quinta-feira, 26 de junho de 2008

A DEFESA DO JORNALISMO

Pois não é que o debate aquele acabou saindo mesmo? O Sindicato dos Jornalistas aceitou a provocação que fiz, a Federação Nacional dos Jornalistas deu uma força, a Assembléia Legislativa entrou na jogada, oferecendo o espaço e a gravação em vídeo e ontem à tarde um grupo até bem grandinho passou quase duas horas discutindo e conversando sobre esta nossa profissão, tão mal compreendida.

À mesa (na foto acima, da esquerda para a direita), a diretora de Comunicação da Alesc, Lúcia Helena Evangelista Vieira, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Rubens Lunge, este que vos fala, o diretor de Imprensa da Secretaria de Estado da Comunicação, José Augusto Gayoso e o Diretor Geral da Escola Superior de Advocacia da OAB/SC, Márcio Luiz Fogaça Vicari, representando a... OAB.

A platéia não estava lotada, mas o grupo que conseguiu dar um jeito, no meio da tarde de um dia de semana, pra ir ao debate, fez com que o esforço do Sindicato e da Alesc valesse a pena.

Algumas ausências foram especialmente sentidas: as direções ou coordenações dos cursos de Jornalismo e o Sindicato dos Proprietários de veículos de comunicação. Os primeiros, porque estão na linha de frente da criação de uma consciência ética nos futuros profissionais. E os segundos porque têm enorme responsabilidade sobre a qualidade da informação levada ao público e poderiam defender seus pontos de vista.

O público pequeno não me surpreendeu. O contrário é que seria espantoso. Não temos o hábito de conversar sobre nossos problemas profissionais, o que não significa que não exista muita gente preocupada. Mesmo assim, e apesar deste mediador medíocre, no final, entre mortos e feridos, a idéia salvou-se e talvez volte a dar frutos. Nunca se sabe.

Como resultados concretos do debate, ficaram algumas recomendações do Sindicato à Secretaria de Comunicação do governo, para aprimorar o cadastro de empresas jornalísticas que estão aptas a receber publicidade oficial. E a proposta de instalar o Conselho Estadual de Comunicação. Mais ou menos como os conselhos da saúde ou da segurança, seria uma instância, composta de representantes de várias entidades do setor, que acompanharia a forma como o governo está usando o dinheiro público na comunicação oficial.

É claro que o caso da revista Metrópole, qual um fantasminha travesso, volta e meia entrava nas conversas. Mas, para desencanto de quem estava sonhando em ver o pau fechar e rolar um arranca-rabo, o foco ficou mesmo foi na necessidade que têm, os jornalistas, de defender sua profissão. Ou o bom nome dela.

O fato é que, sem que ocorra uma conscientização ampla geral e irrestrita de que jornalismo bom é jornalismo ético, os picaretas vão continuar usando nosso santo nome impunemente.

Em tempo: até ontem à noite não estava definido se o debate seria transmitido pela Alesc. Se for, avisarei os dias e horários. Se não for, aviso quando os “melhores momentos” forem colocados no You Tube.

3 comentários:

Anônimo disse...

César, parabéns por levantar o assunto, que também se estende ao exemplo que destes da Empreendedor. Não é só a relação Governo x Imprensa, mas também a relação Empresas x Imprensa. Tão prejudicial quanto a primeira, a segunda também é importante discutir.

Tem portal e veículo aqui de Santa Catarina que o próprio editor da publicação, jornalista, está enviando proposta para publicidade em seu veículo para clientes da minha agência. O jornalista assumir esta posição já é questionável - mas às vezes necessário se a empresa não tiver um departamento comercial constituído. Mas o pior, na minha opinião, é o fato de no meio da proposta constar que, com a publicidade, tem-se garantido a divulgação de notícias e cases do patrocinador no espaço editorial da publicação.

É isso aí.

Cesar, queria aproveitar para pedir um apoio na divulgação de uma campanha do agasalho que a minha turma da Especialização de Propaganda e Marketing da UNIVALI, em Itajaí, está promovendo. Basta acessar www.propmkt5.com.br que lá tem mais informações. Abraço e obrigado!

Anônimo disse...

Sr. Editor,

Só fui ao debate de ontem dos jornalistas, porque vi que o Sindicado dos Publicitários também tinha sido convidado.

Sempre trabalhei muito próximo aos jornalistas por onde atuei (sucursal de O Globo em Porto Alegre que também atendia Santa Catarina, Editora Abril em Porto Alegre e Jornal do Brasil aqui em Santa Catarina, entre outros veículos de mídia impressa) e sempre tive um excelente relacionamento com editores, repórteres e fotógrafos.

Já recebi pautas excelentes para comercialização de cadernos de todos os segmentos, muito importantes para os anunciantes que encontram nestes cadernos comerciais, um excelente momento de dizerem que apóiam ou financiam determinados assuntos. Isto é bom para o caixa dos meios de comunicação, bem como para as empresas ou secretarias envolvidas com a pauta comercial.

O que atrapalha esta relação é proximidade muito forte que vocês têm com o governo, vêem toda verba disponível para propaganda e não resistem, se corrompem e traem seus departamentos comerciais!

De qualquer maneira, saí do encontro de ontem com a sensação de que os blogs já estão merecendo também um departamento comercial, antes que “jornalistas picaretas” passem a negociar verbas publicitárias e metam a mão no bolso dos vendedores de publicidade.

Fiquem atentos!

Eloy Figueiredo
Publicitário

Artur de Bem disse...

César, sou acadêmico de jornalista e não soube do evento.
Acompanho seu blog sempre que posso, mas só estou sabendo desse debate agora, enquanto comento a notícia.
No meu caso, mesmo que soubesse antes, provavelmente não poderia ir, já que foi de tarde e em dia de semana. Trabalho em um órgão do governo, ironicamente, e acho que não poderia sair.

Comento para criticar o fato da faculdade não ter avisado os alunos. Ou eles também não souberam, ou o curso de COMUNICAÇÃO não conseguiu comunicar os alunos.
Gostaria muito de ter ido.

Pra terminar, concordo com muita coisa que falas no teu blog. Mas quando eu falo, ninguém escuta.