sexta-feira, 17 de novembro de 2006

SEXTA

FIM DE SEMANA EM FLORIANÓPOLIS
Luiz Henrique convidou seus colegas governadores eleitos do PMDB para um fim de semana no Costão do Santinho, do seu (dele) amigo Fernando Marcondes de Matos. Pra não ficar só naquela de praia, sauna, ginástica e churrasco, eles iriam aproveitar para tentar unir o PMDB, ou pelo menos uma parte dele, em torno de algumas propostas de redistribuição do dinheiro dos impostos, cuja parte do leão fica mesmo com o Lula. Mas ontem à tarde a reunião, que começa hoje, já estava fazendo água.

Primeiro, o ministro da fazenda disse que os governadores podem tirar os cavalinhos do sol: ninguém vai mexer na distribuição da grana federal para os estados. Fosse ele manezinho teria dito: “mofas com a pomba na balaia”. Depois, uma das estrelas do elenco de novos governadores, o carioca Serginho Cabral (filho do Sérgio Cabral, crítico de música do Pasquim, mas isso ninguém mais se lembra), começou a tirar o corpo fora e a tentar esvaziar a reunião. Conseguiu convencer pelo menos o Paulo Hartung, do Espírito Santo, a não vir tomar sol.

Alguns acham que o Lula, preocupado com o rumo das coisas, teria dado uma prensa nos convidados, até pra que a bolinha do LHS não fique muito cheia de gás. A reunião, em todo caso terá as presenças, confirmadíssimas, do Roberto Requião do Paraná e do Rigotto, do Rio Grande do Sul (em final de mandato), além do Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, que já chegou ontem pra não perder o café da manhã, que dizem que é muito bom. O resto só se terá certeza quando estiverem chegando.

EXCESSO DE CORTES
Pois o governador Eduardo Moreira, preocupado em terminar o mandato com as contas em ordem, mandou apertar os cintos, cortar gastos. E na Secretaria de Segurança, alguém resolveu levar ao pé da letra o pedido de economia. Por meio do ofício-circular 3837 determinou uma série de cortes de gastos que atingiria em cheio a atuação da secretaria justamente na temporada de veraneio.

Ontem de manhã, irritado com a repercussão do tal ofício, que adicionava mais combustível político àquela história dos 5 litros por viatura, o governador Eduardo Moreira mandou cancelar o infeliz ofício da secretaria de segurança.

É claro que faltou bom senso, ou até inteligência, a quem pretendeu atender o pedido de economia com corte nas atividades essenciais. O governador disse que “a economia é necessária, mas não podemos comprometer os serviços prestados à sociedade, como a operação veraneio.” O secretário da articulação Ivo Carminatti garante que os recursos programados serão liberados conforme o cronograma e que nenhum corte daqueles contidos no ofício da secretaria de segurança se justifica.

Com o ato de ontem, o governador desautoriza publicamente o Secretário de Segurança, Dejair Vicente Pinto, que assinou o ofício com as medidas de redução de policiamento durante a Operação Veraneio no último dia 8 de novembro.

Então tá. Resta saber se o governo tomaria a mesma atitude, de cancelar o ato da secretaria, se a notícia dos cortes não tivesse sido publicada. Pelo sim, pelo não, o jeito é continuar a fazer o que tem sido feito pelo DIARINHO e outros jornais: ouvir as queixas e ir atrás das explicações. Afinal, às vezes pode ser que o andar de cima ainda não tenha tomado conhecimento de alguma bobagem feita no andar de baixo e o alerta ajude a dar uma arrumada na casa.

O JULGAMENTO DO LHS
No entardecer de terça-feira, véspera de feriado, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) começou o julgamento de uma ação proposta pelo PP contra LHS. Em resumo, eles acham que o governo usou a comunicação de forma excessiva, divulgando o nome do LHS além dos limites deixando os demais concorrentes em desvantagem na campanha.

O relator do processo, desembargador José Trindade dos Santos, votou no sentido de ser decretada a inelegibilidade do governador eleito, por três anos, a partir da eleição. “Houve abuso de poder econômico na divulgação de propaganda institucional a favorecer amplamente a reeleição de LHS e com a capacidade de desiquilibrar o pleito”, afirmou em seu voto.

Também chegou a ser discutida a cassação do registro da candidatura, mas um pedido de vistas (um dos desembargadores pediu para ler o processo) adiou o final do julgamento para segunda-feira. Pavan entra no rolo: se LHS for condenado, Pavan não poderá assumir em seu lugar.

Não tem muita gente apostando na condenação de LHS e pode não dar em nada, mas só saberemos quando o julgamento terminar.

NOVELA POLICIAL
O Jânio de Freitas, na Folha de S. Paulo, chama a atenção para o fato que o caso do dossiê, que os aloprados petistas inventaram de comprar para turbinar a campanha de Mercadante, se arrasta e que tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público Federal, nas suas seções de Mato Grosso, já começam a admitir que não conseguirão chegar a lugar algum.

Têm dificuldades não só na identificação dos culpados e na obtenção de provas, mas também na forma de indiciar os envolvidos. Que tipo de crime terão cometido? A cada novo passo, o novelo, e a novela, em vez de desenrolar, complica-se mais.

JORNALISTA DIPLOMADO
Parece uma coisa simples e óbvia (jornalismo é uma profissão regulamentada que pode ser exercida por profissionais de nível superior com curso específico), mas volta e meia tem gente que quer discutir o caso.

O Superior Tribunal de Justiça acaba de decidir, num processo, que o óbvio é o correto: jornalista tem que ter diploma, tem quer ser jornalista. E isso, disse o ministro relator, não compromete nem dificulta o exercício da liberdade de expressão.

O caso que foi julgado é o de um médico que queria porque queria que a justiça lhe desse o título de jornalista, para que ele pudesse colaborar num jornal. O tribunal disse que a lei profissional dos jornalistas tem uma figura onde o médico cabe perfeitamente: a do colaborador. Qualquer profissional, de qualquer área, pode escrever em jornal sobre assuntos de seu conhecimento e especialidade.

Mas fazer o jornal, exercer as técnicas todas que fazem com que todo dia o leitor tenha este caderno cheio de notícias para ler, é coisa de jornalista. O que nem é tanto privilégio assim, porque jornalista ganha mal, trabalha muito, vive estressado, morre mais cedo que os demais profissionais e de tempos em tempos ainda tem sua regulamentação profissional questionada, como se fazer um jornal, colocar um telejornal no ar, produzir uma reportagem no rádio, com qualidade, fossem coisas banais que qualquer um pudesse fazer.

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