quarta-feira, 27 de junho de 2007

Quarta

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LULA NAS NUVENS
Saiu mais uma pesquisa CNT/Census e novamente os jornalistas debruçam-se sobre os resultados, como se uma pesquisa genérica como essas que de tempos em tempos a Confederação Nacional dos Transportes compra de algum instituto e publica, fosse um oráculo infalível.

Uma confederação patronal não iria gastar dinheiro (e um dinheirão) numa pesquisa nacional, se isso não fosse uma ferramenta política. Imagino que os resultados mostram se os empresários devem ir pra cá ou pra lá.

Não tenho formação em estatística nem estudo suficiente para fazer uma crítica séria a esta ou qualquer outra pesquisa. E até acredito que ela possa medir com razoável acerto algumas coisas. Parece que ninguém contesta o fato de Lula ter melhor imagem que seu governo. E da maioria da população não fazer uma ligação precisa entre ele e o que acontece (de ruim) no País.

Uma parcela mínima da população lê jornal. Cidades como Itajaí e Balneário Camboriú, onde cerca de 10% da população compra diariamente um jornal (o DIARINHO!) são raríssimas. Um número muito pequeno assiste – e entende – noticiário de televisão.

Portanto, um presidente simpático, que fala de um jeito familiar, um sujeito simples que “chegou lá” e se preocupa com os mais pobres (como ele próprio diz, e a turma acredita), será sempre melhor que outros desconhecidos que falam de um jeito esquisito.

CENÁRIO SUPERFICIAL
Algumas das indagações da pesquisa prestam-se (e já começaram a servir a isso) a interpretações apressadas e, a meu ver, equivocadas.

A pergunta sobre “censura prévia na TV” é um exemplo típico. Censura, para a geração que viveu durante a ditadura, tinha um significado mais concreto e negativo. Agora, passados tantos anos, não é de espantar que a população queira ter alguma defesa contra as barbaridades que são mostradas na TV. Por isso, os 58% que aceitaria que alguém visse antes o que a TV quer apresentar e fizesse uma seleção, não pode automaticamente servir para afirmar que a maioria dos brasileiros é a favor da censura. Mostra, antes, que as emissoras de TV estão passando dos limites e que o telespectador comum sente-se impotente para dizer-lhes o que gostaria de ver e o que não quer que seja mostrado.

CAOS? O QUE É CAOS?

Outra questão cheia de armadilhas da pesquisa é a pergunta sobre os problemas dos aeroportos e do controle aéreo, que na pesquisa aparecem como “apagão aéreo”. Levando-se em conta a parcela da população que viaja de avião, até que o brasileiro está razoavelmente informado: 31,4% ouviram falar sobre o problema.

E aí, para estes, a pesquisa pergunta se “o governo tem ou não condições de resolver a crise no curto prazo”?

Isso até parece aquelas perguntas idiotas e sem sentido que os sites de jornais colocam, para simular uma interatividade, a “participação do leitor”. Ora, até mesmo alguém que acompanhe de perto as ações do governo teria dificuldades para responder sim ou não a este tipo de dúvida. É claro que aqueles que confiam no governo dirão que sim, os que duvidam, dirão que não. E esse resultado não acrescenta nada.

O povo, ao contrário do que geralmente se pensa, tem lá suas sabedorias. Quando fizeram outra pergunta complicadíssima, “o controle aéreo deve ser civil ou militar?”, houve uma divisão meio-a-meio. Claro, à primeira vista, tanto pode ser um como outro. Ninguém tem informação suficiente para se posicionar com um mínimo de seriedade. É o estímulo ao chute.

E, quando perguntam se a pessoa foi prejudicada pelo “apagão” ou conhece alguém que foi, deu a lógica: 67% responderam não. Problema de aeroporto não é – e isto é o óvio ululante – problema pessoal da maioria.

E aí está outra armadilha: é, apesar disso, um problema que deve preocupar a todos. As empresas catarinenses que exportam (e já penam com o real supervalorizado) precisam sair à cata de novos clientes, visitar mercados e têm grande prejuízo adicional quando seus representantes e executivos perdem conexões. Sem falar no desgaste pessoal. E para os setores que estão aquecidos justamente por causa do dólar baixo, ir aqui e ali, fechar negócios, prospectar mercados, vender e comprar, passou a ser uma tortura.

Era fácil e possível um florianopolitano pegar o avião cedo, ir a reuniões em São Paulo e voltar no final da tarde. Hoje é mais prudente ir na véspera e dormir em São Paulo, para não se arriscar a sair no mesmo dia e perder a hora. Com este custo, em dinheiro e agilidade, o País, como um todo, perde empregos, competitividade e ânimo.

O IPESC E O TCE
O presidente do Ipesc, Demetrius Hintz, chama a atenção para um detalhe importante, naquela decisão do Tribunal de Contas do Estado, sobre a contratação da Fepese, que eu comentei aqui no final de semana.

Ele conta que, desde que começaram a estudar a forma de cobrar algumas dívidas, que o próprio Ipesc e seu pessoal não têm como cobrar, tentou se cercar de todos os cuidados, para fazer a coisa certa. Pediu pareceres da procuradoria do estado e dos procuradores junto ao Tribunal de Contas. E finalmente, antes de fazer qualquer pagamento à empresa, mandou a papelada ao Tribunal de Contas, para exame.

E aí levou um susto quando o Tribunal tascou-lhe uma multa e mandou suspender os pagamentos e o convênio. Como se não tivesse havido, por parte do Ipesc, interesse em saber se o procedimento estava correto e eles tivessem pego o Demetrius com as calças na mão. Ele vai, é claro, recorrer.

SIMBAD, O NÁUFRAGO

O senador Simbad, digo, Sibá Machado, abandonou o barco. Sem presidente e sem relator, a nau sem rumo da comissão de ética do Senado discute hoje se muda seu nome para “comissão aética”. Havia dúvidas se iria sair uma margherita, aquela tradicional, de mussarela e tomate, ou uma mais apimentada, à calabreza, que é aquela feita depois de uma discussão mais acalorada. Mas parece que, pra não esfriar, a pizza do Renan só vai pro forno depois das férias.

Agora vão preparar a do Roriz.

LHS 56 X 37 LULA
O Ponticelli (PP) mandou carta ao Alckmin (que criticou os 37 ministérios do Lula) lembrando-o que o LHS (com 56 secretarias) ganha de goleada.

FUJAM DO JORNALISMO
Peguei esta no blog do Noblat (www.noblat.com.br) e assino embaixo:
“Apagão aéreo, Vavá, Marta Relaxada e Gozadora, PAC em câmera lenta, Mangabeira arrependido... Nada cola no Lula, o Super-Teflon. O que prova a absoluta irrelevância da imprensa, dos jornalistas, dos colunistas, dos blogs. Vou abrir uma pizzaria.”

(Confissão de um veterano e desalentado jornalista, que, inspirado no grande Sibá, desrecomenda a profissão. Para não perder o emprego, ele prefere se manter no anonimato.)

4 comentários:

Anônimo disse...

César, o Alckmin sabe muito bem que o secretariado de Santa Catarina está inchado. Afinal, na eleição de 2006 ele veio aqui e, de boca cheia, manifestou seu apoio à reeleição do Luiz Henrique. Ou será que o então candidato veio aqui fazer campanha e não sabia o que acontecia no Estado na administração que ele apoiou?
Marcelo Santos

Anônimo disse...

Cesar,

Como dizia o personagem do Chico Anisio, "o povo que se exploda".

Depois que o Juarez vai sendo aplaudido na cidade, principalmente nos lugares de classe media e alta (como o restaurante da Oliveira da Lagoa) o Renan tem que ser absolvido.

Realmente temos os politicos que merecemos.

36 secretarias regionais, milhares de ministerios e uma prefeitura que tem o comando de um vereador corrupto e um secretario com mais de 50 processos judiciais e diversos da propria prefeitura ( Cavallazzi), nao há solucao.

Nao vamos esquecer tambem os nobres empresarios cuja sua principal habilidade é de ser um bom corruptor, para mais tarde ser agraciado pelo governador.

Vai bem esse país.

Abracos

Pedro de Souza.

PS Vou tirar férias - só volto qdo o ministerio público voltar a botar essa gente na cadeia, que era da onde nao deviam ter saido.

Anônimo disse...

César, será que a ALESC tem algum convênio com as emissoras de TVs locais, já que várias jornalistas trabalham na emissora estatal e na emissora do legislativo. Isso está gerando um confusão, a gente nunca sabe se está assistindo a TVAL ou o SBT ou a Record ou a Rede TV Sul. Todas essas emissoras têm jornalistas trabalhando na TVAL. Será que temos tão poucos jornalistas de tv assim em Santa Catarina que a TV legislativa precisa contrar jornalistas que já estão empregadas em outras emissoras? ou será um forma da AL agradar aos empresários de comunicação?
Acho que isso vale uma investigação.

Anônimo disse...

Não tenho procuração da Assembléia, nem das jornalistas mas sei que as duas jornalistas contratadas, Rute Enricone (Record) e aquela loira maravilhosa do SBT, exercem sua profissão com dignidade profissional e cumprem 5 horas regulamentares em cada um dos seus empregos.
Não podemos achar que jornalista com emprego público sempre tem esquema com o poder.
Isto também não favorece as empresas.