quarta-feira, 18 de outubro de 2006

QUARTA

UM NOVO CAPÍTULO
A pesquisa Datafolha divulgada no Jornal Nacional de ontem leva a campanha política presidencial a um novo patamar, cujas características eu não tenho a menor idéia quais sejam. Não tenho bolas de cristal (e, portanto, não faço barulho ao caminhar). Nem ao menos uma. Não consigo ler o futuro na entranha das corvinas, nem entendo o que me dizem as melecas espalhadas pelas baratas recém-esmagadas. Mas sei que uma diferença de 20 pontos, às vésperas da eleição, mesmo faltando três debates, cria um novo cenário.

Lula usa, contra seu adversário, todo o arsenal que, ao longo das diversas campanhas em que foi derrotado, usaram contra ele. Tudo reunido numa única campanha, numa espécie de doce vingança. Aparentemente, sem qualquer dilema moral. Porque, se os fins justificam os meios, tudo, rigorosamente tudo, é permitido.

E AGORA, GERALDO?
Chegar ao segundo turno foi uma enorme vitória para Alckmin, que antes de enfrentar lulistas, petistas e seu séquito de oportunistas, teve (e tem) que lutar contra o descrédito com que seus companheiros de partido o brindaram publicamente e contra a desorganização da própria campanha.

E agora, quando o debate eleitoral chega quase ao fundo do poço (as peças dos lulistas sugerindo que Banco do Brasil e Petrobras, as “empresas do povo”, estão ameaçadas pelo PSDB, são um primor de canalhice hipócrita), podemos nos deparar com a indigência política que nos cerca. Porque PSDB e PFL não conseguem dar, nem ser, resposta à altura, opção que possa empolgar os não-lulistas.

Parece que a única estratégia de campanha é torcer para que outros aloprados do PT cometam novo haraquiri e entreguem a eleição de bandeja.

TEMPO DE RESPOSTA
Alguns oficiais da PM gostam de falar num tal “tempo de resposta”, que é o tempo que as viaturas e policiais levam para chegar ao local de algum delito ou evento. Há quem diga que, melhor que ter muitos policiais fazendo rondas, é ter unidades com tempo de resposta curto, para intervir sempre que necessário.

Essa teoria, contudo, é jogada no chão e pisoteada todos os dias, pelos acontecimentos criminosos na Ilha de Santa Catarina, em especial no norte da Ilha. Ontem, um sujeito foi seqüestrado no Sambaqui: vizinhos viram os bandidos agindo e avisaram a polícia. Pois deu tempo dos caras fugirem em direção à SC 401, entrarem na rodovia contra-mão, voltarem, largarem o sujeito seqüestrado, que foi recolhido por amigos que seguiram os bandidos. E, quando ele já estava em casa, a polícia apareceu. Naturalmente, passado tanto tempo, fica mais difícil prender alguém.

Outro dia, um bandido fez uma série de assaltos, começou nos Ingleses e veio vindo, até quase Jurerê, se não me engano. Entre o primeiro e o último, quase uma hora. E o tempo de resposta da polícia? É só perguntar para as vítimas que, esperançosas e assustadas, ligam para o 190.

A impressão que se tem é que não temos nem rondas, com os policiais, geralmente em duplas, passando pra lá e pra cá, nem um tempo de resposta eficiente. No meio disso, os malandros se sentem à vontade. E nem adianta a vizinhaça ser vigilante, porque até a polícia atender ao chamado de “elemento suspeito rondando as casas ou ameaçando pessoas”, dá tempo do “elemento” fazer o que pretendia fazer e se pirulitar... a pé. Mas, nas estatísticas, nunca estivemos tão seguros.

O JOGO POLÍTICO DOS PRAÇAS
Depois de eleger um deputado estadual (Sargento Soares, pelo PDT), o Partido dos Praças (também conhecido como Aprasc) decidiu, em Assembléia realizada ontem no Clube Doze de Agosto, em Florianópolis, que vai apoiar LHS. A cena foi montada como uma espécie de sabatina, com uma hora para cada candidato. Esperidião esteve lá, conversou com eles, vestiu a camiseta, mas não adiantou nada. Na verdade, nem teria tido necessidade da tal “sabatina”. Bastava a Aprasc ter deliberado e anunciado o apoio, que de véspera já se suspeitava que fosse mesmo do LHS. O Partido dos Praças, portanto, é o mais novo componente da penca de partidos.

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