segunda-feira, 17 de outubro de 2005

SEGUNDA

ISSO SIM, É QUE É DESCENTRALIZAÇÃO!

O governador não me disse nada, mas eu senti, na voz dele, que ele ficou chateado com as referências feitas à ida do Joãozinho, seu fiel motorista, à Alemanha e à China, na comitiva oficial. Afinal, o Joãozinho merece: segurou tantas barras durante a campanha, pra lá e pra cá, quando todo mundo achava que o Amin é que seria eleito e agora o governador não pode dar um prêmio pra ele? Claro que pode! Deve! Ele merece, de fato. Só que a gente não imginava que o LHS fosse usar o nosso dinheiro pra isso.

Bom, mas vamos deixar de lado essas coisas menores: Florianópolis e Santa Catarina estão com autoridades nas Américas, na Europa e na Ásia, num verdadeiro esforço de descentralização. Falta, é claro, a Oceania, mas logo, logo eles corrigem essa falha. Para a África irá quem perder o torneio de porrinha do final do ano.

SEMANA DECISIVA
Nós só temos mais esta semana para pensar sobre o que diremos para aquela maquininha, no domingo: sim ou não.

Li, no final de semana, duas manifestações pelo sim que, como todas as demais que tenho lido defendendo esse lado, parecem muito equivocadas.

O deputado Carlito Merss publicou um artigo no Jornal do Brasil onde diz, que “agora partimos para a reta final que vai decidir se queremos um país sem armas ou não”.

Como assim, cara pálida? O referendo não pergunta se a gente quer um país com armas. O referendo pergunta se a gente quer proibir o comércio legal de armas e munições. E qualquer criança sabe que o país sem armas que todos queremos não será conseguido dessa forma.

O referendo é fajuto porque traz consigo o vírus da enrolação, da enganação, do gato por lebre. O sujeito bem intencionado, coitado, vota sim crente que está dizendo que quer um país sem armas. Depois de um tempo, quando vê que tudo continua igual, cai a ficha.

LÓGICA FAJUTA
O cronista Luís Fernando Veríssimo declarou seu voto pelo sim com um argumento pra lá de estranho. Disse ele:

“Uma vitória do “Não” no referendo teria que — pela lógica — ser seguida de medidas que encorajassem a compra de armas por particulares, eliminassem as restrições legais ao seu uso, e estimulassem o “vigilantismo”. Um real, e não mais apenas teórico, engajamento da população numa guerra a tiros com os bandidos. Ou seja, aí sim o caos."

Veríssimo cria uma hipótese sem muita lógica e se apóia nela, como se o referendo fosse lógico. Deveria ser, mas é apenas um troço fajuto. Não tem lógica fazer consulta nacional para que a população se responsabilize pela proibição da venda de armas.

Votar no Não! desmancha o referendo, mas não leva a nenhuma situação, em termos de segurança, pior do que as que a gente já vive.

DIREITO FUNDAMENTAL
O jornal O Estado de São Paulo, a propósito, fala disso em seu editorial de ontem:

“Mas o que está em jogo no referendo do dia 23 não é uma simples questão de lógica. Vai-se decidir, por maioria simples, se os cidadãos abdicam de um direito fundamental da pessoa humana: o de legítima defesa, sua e de sua família. Sendo esse o verdadeiro objeto do referendo, causa espécie que nenhum dos defensores da teoria das cláusulas pétreas da Constituição tenha ido à Justiça para impedir a realização da consulta popular. Afinal, o seu resultado pode ser a revogação de um direito inalienável.”

MESTRES DA COMPLICAÇÃO
Na Universidade Federal de Santa Catarina transformaram uma coisa comum e relativamente simples como o Departamento do Pessoal em alguma coisa ainda mais complicada do que o parente metido a besta, o Departamento de Recursos Humanos.
Está lá, na estrutura da Universidade (que deveria ser um templo do saber, da explicação, da solução dos mistérios): “Departamento de Desenvolvimento e Potencialização de Pessoas”!

Pode? Seria muito engraçado se o sujeito ou sujeita que inventou essa bobagem não estivesse sendo pago com nosso dinheiro. Deve ser daqueles que acha muito chique “falar difícil”.

POESIA PARA O POVO
O poeta Rodrigo de Haro propôs, a Fundação Franklin Cascaes, da Prefeitura da Capital, topou e começa amanhã, no teatrinho da UMBRO (ali na escadaria da Artista Bittencourt), a “Terça com Poesia”. Às 19h com entrada franca.

Diz a propaganda que “o objetivo é viver a poesia e criar um espetáculo intimista, onde o poeta possa falar de sua obra e dos seus autores preferidos”. Um bate-papo com o poeta, então.

Até que a cidade anda precisando de uma agitação cultural e seria muito legal se essa proposta acabasse seguindo as trilhas abertas pelo Lindolf Bell com a Catequese Poética e pelo Leminski, que conseguiram desmistificar a poesia e aproximá-la de um número maior de pessoas.

Ah, o primeiro poeta a se apresentar, não por coincidência, é o próprio Rodrigo de Haro, que pode, se estiver inspirado, transformar esse encontro em um espetáculo bem interessante.

MISTÉRIOS DA POLÍTICA
Uma prima, que gosta de trabalhar em campanhas políticas, tá sempre atuando como cabo eleitoral e é tão dedicada quanto fofoqueira, me contou dia desses, num velório (tem muita família que só se encontra em velório, né?), uma história muito interessante.

Um deputado, que se reelegeu várias vezes, gabava-se, na intimidade, de ter um sistema infalível para ter as votações que tinha.

O trabalho dele na Assembléia ou na Câmara era bem medíocre. Poucos projetos, bobagens. Nada de atuação relevante nas comissões, um medíocre, diria alguém olhando de fora.

Mas, nas regiões onde tinha votos, mantinha gente encarregada exclusivamente de descobrir e anotar as datas de aniversários. E no dia de cada um dos aniversários ele manda um cartão, uma flor, um telegrama. Era esse o sistema infalível: dar os parabéns pro maior número possível de eleitores e eleitoras. Todo dia, o ano todo.

Claro que, além disso, ele cumprimentava todo mundo que encontrava. Sempre. E assim o sujeito se reelege, a cada quatro anos. Só com a força do aperto de mão e de umas palavras gentis. Mais nada.

CAIXA PRETA DO TRANSPORTE COLETIVO
O Ministério Público de Santa Catarina insiste e agora está pedindo ao Supremo Tribunal Federal a derrubada da Lei Complementar que deu de bandeja, sem licitação, a concessão por 10 anos do transporte público da capital para aquelas empresas de sempre. E ainda garante o direito à prorrogação por mais dez anos.

O procurador Gilberto Callado de Oliveira acha que a Lei é inconstitucional e está recorrendo ao STF porque o Tribunal de Justiça aqui do estado discordou dessa tese.

O transporte coletivo na capital está cheio de rolo. Outro que não desenrola é a história do passe livre, bandeira política do PSTU e alguns grupos anarquistas: a lei municipal está sendo contestada porque é indecente. Enquanto o trabalhador pobre tem que pagar passagem inteira, o estudante filhinho de papai viaja de graça.

PREVISÃO DO TEMPO

Nesta semana poderão ocorrer chuva e ranger de dentes na Câmara dos Deputados. O Supremo deve negar o pedido de colinho que os deputados cassáveis fizeram e até o Zé Dirceu entra na roda.

Cá no Sul, não tem frente fria que acalme o prefeito em exercício Marcílio “Olha Eu Aqui” Ávila, que quer porque quer entrar para a história como o sujeito que embargou o cadeião da Polícia Federal anos depois da Câmara, da qual ele participava, ter autorizado a construção. A semana promete.

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