O BRASIL NÃO É UM SÓ. SÃO MUITOS.As crianças brasileiras são tantas e tão diferentes entre si. Que País tão grande e maravilhoso, desigual e injusto, fascinante e cheio de esperança, este nosso. Desde que éramos crianças ouvíamos, de nossos pais e avós, coisas lindas e horríveis sobre esta nação que não só nos espanta: o mundo arregala os olhos, admirado, invejoso e curioso.
Falamos a mesma língua, nascemos como nação sem uma grande guerra intestina. Temos água, ar, terra e mar numa quantidade superior à maioria dos demais paí-ses. Convivemos entre nós com tantas etnias, religiões, cores, costumes, que as demais nações, rachadas e partidas quase ao meio por conflitos irreconciliáveis, não acreditam que possamos ir tocando a vida assim, em paz.
Ontem à tarde, preparando a coluna, vi, no site do governo, essa foto do LHS sendo recebido por crianças de São João do Oeste (sábado, 29). Nos olhos delas, a excitação inocente de estarem tão próximas de uma autoridade. Achei a foto muito bonita, um belo momento captado pela Neiva Daltrozo, fotógrafa da Secretaria de Comunicação.
E lembrei-me de ter visto, não sei onde, uma foto semelhante, com crianças do nordeste. Infelizmente não consegui falar com ninguém do jornal do Mato Grosso que publicou a foto, para pedir autorização e um arquivo com boa resolução. Tive que usar uma foto menor, “tomada emprestada” do site do jornal, na Internet e nem sei o nome do autor (ou autora). Mas acho que também dá pra ver Lula sendo recebido por crianças do interior de Pernambuco, em fevereiro. Nos olhos delas, a excitação inocente de estarem tão próximas de uma autoridade.
Gosto de pensar que, nesses momentos, as crianças conseguem fazer com que os políticos recuperem, em seus corações, os mais nobres sentimentos de solidariedade, de necessidade de ação rápida para que o País, quando eles forem adultos, seja melhor do que é hoje.
Nem sempre eles se aproximam das crianças porque querem, às vezes é porque o pessoal do marketing exige (criança na foto sempre deixa o político mais humano). Mas aposto que todas as vezes que têm essa oportunidade, sentem um aperto no peito, uma umidade nos olhos.
Porém, ao retornar aos gabinetes, às audiências chatíssimas, às conversas de marciano com lobistas, aos números embaralhados dos orçamentos, do déficit e da arrecadação, os administradores são abduzidos por seres extraterrestres. Passam a viver numa outra realidade, num outro mundo. E tomam decisões com a cabeça nas nuvens e os pés acima da copa das árvores.
Aqui embaixo, bem perto do chão, nossos pequeninos sorriem e brincam como podem e como sabem, sofrendo e aprendendo com os erros da nossa geração.
FIGUEIRA NO SURFO tricampeão mundial de surf Tom Curren (na foto acima, segurando o saco de pipocas, cercado pela torcida do figueira, com todo mundo querendo sair na foto com o ídolo), uma das lendas internacionais do surf, fez um coletivo-apronto-familiar sábado, assistindo o jogo do Figueirense vestido a rigor, com a camiseta do time (ao lado, com filho Patrick e a mulher, Makira).
Pé quente, assim que ele entrou no estádio, Adriano empatou o jogo e a torcida começou “
era era era, o Tom Curren é figueira”.
O veterano surfista (39 anos) norte-americano também é músico e seus CDs fazem muito sucesso no circuito mundial do surf. Ele está em Florianópolis porque a cidade nestes dias é a capital mundial das ondas e “todo mundo” veio pra cá.
AUTO-ESTIMA EM ALTAA estratégia da prefeitura, para aumentar a auto-estima do povo do continente parece estar dando resultado. Ontem, às 11 da manhã, um sujeito muito animado passou correndo na avenida Max de Souza, bem na hora em que acontecida o show de bandas evangélicas do Festival da Primavera.
Um pessoal mais nervoso não entendeu direito e chamou a polícia, só porque o animadinho estava correndo sem roupa. Peladão.
DESCENTRALIZAÇÃO LATINO-AMERICANALHS emplacou a descentralização e o corredor bi-oceânico no documento final da II Reunião de Cúpula da Organização Latino-americana de Governos Intermédios (Olagi), encerrada sexta-feira (28).
Durante dois dias governadores, prefeitos e intendentes de vários países latino-americanos reuniram-se na capital.
Na “Declaração de Florianópolis”, entre outras conclusões do encontro estão “a necessidade de se promover processos de descentralização da gestão pública como instrumento de desenvolvimento das regiões, e de se impulsionar a comunicação dos diferentes territórios mediante redes rodoviárias e ferroviarias que conectem os dois oceanos através de corredores bioceânicos”.
Sem outros efeitos práticos, trata-se apenas de uma gentileza e um agradecimento ao anfitrião.
MAR DE LAMADá até um cansaço ver, toda semana, aparecer mais uma sujeirinha debaixo do enorme tapete da nossa vida política. Ainda mais porque as “novidades” são coisas antigas a que não se deu a devida atenção quando eram novas.
O PT montou uma operação de risco, utilizando-se das práticas que os demais partidos utilizavam e adicionando alguns componentes novos. A bomba explodiu no colo do tesoureiro (tal como a bomba do Riocentro explodiu no colo do sargento na década de 70).
A partir da implosão petista, o jogo ficou mais pesado: a direita viu abrir-se, gratuitamente, diante de seus olhos, a grande oportunidade que eles sempre perseguiram. E tem trabalhado para acabar de destruir o PT e desmanchar o carisma do Lula.
O PT, burramente, tem se defendido dizendo que foi o contrário. A direita, tentando desmoralizá-los, teria produzido a explosão. Acho que mesmo o mais distraído leitor já percebeu que se o PT não tivesse montado essa máquina heterodoxa de angariar fundos e aliados, a oposição não teria tanta munição.
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