terça-feira, 10 de outubro de 2006

TERÇA

A ORIGEM DO DINHEIRO
Posso estar muito enganado (e geralmente estou), mas pelo tom que Lula usou ao se referir às investigações sobre a origem do dinheiro usado para comprar o tal dossiê, acho que esse inquérito só terminará se conseguir provar que foi o PSDB (mais precisamente José Serra) o autor da armação.

Tal como um pai zeloso e esperançoso, Lula não esconde o sonho de ver “desvendado o ardil” que fez com que seus ingênuos e bem intencionados pimpolhos embarcassem, encharcados de boa fé, numa maracutaia tipicamente tucana. Claro, não terá outro significado a história que ele repete sem parar: “eu fui o maior prejudicado”.

BICO CALADO
Depois do Presidente da República dizer várias vezes que é o maior interessado na apuração, a Polícia Federal informou, ontem, que “os investigados não estão colaborando”. E aí surge enorme ponto de exclamação sobre a cabeça de todas as pessoas de bem: todos os investigados são (ou eram) gente de confiança do Presidente e alguns são amigos de décadas, colaboradores do círculo íntimo. Amigos do peito. Mas “não estão colaborando”.

Então, senhor candidato, por favor não torture a nossa inteligência. Ou o Presidente não é sincero (e não está interessado em que a investigação avance) ou não tem poder sobre seus auxiliares mais diretos que, segundo ele mesmo diz, o colocaram numa enorme fria. Como todos os relatos afirmam que Lula é, de fato, um líder do seu grupo, então prefiro acreditar que ele não esteja fazendo muita força.

O GOLPE TUCANO
Vamos admitir, só como um exercício de raciocínio, a tese lulista, que atribui aos tucanos a autoria do golpe. Como teria funcionado? Alguém, maquiavelicamente, teria sussurrado no comitê de campanha de Lula, a informação que os Vedoin tem um material contra Serra e que pode respingar em Alckmin. Os analistas de risco do PT avaliam o caso e, enganados por artimanhas misteriosas, caem como patinhos. São apanhados em escutas telefônicas e ao Juiz nada mais resta que mandar prender os criminosos.

Qual seria a armação tucana? Informar que os Vedoin tinha material comprometedor? Ou fazer os pobres petistas acreditar que trocar telefonemas com os Vedoin, que estão envolvidos até o pescoço e investigadíssimos, seria seguro? Vai ver que os tucanos forneceram o dinheiro (e por isso ninguém sabe explicar de onde veio)?

Não tem jeito. Teremos que esperar o próximo debate para ter novas pistas. Ou então, a apuração das eleições, porque, ao que parece é só disso que se trata: “dá um tempo aí para não tumultuar o processo”.

MEMÓRIA FRACA?
Já dizia Richard Nixon que “a memória do povo é fraca e seu coração complacente”. Só que, em tempos de internet fica mais fácil avivar a memória. Já estão no YouTube alguns trechos do debate entre Serra e Lula em 2002, onde Lula faz as suas promessas de campanha “para que as pessoas possam cobrar depois”. Vá até o site www.youtube.com e lá, na busca, coloque Lula x Serra (para ir direto, é só clicar aqui)

BRIGA “FAMILIAR”
Falei aqui que os irmãos Berger distribuíram uma gravação onde o Dário faz acusações à família Amin. O som era muito ruim e não tinha conseguido entender direito algumas frases. Pois ontem o comitê de campanha do LHS distribuiu o texto do discurso, que é pra deixar bem claro que por aqui também vão rolar umas caneladas. E eu volto ao assunto, com alguns detalhes que tinham faltado.

Como é típico das bravatas (gostei muito deste termo que foi muito usado no debate) políticas, o prefeito da capital, em vez de dizer a coisa de uma vez, manda a imprensa investigar. Ora, todos sabemos que, tirante o DIARINHO e mais um ou dois, ninguém investiga nada.

Pois bem, usando essa fórmula indireta, Dário acusa a irmã de Esperidião de desviar recursos na época em que ela foi presidente da Floram (a Fundação de Meio Ambiente da Prefeitura), na gestão Ângela Amin.

E, de novo, usando os pobres rapazes da imprensa como escudo (“tem colunista que sabe até o valor da comissão”), lançou uma nuvem indefinida de suspeitas: “quero saber quem recebeu a comissão pelo repasse dos recursos da prefeitura para o Banco Santos três dias antes da eleição municipal”. Sugere, com a acusação, um monte de maracutaias. Desde o repasse dos R$ 20 milhões para um Banco que pouco depois quebrou, até a apropriação da tal comissão.

E o prefeito, que é sujeito habilidoso e fino, afirma: “quero fazer política com ética”. E logo em seguida chama Esperidião de “arrogante, prepotente e mentiroso” que “voltou para a universidade, mas não aprendeu nada”.

Parece que os prefeito quer ir aos debates no lugar do LHS...

“CARA DE PLÁSTICO”
Não acreditei nos meus ouvidos e muito menos nos meus olhos: a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, disse na TV que o Alckmin foi muito mal no debate porque estava “com aquela cara de plástico”. Tá certo que em matéria de “cara de plástico” ela é especialista, mas eu fiquei sem entender: afinal, cara de plástico é melhor ou pior que cara de pau? E tem a ver com botox?

E já tem engraçadinho dizendo que o nome correto da função de Marta não é “Coordenadora da campanha de reeleição do presidente Lula em SP”, mas sim “Coordenadora da campanha de rejeição do presidente Lula em SP”. Só porque a ex-prefeita é campeã de rejeição do eleitorado paulista.

CAMPANHA SELETIVA
O LHS está fazendo acordos com prefeitos que o apoiam mas preferem Lula presidente, para não fazer campanha para Alckmin naqueles municípios. A pergunta que não quer calar: com que cara ficará o senador Pavan, candidato a vice, ao passar com LHS por esses lugares? Afinal, Alckmin é do PSDB, como Pavan. Ou melhor, Alckmin e Pavan são do PSDB, como Serra. Em todo caso, deve ser uma experiência, no mínimo, desagradável, essa que viverá o senador tucano. Sorte dele que são poucos municípios.

DEBATE OCULTO
O debate de domingo, na TV Bandeirantes, teve ampla cobertura dos sites de Internet das Organizações Globo, bem como de praticamente todos os demais sites jornalísticos. Mas ninguém entendeu a tentativa de esconder o debate, no Bom dia, Brasil. Não tem sentido ignorar os fatos só porque se produziram nas instalações de uma concorrente.

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