terça-feira, 25 de abril de 2006

TERÇA

A LAGOA LOTADA
A foto acima, tirada ontem à tarde, mostra a bela vista da Lagoa da Conceição que se tem do alto do morro, onde passa a estrada que vem do centro de Florianópolis.

Lá em cima, o mar oceano, depois do qual está a África, que a gente só não vê por causa da curvatura do globo terrestre. E aqui, logo depois do casario, a lagoa propriamente dita (se clicar na foto se abre uma ampliação).

É uma das paisagens mais bonitas do mundo, como nós, os manezinhos, gostamos de dizer. E nessa foto, ao mesmo tempo que dá para perceber que se trata mesmo de um lugar muito bonito, dá para notar que não tem mais como enfiar gente, estrada e construção nessa área.

LOUCURAS DE VERÃO
Claro que os incorporadores imobiliários vão olhar pra foto e dizer: “ah, mas a densidade tá muito baixa, se a gente construísse alguns prédios, dobraria o número de habitantes e o pessoal da cobertura ainda teria uma vista maravilhosa”.

Sem uma rede de esgoto eficiente, sem transporte público eficiente, sem uma malha viária eficiente, esse cartão postal quase entra em colapso no verão. Falta um tiquinho de nada pro pessoal enlouquecer nos engarrafamentos, com o cheiro de merda na água e com a falta de opções baratas para ir e vir.

Esse texto aí em cima pode ser colocado embaixo de fotos de praticamente todos os locais lindos e maravilhosos da ilha. Basta mudar o nome do local e pronto. Os problemas da Ilha toda são semelhantes. A Ilha está lotada: de gente, de carros, de construções e, principalmente, lotada de administradores incompetentes.

“INCOMPETENTE, EU?”
Bom, tá certo, alguns administradores que a cidade teve ou tem são muito bem intencionados e até conhecem o riscado, mas esbarram na falta de apoio, falta de compreensão e falta de inteligência do resto da burocracia. Em planejamento urbano uma andorinha só não faz verão. Nem inverno.

E outros nem são bem intencionados e nem conhecem o riscado. Claro: nenhum partido e nenhum prefeito ou governador pode ser responsabilizado, sozinho, por tudo de ruim ou tudo de bom que aconteceu e acontece. Mas o fato é que estamos do jeito que estamos. E, aparentemente, sem ter para onde ir.

AMEAÇAS DE GREVE
Talvez a minha amiga leitora, o meu amigo leitor, não tenha percebido que essa história de greve (de professores, de médicos, de motoristas de ônibus) recomeça a cada ano mais ou menos na mesma época.

Às vezes a negociações salariais nem começaram e já se fala em “estado de greve”. Isto é utilizado como uma ameaça para que a negociação seja rápida e favorável.

O sindicato usa a greve e a ameaça de greve como antigamente os valentões chegavam no botequim e colocavam a arma sobre o balcão. Ninguém sabe se ele é capaz de usar, se está carregada, se funciona, se não está enferrujada, mas é uma ameaça colocada sobre a mesa, digo, o balcão.

Dizem os sindicalistas que os trabalhadores são a parte mais fraca e que precisam desse recurso para fazerem-se respeitar. Que se não fizerem isso os patrões (ou os agentes públicos) tratam-nos a pão e água.

DISTORÇÕES
Tá tudo muito errado. Primeiro, porque de tanto colocar a garrucha em cima da mesa, ou seja, de tanto ameaçar que vão fazer greve, os sindicatos acabaram desgastando esse instrumento, esse recurso que o trabalhador de fato tem.

Segundo porque os próprios agentes políticos, encarregados de administrar e pagar o pessoal nos governos, fazem corpo mole. E entram no jogo: se os servidores não fizerem algazarra não levam nada.

Os gênios que administram o serviço público só sabem contratar, adicionar gratificações, agradar correligionários e inchar a folha. E depois não têm como honrar o compromisso e assegurar uma carreira decente a quem trabalha.

E a gente, que esperava que os impostos fossem usados para nos proporcionar serviços públicos eficientes (saúde e educação, principalmente), acaba descobrindo que toda a montoeira de dinheiro arrecadado é utilizado para pagar um número absurdo de servidores públicos.

Só que nós, os que pagamos impostos, não podemos nem pensar em exigir a redução do tamanho da folha dos governos federal, estadual e municipal. Sempre tem o perigo deles entrarem em greve só para mostrar que teremos que sustentá-los para o resto da vida.

CHEGA DE ATCHIM
Começou ontem a vacinação do povo dos cabelos brancos contra gripe, na Grande Florianópolis. Pra quem tem acima de 60 anos poucas coisas podem ser mais ameaçadoras que uma simples gripe. No inverno, pruma gripe virar pneumonia, levar a uma internação hospitalar e complicar tudo, é um já.

E a vacina da gripe tem se mostrado muito eficiente para evitar o começo da novela. Atravessar o inverno sem os incômodos e riscos da gripe não é pouca coisa e toda família deveria se preocupar com isso. Mesmo aquelas que não dão muito valor para seus pais e avós e são egoístas: a vacina é menos incômodo pros mais jovens.

MARCHA DOS PREFEITOS
Não sei como está agora, depois dos escândalos e dos rolos com a cafetina-mor de Brasília. Mas há alguns anos, quando eu morava em Brasília, nesses dias em que centenas (um milhar?) de prefeitos fazem a tal “Marcha” as moças de programa da capital faziam literalmente a festa. Era uma espécie de “alta-temporada”, com o pessoal do interior, de todo o País, querendo aproveitar um pouco do clima libertino que ronda o poder central.

Agora, com os Tribunais de Contas de alguns estados fiscalizando mais as prefeituras, com a imprensa louca para mostrar prefeitos abraçados e enlaçados em alguma “reunião de negócios”, talvez o pessoal esteja mais calmo.

Mas que tem muita gente que só entra nessas tais “marchas” (este é o nono ano em que a coisa acontece) para aproveitar o festerê.

A CAPITAL DO PMDB
Palhoça, que fica na Grande Florianópolis é, como vocês sabem, a capital estadual do PMDB e está de aniversário (comemorou ontem 112 anos de emancipação). O folclórico prefeito Ronério fez uma grande festa, no final de semana, por causa disso.

Estava indo tudo muito bem (teve até show do Sérgio Reis) e a população até achou que o Ronério tivesse aprendido com as últimas bobagens e resolvido se emendar, quando apareceu o bolo de aniversário.

O Ronério ofereceu um bolo para a população com 15 metros. De onde saiu esse número 15? Ah, esse é o Ronério: tinha que colocar o número do PMDB. Como resultado, azedou a festa, que devia ser apartidária.