quarta-feira, 12 de abril de 2006

QUARTA

O NOSSO ASTRONAUTA
O companheiro Marcos Pontes é o tipo do sujeito certo na hora errada. O esforço, dedicação, estudo, aplicação que esse moço foi capaz de fazer para realizar um sonho que ele julga decente, digno e honrado, acaba sendo tratado com pouco caso por uma multidão que não vê, nesse feito isolado (colocar um brasileiro no espaço), grande mérito. Apenas uma despesa inútil.

Ele é, como tantos brasileiros, um sujeito competente. O brasileiro é em geral um cara competente. Falta-nos, para que mais brasileiros se destaquem em muitas áreas, o estímulo básico e continuado de uma educação de qualidade. Enquanto formos esse país injusto e desigual, continuaremos tendo esses heróis solitários.

Vocês decerto já perceberam que temos tantos craques no futebol porque muita gente, de todas as classes, têm acesso a esse esporte. Muita gente jogando, com muitos clubes razoavelmente organizados, resultam no aparecimento de um número grande de bons jogadores.

É assim em todas as áreas. Se tivermos bastante gente jogando tênis, em boas condições de treino e carreira, muitos Gustavo Kuerten aparecerão. Boas escolas, professores bem preparados, livros baratos, bibliotecas e livrarias ao alcance da mão, resultam em um grande número de cientistas, empreendedores de sucesso e pesquisadores de respeito internacional.

Não somos “raça” inferior nem mal dotados de qualquer coisa. É só alimentar direito os brasileirinhos e fornecer-lhes os estímulos adequados, que estaremos prontos para enfrentar qualquer desafio.

Mas, ao longo dos anos, temos andado de ré. Sem querer ofender quem está ocupando cargos de responsabilidade hoje na polícia, nas empresas públicas, nas várias secretarias estaduais ou municipais, na própria área da educação e nos parlamentos, dói ouvir os erros de português e a falta de vocabulário demonstrados nas entrevistas de rádio de televisão e nos discursos, que traçam um perfil que quase chega a ser desanimador.

Tudo porque falta escola. Boa escola e bons professores. Muitos dos professores que a gente encontra, até mesmo em escolas particulares, são verdadeiros desastres. Eles próprios mal formados por mestres de segunda categoria. Não tem como esperar, desses pobres, esforçados mas carentes de cultura, técnica e conteúdo, um desempenho capaz de entusiasmar seus alunos para uma vida de estudo e amor aos livros.

Falar bem, escrever direito, ler bastante não é coisa “da elite”. Quantos e quantos grandes mestres podemos localizar, na história de cada uma das nossas cidades, que foram gigantes do ensino e do saber, mas pessoalmente humildes, de poucas posses, esmagados por salários baixos (uma constante republicana, ao que parece)?

Não sairemos desse atoleiro, onde nada parece dar certo e de onde não conseguimos nem ver o horizonte, se não valorizamos o estudo e o trabalho. Com que país você gostaria de o Brasil se parecesse? Aposto que essa nação que você admira, qualquer que seja, foi construída com muitos anos de escola obrigatória e valorização do trabalho (e não da vadiagem ou da “esperteza”).

A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA
A Internet é uma coisa maravilhosa. Por exemplo: quer ler tudo o que o Procurador Geral de República, Antônio Fernando de Souza escreveu em sua denúncia contra as 40 pessoas (40 ladrões?) envolvidas no chamado “esquema do mensalão”?

Pois é só colocar o seguinte endereço no seu navegador para abrir um documento em “pdf” (precisa do Acrobat Reader, o leitor de pdf): www.pgr.mpf.gov.br/pgr/asscom/mensalao.pdf [ou clicar aqui para ir direto]. São 136 páginas e dependendo da sua conexão pode demorar um pouquinho.

O Procurador enviou a denúncia ao Supremo Tribunal Federal no dia 30 de março. Os denunciados são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva e peculato.

TRECHINHO DA DENÚNCIA

“Com a base probatória colhida, pode-se afirmar que José Genoíno, até pelo cargo partidário ocupado, era o interlocutor político visível da organização criminosa, contando com o auxílio direto de Sílvio Pereira, cuja função primordial na quadrilha era tratar de cargos a serem ocupados no Governo Federal.

Delúbio Soares, por sua vez, era o principal elo com as demais ramificações operacionais da quadrilha (Marcos Valério e Rural) repassando as decisões adotadas pelo núcleo central. Tudo sob as ordens do denunciado José Dirceu, que tinha o domínio funcional de todos os crimes perpetrados, caracterizando-se, em arremate, como o chefe do organograma delituoso.”
Extraído da denúncia enviada pelo Procurador Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

VAIS ANISTIAR O ZÉ?

Enquanto o Procurador Geral da República trata os 40 amigos como quadrilheiros e o considera como um dos mentores do esquema, o Zé disse ontem, em Florianópolis, que tem um duplo projeto político: reeleger Lula e conseguir a anistia para si próprio.

O Zé (que Zé? o Dirceu, claro) afirmou que tem um monte de gente e de entidades que estão loucas para começar uma campanha pela anistia dele. Segundo ele nada ficou provado e é tudo intriga da oposição.

PREFEITO ESQUISITÃO
Tenho observado o prefeito Dário, ultimamente, com mais atenção, porque achava que a má impressão inicial era apenas má impressão inicial.

Cheguei a ouvir entrevistas com grande atenção, para identificar alguma posição, postura ou afirmação que desfizesse a tal impressão inicial. Mas não consegui, até agora.

Vamos ver se vocês, que certamente vêem méritos nesse jovem administrador da nossa capital, me ajudam e explicam essas situações que, por enquanto, considero problemáticas:

Problema 1 – praticamente desde a posse ele se queixa do presidente do IPUF (empossado por ele!), que é do PMDB. Quem poderia trocar esse agente público inapto? O prefeito. Mas não trocou. Preferiu uma longa e desgastante (para os dois lados) fritura.

Problema 2 – praticamente desde a posse ele se queixa do secretário da saúde (empossado por ele!), que é de uma corrente do PSDB que se opõe à dele, do seu irmão e do pai do seu secretário da administração. Quem poderia trocar esse agente público inapto? O prefeito. Mas não trocou. Preferiu uma longa e desgastante (para os dois lados) fritura.

Problema 3 – praticamente desde a posse ele se queixou do secretário de obras. Depois de algum tempo, colocou, no lugar, seu irmão, Djalma. Agora o irmão saiu para concorrer à reeleição como deputado. Quem ficou no lugar? O mesmo secretário que tinha sido fritado antes.

Pode ser implicância, mas não consigo entender essa preferência pelo desgaste prolongado. Parece indecisão, cheira a falta de traquejo político e demonstra dificuldade para trabalhar em equipe. Mas pode não ser nada disso. Vai que é o estilo do moço.

DENÚNCIA ANÔNIMA
Em epoca de eleição sempre aparecem folhetos anônimos, recheados de “denúncias”. Covarde quem as propaga, imbecil quem lhes dá crédito. Quem sabe de alguma irregularidade séria e verdadeira deve denunciá-la ao Ministério Público ou à polícia, para que os autores sejam punidos. Se a coisa fica só na base da fofoca anônima é porque não tem fundamento mesmo.

Lembram que falei segunda-feira na farra dos colunistas? Quando a gente foi colocado na roda das fotografias com os políticos do PSDB? Pois aí tá a prova do crime. Na esquerda o Cláudio Prisco e entre o Pavan e o Marcos Vieira estamos eu (numa pose de dedo-duro) e o Moacir Pereira. Tudo isso pro Pavan mostrar a bengala (nova?) com um tucano no cabo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hahaha - a pose está impagavel;-)

Muitos muitos assuntos, César.
Leio aos poucos.
Tudo o que queria saber sobre o astronauta recém-voltado do espaço.
Que coisa!
Ainda estou matutando.
Um beijão de Feliz Páscoa.

Meg

Anônimo disse...

Considerando o ocorrido durante o referendo, temo que a próxima eleição será a festa dos hoaxes .. escrevi um texto pedindo aos colegas de listas de e-mail que evitem patrocinar estas bobagens .. mas se eu conheço o eleitorado ..

http://lemos.multiply.com/journal/item/123

Quanto ao mais, é importantíssimo ao Brasil continuar a investir em viagens espaciais .. afinal, toda rota que nos leve para fora daqui será bem-vinda!!!

:)

Um fraternal abraço
Pedro Lemos