POSSO DIZER UMA COISA?

Vocês, que estão sofrendo com a falta de planejamento, organização e controle da operação de emergência no norte da Ilha, já sabem a quem se queixar: ao prefeito Bita Pereira. Vocês, das outras áreas, que por acaso tenham qualquer outro problema relacionado à prefeitura, também precisam saber que a responsabilidade é desse jovem pastor, o Bita Pereira, alçado à condição de testa de ferro, digo, de prefeito em exercício. Ou laranja, como preferem os maledicentes mais raivosos.

O prefeito reeleito (pela terceira vez seguida num país que um dia pretendeu instituir a reeleição para apenas um mandato), navegando ao abrigo das intempéries, afastado dos transtornos, com sua imagem polida reluzindo e sua cobertura anti-aderente renovada, chegará em janeiro como um bravo combatente, disposto a consertar todos os problemas deixados por seu antecessor. Descerá dos céus como papai noel, cheio de amor pra dar, provavelmente já no espoucar dos fogos do reveiôm.

Tomara que eu esteja errado, mas sou capaz de apostar uma cerveja que assim que, em janeiro, alguém levantar alguma questão mais incômoda (como a destruição do pavimento nas estradinhas outrora pacatas que estão servindo de SC 401 do B), ele dará um jeito de lembrar a todos que, nesse período, ele não estava à frente da prefeitura. Nada de ônus. Só bônus.

Para aparecer na TV, em São Paulo, como prefeito-vítima, que num esforço sobre-humano foi mostrar que as praias de Florianópolis não foram atingidas (!), estava no cargo. Para cobrar do Deinfra e da Guarda Municipal um pouco mais de organização, resultado e transparência, ele está de férias.

E que história é essa de chamar turistas enquanto o principal acesso a metade da Ilha está bloqueado? Quer mais gente na Ilha pra infernizar ainda mais a vida de todos, inclusive do turista? Bom senso nunca fez mal a ninguém. É lógico que os turistas precisam saber que está tudo normal.. quando estiver tudo normal. Precisam ser informados que podem vir passar suas férias aqui, mas também têm o direito de saber que ainda levará uns dias (talvez semanas) para que possam circular livremente na Ilha.

Assessores de imprensa e mesmo alguns políticos, quando me encontram, queixam-se do meu jeito de poucos amigos. Acham que exagero, que difundo uma idéia errada sobre políticos e sobre a seriedade dos administradores. Que não sei reconhecer quando fazem coisas certas. E fico só falando dos erros, dando a impressão que são todos incompetentes ou que só cometem erros. Pois é. Vocês não têm idéia, vocês nem sonham, como eu gostaria de ser desmentido pelos fatos. De ser obrigado, pelas evidências, a reconhecer que o prefeito eleito está fazendo um excelente trabalho para contornar o acidente (de resto previsível) na SC 401 e que, apesar de algum transtorno aqui e ali, a população reconhece o esforço de todos, Deinfra, Guarda Civil, funcionários municipais, Casan e quem mais vier, do estado ou do município. Não ficaria chateado se tivesse que admitir que essas ironiazinhas de segunda, sobre as férias dele, são injustas.

Mas, infelizmente, o resultado, o efeito, a marca que as omissões e ações equivocadas deixam no dia-a-dia do cidadão que mais precisa da ação do poder público, é ruim. Pra não dizer desastrosa.

A situação não é pior porque existem servidores, geralmente em escalões inferiores, com altíssimo grau de compromisso com o serviço público. Bombeiros, barnabés da prefeitura, garis, operários de vários órgãos, técnicos de diversos tipos e qualificações, que preenchem com sua dedicação e esforço, o vácuo deixado pela falta de ação inteligente, planejada e firme, de muitas chefias e agentes políticos. Consertam, como podem e até onde conseguem, as ruinosas decisões tomadas diante de câmeras de TV, no calor de discursos para platéias que se comportam como claques e do alto de uma soberba que os torna imunes a avisos, advertências e conselhos de seus melhores amigos, de seus correligionários mais lúcidos, de gente de bem que existe em todos os partidos e em todos os gabinetes.

É isso. Por enquanto. Desculpem o desabafo e o palavrório.