terça-feira, 17 de outubro de 2006

TERÇA

LULA NA MARÉ MANSA
A participação do candidato Lula da Silva no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ontem à noite, foi gravada de manhã, em Brasília.

Sem a pressão de um adversário presente, protegido pelo ambiente familiar (a gravação foi feita no Palácio da Alvorada, que é o palácio residencial), Lula estava à vontade para dizer o que queria dizer, da forma como seus estrategistas de campanha acharam que era melhor dizer.

Pra começar, nada de cortes em gastos públicos. Para Lula não há gastos públicos a serem cortados. E para insistir na campanha “anti-privatização” usou aquelas imagens que ele gosta tanto e que acha que calam fundo no coração dos eleitores dos grotões: “não sou como o pai de família que quando precisa de dinheiro vende a geladeira”.

Lula admitiu que usou recursos do Fundo de Universalização da Telefonia (Fust) e do Fundo Nacional de Telecomunicações (Funtel) para garantir superavit primário, em vez de dotar as escolas de computador e internet e apoiar pesquisas científicas na área. Mas, é claro, se for reeleito, cada professor terá acesso a um laptop (computador portátil) de US$ 120 e todas as escolas terão finalmente seu computador.

Um dos momentos mais interessantes do programa foi quando Lula contou que, assim que estourou o escândalo do dossiê, chamou o presidente do PT, Ricardo Berzoini e perguntou que história era aquela. E Berzoini (que surpresa, não?) disse que “não sabia de nada”. Daí Lula teria mandado Berozini descobrir o que aconteceu. Como se passaram os dias e nada dele explicar, foi afastado da coordenação da campanha. Simples assim.

O patrocínio do Grupo Telemar (que tem empresas públicas como acionistas e faz negócios com o governo) ao filho Lulinha também foi comentado: “a questão foi muito investigada e não se chegou a nenhuma conclusão de que hoive alguma irregularidade no investimento da Telemar”. Que bom, né?

PACIÊNCIA NO FIM
Então tá, vamos ver se nos próximos dias a coisa melhora (ou esquenta). Por enquanto, não sei se é pelo tempo de duração da campanha, ando meio sem paciência para esses discursos cada vez mais descolados da realidade, cada vez mais pasteurizados, cada vez mais parecidos e cada vez mais chatos.

As pesquisas dizem que o brasileiro médio é contra privatizações, gosta do Estado grande, espera que o governo atue como um Grande Pai. Então ninguém mais fala em cortar gastos, em enxugar a máquina, em tirar o ganha pão estatal dos parasitas. Fazem, os dois lados, qualquer coisa para ganhar uns votinhos. Mesmo que signifique regredir as propostas e os discursos ao início do século passado.

E ninguém mais nega nada: virou moda simplesmente encontrar, no adversário, falha semelhante. “Como assim, ladrão, eu? imagina, o fulano também rouba”. E assim por diante.

E os votos dos municípios mais pobres, dos eleitores mais incultos, tradicionalmente controlados pelos “coronéis”, denunciados pela “esquerda”, agora são a base e orgulho da “esquerda”. Como se, num passe de mágica, agora fossem votos conscientes.

PEQUENOS GOLPES
Uma das coisas mais delicadas, em todos os veículos de comunicação, é o departamento de assinaturas. Uma renovação indevida, não solicitada, pode azedar de vez o relacionamento do cliente, do leitor, com o veículo.

Comigo já aconteceram duas. Uma, com o Diário Catarinense, da RBS, que lançou indevidamente cobrança de uma assinatura direto na minha conta bancária. Sem autorização.

Outro caso foi com a Editora Três (que edita a malfalada IstoÉ). Não se consegue cancelar a assinatura. O sistema tem um gatilho automático: cancelou? o sistema renova e debita. Num estelionato sem fim.

Resultado: não consigo ler nem o DC nem a IstoÉ sem ter engulhos. Se pudesse, se não fosse obrigado a lê-los, pela minha profissão, é claro que só os utilizaria para embrulhar espinhas de peixe, cascas de camarão e restos de galinha assada.

APOSENTADO SOFRE...
Servidores estaduais aposentados estão se preparando para criar uma Associação de Funcionários Públicos Aposentados. E usavam instalações da Secretaria de Estado da Administração, no centro de Florianópolis, para se reunir. Mas, desde ontem, o governo começou a retirar o suporte e a infra-estrutura dos velhinhos, decerto para que eles desistam da idéia de se organizar. Eles dizem que hoje farão uma assembléia, mesmo sem o apoio do governo.

“VOLUNTÁRIOS” DO 15
Os gênios do marketing da penca resolveram fazer com que os comissionados (diretores, gerentes, etc) de todas as secretarias vestissem a camisa e fossem “voluntariamente” para a rua dia 15, abanar bandeiras. Afinal, se o LHS não se reeleger, adeus empreguinhos. As fotos do “voluntariado” estão no site voluntariosdo15.multiply.com. A diversão ontem, nas repartições públicas, foi tentar identificar quem é quem nas fotos (e os cargos). Acima, os coleguinhas jornalistas da Secretaria de Comunicação (até eles!?), levando na esportiva, coitados.
Fazer o quê, né?

2 comentários:

Anônimo disse...

CESAR VALENTE, FALTA VC FAZER A TAL PERGUNTA, SE OS CARAS SAO COMISSIONADOS ELES CONTINUAM LOTADOS EM ORGAOS DO GOVERNO, ISSO QUER DIZER QUE CONTINUAM PARA TODOS OS EFEITOS "TRABALHANDO". ENTAO FICA A PERGUNTA SE ESTAO NA RUA EXECUTANDO OUTRO TIPO DE TRABALHO ( BANDEIRAÇO ), AFINAL QUANDO É QUE ELES REALMENTE "TRABALHAM OU VAO PARA O TRABALHO" NESTES TAIS ORGAOS DO GOVERNO???
PORQUE CREIO QUE UMA PESSOA NAO PODE ESTAR EM DOIS LUGARES AO MESMO TEMPO, OU SO SE FOR EM FORMA DE ESPIRITO OU ALMA DO ALEM.

Cesar Valente disse...

Até onde consegui ver e saber, eles estão fazendo "bandeiraço" de manhã fora do horário de expediente (que começa às 13h).