sexta-feira, 29 de junho de 2007

Sexta

Uma pedra bilionária no sapato do governo
Acho que a maioria de vocês nunca ouviu falar da Invesc. Quando foi criada, no governo Paulo Afonso, foi saudada como obra prima da engenharia financeira. A salvação da lavoura. Tratava-se, em resumo, de captar dinheiro, dando em troca debêntures. No caso, davam como garantia pedacinhos da Celesc.

Foram colocados no mercado 10 mil desses papéis e captados, na época, se minhas fontes não estão enganadas, uns R$ 100 milhões. A lei que criou a Invesc, aprovada na Assembléia, dizia que o dinheiro deveria ser aplicado em obras, no estado. Os deputados chegaram a relacionar quais as obras que deveriam receber a grana.

Há quem diga que nenhum centavo foi aplicado nessas obras. Bom, mas perto do que aconteceu depois, isso nem é tão importante. O que aconteceu foi que o governo não resgatou os papéis, que tinham sido comprados por fundos de pensão (cerca de 80% deles estão nas mãos do Previ, que é o fundo dos funcionários do Banco do Brasil) e a coisa saiu de controle.

ENTREGAR A CELESC?
Com os juros, o valor desses debêntures foi crescendo. Alguns credores entraram na Justiça tentando cobrar. Em 2004, quando foi feito um levantamento sobre a situação, apurou-se que seriam necessários R$ 1 bilhão, 21 milhões e uns trocados para poder resolver o caso.

O caso só tem uma solução: paga e não bufa. Bom, a outra saída não pode ser considerada como “solução”: entregar a Celesc, ou parte dela, a quem a “comprou”. Foi justamente por causa desse risco que o conselheiro Moacir Bertoli, do Tribunal de Contas do Estado, na sessão de julgamento das contas do governo, falou, de forma até emocionada, que era preciso evitar que a Celesc deixasse de ser uma empresa catarinense. Ou, pelo menos, controlada por catarinenses.

E AGORA, SÉRGIO?

O secretário da Fazenda, Sérgio Alves, começou uma conversa com os credores, para demonstrar a boa vontade do governo em solucionar o impasse. Por um lado, livrar-se dessa pedra no sapato ajudaria muito Santa Catarina a recompor sua capacidade de captar recursos, de endividar-se. Por outro lado, mesmo que os valores necessários fossem o que eles admitem publicamente (cerca de R$ 800 mil), é muita grana para um caixa praticamente vazio.

Um governo que precisa, urgentemente, da graninha que o governo federal vai liberar em pagamento pelas contas do BESC, não pode nem pensar em gastar tantos milhões. A Fazenda se diz otimista. O secretário afirma, sem entrar em detalhes, que tem como encaminhar uma negociação, uma vez que os pagamentos não precisam ser obrigatoriamente em dinheiro vivo. A oposição teme que seja criada outra Invesc, para cobrir o rombo da anterior. Ou que seja entregue algum outro patrimônio do estado para acalmar os credores.

O enredo é complicado, os personagens são meio sem graça, mas esta é uma novela que todo catarinense deveria acompanhar.

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CONVERSA MUNICIPAL!

No meio daquelas coisas que são repassadas todos os dias por e-mail encontrei este texto, que, pra variar, não faz menção ao autor (ou autora), mas que é bem divertido (e até um pouco picante). Reproduzo aqui, pra gente se distrair um pouco.

Ah, pra quem não conhece muito bem o estado: os nomes em negrito são de municípios catarinenses. Em itálico, outras localidades.
O Abelardo Luz estava conversando com o Coronel Freitas, numa festa da Dona Irani, esposa do seu Dionísio Cerqueira, quando contou-lhe o seguinte episódio: estava eu em um Novo Horizonte da vida, resolvi sair para um Descanso. Sentado à porta de um Barracão, deparei-me com uma Formosa menina, que se aproximava.

Agradeci a Santa Terezinha, que Progresso. Fiquei no Paraíso, mesmo estando no Sul do Brasil. Pensei comigo mesmo, Quilombo! Não suportei. Ela estava Lindóia, fui abrindo suas lindas perninhas para contemplar sua Anchieta, que Maravilha aquele Capinzal, que Riqueza ter na frente uma Princesa. E com a ponta dos dedos comecei a tocar o seu Vargeão, que Campina da Alegria!

Quase Caíbi de costas quando senti um calor no Pessegueiro. Ah, foram aquelas Águas Mornas.

Ela queria dinheiro mas eu estava sem Pratas, nem Ouro. Pensei: ela não Concórdia comigo, mas lhe disse “vamos lá naquele Arvoredo”. Vai ser ali, Entre Rios, com a Ponte Serrada. Rolamos então por uma Serra Alta até encontrar uma Vargem Bonita. Com delicadeza, acariciei a Iraceminha. Recebi um tapa na orelha, PAIAL!!!

Ela voltou-se e disse-me: “tire a Mondaí!” E deu um Saltinho. Não me intimidei e botei sua mão no meu Tigrinho e perguntei: Chapecó? E ela responde: Xaxim! E completou: “tens um Palmito que é um Modelo!”

Pensei: “Seara que ela tá falando a verdade?” Fui acariciando seu Belmonte, ela ajeitou-se e ficou com a Cordilheira Alta. Fui introduzindo o Guatambú na Ilha Redonda. Iporã para todo Oeste. Naquela época eu era um Araçá. Rezei a Santo Antônio para casar.

Hoje não passo de um Erval Velho e só me restam Saudades...

Itá encerrado o assunto!

DESCENTRALIZANDO...
A Secretaria de Estado da Infra-Estrutura distribuiu à imprensa uma nota, informando que o prefeito de Iraceminha (lá do extremo Oeste), acompanhado de dois vereadores, teve audiência com o presidente do Deter, em Florianópolis, para pedir auxílio para a instalação de abrigos nos pontos dos ônibus.

O presidente do Deter disse que vai levar o pedido para ser examinado no Conselho Administrativo do órgão, “que deverá definir as liberações de convênios e próximas ações do DETER”. E recomendou que o pedido também fosse “enviado à Secretaria de Desenvolvimento Regional de Maravilha para apreciação no Conselho de Desenvolvimento”.

Pelo jeito, neste caso, fez bem o prefeito em vir a Florianópolis. Afinal, tem uma instância no Deter que define o que deve ser atendido no estado todo. E aí, a passagem no Conselho da SDR, aparentemente, é mais pro forma, pra cumprir uma etapa burocrática e inócua.

O GRANDE DEBATE
Sem que se dirijam diretamente um ao outro, está estabelecido um grande e interessantíssimo debate no seio (seio? vá lá!) do governo. De um lado, o ministro Hélio Costa, das Comunicações, defendendo, ou pelo menos encaminhando favoravelmente, as reivindicações de emissoras e produtoras internacionais de conteúdo, para bloquear gravações na TV digital (coisas que até os norte-americanos podem fazer, não nos permitiriam, para garantir o “copyright”).

Do outro, o ministro Gilberto Gil, da Cultura, que conduz um Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, com a participação de gente de primeira linha de vários países, defende que hoje é preciso ter maior flexibilidade nessa questão de direitos autorais. É uma discussão atualíssima e importante, mas temo que, no governo, o Hélio Costa, que sabe transitar pelas picadas da política tradicional, cheias de armadilhas e portas secretas, acabe por fazer valer a posição de seus apoiadores.

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