segunda-feira, 17 de abril de 2006

SEGUNDA


CHEGA DE COVARDIA
Estava comendo uns chocolatinhos derretidos (minha madrinha tinha esquecido o presente dentro do carro, no sol), olhando para o céu azul que mandei pintar no teto do meu escritório e vendo, ao longe, o vento balançar as árvores e arrancar uns telhados, quando me ocorreu uma coisa. Uma idéia. Um pensamento. Tipo assim.

Um dos grandes males do mundo moderno é a covardia. A falta de coragem para enfrentar os problemas, encarar os poderosos. O excessivo zelo com que tantos de nós protegem seus fiofós. Já diz o ditado que quem tem, tem medo. E é compreensível que a gente tenha medo.

Só que chega num ponto que o medo razoável passa a ser covardia, passa a ser um cagaço injustificado e indigno. E em muitas situações nós estamos diante dessa falta doentia de coragem. A ponto de vermos de quatro e rastejando pessoas que nunca imaginaríamos que fossem capazes de tanta covardia.

CORAGEM, PESSOAL!
Aí aproveitei o feriadão e comecei a imaginar algumas campanhas que poderiam ser feitas para combater a covardia, mal que se espalha mais rapidamente que a gripe aviária e é mais contagioso que bocejo (que são esses cartazetes que ilustram a coluna de hoje. Como sempre, se clicar sobre eles abre-se uma ampliação).

O engraçado – e triste – dessa história é que o slogan “Chega de Covardia!” serve praticamente pra tudo. Serve, por exemplo, pros deputados que absolveram acusados de receber dinheiro de caixa 2 de do mensalão. Se não fossem covardes, não teriam “faltado” à sessão, nem se absteriam, nem votariam em branco.

Mas a gente não sabe quem votou a favor dos corruptos: o voto é secreto. Ora, como pode ser secreto um voto que é dado em nosso nome? Se a gente escolhe o representante, tem que ter como acompanhar seus passos. E aí tem outra campanha: por que tem voto secreto? Porque tem covardes que morrem de medo que a gente saiba como eles votam.


EM CASA E NA RUA
A gente gosta muito de dizer que político é tudo igual, que é tudo ladrão, mas se esquece que às vezes o corrupto está aqui pertinho, dentro da nossa casa ou na casa do vizinho.

O sujeito que acha que vai se dar bem e aceita vender o voto dele e da família (e às vezes dos amigos) em troca de uns sacos de cimento, uma carrada de tijolos, a dentadura da tia e uma promessa de emprego na prefeitura é tão corrupto quanto quem fez a proposta. E é covarde o suficiente para não enfrentar de cabeça erguida a vida, as dificuldades da vida e essas propostas indecentes.

Os pais que morrem de medo de dizer não para o filho “rebelde”, que não sabem nem tentam saber como educar uma criança, deveriam ser chamados às falas, mais adiante, quando seu filhote “rebelde” aprontar alguma. Mas nem as famílias acham que devem educar as crianças e impor os necessários limites (têm medo) nem a sociedade acha que deve tomar uma providência mais séria (tem medo).

Ou seja, se a gente, a partir de hoje, resolver ser um pouco mais corajoso, boa parte dos problemas pode começar a ser enfrentada e até resolvida.


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FUJA DO ITACORUBI
Quarta-feira a prefeitura da capital muda algumas coisas no trânsito do trevo do cemitério (ou das três pontes), na Avenida da Saudade.

Como o próprio prefeito já disse que o Ipuf é uma bagunça e todos sabemos que a Guarda Municipal não tem conseguido se acertar com o trânsito e que a Secretaria de Obras está sem o poderoso primeiro-irmão, a expectativa mais conservadora é que os problemas da área só vão piorar.

A solução é não passar por ali. O grande problema é que aquele gargalo é o único caminho para o Saco Grande, Cacupé, Sambaqui, Jurerê e outras áreas densamente povoadas.

JEFFERSON TÁ VIVO
O lendário Roberto Jefferson deu uma entrevista ao jornal O Dia, do Rio de Janeiro, neste final de semana.

Diz, pra começo de conversa, que o Ministro da Justiça “está podre”. Mas o que mais me admira na conversa desse político profissional é a sem-cerimônia com que fala sobre corrupção.

“Todo mundo, todo partido, quando indica presidente de estatal, é para fazer caixa”, diz ele, com a naturalidade de quem sabe o que fala. As empresas terceirizadas, segundo Jefferson, fazem a festa dos partidos. Retribuem a boquinha com contribuições generosas. Ele cita as terceirizadas da Petrobras como exemplo.

(Clique aqui para ler a entrevista completa)

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah Cesar, se pelo uma vez por semana o povo ouvisse a Voz do Brasil, se pelo menos uma vez por semana frequentassem a Camara de Vereadores e/ou Assembléia Legislativa... .... esse seria certamente outro País...

Anônimo disse...

Caro Cesar, nas eleições do Peru, Omala está garantido no segundo turno, e aqui será que "O mala" também está garantido no segundo turno?