quarta-feira, 12 de outubro de 2005

QUARTA

TROCA-TROCA EMOCIONANTE
O novo governador é esse aí da direita, o Jotagê (também conhecido como Júlio Garcia, do PFL), que desde ontem manda em Santa Catarina. E o da esquerda é o já conhecido LHS, que a esta altura deve estar falando alemão com o Secretário Marcos Vieira, para impressionar os interlocutores berlinenses. E o Joãozinho, o motorista boa praça do governador, já deve estar visitando a fábrica da Mercedes Benz em Stüttgart, para testar o próximo carro do LHS (ou vocês acham que LHS levou o motorista só pra passear, como insinuaram umas colunas por aí?). Herneus de Nadal, o HN do PMDB, é o novo presidente da Assembléia Legislativa, substituindo o Jotagê. Não é lindo, o amor?

GREVE SEM HONRA
Um dos problemas de ter vivido meio século é ter visto muita coisa. Já vi greves feitas por pessoas honradas, conduzidas com visão política e consciência de luta.

Ultimamente tenho visto que usam o outrora respeitável nome de “greve” para intitular movimentos sem eira nem beira.

À aglomeração de covardes dispostos a atrapalhar a vida da cidade e a linchar quem os fotografe em flagrante delito deu-se o nome de “greve de motoristas e cobradores”.

À violenta agressão feita ao contribuinte indefeso, impedindo-o de ter acesso ao seu escasso dinheirinho e ao pagamento de suas obrigações, dá-se o nome de “greve dos bancários”.

A dilapidação do patrimônio público, com a invasão e emporcalhamento de dependências da UFSC por bandos de delinqüentes agora se chama “greve de professores”.

IRRESPONSABILIDADE
Com a deterioração desse instrumento de reivindicações, sofre não apenas a população civil, mas também os legítimos motoristas, cobradores, bancários e professores, que são mal remunerados, têm inúmeros problemas funcionais e trabalhistas e acabam perdendo preciosas oportunidades de fazerem-se ouvir.

Nenhuma dessas badernas a que dão o nome de “greve” incomoda, mesmo remotamente, os responsáveis pelas situações injustas que precisam ser corrigidas.

Tenho mesmo a impressão que essa provocação profissional não tem outro objetivo que enfraquecer a greve como instrumento de luta dos trabalhadores.

O povo morre aos poucos, esmagado pelos poderosos de plantão: tanto aqueles instalados nos sindicatos-terroristas que só sabem agir contra a população, quanto aqueles instalados no governo e em empresas concessionárias de serviços públicos, que também só sabem agir contra a população mais desprotegida.

SÃO TODOS CANDIDATOS
E esses pseudo-líderes, esses fascistas autoritários com verniz de esquerda, que comemoram quando conseguem que os inocentes úteis, a massa de manobra de sempre cometa crimes contra a população, são todos candidatos.

A eleição da ex-líder sindical Ideli Salvatti como senadora, a eleição do ex-líder sindical Lula da Silva como Presidente da República, a eleição de outros ex-líderes grevistas como deputados, enche a todos de esperança.

Quanto mais altos os gritos, mais séria a baderna, maior a violência, mais chances de ter o nome no jornal. E melhor para conseguir depois, com o voto dos idiotas e dos ingênuos, arrumar-se na vida, com o salário pago por nós.

A FM DO SEVERINO
Aposto de muitos de vocês achavam que o Severino (ex-presidente da Câmara, que renunciou porque foi pego extorquindo dinheiro de um dono de restaurante), ia ter dificuldades para dar a volta por cima. Afinal, ele saiu chorando miséria, dizendo que era pobre pobre pobre de marré-de-si.

Pois em 60 dias, segundo conta o Jornal do Commércio, do Recife, Severino vai colocar no ar uma emissora de rádio, cuja concessão ele tem há dois anos.
Pobres coitados somos nós.

JOGO DE CENA
Pois é, estão todos muito surpresos porque a Polícia Federal utilizou a cadeia existente na sua sede de Florianópolis para manter preso um criminoso.

Eu me surpreenderia se tivessem colocado o Fernandinho no Hotel Majestic. Ali, de fato, não é o melhor lugar, embora também esteja à beira-mar.

Parece coisa de criança: primeiro deixam construir um prédio enoorme, onde tem tudo que uma delegacia de polícia federal precisa para funcionar. Inclusive a cadeia. E depois reclamam porque estão usando a cadeia.

Se não fosse só jogo de cena, se fosse verdadeiro o interesse desses senhores pelo bem público, deveriam ter gritado quando o projeto do prédio deu entrada na Prefeitura para ser aprovado.

Não agora, quando está apenas cumprindo a função para a qual foi construído e equipado.

A MODA PEGOU
O juiz ladrão, aquele que confessou ter mexido no resultado dos jogos de futebol em troca de uns caraminguás, agora está usando a mesma tática do pessoal do PT: acusa todo mundo.

Ontem sobrou até para os árbitros catarinenses, acusados de terem manipulado resultados (o ladrão cagüeta deve ter se confundido e trocado o Paraná por SC).

Mas é claro: se o PT acha que vai se safar usando como única defesa o fato de que outros também cometeram crimes (e até o presidente da República usa esse recurso), então todo e qualquer bandido também pode fazer o mesmo.

FERIADO MOVIMENTADO
Florianópolis, neste feriado, está meio lotada. Tem reunião, seminário e congresso para todas as tribos. Ou quase todas.

No Costão do Santinho se realiza o 31º Congresso Nacional de Procuradores de Estado (com encontros, no mesmo local, das Corregedorias, das Procuradorias Fiscais e do Colégio Nacional de Procuradores Gerais de Estado).

No Jurerê Beach Village, acontece o 7º Encontro Nacional dos Advogados da União e o 2º Seminário Nacional sobre Advocacia do Estado.

Num dos auditórios do Ministério Público de Santa Catarina, se realiza o 7º Encontro do Fórum Nacional de Coordenadores de Centros de Apoio da Infância e Juventude dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal.

No Centrosul tem a Reunião Lacanoamericana de Psicanálise, com uma enxurrada de milhares de apresentações simultâneas. Uma, com o perdão da palavra, loucura.

REFERENDO FAJUTO
Todo mundo já disse montes de coisas sobre o referendo da comercialização de armas. Eu, cá com os meus botões, estou com o povo que acha o referendo impróprio, inadequado, esquisito e fajuto.

Foi feito para dar um nó na cabeça do povo bom, generoso e pacífico do Brasil. Na hora em que todo mundo quer fazer alguma coisa para reduzir a violência e a criminalidade, inventam essa fajutice que não vai resolver nada de nada nem ajudar coisa nenhuma, mas pode dar a impressão que ajuda.

Muito sujeito vai ficar com dor na consciência de votar “a favor das armas” e aí vota “sim” imaginado que será “contra as armas”.

Que nada. Eu sou um sujeito desarmado, provavelmente mesmo se morasse no velho oeste jamais teria uma arma e vou votar não. Sou contra o referendo da forma como foi proposto e a única maneira de desarmar essa bomba relógio que colocaram no nosso colo é votar não. Se votar sim a gente não resolve o problema da violência, não desarma os bandidos e ainda cria problemas adicionais.

Votar não equivale a dizer não ao referendo. Que é o que importa: desarmar a bomba.
O resto todo (o controle do armamento, a redução da violência, o combate à bandidagem) tem que ser feito de outras formas. Não com fajutices como esse referendo.

NADA CONSTA
A força-tarefa de combate à exploração sexual infanto-juvenil deu uma nova batida, na semana passada, em dezenas de boates, bordéis e casas de shows do estado. Ao contrário do que aconteceu em Joinville no final de 2003, não encontrou policiais ou outras autoridades estaduais em nenhum dos locais. Sinal que o pessoal aprendeu a lição (ou conseguiu alguém mais competente para avisar as datas das batidas).

POBRES CRIANÇAS
Está cada vez mais difícil ser criança, só brincar e crescer aos pouquinhos. Pais e mães imbecis acham o máximo transformar seus filhos em miniaturas de adultos, roubando-lhes a infância e assassinando-lhes a inocência. Ô raça!

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