Coordenação e Articulação explicou que 40% dos recursos oriundos dos fundos que compõem parte da Receita do Estado serão transferidos para as SDRs. “Outros 40% ficarão com as Secretarias Centrais, e 20% para a cota pessoal do governador”, enfatizou.”
Esta é a melhor de todas. “Cota pessoal do governador”? Que diabos é isto? Alguma comissão? Tem outra: se às secretarias centrais cabe somente planejar – a execução fica por conta das regionais – por que raios elas precisam do mesmo montante de recursos dos fundos? Fundos, aliás, que já levaram um calote tenebroso na passagem de 2006 para 2007.
“Carminati avalia que isso significa tornar irreversível a descentralização, aprimorando-a de mandeira substancial, “porque não há descentralização administrativa sem que haja desconcentração financeira”.”
Como dizia o Rolando Lero: “Ô quêêêêêêêê?”
“Carminati destacou ainda que os secretários saíram da reunião motivados, já que exatamente o ponto de conflito, que era desconcentrar os recursos financeiros, foi analisado de forma serena. “Maduramente encontramos uma posição, conservando todas as partes”.”
Resumindo, todo mundo vai ter a parte que lhe cabe neste latifúndio. E ninguém precisa reclamar...

Mangabeira Unger, no momento em que era empossado na SEALOPRA do Lula.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Terça

A GRANDE FAMÍLIA
Seis meses e 18 dias depois de iniciar o segundo mandato, LHS conseguiu finalmente reunir a família quase toda (secretários de vários níveis, diretores de empresas e outros prestigiados colaboradores). Foi em Lages, ontem.

Mas o governador, na sua mania de fazer sempre mil coisas ao mesmo tempo, passou involuntariamente um recado meio desanimador. Ele ficou lá na tal reunião por um tempo (umas duas horas) e se arrancou. Foi para São Paulo participar de “eventos” na famosa Casa de Santa Catarina.

Fosse eu membro do colegiado, ficaria chateado: afinal, o grande artífice dessa estrutura, que deveria ser o líder, animador e entusiasmado organizador, na primeira reunião da grande família, praticamente completa, cai fora porque tem coisas mais importantes para fazer em... São Paulo?

Claro, o governador deve achar que duas horas com aquela turma é mais que suficiente. Afinal, ele não é governador para ter que aturar aquele bando de pedichão por mais de duas horas. E depois, como tem o tal de grupo gestor, que governa no lugar do governador (ou governa em nome do governador), eles que toquem o bonde.

LHS saiu falando maravilhas da reunião (“é a retomada da descentralização”). E, como em ocasiões anteriores, deixou alguns pedidos que nem sempre a turma ouve e, se ouve, não atende. Um deles é o de não discriminar prefeitos e outras autoridades de partidos que não estão na penca.

Todos estão carecas (com bigode) de saber que Cacá Pavanello, da Fesporte, não atende petistas e pronto. E, como ele, deve ter mais alguns que não querem nem saber dessa frescura de tratar todo mundo igual. Família grande tem disso. Bem fez o LHS que, depois dos recados, tratou de voar para São Paulo.

ITALIANADA AFLITA

A deputada Ada, o governador e mais uma pá de gente, estão porraqui com o consulado italiano de Curitiba, que anda tratando os catarinenses, que querem a dupla cidadania, a pão e água. Tem processo que leva mais de 20 anos.

E, mesmo diante dessa demonstração de burrocracia e pouco caso, a turma ainda tá louca por um passaporte italiano. Querem fazer como a Dona Marisa e arranjar um lugar melhor para viver e criar os filhos. Longe do Brasil.

ADEUS A O ESTADO
O mais antigo diário em circulação em Santa Catarina encerrou, no final de semana, sua história. Deixa de ser diário. Tentará uma sobrevida como semanário. Mas não poderá mais ser chamado de “o mais antigo”.

Comecei a publicar crônicas em O Estado, nos primeiros anos da década de 70. Meu primeiro emprego com carteira assinada foi como redator do Caderno 2 (o suplemento de variedades) de O Estado. No jornal exerci quase todas as funções. Foi nas rotativas de O Estado que imprimi, há 30 anos, o convite do meu casamento. Uma experiência maluca (o convite, não o casamento, que dura até hoje), autorizada pela direção. Nunca antes, nessepaís (e acho que em nenhum outro), fora feito um convite de casamento numa folha de jornal standard.

Entre as idas e vindas, depois de ter trabalhado em Brasília e em Porto Alegre, fui também editor-chefe de O Estado, numa época (1988) em que ainda era possível concorrer com o recém-lançado Diário Catarinense. E em várias ocasiões furamos o jornal dos gaúchos. E em geral vendíamos mais que eles. Meus contemporâneos, em O Estado, lembram-se de mim apenas como aquele chefe murrinha que proibiu a lanchonete do jornal de vender bebidas alcoólicas. Não tem importância.

Mas eu lembro do jornal O Estado, como lembram tantos outros catarinenses, pela importância que ele teve para uma ou duas gerações. O jornal deixou marcas profundas na alma de muita gente. Deve ser por isso que, durante tanto tempo, na longa e penosa agonia do jornal, tanta gente ainda torcesse por uma reviravolta, um milagre, uma retomada, uma ressurreição.

Não vale a pena, nesta hora triste em que O Estado deixa de ser diário, apontar culpas, buscar responsáveis, identificar o momento em que a maionese começou a desandar. Claro, é fácil, a esta altura, esticar o dedo em direção deste ou daquele. Mas não alivia a dor. Talvez mais tarde algum estudioso faça a autópsia e identifique a causa da falência múltipla deste órgão de imprensa. Não agora.

Hoje eu só queria falar um pouco, quem sabe chorar um pouco, abraçado a velhos companheiros que, como eu, têm boas, ou ruins, mas sempre vívidas lembranças daquela redação, que a gente achava que teria uma história longa e gloriosa. O Estado estava doente há muito tempo. Mas não isso não faz com que a notícia final doa menos.

O GRANDE DILEMA

Tenho pensado muito sobre a forma como tanta gente lida com dinheiro público. E, por mais idiota que pareça, acho que, em princípio, temos que acreditar que a maioria das pessoas que assume cargos públicos de responsabilidade e em comissão, seja honesta.

Não dá pra ficar achando que tudo o que está sendo feito tem, no fundo, uma ilegalidade, um arranjo esperto, uma malandragem. É claro que a prática tem mostrado que também não dá para confiar cegamente e acreditar nas boas intenções de muita gente boa.

Mas não vejo como manter a sanidade mental e continuar convivendo nesta sociedade, se de fato acharmos que todos são desonestos. Não se trata de dar um ingênuo voto de confiança, mas de acreditar que os mecanismos de fiscalização, em maior ou menor medida, vão conseguir frear os abusos.

Um exemplo da paranóia é um questionamento que me fizeram: “afinal, a contratação de um parente de um desembargador como consultor jurídico de um órgão do estado não é uma espécie de nepotismo, não tem o perigo de alguma ação contra esse órgão ser prejudicada no Tribunal?”

Complicada, a coisa. A pergunta já faz supor que o desembargador ficará tão grato ao empregador de seu parente, que será capaz até de cometer alguma ilegalidade. E acaba lançando várias suspeitas. Que o sujeito seja mau profissional, ou mal preparado, a ponto de precisar de empregos de favor. Que algum órgão público seja tão mafiosamente administrado que escolha seu pessoal pensando na eventualidade de algum processo judicial.

Por mais que essa situação, em tese, pareça plausível, recuso-me a acreditar que estejamos nesta situação de falência completa dos valores e da ética (ainda que estejam na UTI e respirando com aparelhos). Não dá para entrar nessa e generalizar a maldade. Ou será que dá?

CHEGA DE FALAR MAL
Pois não é que tem gente achando que “a Globo quer crucificar o Renan” e desconfiando de complôs, só porque estão apertando o nobilíssimo presidente do Senado e pegando suas mentiras? A escola Lula de “por a culpa na imprensa” vai acabar fazendo com que se criminalize a crítica e proíba o jornalismo. Pena de cadeia para quem disser que o rei está nu. Só vale elogiar.

sábado, 16 de junho de 2007

Sábado, domingo e segunda

A FALTA QUE O VDM FAZ
VDM, vocês sabem, é aquele ministério que o Chico Buarque recomendou que se criasse. Estrutura mínima. Apenas um sujeito de bom senso que avisasse, sempre que algum gênio do governo estivesse para entrar em fria, que “vai dar merda!”

Pois de novo faltou alguém do VDM em Santa Catarina. Um estado governado pelo LHS, que ainda hoje é lembrado em muitos círculos científicos como autor de um desastrado artigo sobre a eugenia (o melhoramento das raças), arrisca-se muito ao pendurar em um de seus mais tradicionais teatros, o Álvaro de Carvalho, em pleno centro da capital, uma bandeira vermelha com símbolos nazistas, chamando para a “Mostra Internacional da História do Nazismo” (para abrir uma ampliação das fotos, é só clicar sobre elas).

Claro, em letras menores, informa-se que a exposição é sobre as atrocidades do regime nazista. Mas, olhando de longe, o que fica é a impressão que o nazismo está sendo reapresentado aos catarinenses. Olhando de perto, vê-se que tem o apoio da Fundação Catarinense de Cultura. Portanto, o governo LHS está envolvido com o projeto.

Nas críticas ao artigo que o governador publicou em 28 de agosto de 2005, lembrava-se que a eugenia teve, entre seus defensores destacados, Adolf Hitler, Joseph Goebels e Joseph Mengele. Divulgar a tal exposição com esse cartaz de apelo visual tão explícitamente... “nazista” é, no mínimo, uma temeridade.

O QUE DIZ A LEI
Lei nº 9.459, de 13 de Maio de 1997:

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fim de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

CAÇA NÍQUEIS?
Essa exposição sobre a história do nazismo, em todo caso, não é nova. Ela esteve em Balneário Camboriú, no verão de 2002, no Centro Municipal de Cultura. Na época, os ingressos custavam R$ 1,50 para estudantes e R$ 3,00 para o público em geral. A exposição que ficará por três meses (!!!) no TAC atualizou seus valores. Cobra R$ 6,00 do público em geral, R$ 3,00 para estudantes e idosos e R$ 2,00 para estudantes em grupo.

Ou seja, é uma exposição itinerante (até onde consegui saber, além de BC esteve em Ourinhos, SP e Paranavaí, PR), que explora a curiosidade mórbida da população (o que imagina encontrar quem paga R$ 6,00 para ver as “atrocidades do regime nazista”?) e serve para reforçar o caixa de alguma instituição.

ARENA IRREGULAR
Impressionante como o Tribunal de Contas do Estado tem trabalhado. Agora mandou suspender o edital de concorrência pública para “pré-qualificar” as empresas que construirão a Arena Multiuso de Florianópolis.

Está virando rotina: o prefeito (ou o governador) anunciam, com banda de música e foguetes, que vão construir isto ou aquilo e dali a algum tempo vem o TCE e manda anular os procedimentos por causa de irregularidades aqui e ali.

No caso da maravilhosa Arena, que será (seria?) construída no aterro da baía sul, são sete irregularidades que levaram o TCE a recomendar que a coisa seja rapidamente desfeita.
Sem dó, nem piedade, o TCE diz, literalmente, o seguinte:
“Vale registrar que todas as restrições afetam diretamente os princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, probidade administrativa”.
Cacetada! Leia todos os detalhes sórdidos clicando aqui.

SORTEIO JUDICIAL
Os novos shoppings de Florianópolis têm uma certa facilidade para se meter em confusão. Até para dar um presente para os clientes, a coisa fica enrolada. A Justiça mandou o Shopping Floripa parar com a história de “melhor frase” e fazer um sorteio simples e direto dos dois carros importados. Considerou que foi feita propaganda enganosa do concurso.

POLÍCIA E GREVISTAS


Quebra-quebra ontem em Florianópolis, confronto entre polícia e servidores municipais em greve. Não fosse a folha corrida do policiamento da capital, que tem histórico de prisões injustificadas, excesso de violência e até maus tratos a idosos, daria para a gente acreditar na versão que a culpa foi dos grevistas. Mas, além dos antecedentes, um vídeo, que está no YouTube (veja acima), mostra como a PM agiu. Vê-se, claramente, que as divisórias foram derrubadas quando a polícia empurrou, com violência, manifestantes contra elas.

RENAN SOFRE E LULA RI

O jornalista Fernando Rodrigues é que percebeu como as agendas de ontem do presidente do Senado e do presidente da República eram antagônicas. Enquanto um agonizava, outro recebia o presidente da CBF (em campanha pela reeleição), condecorava o João Havelange e participava, com a Xuxa, de evento pelo direito das crianças, num dia alegre e tranqüilo. Dava impressão que os dois estavam em países diferentes e bem distantes entre si.

(No texto publicado no jornal misturei os canais e disse que a diferença tinha sido percebida pelo Ricardo Noblat. Só notei o erro quando fui passar o texto para o blog.)

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Sexta

MARAVILHA: Lula esteve no Rio de Janeiro ontem, inaugurando plataforma da Petrobras, entregando carros de polícia para o Pan e fazendo pose a favor do Cristo Redentor, que é candidato a uma das maravilhas do mundo. E aproveitou para bater na mesma tecla: a culpa é da imprensa. Se a imprensa não ficasse dando notícias ruins, tudo seria melhor. As coisas estão como estão só porque os jornais publicam que elas estão como estão. O jeito é mesmo fechar todos os jornais que não dêem só notícias boas, alegres e... mentirosas.

ASSINATURA PREMIADA

No Diário Oficial do Estado, do dia 15 de junho, na página 35, está publicado um ato muuuito interessante. Trata-se da “Inexegibilidade 001” da Secretaria de Estado da Educação, para renovação de assinaturas dos jornais Diário Catarinense e A Notícia.

Ali se informa que todos nós, contribuintes catarinenses, pagaremos à RBS, R$ 2 milhões (isto mesmo, dois milhões de reais!), para que os dois jornais do grupo sejam distribuídos nas escolas. Lá não se informa por quanto tempo são renovadas as tais assinaturas, nem o número de exemplares que estamos pagando.

“Inexigibilidade” deve referir-se ao fato de que o grupo de comunicação premiado com essa esmola de dinheiro público, detém o monopólio virtual dos meios de comunicação impressos e, por isso, não há necessidade de se fazer qualquer licitação ou coleta de preços. Paga-se o que foi pedido e colabora-se para consolidar o monopólio, mostrando às pobres crianças catarinenses que não existem outras fontes de informação.

Tudo feito com o nosso dinheiro, que só anda escasso para abastecer as viaturas policiais e para fazer os serviços do Estado funcionarem adequadamente.

A FARRA DA SDR
Por coincidência, no mesmo Diário Oficial onde estava a pérola acima, tinha outra, tão ou mais interessante. A Portaria 33/2007, do secretário de Turismo e Cultura, o Gilmar Knaesel, autoriza a secretaria do desenvolvimento regional de Araranguá a captar recursos, junto aos contribuintes do ICMS, no âmbito do Fundo de Incentivo ao Turismo para (pasmem!) “divulgação das ações realizadas na SDR”!

Waal! Que coisa maluca! O governo autorizou que recursos que as empresas deveriam pagar de ICMS sejam usados para que a SDR divulgue suas ações. E dentro do Fundo de Incentivo ao Turismo. Como se fazer propaganda das ações de uma SDR fizesse bem ao turismo.

Deve ser uma ação coordenada com o governo federal. Afinal, o Lula disse que os estados têm que fazer propaganda porque os jornais e suas notícias ruins estão atrapalhando o turismo. O Knaesel deve pensar assim: “vamos fazer propaganda do que a SDR faz, para que os catarinenses das outras regiões morram de vontade de ir ver a escola reformada, a estrada cujo mato foi cortado e a pintura nova do prédio da SDR”. Claro, incentivo ao turismo. Tá certo, ele.

ESSE DEINFRA...
Tal e qual no caso do aeroporto de Jaguaruna, no caso da BR-282 (acórdão 857/2005) o Tribunal de Contas da União também puxou as orelhas do Deinfra porque, mesmo tendo recomendado para não liberar dinheiro para a contrutora ARG, o generoso departamento catarinense ficou com peninha dos empreiteiros e soltou uma graninha.

Quem já precisou receber algum dinheiro do governo sabe como é difícil que eles paguem o que está acertado, contratado e combinado. Como será que a ARG faz para receber esses “por fora”? Como faz para que a turma do Deinfra vá contra determinações e avisos do TCU e libere o dinheiro mesmo assim?

NAVALHA SEM FIO

A CPI da navalha, no Congresso, foi pelo ralo. Ninguém está muito interessado em investigar o sempre rendoso relacionamento das empreiteiras com alguns políticos. Mas o mais interessante, nos momentos que antecederam o sepultamento da CPI, foi descobrir que um deputado que estava insistindo para retirar seu nome da lista dos que apoiavam a CPI, nunca assinou a tal lista. O medo era tanto, que mesmo sem ter apoiado ele fazia questão de dizer que retirava o apoio. O nome do precavido: Edemar Moreira (DEM-MG).

VAI UMA CERVEJINHA?

Escolher comidinhas que caem bem com a bebida (vinho ou cerveja) se chama “harmonizar”. A cervejaria Eisenbahn traz um chef famoso de São Paulo (Luiz Emanuel) para “proporcionar uma experiência gastronômica harmonizada com vários tipos da cerveja blumenauense”. Não é chique?

Será um jantar para 70 pessoas no dia 28 de junho, no Senac Bistrô, em Blumenau. No dia seguinte, o jantar será para 60 pessoas, com menu diferente, em Florianópolis, no bistrô Zeca D’acampora, no evento de decoração Casa Nova. Reservas até 26 de junho com a Luciene, no (47) 3330-7371 ou com a Beth no (48) 3282-5532, pela bagatela de R$ 95 por pessoa.

REFORMA AGRÁRIA: A senadora Ideli Salvatti foi uma das oradoras no congresso do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, em Brasília. No congresso se afirmou que “a verdadeira Reforma Agrária só é possível com a derrubada do Estado burguês”. Hum... acho que logo logo o MST vai perder o apoio do PT. Afinal, os petistas parecem muito bem adaptados ao tal “Estado burguês” e suas benesses.