quarta-feira, 9 de abril de 2008

OS NOVOS RICOS DO HUMOR

Jaguar e Ziraldo fizeram parte da turma que construiu um dos maiores fenômenos editoriais brasileiros, o O Pasquim. Semanário de humor, nasceu e cresceu durante a ditadura militar, chegando a atingir, no seu auge, tiragens de 200 mil exemplares, o que é muito mesmo para os grandes jornais brasileiros de hoje.

A censura encheu muito o saco do Pasquim e a turma, ou boa parte dela, chegou a ser presa durante um tempo. Várias edições foram apreendidas, recolhidas ou tiveram sua circulação dificultada. A ditadura, portanto, causou ao Pasquim grandes prejuízos. Como causou a tanta gente. Até mesmo àqueles que sofreram anônima e indiretamente com os problemas que uma ditadura sempre provoca.

Pois bem, como tantos outros “revolucionários”, Jaguar e Ziraldo acabam de ser premiados com uma indenização milionária (milionária mesmo, mais de R$ 1 milhão pra cada um) e mais uma boa pensão mensal, graças a essa ferramenta que o governo FHC inventou, mas o governo Lula aperfeiçoou: “que luta política que nada, aquilo foi mesmo um grande investimento previdenciário”.

Ziraldo acha que o Brasil lhe deve essa grana. Muita gente acha que não, que a gente não lhe deve isso e que nossos impostos não deveria servir para esses casos de enriquecimento tardio de antigos idealistas arrependidos.

Há, entre aqueles que foram presos e torturados pelos militares, naquela época, quem tenha se recusado a receber a indenização: entraram na luta por um ideal e o pagamento mercantilizaria esse sonho. Mas esta não é uma questão pacífica, ou tranqüila.

Talvez o que cause mais revolta seja mesmo o valor das indenizações. Enquanto a Justiça brasileira tem atribuído valores quase irrisórios a tantas indenizações que parecem muito justas, o bolsa-ditadura esbanja dinheiro.

Em todo caso, em que pese esse tropeço, essa nódoa biográfica, não se pode, de uma hora para a outra, apagar o papel histórico que Ziraldo e Jaguar tiveram na manutenção da sanidade mental de uma geração que, sem o Pasquim, não teria aprendido a dizer que o rei está nu. Nem a rir de si mesma.

9 comentários:

Anônimo disse...

Nessa mesma bolsa os filhos do Covas estão de olho... Só que um pouco mais milionária: R$ 5,7 milhões.

Anônimo disse...

Enquanto isso as aposentadorias de quem contribui durante 35 anos de trabalho são achatadas, os precatórios não são pagos...
Eta paisinho, hein !

Anônimo disse...

Depois desta informação, deixo de ler esses caras, como desligo a CBN diária quando o tal Heitor Connim fala besteiras, depois de embolsar uma fortuna desta e ainda receber uma pensão tambem dessa grandeza...

Anônimo disse...

Depois desta informação, deixo de ler esses caras, como desligo a CBN diária quando o tal Heitor Connim fala besteiras, depois de embolsar uma fortuna desta e ainda receber uma pensão tambem dessa grandeza...

Anônimo disse...

Se ensinaram a uma geração rir de si mesma, em compensação agora só eles riem de toda ela.

Anônimo disse...

Cesar, outro dia li, escandalizada em revista de circulação nacional que o terrorista que botou uma bomba nos anos 70 num banco em s.paulo ganhou uma idenização de R$ 1.000.000(um milhão ...) e pico de reais, o comerciario que perdeu a perna, pois estava no banco naquela hora, ganhou na justiça o direito a uma pensão de R$400,00 reais por mes.Ele vive com uma prótese, PERDEU A PERNA!!!Que horror!!!

Anônimo disse...

Melhor pergunta, como sempre, quem fez foi o Millor Fernandes, com a ironia ferina que lhe é peculiar: "Vocês estavam fazendo uma revolução ou um investimento?".
O Ziraldo (não precisava disso...) ainda chamou de cagões todos os que reclamam de seu milhão, como se o todos tivesses que pagar por sua "coragem".
O editorial de O Globo, deixou nas entrelinhas que muitos não foram prejudicados, muito pelo contrário. O Pasquim voltou depois da ditadura, em várias versões e formatos e nunca fez sucesso. Já no tempo da ditadura, as circunstâncias colocaram-no num patamar inédito. Prejudicado ou alavancado?
É de conhecimento de todos que os editores do jornal ganharam MUITO, mas MUITO $$ mesmo naquela época, tanto que montaram uma editora de sucesso, a Codecri. É folclore conhecido o litro de whiski que o Tarço de Castro deixou derramar no chão de uma boate, por estar lotado de dinheiro.
Mas este é o Brasil, se der pra pegar algum do dinheiro de todos, vamos lá. Às favas com ideais, ideologias ou reputações.

Unknown disse...

Cesar,

meu anjo, será que eu vou ter direito a um negócio desses daqui a uns 40 anos?

Beijo grande,
Jana

Anônimo disse...

De uma cabeça donde saiu uma chatice insuportável como o menino maluquinho, aquele porre de vinho, só podia sair coisa dos tipo" o Brasil me deve isso",se referindo à indenização.
Eu não devo nada a ele,safado.

LIa