Não pela comida, nem pela hospitalidade, muito menos pela companhia de tantos velhos jornalistas. Mas porque, sem que tivessem nos avisado, acabamos participando de um evento para anunciar o lançamento de mais uma fábrica da Cedrense, no oeste catarinense. Nada contra o desenvolvimento industrial do estado, muito antes pelo contrário. E os queijos que a empresa colocou à disposição dos presentes, para degustação, eram muito bons.
Mas não era bem isso que eu esperava. E, até onde consegui perceber, muitos dos colegas também. Do governador ouvimos, como aperitivo, um discurso entusiasmado sobre o espetacular crescimento catarinense, em todas as áreas, “graças à descentralização”. Crescimento que já estancou, segundo LHS, o êxodo rural e começa a aliviar o litoral da pressão de ter que abrigar, além dos próprios pobres, os do oeste também.
Já com o almoço sendo servido, a “solenidade” de lançamento da fábrica, com um igualmente entusiasmado discurso do diretor do empreendimento.
O almoço teve ostras gratinadas e camarões na endívia como entradas. No prato principal, fiquei no roast-beef, embora tenha visto, en passant, alguma coisa com bacalhau. Na sobremesa, frutas com molho de chocolate, pavlova e mousse de maracujá. Para beber, um vinho catarinense, que LHS elogiou bastante, refrigerante e água.
Depois do almoço, o governador guiou seus convidados num tour por algumas das obras de arte expostas na Casa. Deteve-se, principalmente, diante dos quadros do Willy Zumblick, prestigioso pintor tubaronense. LHS dava informações e fazia comentários, satisfeito por ter tirado algumas das telas dos depósitos do governo e trazido-as para um local nobre. Foi um dos bons momentos do almoço.
Chamou-me a atenção, sob uma Santa Ceia de madeira entalhada, um aparador com várias imagens de porcelana. Aparentemente, de santos (N. Sra. Aparecida, Santa Catarina, a Sagrada Família, uma freirinha, provavelmente Santa Paulina, entre outros). Uma espécie de altar doméstico.
Ah, e todos cantaram parabéns para o secretário da Articulação, Ivo Carminatti, que estava aniversariando ontem.
Como disse, estava tudo muito bom. Mas desta vez não se criou ambiente para que os jornalistas pudessem ter uma conversa proveitosa com o governador.
=====================
PICADINHO
PICADINHO
Não dá pra ficar só na coluna social. Estão acontecendo outras coisas que requerem nossa atenção.
UFSC – A cada dia dilui-se mais a autoridade do Reitor. Abateu-se sobre ele uma incompreensível e, até certo ponto, inaceitável, complacência.
CORRUPÇÃO – O STF aceitou a denúncia contra os 40 acusados que agora, como réus, serão processados. Ali estão amigos, auxiliares diretos e colaboradores de vários tipos do presidente da República. Acho que ninguém acredita que ele ignorasse tudo o que ocorria ao redor. Mas falar nisso virou tabu: “é golpe!”
CUMPLICIDADE – E, por falar nisso, o PT vai oferecer amanhã, em São Paulo, um jantar de solidariedade a seus filiados que foram “condenados moralmente” pelo STF.
3 comentários:
Agora sim, ficou comprovada a prática do jornalismo chapa branca...
A coluna aderiu... ao social, à gastronomia e à crítica de arte, sem contar a boa dose de sincretismo.
Parabéns, Cesar!
Vc já viu que este é o único governador que não tem charge nos jornais. Não admite críticas, nem perguntas. Só fala o que lhe interessa. Só ouve o que quer.
Nem nos tempos da ditadura os chargistas eram reprimidos desta maneira. Lamentável.
Meu caro Cesar,
estes almoços de sua excelência são realmente desnecessários. Não acrescentam nada. Saudade do Clube de Repórteres Políticos (lembras-te?), com Bento Silvério, Sérgio Lopes, Moacir Pereira, entre outros, promovendo almoços mensais com as autoridades catarinenses e colocando-as para falar sobre o que interessa. Convescotes chapa branca, sinceramente, são eventos dispensáveis. Abraço do Carlos Damião
Postar um comentário