terça-feira, 15 de abril de 2008

LEITOR COBRA UMA DÍVIDA ANTIGA... DO PASQUIM

O Ilton Dellandrea (do Jus Sperniandi) foi leitor do Pasquim e agora, com a indenização milionária que Jaguar e Ziraldo ganharam, acha que está na hora de cobrar uma dívida antiga:
“Prezados Ziraldo e Jaguar:

Eu fui fã nº 1 de O Pasquim. Em seguida saberão por quê. Por isto me sinto traído pela atitude de vocês (Ziraldo e Jaguar). Vocês, recebendo essa indenização milionária, fizeram exatamente aquilo que criticavam na época: o enriquecimento fácil e sem causa emergente da e na estrutura ditatorial.

Na verdade, vocês se projetaram com a Ditadura. Vocês se sustiveram da Ditadura. Vocês se divertiram com a Ditadura. Está bem, vocês sofreram com a Ditadura, mas, exceto aquela semanada na cadeia – que parece não foi tão sofrida assim –, nada que uma entrevista regada a uísque e gargalhadas na semana seguinte não pudesse reparar. A cada investida da Ditadura vocês se fortaleciam e a tiragem seguinte do jornal aumentava consideravelmente.

Receber um milhão de reais e picos por causa daquela semana, convenhamos, é um exagero, principalmente quando se considera que o salário mínimo no Brasil é de R$ 480,00. Por mês...

Vocês não podem argumentar que a Ditadura acabou com o jornal. Seria a mais pura mentira, se é que a mentira pode ser pura. O O Pasquim acabou porque vocês se perderam. O O Pasquim acabou nos estertores da Ditadura porque vocês ficaram sem o motor principal de seu sucesso, a própria Ditadura. Vocês se encantaram com a nova ordem e com a possibilidade de a Esquerda dominar este país que não souberam mais fazer humor. Tanto que mais tarde voltaram de Bundas – há não muitos anos – e de bunda caíram porque foram pernósticos e pedantes. Vocês só sabiam fazer uma coisa: criticar a Ditadura e não seriam o que são sem ela.

Eu vi o nº 1 de O Pasquim num tempo em que não tinha dinheiro para adquiri-lo. Mais tarde, estudante em Florianópolis, passei a comprá-lo toda semana na rua Felipe Schmidt, próximo à rua 7 de Setembro, numa banca em que um rapaz chamado, se não me engano Vilmar, reservava um exemplar para mim. Eu pagava no fim do mês.

Formado em Direito, em 1976 fui para Taió. Lá assinei o jornal que não chegava na papelaria do meu amigo Horst. Em 1981 vim para o Rio Grande do Sul e morando, inicialmente, em Iraí, continuei assinante. Em fins de 1982 fui promovido para Espumoso e sempre assinante. Eu tenho o nº 500 de O Pasquim, aquele que foi apreendido nas bancas e que os assinantes receberam...

Nessa época, não sei se lembram, o jornal reduziu drasticamente seu número de folhas. Era a crise. Era um arremedo do que fora, mas ainda assim conservava alguma verve. A Ditadura estava saindo pelas portas dos fundos e vocês pelas portas da frente, famosos e aplaudidos.

Vocês lançaram uma campanha de assinaturas. Eu fui a campo e consegui cinco ou seis. Em Espumoso! Imaginei que se cada assinante conseguisse cinco assinaturas, ajudaria muito.

Eu era Juiz de Direito. Convenhamos: não fica bem a um Juiz sair vendendo assinatura de jornal. Mas fiz isto com o único interesse de ajudar o O Pasquim a se manter. Na verdade, as assinaturas foram vendidas a amigos advogados aos quais explanei a origem, natureza e linha editorial do jornal. Uns cinco ou seis adquiriram assinaturas anuais.

No máximo dois meses depois todos paramos de receber o jornal, que saiu de circulação. O O Pasquim deu o calote... Eu fiquei com cara de tacho e, como se diz por aqui, mais vexado que guri cagado. Sofri constrangimento por causa de vocês. Devo pedir indenização por isto? Não. Esqueçam!

Mas agora que vocês estão milionários, procurem nos seus registros e devolvam o dinheiro dos assinantes de Espumoso que pagaram e não receberam a assinatura integral. Naquele tempo vocês não tinham como fazê-lo. Agora têm. Paguem proporcionalmente, mas com juros e correção monetária, como manda a lei.

Caso contrário, além de traidores, serei obrigado a considerá-los também caloteiros.”

5 comentários:

Anônimo disse...

O post transmite aquilo que sinto e que muitos devem sentir. Muito obrigado pela "força publicitária". Abraços.

Anônimo disse...

Este episódio das indenizações milionárias aos jornalistas do Pasquim é só mais um da série de escândalos em cascata que o pais produz. Parece que está em nosso DNA o ataque despudorado aos cofres públicos, a concepção que o dinheiro público não é de todos, mas “de ninguém”, e que “aos amigos tudo, aos inimigos a justiça”. Como diz o Millor, (não sei a frase ipsis literis) “mamata é uma jogada desonesta para a qual não fui convidado”. É só constatar a mudança radical do PT e do Lula após chegarem ao poder. Todos criticavam a ditadura e o sistema corrupto brasileiro, até o momento que passaram a ter a caneta na mão e os amigos bem colocados. Lendo a trilogia do Eduardo Bueno sobre a colonização do Brasil e o atual best seller “1808” entende-se como tudo começou e porque tudo permanece. Os jornalistas do Pasquim encheram a burra de dinheiro com o jornal, todos sabem disso, e continuam ganhando milhões com ele. Sem dúvida um “case” de sucesso editorial jamais visto na imprensa mundial. Coisas do Bananil...

Anônimo disse...

Além da indenização milionária a dupla passa a colaborar com o déficit da previdência, pois como o Lula, passam a receber aposentadoria em dobro do limite estabelecido para quem contribuiu por 35 anos !
Além do mais, os que contibuiram por 35 anos não têm direito ao reajuste integral da aposentadoria, PARA NÃO AGRAVAR ESSE DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA !

Anônimo disse...

E O Emanuel, que apanhou que nem cão danado, ao longo de um tenebroso ano, no DOICODI da R. Tutóia em Sampa, depois de 10 anos de processo eles decretaram:

R$ 50 mil ou nada. É que o cabra continua criticando as mutretas da pelegada petista no governo ...

Anônimo disse...

Falou pouco mas falou "bunito".