quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

NOTÍCIAS DO CAMPECHE

Talvez nem todos saibam que Florianópolis tem desabrigados e desalojados e que está enfrentando situações de alagamento, ali na região do Campeche.

Amigas e amigos que moram por lá estavam contando que estão muito satisfeitos com o atendimento pós-enchente da prefeitura (prefeririam, é claro, que o atendimento tivesse sido antes, para evitar ou reduzir os efeitos, mas não se pode querer tudo, né?). Bombas d'água têm funcionado dias inteiros, drenando terrenos que ainda estão com água. Moradores têm recebido kits para limpeza, equipes de saúde têm vacinado e dado atendimento.

Mas aí, surgem aquelas figuras inesquecíveis, não pelo conteúdo humano ou solidário, mas pela carga de imbecilidade que fazem questão de ostentar.

Um dos moradores passou quase o dia inteiro com a bomba da prefeitura tirando água do seu terreno. Daí notaram que a água baixava e, mesmo sem chuva, voltava a subir. Foram investigar e viram que um terreno murado, de um vizinho, que não mora lá e deixa a coisa meio abandonada, estava cheio dágua e escorria para os demais terrenos.

Aí entraram em contato com o dono do terreno, avisando que colocariam a bomba lá (além de tudo a água já estava preta e fedendo). O que ouviram foi espantoso: o proprietário proibiu a entrada do pessoal da prefeitura e fez várias ameaças de processo, se alguém mexesse no terreno dele e tirasse a água empoçada. O que os vizinhos falam é que o bacana é, pasmem, biólogo.

A Lagoa da Chica, cujo transbordamento causou o problema nos terrenos citados acima, é outro capítulo à parte: está cheia de lixo, entulho, o canal está assoreado. Mas a Fatma e a Floram não fazem nada, a pretexto de que é área de preservação. Não preservam e na hora de conservar e limpar, dizem que não podem. Tal e qual tantos outros locais onde, aparentemente de birra contra a legislação ambiental, a prefeitura só mexe quando alguma ordem judicial obriga. Nada impede que uma área de preservação seja... preservada, mas eles deixam deteriorar.

A propósito dessas lendas e birras ambientais, tem uma outra rua, mais pro lado do rio Tavares, onde tem muito morador de fora (alguns paulistas). Amiga minha, manezinha, conta que foi uma briga para fazer com que aqueles que plantaram árvores na beira da rua podassem, para que o caminhão do lixo pudesse passar. Muito ecológicos, cada vez que alguém podava a árvore que estava invadindo a rua, chamavam a Floram ou a polícia ambiental. Ficaram um mês sem recolhimento de lixo, até resolver a pendenga.

Pois bem, várias vezes (não foi uma nem duas), minha amiga surpreendeu os defensores da ecologia, na calada da noite, jogando bacios, restos de armários, fogão velho e entulho, na trilha da área de preservação permanente que vai da rua até o mar. Jogar entulho em área de preservação à noite, tudo bem. Cortar um galho de árvore para que o caminhão do lixo passe, nem pensar.

Se tem uma coisa que não falta em lugar nenhum é mala, né?

2 comentários:

Anônimo disse...

“Só existem duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana. E não estou muito seguro da primeira.” Albert Einstein

Anônimo disse...

Pois é, a Lagoa da Chica encheu e atingiu as casas, não é ?
Sabem qual é o papel da Lagoa da Chica ? é exatamente esse, acumular o excesso de água da chuva e promover a gradual recarga do aquífero com água doce !
Sabem qual é o papel das dunas ? conter a água do mar, especialmente nas ressacas, impedindo que a água salgada contamine o aquífero !
Abrir uma ligação da Lagoa da Chica para drenar para o mar, rompendo as dunas, é contrariar a natureza...
Saibam que a natureza é paciente mas ultrapassar os limites é provocar a sua vingança...
Numa ressaca o dreno se transforma em passagem da água do mar que vai elevar o nível da Lagoa da Chica...
Não provoquem a natureza... deixem as dunas alí, afastem as casas da margem e deixem a Lagoa da Chica cumprir a função que a natureza lhe determinou !
Ah ! é uma situação já consolidada e aquela gente que mora na margem não tem para onde ir ? então aceitem que a Lagoa da Chica encha !