quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A memória fraca do povo

Tem uma frase que teria sido pronunciada pelo ex-presidente dos EUA, Richard Nixon, ainda na década de 50, quando ele passou por uns apertos políticos, que acho fundamental para entender muita coisa: “a memória do povo é fraca, e seu coração, complacente”.

Veio-me à mente a frase justamente quando estava lendo, hoje à tarde, um calhamaço de 30 páginas, com o relatório de uma Comissão Especial, criada em 1997 no Senado, para “gestionar, junto aos órgãos das três esferas de governo, medidas preventivas em relação às regiões sujeitas ao fenômeno atmosférico ‘el niño’.”

A Comissão foi constituída ainda no clamor dos danos causados pelas cheias de 1983 e 1984. Presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB/PR) era composta por seis outros senadores, entre os quais o catarinense Esperidião Amin (PP).

Como vários outros documentos produzidos após aquelas cheias, este também faz recomendações, prevê ações de emergência, preventivas e permanentes.

O fortalecimento do sistema de Defesa Civil ocupa várias páginas, como recomendação importante. Da mesma forma, a formação de comitês de gestão das bacias hidrográficas e elaboração dos planos diretores dos recursos hídricos são discutidas, entre as ações preventivas.

A leitura entristece porque o que se percebe é que houve um tempo em que se sabia o que era preciso fazer. Daí, com o passar dos anos, os recursos públicos foram sendo utilizados em outras prioridades, o que era pra ser feito foi feito pela metade, ou ficou só na vontade. E agora, a partir da renovação da desgraça, serão elaborados novos documentos, estudos, propostas e quetais. Todos igualmente destinados às gavetas e ao esquecimento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pelo que consta, haviam recursos do governo japones para obras como o do canal extravasor de Itajaí, mas a burocracia impediu a sua realização.
Parece que a única obra proposta naquela época que foi realizada é o canal extravasor em Brusque, que funcionou na tromba d'agua de agora e evitou prejuízos maiores.
Em compensação, se estivesse tudo resolvido, o Luiz 15 não teria sido salvo da degola pelo TSE !
Ou seja, à desgraça natural se soma a desgraça eleitoral !