terça-feira, 24 de outubro de 2006

TERÇA

ESSE FACHINI...
Vocês decerto lembram do candidato a governador do PSOL, o partido da Heloísa Helena, o João Fachini. Aquele que, em plena campanha, desapareceu, sumiu, foi passar uns dias em Cuba para assistir à formatura da filha em medicina. Pois agora ele volta ao noticiário político.

De um lado, a coligação Todos por Toda Santa Catarina festejando que o ex-padre João Fachini e seu irmão, padre Luiz Fachini, que é o idealizador do projeto das Cozinhas Comunitárias, divulgaram um documento onde apóiam Luiz Henrique. LHS se comprometeu a implantar o projeto em todo o estado. Na foto acima, LHS aparece ao lado do João Fachini, visitando um cultivo hidropônico de alfaces, em Joinville.

Do outro lado, a Executiva Estadual do Partido Socialismo e Liberdade (o PSOL, do Afrânio Boppré), repudiou a posição do seu ex-candidato a governador. Fachini “ignorou a deliberação partidária de não apoiar e não indicar voto a nenhuma das duas candidaturas que disputam o 2° turno”. Segundo o presidente do partido, Aderbal Rosa Filho, Fachini estava presente à reunião, do dia 5 de outubro, onde essa decisão foi tomada. A nota do partido diz ainda que “tal atitude representa apenas negociação de interesse pessoal de João Fachini com o candidato a governador Luiz Henrique, sem qualquer respaldo do PSOL”.

A verdade é que, à medida em que a eleição se aproxima, todos procuram se instalar naquela posição que acham melhor para o grande dia. Quem ficou até agora em cima do muro, terá que encontrar um local confortável, de um ou de outro lado, para instalar sua cadeirinha, de onde assistirá à apuração dos votos. E as pressões, que já são naturalmente grandes, aumentam enquanto o tempo se esgota. E aí acontecem coisas como essa, em que o joinvillense João Fachini jogou para o alto os compromissos com o partido que o lançou candidato e preferiu fazer um acerto familiar, ele e o irmão, com o velho amigo Luiz Henrique. Certamente com a melhor das intenções, de dar ao projeto Cozinhas Comunitárias, de alimentação para os pobres, uma amplitude maior.

Mas, com isso, jogou ao chão e esmigalhou a lealdade partidária e o respeito à decisão da maioria, coisas que, nesta nossa jovem democracia, são tão importantes e vitais quanto uma alimentação boa e barata.

COMERAM MOSCA!
O Esperidião Amin anunciou na semana passada que vai reduzir o IPVA de motos de baixa cilindrada e fez um carnaval com a proposta. Ontem, o governo do estado encaminhou, às pressas, para a Assembléia Legislativa,um projeto de lei igualzinho: isenta do IPVA de 2007 as motos até 200 cc.

Claro que o LHS está espumando de raiva. O pessoal comeu mosca. O projeto estava rolando na burocracia estadual há alguns meses e algum gênio eleitoral achou que poderia pegar mal apresentar o projeto antes das eleições, “poderia parecer eleitoreiro”.

Agora o LHS está tentando consertar o cochilo da turma, dizendo que Amin descobriu que o governo iria apresentar esse projeto e se antecipou, tentando “se aproveitar eleitoralmente”.
Indefensável. Comeram mosca, deixaram a bola quicando e o Careca, que não nasceu ontem, chutou. Agora não tem jeito, é correr atrás do prejuízo.

LAVE BEM AS MÃOS!
A Vigilância Sanitária da capital está preparando uma campanha para reduzir infecções, enfatizando aqueles cuidados simples, mas eficazes, que desde 1840 são utilizados e a cada dia se mostram mais importantes.

A campanha vai insistir que todas as pessoas, principalmente envolvidas com atendimento ao público na área de saúde, não devem se descuidar e precisam lavar bem as mãos sempre.

Na política, onde mesmo com tanta gente dizendo ter “as mãos limpas” aparecem tantas feridas, infecções, purulências, gangrenas e outros apodrecimentos, a campanha também será necessária. Vai ver, o pessoal não está sabendo lavar as mãos direito.

Uma vez vi um documentário muito interessante. Colocaram uma tinta nas mãos de vários funcionários de um restaurante, vedaram-lhes os olhos e pediram para lavar bem as mãos, como sempre faziam. Depois, deu pra ver que quase todos deixam, sem querer, áreas sem esfregar, sem limpar.

Lavar as mãos, portanto, é um cuidado simples, mas que exige atenção e treino. Vai ver que os políticos só passam uma agüinha e acham que já estão com as mãos limpas. Depois, quando as bactérias corruptorea ladroagempra-k-cetis se alastram e tomam conta do organismo público, drenando as verbas e enfraquecendo o caráter, ninguém sabe de onde vieram.

Na próxima eleição vou propor um novo tipo de debate na televisão: os candidatos devem lavar as mãos. Aí a gente pode ver quem de fato sabe manter as mãos limpas e quem só faz de conta e sai por aí contaminando tudo.

SEMANA ATÍPICA
Nestes dias que antecedem as eleições não adianta começar nenhuma conversa a sério, nem tratar de assuntos importantes. Primeiro, porque todos os olhos estão voltados para a disputa, os últimos debates, a expectativa de alguma bomba. Depois, porque segunda-feira estaremos em um outro País. Nem melhor e (espero) nem pior, apenas diferente. Mesmo que um ou outro seja reeleito. Há novas correlações de forças, novos atores, e sempre aparece, tímida, aquela velha e gasta esperança.

ILDO FICA UM POUCO MAIS
O presidente do Instituto de Planejamento Urbano, delegado Ildo Rosa, vai atender ao apelo do prefeito Dário Berger e fica até a aprovação do Plano Diretor, pra não deixar a coisa pela metade e criar ainda mais atrasos.

Resta saber se ele conseguiu incluir neste acordo, para ficar mais um tempo, algum tipo de blindagem contra o assédio dos aliados políticos do prefeito, que estavam torrando a paciência do delegado. De qualquer forma, sempre vale aquela recomendação de toda debandada: “o último a sair que apague a luz”.

A NOVELA DA CATEDRAL
Hoje a primeira etapa da restauração da Catedral será entregue. Mas, pelo jeito, é solenidade apenas com efeito eleitoral, porque a igreja ainda não será reaberta. Provavelmente, se tudo der certo, só em dezembro a Catedral poderá voltar a ser freqüentada. Ou seja, a conclusão de fato das obras da primeira etapa será em dezembro, mas como a eleição já é agora, no domingo, a obra será “entregue” hoje.

Dr. Moreira (d), de mãos dadas com o Rei Nério, inaugura a futura Rodovia LHS

ESSE RONÉRIO...
O folclórico prefeito de Palhoça, Rei Nério Heiderscheidt, não perde oportunidade de desafiar a lei e o bom senso, não necessariamente nessa ordem. Na inauguração dos 8,5 km de asfalto que unem a Pinheira ao Sonho, o Rei Nério, que quer ser o rei do PMDB, puxou um gesto igual àquele que o LHS faz nos palanques, com todo mundo de mãos dadas, levantando os braços (na foto acima, que apesar da semelhança com o material de campanha estava no site do governo).

Não satisfeito com isso, ele quer que o estado passe a estrada para o município, para que ele possa batizá-la de “Rodovia Luiz Henrique da Silveira”. Aí não entendi mais nada: pode dar nome de pessoas vivas a bens públicos? Ou em Palhoça pode? De qualquer forma, é muita cara de pau puxar o saco do governador assim, às claras e às vésperas da eleição.

3 comentários:

Anônimo disse...

César, pelo menos duas leis (uma federal e uma estadual) vedam este tipo de "homenagem" que o prefeito de Palhoça quer fazer ao Luiz Henrique. Ele sabe disso, a assessoria dele sabe disso, todos sabem disso. E mesmo que não houvesse uma lei específica, o artigo 37 da Constituição (aquele da impessoalidade e coisa e tal) também deixa isso bem claro. Em resumo, nada mais, nada menos que marola eleitoral nesta semana de segundo turno. Exatamente como essa "entrega" das obras da Catedral Metropolitana, fechada há mais de um ano e que, milagrosamente, acontece nesta terça-feira.

Anônimo disse...

Lei nº 9.504 – Lei Eleitoral
...
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
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IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;
...
§ 1º Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta, ou fundacional.
...
§ 4º O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR.

Anônimo disse...

Alguém me falou que teve dificuldade para colocar comentários aqui. Se isso acontecer vocês poderiam, por favor, me avisar por e-mail, para que eu possa pedir ajuda aos universitários e ver o que está acontecendo?
Brigadim.
Cesar Valente
Síndico de plantão