Vou deixar aqui uma proposta, como quem joga uma semente pro alto. Alguém ou alguma entidade (de preferência ligada ao jornalismo e à comunicação) se animaria a montar, agora, enquanto a coisa está quente, um fórum, um seminário ou um painel de debates, sobre a imprensa que se vende?
O título poderia ser: Promiscuidade e corrupção no jornalismo.
Ou: Promiscuidade e corrupção em nome do jornalismo.
O fenômeno de cobrar por matérias, por entrevistas, por fotos na capa, por minutos no ar, tem crescido bastante. Parece ser uma fonte de renda segura (exceto quando ocorre algum acidente, como esse da revista Metrópole). E autoridades e homens públicos de todos os níveis parecem achar natural ter que pagar para ver suas fotos e opiniões serem publicadas.
Imagino que o público leigo tenha dificuldade em ver diferenças entre o que faz, por exemplo, o João Cavalazzi, que é um jornalista, um repórter propriamente dito, e a Márgara Hadlich, que trabalhou na revista Metrópole e, por orientação de seus patrões, ao mesmo tempo que produzia os textos, fazia contatos publicitários com anunciantes, que muitas vezes eram os entrevistados.
Mesmo entre os proprietários de veículos de comunicação ditos sérios, a idéia de que apenas a venda dos espaços claramente comerciais não é suficiente cresce assustadoramente. O aumento do poder dos departamentos comercial e de marketing das empresas sobre o departamento de jornalismo ou editorial, tem feito surgir anomalias preocupantes.
Como os jornalistas não têm nenhum órgão que se ocupe do exercício profissional (como os advogados têm a OAB, os engenheiros e agrônomos o CREA, os médicos o CRM), charlatães usam nosso nome para fazer todo tipo de barbaridades e ninguém diz nada.
O evento que estou propondo seria uma sinalização, à parcela informada da sociedade, que os jornalistas estão se sentindo profundamente incomodados com a ação dos charlatães e com o abrigo que governos e poderes de todos os níveis dão a eles e a seus produtos mercenários.
Não resolveria muita coisa, mas pelo menos a gente não ficaria calado, como se nada de muito grave estivesse acontecendo, sob nossos narizes, com a nossa profissão.
O 25 tipo de Novembro: redação do ensino bué básico.
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A setôra explicou que o PS já não é tecnicamente fascista e está bué à toa
de ter sido. O PS, que agora é “cool” e mano dos democratas do PCP e do BE,
pe...
Há 6 horas
11 comentários:
Caro César:
Concordo integralmente com a tua proposta. A prática desse tipo de "jornalismo" é uma preocupação permanente da FENAJ. Estamos nos preparando para uma avalanche de problemas provocados por supostos jornalistas em 2008 - ano com eleições municipais.
Vou pessoalmente estimualar nosso Sindicato em SC para assumir a liderança do debate. Farei questão de participar e apresentar nosso projeto de constituição de um Conselho Federal dos Jornalistas.
Abraços e até o debate.
Sérgio Murillo de Andrade (FENAJ)
César.
Falando sério: você acha mesmo que esse debate teria sentido de existir?
Quem tinha conhecimento dessa Revista Metrópole antes desse rolo todo vir à tona, a não ser os envolvidos no imbróglio?
Da mesma forma que existem péssimos médicos, motoristas, advogados, a classe dos jornalistas não está imune a esse tipo de assédio.
Eu sei que se pratica o jornalismo sério, até numa terra sem lei como Alagoas (Mendonça Neto que o diga). O seu jornalismo (César) é sério, é competente. E justamente por isso muitas vezes é relegado a um segundo plano.
Alguns jornalistas que hoje posam como estrelas em jornais de grande circulação e “conceito” perante o público nunca foram alvo de “mimos”? Nunca aceitaram uma “ajudinha” para destacar essa ou aquela “notícia”?
Lázaro Bartolomeu, Celsinho Pamplona, Norton, Cacau e mais um monte (que nunca foram jornalistas) sabiam o que estavam fazendo e cumpriam o seu papel bem direitinho. Todo mundo sabia e achava normal. Um recalcado que posa como profissional até hoje faz de sua coluna um penduricalho de “notícia”. E é aplaudidíssimo, com a “oferta” de festa anual e tudo o mais.
Não, meu amigo César. Não é esse o debate que se espera. Aliás, nem vale uma linha sequer do que você publica sobre esses pseudos profissionais.
Você faz o seu trabalho, e não há ninguém nesse nosso mundinho de merda que possa desqualificar sua atuação.
A Revista Metrópole e o seu plantel está onde todos esses abobados deveriam estar: no banco dos réus.
Não entre nesse dramalhão. Apesar de ser penoso, o trabalho sério tem lá suas compensações. Não é qualquer jornalista que tem a satisfação de desfrutar da simplicidade de uma simples flor e colocar no seu blog como se fosse a coisa mais importante da vida.
Vale esse pensamento, cujo autor desconheço: “Dentre todos os humanos, o mais feliz é aquele que consegue extrair a sabedoria contida numa flor”.
Quem sabe não seja esse um debate mais interessante?
Jorge Oliveira
jorge_r89@hotmail.com
Laguna – Santa Catarina
Tio César,
Não sou jornalista, mas indigna-me a postura do atual Governador em relação à imprensa e aos seus construtores.
Eu se fosse da área, não permitiria mais aquelas entrevistas após viagens internacionais, na sede da categoria!
Ele faz isso para transfigurar-se em democrata, iludindo a opinião pública. E a imprensa (parte dela) colabora com este cinismo!
Tio, você não acha vergonhoso para a classe que nenhum jornalista ainda concordou contigo?
Eles tem medo de concordar agora e perder uma vaguinha mais na frente tanto no governo como na RBS. É mole?
Antônio Carlos
Ô Antônio Carlos, calma. O Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas já deu sua opinião (foi o primeiro). Já recebi também algumas respostas por e-mail. Uma delas do Curso de Jornalismo da UFSC.
Não é questão de medo disso ou daquilo, é só porque a proposta é muito recente e a turma não fica o tempo todo vendo o que tem no meu blog. À medida em que forem lendo (os que me lêem), darão seus palpites. Por aqui ou por e-mail.
Fica frio.
Para contrariar o anônimo aí em cima, apareço concordando com o que dizes. Tudo isso acaba tirando o estímulo de novos jornalistas, que entram no mercado já conhecendo apenas essa infeliz realidade do jornalismo pautado pelo depto. comercial. Quanto à proposta de um órgão como a OAB, vejo que os próprios jornalistas têm receio quanto a isso. A tentativa de criar o conselho federal foi frustrada com alegação da imprensa de que isso seria censura.
Thiago Floriano,
Jornalista
Ainda bem que temos esse Blog do César p/ debater o assunto.Esse escândalo e lamaçal só veio a tona agora, mas p/ quem sabe um pouquinho das entranhas do poder, já sabia que toda essa negociata p/ calar a grande mídia vem desde 2003. Foi um esquema altamente profissional, montado e comandado por quem sempre trabalhou na área. Precisa dar o nome? Ou voces acham que só a Metrópole é que foi "comprada" ? É evidente que não. Ela apenas não foi paga. Os grandes "Tchê", são pagos religiosamente. Outra coisa: esse negócio de dar entrevista na Casa do Jornalista é a coisa mais maquiavélica que eu já vi. A pretexto de prestigiar a classe, o governo a quer como cúmplice. Eu já havia alertado para isso, aqui mesmo nesse espaço.
Contem comigo para qualquer campanha/manifesto contra a picaretagem em forma de jornalismo.
Upiara Boschi
Jornal A Notícia
Um dos tópicos que mereceriam entrar no debate é a relação promíscua que se estabeleceu entre o governo do Estado e os jornais do interior. Como LHS fez publicidade como nunca algum governo fez nestes jornais, há de tudo, menos imparcialidade.
Felipe Rosa
Interessantes os mamões, megalomelões, não fosse o contexto... mas em determinadas circunstâncias... já disse e fui expulso do blog do Noblático, preto velho que admiro com predileção é o Johnny 12 ANOS...
Relação promíscua só com jornais do interior? Só com picaretas estilo "metrópole"?
A promiscuidade deste governo está por toda Santa Catarina, e bem debaixo dos nossos narizes, nas formas mais sutís.
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