terça-feira, 18 de outubro de 2005

TERÇA

MINISTRO DÁ BOLO EM COMITIVA CATARINENSE

As principais autoridades do estado colocaram seus melhores ternos, a melhor loção após barba, lustraram os sapatos e foram a Brasília para um encontro com o Ministro da Justiça. Iam dar de dedo, falar grosso e exigir que ele removesse o Fernandinho da Beira-Mar.

O Ministro, sujeito ocupado, não recebeu a comitiva catarinense (“Lula chamou”). Ficaram todos com a maior cara de tacho. Mas a coluna conseguiu, com exclusividade, uma foto do bolo que o ministro deu. É um belo bolo, bem feito, bem decorado, coisa de primeira.

Melhor que o bolo, só a indignação da Senadora Ideli Salvatti, que saiu dizendo, como se ainda estivesse na oposição: “a situação é insustentável!

De fato.

CORAÇÃO DE MÃE 1
A Prefeitura de Florianópolis revela seu instinto maternal: no acordo entre as empresas de transporte coletivo e seus empregados, a Prefeitura é “avalista”.

Ou seja: sempre que não der pra pagar o pessoal ou por algum motivo faltar dinheiro, a mamãe Prefeitura estende as tetas e irriga, com o nosso dinheiro, as folhas de pagamento.

No melhor dos mundos (abrigadas no colinho da mamãe), as empresas de transporte coletivo têm, então, seis confortáveis meses para pagar, para a Prefeitura, o empréstimo.

Se a Câmara de Vereadores aprovar hoje, amanhã Prefeitura já assina, como mãe/avalista das empresas, o acordo coletivo dos trabalhadores do setor.

Cá entre nós, todas as demais empresas do município, que sofrem com os impostos escorchantes, os maus pagadores e as dificuldades gerais do comércio, dos serviços e da indústria, deveriam reivindicar o mesmo tratamento.

CORAÇÃO DE MÃE 2
Os 73 comerciantes da ala incendiada do Mercado Público, tal qual os empresários do transporte coletivo, moram no coração da Prefeitura.

Enquanto durarem as obras no Mercado, os comerciantes foram autorizados a montar um camelódromo ali perto. E, como se só isso não fosse pouco, ainda vão ganhar uma ajuda de custo da Prefeitura para pagar o aluguel das oito tendas de 100 m2 cada.
Não é nada, não é nada, serão cerca de R$ 75 mil por mês, do nosso dinheiro.

Fico imaginando o que aconteceria se pegasse fogo no prediozinho aqui perto onde funciona uma padaria e mais umas quatro lojinhas. Vocês acham que a Mãe Prefeitura ia ajudá-los com a mesma generosidade?

Que nada. Era capaz de ainda multar os coitados por terem atrapalhado o trânsito, lançado fumaça no ambiente, essas coisas.

CADÊ O ASFALTO QUE TAVA AQUI?
Sabe a rodovia Cristóvão Machado Campos? aquela bem movimentada, que liga o Rio Vermelho a Ingleses, no norte da Ilha?

Ela era praticamente toda asfaltada e tinha um pequeno trecho, no final, de terra. No começo do ano, a pretexto de asfaltar o que faltava e melhorar o piso existente, tiraram todo o asfalto da estrada.

Pode? Poeira no sol, lama na chuva e buraqueira o tempo todo, há quase um ano.
O povo de lá, que votou no Dário, anda tiririca da vida, xingando Deus e todo mundo. Parece coisa de português, mas quem fez foi o “Alemão”.

“FALTAVA A BASE”
Fui perguntar pra Secretaria de Obras da Prefeitura que moda nova é essa de arrancar asfalto (continuando a conversa da notinha acima).

A justificativa é que o que existia antes não era asfalto propriamente dito. Era uma coisa parecida (“uma espécie de cimento gaúcho”) que foi colocada direto sobre o piso de terra. Pra fazer asfalto de verdade, precisa de uma base (com brita, etc e tal) e drenagem. E só dava pra fazer a drenagem e a tal base se tirassem aquela casca que fazia às vezes de asfalto.

E assim foi feito. Para azar de todos, a obra demorou mais do que deveria. Os que usam a rodovia xingam todo dia o prefeito e seus parentes; a prefeitura xinga todo dia a empreiteira; e a empreiteira xinga todo dia São Pedro, que, no fim das contas, acaba sendo o principal culpado.

Em todo caso, parece que o fim da agonia está próximo. Deve terminar nos próximos dias... se não chover!

SÓ FALTA A PIPOCA
Depois de marchas e contramarchas o governo do estado lançou ontem o edital do prêmio Cinemateca Catarinense 2005 que vai distribuir a quantia (para nós) nada desprezível de R$ 1,47 milhão para filmes e documentários (os cineastas queriam R$ 1,9 milhão).

O dinheiro vai ser dividido entre vários projetos a serem selecionados. O de longa metragem vai ganhar R$ 760 mil; os três documentários de média metragem recebem R$ 60 mil cada um; os cinco de vídeo, R$ 30 mil cada; três curta-metragens, sabe-se lá por que, receberão R$ 80 mil cada. E ainda tem os prêmios para roteiros, três de R$ 8 mil e dois de R$ 18 mil (dependendo do tamanho do roteiro).

Essa história foi inventada ainda na época do Esperidião e é um negócio naquela linha do público/privado. A Cinemateca Catarinense é uma ONG, formada por profissionais e amadores (tem cerca de 80 sócios, segundo informa em seu site). E o dinheiro do prêmio que eles distribuirão é o nosso.

Nem vou mexer nesse vespeiro, porque afinal o governo tem feito tão pouco pela cultura da capital que quando faz alguma coisinha todo mundo tem que sorrir e fazer que sim com a cabeça.

Além de tudo, ainda tem os atrasos crônicos no pagamento desses prêmios (que são parcelados). Parece que o de 2002 só terminou de ser pago agora.

Tomara que os selecionados produzam coisas bem feitas e interessantes como, por exemplo, o “Sorria, você está sendo filmado”, que foi feito com uma grana dessas alguns anos atrás.

LEITE BARATO? ONDE?
Os laticínios catarinenses saem da entressafra reclamando muito do aumento da produção de leite no Brasil, que empurrou os preços lá pra baixo justamente na época em que o preço deveria subir.

E agora, com a entrada da safra, a tendência é do preço baixar ainda mais. Mas apesar dos produtores já estarem recebendo cerca de 20% menos por litro de leite desde agosto, os preços nos supermercados continuam paradões. Nem pensam em cair. O queijo então, nem se fala, não baixa nunca.

As redes de varejo seguram o preço no alto, garantindo seus lucros, enquanto os produtores ficam no prejuízo e a gente, que continua pagando mais do que devia, deixa de economizar uma boa grana.

Nesta quinta, em Concórdia, o pessoal das indústrias ligadas ao Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados de Santa Catarina) se reúne pra trocar uma idéia e chorar uns nos ombros dos outros.

CHINA GRÁTIS
Não é só o LHS que está interessado na China. A Associação Empresarial de Florianópolis está convidando para uma palestra do Zany Leite sobre como entrar no mercado chinês.

As inscrições são gratuitas pelo telefone (48) 3224-3627. Mas é bom se apressar porque a palestra será hoje às 7 da noite, no auditório da Acif (rua Emílio Blum 121, perto da Casan).

A VIAGEM DO COLOMBO

O candiatíssimo e entusiasmadíssimo Raimundo Colombo, presidente do PFL, licencia-se da Prefeitura de Lages dia 20 e põe o pé na estrada. Durante 25 dias vai correr o estado, como fez em fevereiro, de olho em 2006.

Quem fez a agenda dele deve ganhar por quilômetro, ou então gosta muito de um zigue-zague. Olha só: dia 20 em Blumenau, dia 21 no sul, Tubarão e Imbituba, dia 22 em... Gaspar (do lado de Blumenau), dia 27 em Canoinhas, no norte e dia 30 em Balneário Camboriú. Entre uma viagem e outra, é claro, ele volta pra Lages.

MP DO BEM DEU XABU
A Medida Provisória 252 (MP do bem) perdeu a sua validade. Ela reduzia o ganho de capital na venda de bens imóveis e também reduzia alguns outros impostos.

A confusão está armada, porque teve muita gente que utilizou esses benefícios e agora ficou a ver navios. A Ideli é que está certa: “a situação é insustentável!”

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, já faz dois dias que a coluna é diária. Cumprimentos. rs.

A interinidade, enquanto o titular deixou a "colunista em exercício" tava 10. Agora tá 11.

Curti a arte de ontem ("Isso sim que é descentralização"). Nem é preciso dizer que repassei para o mundo.

Abr. SClair