sexta-feira, 14 de abril de 2006

SEXTA, SÁBADO E DOMINGO

PAZ NA TERRA?
Reuni estas citações em dezembro de 1972, para uma crônica que publiquei, a propósito de alguma ameaça de guerra ou conflito. Naquela época (uns 33 anos atrás) a paz já era assunto antigo e angustiante.

Agora continua. O que mantém tudo o que se fala sobre paz, ao longo dos séculos, sempre atual. É um mundo estranho, este em que vivemos, onde só é imutável aquilo que precisava mudar.

“Se alguém disser: – Amo a Deus – mas odeia a seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus esse mandamento: o que amar a Deus ame também o seu irmão”.
(I Jo 4, 20-21)

“Mais uma advertência: a paz não pode fundar-se numa falsa retórica de palavras, em geral bem aceitas por corresponderem às aspirações profundas e genuínas dos homens, mas que podem também servir, e, infelizmente, já serviram algumas vezes, para dissimular a falta de um verdadeiro espírito e de reais intenções de paz, e mesmo até para encobrir desejos e iniciativas de opressão ou interesses partidários”.
(Paulo VI, 8 de dezembro de 1967)

“Quem possuir bens deste mundo, e vir seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade”.
(I Jo 3, 17-18)

“Como podemos celebrar um Natal sereno com tal ameaça (a destruição da humanidade pelas armas homicidas) sobre a sorte do mundo?

Nossos votos, por isso, se transformam em urgente apelo a todos os homens de boa vontade, a todos os homens responsáveis no campo da cultura e da política, a que se proponham, como problema fundamental, o da paz. Da paz verdadeira e não da paz exaltada por uma propaganda hipócrita que visa adormecer o adversário e a ocultar a própria preparação para a guerra.

Não da paz fraca e retórica, que evita as negociações indispensáveis, que exigem muita paciência e são extenuantes, é verdade, mas que são as únicas eficazes. Não da paz fundada exclusivamente no equilíbrio precário de interesses econômicos opostos ou no sonho de orgulhosas hegemonias.

Da paz verdadeira, a saber, da paz que funda a própria segurança na prudente abolição ou, pelo menos, na redução das causas que a podem comprometer, como são o orgulho nacionalista e ideológico, a corrida armamentista, a desconfiança nos métodos e organismos que foram instituídos para tornar ordenada e fraterna a convivência dos povos.

Paz na verdade, na justiça e no amor é a paz que desejamos.”
(Paulo VI, 23 de dezembro de 1963)

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O TROTE DO VOTO NULO

No dia seguinte à invenção do e-mail, um gaiato inventou o trote por e-mail. E desde então, a cada dia, a caixa postal eletrônica sempre tem alguma coisa com jeito de coisa séria, aparência de coisa urgente que, no fundo, é só uma bobagem ou uma brincadeira de mau gosto.

Essa história de que todos temos que votar nulo porque “com 51% dos votos nulos será realizada uma nova eleição com candidatos que não participaram da primeira” é uma dessas bobagens que, de tanto ser reenviada, acaba ganhando status de coisa séria.

Valho-me das sábias palavras ex-juiz Ilton C. Dellandréa, que mantém um blog (uma página pessoal na Internet) com o sugestivo título de “Jus Sperniandi” (dellandrea.zip.net), para tentar mostrar que esse e-mail é fajuto.

MANOBRA PETISTA?
O Ilton até se pergunta se essa história do voto nulo não teria sido inventado pelos petistas, porque, como veremos a seguir, isso beneficia o companheiro Lula e praticamente lhe assegura a sonhada reeleição.

Então vamos lá, tentar entender:

É TUDO ILUSÃO

Segundo o Ilton, “não há, na Lei Eleitoral qualquer dispositivo a respeito” (da história que 51% de votos nulos anula a eleição).

Ele enumera os artigos do Código Eleitoral que poderiam ter gerado essa interpretação maluca (maliciosa?) do e-mail: o 211 (que manda excluir, para a contagem dos votos, os em branco e nulos); o parágrafo 1º do 213 (que introduziu o segundo turno); e o 224 (que fala na “nulidade”).

O artigo 224 diz “se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias”.

E aí entram os esclarecimentos do Ilton: “não se considera o voto nulo, proposital ou involuntário, depositado pelos eleitores, mas a própria eleição nula. A lei declina os motivos da anulação no artigo 220: I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei; II - quando efetuada em folhas de votação falsas; III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17 horas; IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios. V - quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do art. 135.

Como se pode ver, a lei não leva em conta, para esse fim, os votos individuais nulos em eleições regulares. A pregação do voto nulo, no meu modo de ver as coisas, é pegadinha do PT. Anular o voto, pragmaticamente, significa ajudar o presidente Lula a se reeleger. Os petistas certamente votarão e com eles os simpatizantes do lulismo ou do petismo. Anular é retirar o voto de algum adversário porque os votos nulos não contarão para a apuração da maioria absoluta – como diz a lei.

Assim, se na contagem dos votos válidos no segundo turno forem apurados apenas três e um candidato obtiver dois e o outro um, o que obteve dois será proclamado eleito!”


Obrigado, Ilton.

E para os queridos leitores e amadas leitoras, desejo uma santa sexta-feira, um sábado de iluminada Aleluia e uma Páscoa feliz e tranqüila.

(Aviso aos navegantes: a coluna, como boa cristã, vai gozar o feriadão e volta à programação normal só na segunda-feira).

6 comentários:

Anônimo disse...

De Gin
Para Cesar

Que coincidência! Estava eu aqui vasculhando meus links de centos anos e eis que um dos que cliquei agorinha foi o jussperniandi - adoro esse nome :c) Quando digo que vou votar nulo é por pura réiva mesmo e falta de opção. De qq. jeito, ainda prefiro arriscar o voto; mesmo que em um outro M*, mas nunca mais neste M* atual. M por M ..., enfim, vamu ver - tou numa dúvida daquelas, a Fal candidata tira qualquer outro do páreo :C))))) O resto é tudo traste.

Boa bacalhoada e cuidado com o coelhinho, ele comeu chocolate demais... :c)))

Amém.

Anônimo disse...

Obrigado prá você, Cesar, pela força. A história dos camarões fica para uma próxima ida a Florianópolis. Um abraço.

Anônimo disse...

Irrelevando o e-mail dos votos nulos, acredito que a anulação é mais questão de descrédito do que manobra petista. Não é a intenção tirar votos de um adversário para vitória dos outros. A idéia é repudiar todos ali que se candidatam, exercendo assim, seu pode democrático. Entendi o pensamento do Ilton, mas acredito que pode ser meio que uma análise conspiratória... Tomara que seja mesmo, porque que manobra-escondida de e-mails já é demais. Mas do que governam hoje pode-se esperar tudo.

Ah, uma frase pra terminar meu comentário... Sintetiza bem porque não levar alguns político a sério...

“Os votos nulo e branco não contribuem em nada para o exercício democrático”
Jorge Bornhausen, presidente do PFL

Anônimo disse...

Com ou sem conspiração, não importa.
Pelo menos pra mim, não há - e chego à conclusão de que nunca houve - um candidato decente em quem votar nesse país.
Há várias eleições venho votando nulo, e penso fazer o mesmo no futuro.
Político safado é, por assim dizer, um pleonasmo, e nem sei porque as pessoas ainda perdem tempo discutindo política - e ainda votando em fulano ou cicrano, quando um vale o outro.
Exemplo: Por que nenhum político tem como plataforma o fim dessa aberração jurídica que é o voto obrigatório?
Há séculos se vive nesse país APESAR dos políticos, e quanto antes e quanto mais gente se der conta disso, mais chances teremos de um futuro melhor, utopicamente sem políticos.
Eles não servem para absolutamente nada de bom (a não ser para si mesmos), e praticamente TODAS as mazelas nacionais se devem, em última análise, aos políticos.
Voto nulo sim! que é pra essa corja pelo menos se mancar do quão baixa está sua popularidade - e sua moral - se é que isso jamais importou.
O meu voto esses putos não levam!!
Abaixo o voto obrigatório!!!
Abaixo os políticos!!!
Boa Páscoa, queridos.

Anônimo disse...

Querido
Já tenho meus links em atualização e vim aqui pegar o do De Olho.
Encontro essas citações belissimas e verdadeias.
Volto, calma, desejando a você Feliz Páscoa.

Anônimo disse...

Bom, só queria deixar alguns links que achei agora pesquisando na internet:
Primeiro turno será refeito em 28 municípios
e
Noticia do TRE/SP