Lula, sempre que se encontra com um de seus dois queridinhos, o governador do Rio, Sérgio Cabral e o governador de Minas, Aécio Neves (com quem está na foto acima, tirada ontem, em Belo Horizonte), derrete-se e ri como se tivesse voltado a ser moleque. Piadinhas, anedotas, chistes, facécias, sabe-se lá o que conversam, mas o fato é que em muitas fotos o presidente aparece com os dentes à mostra.
Não acho que fechar a carranca seja sinal de seriedade nem acredito naquele velho ditado do “muito riso, pouco siso”. Acho que todos nós trabalhamos e vivemos melhor com bom humor. Rir é bom, faz bem. Não sei se é o melhor remédio, mas ajuda bastante a levar a vida.
O problema, portanto, não é que o Lula ria. É que o Presidente da República apareça rindo na hora errada. Ontem, por exemplo, por mais alegre que o Lula estivesse por rever seu amigão e provável sucessor, o Presidente tinha nas mãos problemas imensos, crises verdadeiras, concretas, a maioria delas completamente sem graça.
CRISE 1: O ADÚLTERO
É perfeitamente plausível que as risadas da foto acima tenham ocorrido quando os dois amigos comentaram algum aspecto do rolo em que o presidente do Senado está metido. Renan Calheiros contaminou o Congresso e o Senado com as circunstâncias da sua aventura extra-conjugal. Não é, como pode parecer, um problema do Renan. Não é um problema apenas do Senado. É uma crise política grave, porque envolve alguns dos principais aliados do governo. Porque enfraquece ainda mais o parlamento diante da opinião pública. Porque tem ingredientes comuns à crise geral de imoralidade dos homens públicos.
É fato que, quando o Legislativo se desmoraliza, abre espaço para que o Executivo torne-se mais forte. Talvez Lula também esteja rindo disso. Porque acha que só tem a ganhar com a crise provocada pelo senador promíscuo.
CRISE 2: DESCONTROLE
Desde seu início, há vários meses, a crise no controle do espaço aéreo brasileiro já teve vários níveis de agravamento e nenhuma proposta concreta de solução. O governo se mostra ora perplexo, ora paralisado, ora bate-cabeça, ora acha que, se ficar bem quietinho, de olhos fechados, daqui a pouco a crise terá terminado. Milagrosamente.
O caos nos aeroportos e nos céus não tem a menor graça. Ao contrário, tem forma, jeito, cor, tamanho e peso de um enorme desastre institucional. Mas o governo quer fazer-nos crer que, apesar das aparências, a coisa não é grave. Basta uma gratificação aqui, uma válvula nova ali, uma demão de tinta acolá e pronto. Tudo se resolve.
Para demonstrar que as risadas presidenciais são contagiosas, que o bom humor na hora e no lugar errados estão sendo institucionalizados no governo, ontem o ministro da Fazenda também quis fazer piada com a paralisia aérea. Disse que esse caos “é o preço a pagar pelo sucesso”. Como a economia vai bem, mais gente tem condições de voar e isso seria a causa dos “problemas”.
Há poucos dias, a ministra do Turismo (sexual), tinha filosofado que, no caso dos problemas nos aeroportos, a única coisa a fazer era “relaxar e gozar”.
Claro, se o presidente ri a bandeiras despregadas, se tudo vai bem, se não há crises, por que deveriam os ministros levar as agruras do povo a sério?
CRISE 3: A CORRUPÇÃO
O Lula parece que acha que, como sempre existiram corruptos e corruptores e provavelmente continuarão existindo, não há nada a fazer. Mas o Presidente da República não pode varrer para debaixo do tapete mais esta crise. São milhões, bilhões de reais de dinheiro público que a corrupção consome.
Deveria preocupar-se com os efeitos de uma epidemia desse porte. Em todos os cantos do País, onde exista dinheiro público, estão, de mãos dadas, corrupto e corruptor, montando algum esquema, estudando alguma forma de fazer-nos de palhaços.
O grande problema é que, no momento em que o PT, partido fundado por Lula, escolheu, para defender-se, aquela história de que “todo mundo faz, todo mundo fez”, desmoronou diante dos nossos olhos. Eu, vocês, todo mundo, achávamos que o PT podia ter lá seus problemas, mas era diferente. Quando o próprio partido resolveu dizer que era igual a todos os outros, no que de pior os outros tinham, assumiu a sua parcela na imundície.
E o Presidente da República, diante dessa posição de seu partido, resolveu adotar a tática do avestruz. Nada sabe, nada viu. Portanto, está seguro. Reeleito (principalmente por falta de adversário à altura), considerou-se absolvido e radicalizou o alheiamento. Ri-se e se alegra como se vivesse em outro país.
Talvez viva mesmo.
Já que é pra rir, vamos lá. O prefeito de São José, Fernando Elias, chegou atrasado e acabou sendo colocado ao lado de seu maior desafeto, o presidente da Câmara de Vereadores, Édio Vieira, na reunião do Orçamento Regionalizado em São José (foto no alto). Ficou a maior saia-justa.
2 comentários:
CESAR
ESSA OPOSIÇÃO É REALMENTE MUITO INCOMPETENTE OU SERÁ QUE TEM O RABO PRESO?
O ANTIGO PT JÁ ESTARIA DEITANDO E ROLANDO COM OS ACONTECIMENTOS RECENTES: APAGÃO AÉREO, EMPREITEIRAS, OPERAÇÕES DA PF, MENSALÃO,ETC.
JÁ TERIA A MUITO TEMPO IMPEDIDO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
É POR ISSO QUE O LULA CONTINUA RINDO..... TAMBÉM DE NÓS.
ABÇS
ANTONIO CARLOS
Chama o VDM. O banner sobre o nazismo voltou ao teatro Álvaro de Carvalho. Será que o VDM tem celular?
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