terça-feira, 4 de abril de 2006

TERÇA


O presidente Lula deixou clara, ontem, sua prioridade para este ano: reservou ralos minutos para conversar com cada um dos nove novos ministros que empossou (foto acima) e 30 minutos inteiros e mais um pouco para o presidente da CBF. Afinal, o Brasil é o país do futebol. Lula ganhou uma camisa da seleção autografada, estava feliz como criança pequena, todo sorrisos. Tem razão ele: tá tudo dando certo. Com astronauta, seleção e moeda estável ninguém segura este País.

O TIME RESERVA
No Brasil a Lei Eleitoral afirma, de forma sutil, que todo político é ladrão: por isso, obriga todo mundo que tem cargo administrativo a deixar o emprego, para que não “use a máquina”.

Assim como o caixa 2, o uso da máquina é um crime que foi incorporado aos usos e costumes. E a solução, como tantas outras, não é punir quem rouba o jogo, mas fazer com que esse povo saia dos cargos seis meses antes da eleição.

Bom, isso fez com que ontem, no governo federal, assumisse uma espécie de time reserva de ministros que vão ficar alguns meses, sem grande autonomia e sem direito a se exibir muito. Daí achei que estaria prestando um serviço público se colocasse os nomes dos ministros (a maioria ilustres desconhecidos) que estão entrando para esse restinho de jogo (para abrir uma ampliação é só clicar na foto).

No governo estadual ocorre a mesma coisa, só que, até ontem à tarde, não se sabia a lista exata de quem entrou no lugar de quem. Tá, como direi, um certo cada um por si e não tem nada centralizado na casa da descentralização.

TIME DESFALCADO
Alguns desses que estão na foto acima são, além de reservas, interinos dos reservas. É que o técnico Lula quer, por exemplo, dar o ministério da Saúde para o PMDB, mas o partido, rachado, não se acerta e então ainda vai levar um tempinho antes do ministro da Saúde aparecer. Mais ou menos como alguns médicos do SUS, que nem sempre aparecem na hora certa e quando a gente vê já foram embora.

SEMANINHA MARROMENO
Com a saída do Palocci, a artilharia oposicionista agora mira no Ministro da Justiça, o ex-presidente da OAB e até agora intocável criminalista Márcio Thomaz Bastos. Se não der para incluí-lo no rolo da quebra de sigilo, vão desencavar alguma coisa de remessa de dinheiro para o exterior, que vem desde a época da CPI do Banestado.

Hoje tem Okamoto às 11h na CPI dos Bingos (nem se animem: ele está protegido por liminar do STF) para ser acareado com o Paulo de Tarso Venceslau. A CPI dos Correios vota o relatório final (se der muita confusão não dá em nada, o que é muita coisa).
Amanhã, Palocci depõe na PF, como cidadão comum, no inquérito sobre a quebra de sigilo. E a Câmara vota o processo do João Paulo Cunha.

PREFEITURA AUSENTE
O problema da favela do Siri (Vila do Arvoredo) no norte da Ilha é semelhante a vários outros agrupamentos humanos do município. Só quando as invasões estão praticamente irreversíveis é que alguém na prefeitura acorda. Instala-se uma família e não acontece nada. Depois outra e mais outra e mais outra. E nada.

Quando a ocupação já virou comunidade, muitas vezes gerenciada pelo tráfico, com regras próprias para roubo de luz, água e despejo do esgoto, aí todo mundo começa a arrancar os cabelos. E mesmo aí ninguém toma decisões claras.

É só dar uma olhada na reportagem que o DIARINHO publica hoje, para ver que tem alguma coisa muito errada: como é que deixaram criar esse bairro inteiro em cima das dunas? E agora, em ano eleitoral, ninguém tem peito pra tomar uma decisão.

TAPETE DIURNO
Por pouco as obras de recapeamento da via expressa que liga as pontes à BR 101, na capital, não começam a ser feitas nos dias de semana, de dia (das 9h às 17h), criando enormes transtornos.

Agora decidiram que vão trabalhar só nos finais de semana. De dia. Vai ser um transtorno do mesmo jeito, porque aquela via tem trânsito o tempo todo (deveria ter no mínimo seis pistas e só tem quatro).

Por que diabos as empreiteiras não trabalham à noite, como em tantos países ditos civilizados? Medo do escuro? É só acender umas lâmpadas. Ou é medo do sereno da madrugada?

COELHINHO OTIMISTA
A Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio) informa que mais da metade de seus associados acha que o movimento de vendas na Páscoa será maior que o do ano passado. Claro que no resultado dessas pesquisas há um pouco de torcida dos comerciantes para que, de fato, a coisa melhore. E a turma que acha que este ano será igual a 2005 também é expressiva, quase 40%. Os pessimistas que acham que venderão menos são 6%.

A verdade é que apesar da estabilidade monetária houve um achatamento do perfil de renda, sentido no bolso de cada um. Estamos todos comprando menos do que gostaríamos porque estamos mais pobres.

Exceto, é claro, aqueles privilegiados que conseguem extrair, de um Estado falido, salários superiores a R$ 20 mil. Estes estão consumindo cada vez mais e melhor, mas são poucos.

PREGÃO, ESSE DESCONHECIDO
O Tribunal de Contas de Santa Catarina está colocando na pauta dos seus Ciclos de Estudos o Pregão, recomendando seu uso pelos municípios. Não se trata de um prego grande, mas uma modalidade de licitação para compra de bens pelos órgãos públicos.

No serviço público tudo que é demorado, complicado e cheio de burocracia acaba servindo pros corruptos meterem sua colher torta e tirarem alguma (ou muita) vantagem.

No pregão, a compra é feita em prazo muito rápido, com burocracia mínima e decisões transparentes. Claro que sempre pode aparecer algum bandido, numa ou noutra ponta, mas as possibilidades de atuação são bem menores justamente porque tem pouca sala fechada, pouco tempo e muita visibilidade.

Um comentário:

Lâmina d'Água & Silêncio disse...

Não sei quem és e entrei em teu blog, pois estava a procura de informações sobre a Favela do Siri e caí aqui...

Concordo plenamente com teu posicionamento a respeito do que está postado com o título TAPETE DIURNO e por conhecer bem a ilha e seus meandros, muito do que se tem hoje de lamentável, devemos aos braços cruzados e a pouco visão de tantos...
No entento acredito que ainda estamos em tempo de mudar, mas para tal, há que se colocar mãos à obra e portanto...

Um abraço,
Cristina