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Ontem dois ou três dos secretários amotinados apareceram dando entrevistas completamente sem sal. Até eu, que sou um sujeito puro e ingênuo, achei que eles não estavam falando a verdade. A única certeza que eu tenho até agora é que nenhum deles saiu pelo mesmo motivo do outro. Aproveitaram a oportunidade para uma saída espetacular, mas cada um por si. Não acredito que tenham feito isso em solidariedade a alguém ou mesmo para marcar alguma posição conjunta.O ex-reitor da UFSC, Rodolfo Pinto da Luz e o delegado da Polícia Federal, Ildo Rosa, provavelmente encontraram dificuldades, na Prefeitura, diferentes das que Gean Loureiro, vereador e Felipe Melo, filho de deputado, podem ter encontrado. E naturalmente eventuais cobranças políticas que os irmãos Berger podem ter dirigido a Gean e Melo, não caberiam ser feitas a Ildo Rosa, de perfil mais técnico.
Todos sabemos que o Alemão (apelido do prefeito Dário) não é fácil. A longuíssima fritura do Walter da Luz (ex-secretário da Saúde), mostrou que o prefeito não toma decisões pelo caminho mais rápido, fácil e indolor. Isso de ficar falando pelos cantos que vai tirar, que precisa trocar, que não está satisfeito, normalmente acaba dando efeito contrário. Ele fez isso com o Felipe Mello.
Luiz Henrique, é claro, ficou com os poucos cabelos que lhe restam, em pé. Anteontem esteve pessoalmente na UFSC e na Trindade, dentro do esforço de tentar ganhar a eleição na capital. Está colocando para trabalhar todos os comissionados. E agora, por causa de alguma disputa interna ainda não completamente revelada, seu aliado local deixa explodir essa rebelião, esse motim, a poucos dias da eleição.
Claro que todos os saintes juram de pés juntos que continuarão na campanha de Luiz Henrique e de Alckmin (que virá amanhã a Florianópolis), que a saída não muda nada nesse sentido. Mesmo porque o que está em jogo, nessas reacomodações, é a eleição municipal de 2008. A de agora já são favas contadas, coisa resolvida.
A NOVELA DOS CARROS
Como em toda novela (mexicana?) que se preze, as coisas nunca são exatamente como parecem e sempre pode surgir, de repente, uma novidade.
Ontem comentei aqui o “carma” do Vieirão, baseado principalmente na versão que ele distribuiu à imprensa e no que disse em plenário sobre o caso da revenda de carros que funcionava dentro da Assembléia Legislativa e que era comandada por um funcionário do gabinete do deputado. A coisa ganhou contornos dramáticos com o suicidio desse funcionário dia 18 de setembro.
A certa altura do texto, eu dizia que tinha ocorrido “uma sucessão muito curiosa de eventos”. A carta que o delegado Wanderley Redondo tinha enviado, se desdizendo, não se encaixava no cenário com naturalidade. Havia alguma coisa mais.
Ontem tomei conhecimento de uma outra versão dos primeiros capítulos da novela e, nessa versão, a carta tem sua razão de ser. Vou resumir pra vocês:
As pessoas que estavam interessadas em comprar os carros ou que estavam comprando os carros, vendidos a preços excelentes pelo Márcio (funcionário do gabinete do Vieirão), procuraram o delegado (que está lotado na Assembléia) para pedir que ele verificasse se os carros eram “quentes”, se estava tudo certo com eles.
O delegado teria então, comentado numa roda de servidores da Assembléia, que essa história de vender carros tão baratos não iria dar certo. Essa conversa chegou aos ouvidos do Vieirão, que foi pedir providências ao presidente da Assembléia. Vieirão me disse que pediu a abertura de sindicância. Mas na presidência da Assembléia a informação disponível é diferente: Vieirão não pediu a sindicância, mas teria pedido apenas que o delegado Redondo se retratasse.
Por isso, no dia seguinte, apareceu no gabinete do Vieirão a carta do delegado, cheia de rapapés, isentando todos e tudo de qualquer coisa.
E o presidente da Assembléia, deputado Júlio Garcia, em plenário, no dia 4 de outubro, respondeu à afirmação de Vieirão que no dia 31 de agosto tinha feito o pedido de sindicância, dizendo: “deputado, o senhor sabe que isso não é verdade”.
A novela ainda está longe de acabar e há muito mistério por desvendar. Por exemplo: por que as revendas de automóveis que fizeram negócios com Márcio estão tão quietas?
CULTURA EM CRISE
A assessoria do candidato Luiz Henrique da Silveira ligou para dizer que em nenhum momento o ex-governador ocupou-se do caso Fábio Brüggemann. O Fábio, que foi exonerado da função que ocupava na Fundação Franklin Cascaes, divulgou uma carta onde atribuía a LHS a responsabilidade pela sua demissão. “De maneira nenhuma, não houve qualquer conversa com o prefeito sobre esse assunto”, afirmou o assessor. É possível, portanto, que o prefeito ou o presidente da Fundação, para tirar de seus ombros a responsabilidade pelo ato, tenham feito chegar ao Fábio essa teoria conspiratória estadual.
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