sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sexta

DO QUE LULA RI?
Mesmo que, pessoalmente, Lula tenha motivos de sobra para estar às gargalhadas, deveria pensar um pouco na imagem institucional da Presidência da República e conter-se um pouco.

Lula, sempre que se encontra com um de seus dois queridinhos, o governador do Rio, Sérgio Cabral e o governador de Minas, Aécio Neves (com quem está na foto acima, tirada ontem, em Belo Horizonte), derrete-se e ri como se tivesse voltado a ser moleque. Piadinhas, anedotas, chistes, facécias, sabe-se lá o que conversam, mas o fato é que em muitas fotos o presidente aparece com os dentes à mostra.

Não acho que fechar a carranca seja sinal de seriedade nem acredito naquele velho ditado do “muito riso, pouco siso”. Acho que todos nós trabalhamos e vivemos melhor com bom humor. Rir é bom, faz bem. Não sei se é o melhor remédio, mas ajuda bastante a levar a vida.

O problema, portanto, não é que o Lula ria. É que o Presidente da República apareça rindo na hora errada. Ontem, por exemplo, por mais alegre que o Lula estivesse por rever seu amigão e provável sucessor, o Presidente tinha nas mãos problemas imensos, crises verdadeiras, concretas, a maioria delas completamente sem graça.

CRISE 1: O ADÚLTERO
É perfeitamente plausível que as risadas da foto acima tenham ocorrido quando os dois amigos comentaram algum aspecto do rolo em que o presidente do Senado está metido. Renan Calheiros contaminou o Congresso e o Senado com as circunstâncias da sua aventura extra-conjugal. Não é, como pode parecer, um problema do Renan. Não é um problema apenas do Senado. É uma crise política grave, porque envolve alguns dos principais aliados do governo. Porque enfraquece ainda mais o parlamento diante da opinião pública. Porque tem ingredientes comuns à crise geral de imoralidade dos homens públicos.

É fato que, quando o Legislativo se desmoraliza, abre espaço para que o Executivo torne-se mais forte. Talvez Lula também esteja rindo disso. Porque acha que só tem a ganhar com a crise provocada pelo senador promíscuo.

CRISE 2: DESCONTROLE
Desde seu início, há vários meses, a crise no controle do espaço aéreo brasileiro já teve vários níveis de agravamento e nenhuma proposta concreta de solução. O governo se mostra ora perplexo, ora paralisado, ora bate-cabeça, ora acha que, se ficar bem quietinho, de olhos fechados, daqui a pouco a crise terá terminado. Milagrosamente.

O caos nos aeroportos e nos céus não tem a menor graça. Ao contrário, tem forma, jeito, cor, tamanho e peso de um enorme desastre institucional. Mas o governo quer fazer-nos crer que, apesar das aparências, a coisa não é grave. Basta uma gratificação aqui, uma válvula nova ali, uma demão de tinta acolá e pronto. Tudo se resolve.

Para demonstrar que as risadas presidenciais são contagiosas, que o bom humor na hora e no lugar errados estão sendo institucionalizados no governo, ontem o ministro da Fazenda também quis fazer piada com a paralisia aérea. Disse que esse caos “é o preço a pagar pelo sucesso”. Como a economia vai bem, mais gente tem condições de voar e isso seria a causa dos “problemas”.

Há poucos dias, a ministra do Turismo (sexual), tinha filosofado que, no caso dos problemas nos aeroportos, a única coisa a fazer era “relaxar e gozar”.

Claro, se o presidente ri a bandeiras despregadas, se tudo vai bem, se não há crises, por que deveriam os ministros levar as agruras do povo a sério?

CRISE 3: A CORRUPÇÃO

O Lula parece que acha que, como sempre existiram corruptos e corruptores e provavelmente continuarão existindo, não há nada a fazer. Mas o Presidente da República não pode varrer para debaixo do tapete mais esta crise. São milhões, bilhões de reais de dinheiro público que a corrupção consome.

Deveria preocupar-se com os efeitos de uma epidemia desse porte. Em todos os cantos do País, onde exista dinheiro público, estão, de mãos dadas, corrupto e corruptor, montando algum esquema, estudando alguma forma de fazer-nos de palhaços.

O grande problema é que, no momento em que o PT, partido fundado por Lula, escolheu, para defender-se, aquela história de que “todo mundo faz, todo mundo fez”, desmoronou diante dos nossos olhos. Eu, vocês, todo mundo, achávamos que o PT podia ter lá seus problemas, mas era diferente. Quando o próprio partido resolveu dizer que era igual a todos os outros, no que de pior os outros tinham, assumiu a sua parcela na imundície.

E o Presidente da República, diante dessa posição de seu partido, resolveu adotar a tática do avestruz. Nada sabe, nada viu. Portanto, está seguro. Reeleito (principalmente por falta de adversário à altura), considerou-se absolvido e radicalizou o alheiamento. Ri-se e se alegra como se vivesse em outro país.

Talvez viva mesmo.

PIADINHA DE SALÃO
Já que é pra rir, vamos lá. O prefeito de São José, Fernando Elias, chegou atrasado e acabou sendo colocado ao lado de seu maior desafeto, o presidente da Câmara de Vereadores, Édio Vieira, na reunião do Orçamento Regionalizado em São José (foto no alto). Ficou a maior saia-justa.

A coisa ia andando, discursos pra lá e pra cá, e os dois inimigos, um do ladinho do outro, soltando fumacinha. Acima, o deputado Cesar Souza Jr. discursa. Veja que ele está ao lado da deputada Ada.
Assim que o Cesinha saiu da mesa, o prefeito, mais que depressa, tomou o lugar. A propósito, a lei anti-nepotismo aprovada pela Câmara, pivô da briga dos dois (Elias e Vieira), está sendo validada pelo TJ. Não é engraçado?

2 comentários:

Anônimo disse...

CESAR
ESSA OPOSIÇÃO É REALMENTE MUITO INCOMPETENTE OU SERÁ QUE TEM O RABO PRESO?
O ANTIGO PT JÁ ESTARIA DEITANDO E ROLANDO COM OS ACONTECIMENTOS RECENTES: APAGÃO AÉREO, EMPREITEIRAS, OPERAÇÕES DA PF, MENSALÃO,ETC.
JÁ TERIA A MUITO TEMPO IMPEDIDO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
É POR ISSO QUE O LULA CONTINUA RINDO..... TAMBÉM DE NÓS.
ABÇS
ANTONIO CARLOS

Anônimo disse...

Chama o VDM. O banner sobre o nazismo voltou ao teatro Álvaro de Carvalho. Será que o VDM tem celular?