Enquanto me deliciava com as belas paisagens da Provence, no intelectualizado filme “As férias de Mr. Bean”, e tentava recolher as pipocas que insistiam em cair sobre o cobertor, perguntava para mim mesmo: tem muita hipocrisia na política, né não?
CASO 1 – Vejam o caso da CPMF. Todos os que estão contra agora, estavam na tropa de choque que criou o tributo. Na época, era coisa necessária, a salvação da lavoura... e dos hospitais.
O governo Lula, que tinha sido contra a criação, ao assumir percebeu que, de fato, era um manancial importante de dinheiro. Um jorro refrescante de moedas, que nem nas piscinas do Tio Patinhas teve igual. E em vez de planejar sua extinção a médio ou longo prazo, usando aqueles recursos cada vez menos, colocou o calção, a sunga e o biquini e mergulhou na grana, como se não houvesse amanhã.
Agora, nadando de braçadas, está apavorado: se a fonte secar, morrem todos afogados. A oposição sabe disso: o governo quebra se a CPMF for suspensa de repente. Hipocritamente, faz de conta que não sabe.
Não dá pra ser contra a CPMF só quando não se está no governo. E nada fazer, quando no governo, para livrar o Estado da dependência dessa droga.
CASO 2 – Outra hipocrisia é a história dos pedágios nas estradas. Dizer que a Cide ou outras taxas, impostos ou contribuições são suficientes, é desconhecer como o estado brasileiro funciona. Nada, que não tenha destinação específica estritamente fiscalizada, vai para a finalidade proposta. Foi assim com a CPMF e é assim com toda a dinheirama que deveria ir para as estradas, mas não vai. E, quando vai, perde um percentual assustador nos desvãos da corrupção (muitas vezes num verdadeiro “financiamento público” de campanhas políticas, outra hipocrisia).
As estradas principais, de trânsito rápido, que precisam de manutenção constante e inúmeros ítens de segurança, devem ser pedagiadas. Qual o problema? O preço do pedágio? Deixem de hipocrisia e façam estudos sérios para definir um valor que não mate a galinha dos ovos de ouro.
No mundo todo se consegue fazer essas continhas. Em Londres tem pedágio em vias urbanas. Em Santiago, no Chile, para não ir longe, também tem pedágio nos novos túneis e vias rápidas da área urbana. A França usa dinheiro dos impostos para manter em boas condições as estradas secundárias e as auto-route são pedagiadas. Quem tem tempo ou quer economizar, pode viajar pelas secundárias. Que normalmente têm uma paisagem mais interessante.
SÓ NO MEU?
No fundo de tudo isso, está uma política hipócrita, que não pensa no bem do cidadão: jamais, em tempo algum, algum político brasileiro foi sincero ao pregar redução de impostos. Falam isso nas campanhas políticas, nos discursos de oposição. Mas, uma vez no poder, esquecem-se safadamente de tudo e tratam de encontrar novas formas de aumentar a arrecadação.
Reduzir custos da máquina governamental? Nem pensar. Nem os governos querem, nem os servidores permitem. Esses mesmos que amargam a falta de reajustes e planos de carreira, são os primeiros a colocarem-se contra algum plano de redução de pessoal. Sabem, é claro, que do jeito que está o Estado é inviável. Mas, hipocritamente, preferem manter seus empregos e de seus colegas (até exigindo novos concursos, para admitir mais gente), pressionando o governo para que encontre alguma outra forma de atender as “reivindicações”: com mais impostos.
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Um comentário:
Olá cesar! Concordo plenamente com o que voce disse. Os politicos de esquerda tentam colocar a culpa no lula de coisas que eles mesmo fizeram anos atrás, fazendo de conta que é coisa nova.
Ontem vi uma entrevista do Lula pra tv americana (canal WTTW de chicago, se aparecer o video no youtube eu aviso). A entrevista foi extremamente bem sucedida. Ele falou sobre escandalos como a CPMF e corrupção, e outras pessoas tentando culpá-lo.
A verdade é que o Lula fez MUITO, mas MUITO mais bem pro brazil do que qualquer outro presidente nos ultimos 40 anos. Aqui de fora do país, isso fica ainda mais visivel. Mas os politicos de esquerda não querem q isso apareça. Por isso tantos "escandalos".
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