terça-feira, 10 de junho de 2008

FALA, ARMANDO!

O ex-secretário do Planejamento, Armando Hess (foto acima), resolveu finalmente conversar com jornalistas. Atendeu apenas o João Cavalazzi, do DC, mas já é um começo.

[Leia aqui]


Não tem, a rigor, novidades, mas pelo menos alguém do governo (ou do lado oposto ao do dono da revista) dá a sua versão de como a coisa aconteceu.

O começo de tudo:
o Armando embarcou na conversa do Danilo Gomes e seu partner. Este é um dado importante, não tanto por confirmar a responsabilidade do ex-secretário, mas principalmente para mostrar que a turma da revista Metrópole agia em dupla. Ex-apresentador de jornais da RBS-TV, “jornalista” conhecido no Vale, por seus “empreendimentos”, Danilo Gomes ficou meio oculto na exposição do caso. Não assinou o livro, apenas o prefácio, com seu sobrenome do meio (Danilo Prestes). Mas o depoimento do Hess mostra que ele estava lá desde o início.

As pontas soltas: claro que algumas coisas continuam sem fechar direito. Quando percebeu que tinha extrapolado nas suas atribuições (aprovar projetos de comunicação é função da Secretaria de... Comunicação), Hess afirma que abortou o projeto. Se antes havia encaminhado cartas aos secretários regionais apoiando o projeto, para desapoiar deveria ter feito da mesma forma. Mas, pelo que se entende do que está no DC, ele disse apenas aos donos da revista que o governo estava fora. Tanto que eles continuaram e produziram revistas recheadas de amigos do governo.

Outra coisa que não está bem parada é a doação de R$ 40 mil “por desencargo de consciência”. O Armando Hess é um empresário que sabe muito bem o valor do dinheiro. Especialista em recuperar empresas, hábil negociador de débitos, sabe que cada centavo conta. Se o projeto, como ele disse, tinha sido “abortado”, com os dois devidamente informados, a cobrança qualifica-se claramente como extorsão. Deveria ter sido tratado como caso de polícia naquele momento. Mas parece que só levaram a sério o caso quando apareceu o livro, configurando aí a chantagem.

E se o conteúdo do livro não tivesse vazado (a iniciativa de distribuir cópias xerox não partiu da dupla) e o maluco do Cesar Valente não tivesse publicado trechos? A polícia teria sido chamada?

O que está claro: uma dupla de oportunistas conseguiu se aproximar do governo estadual, engabelou um secretário de estado, obteve dele cartas públicas de apoio a um projeto que, embora envolvesse o governo todo, não foi discutido com mais ninguém (a falta que faz um VDM...). E depois, quando o problema foi detectado e o Secretário de Comunicação alertou que a história era fria, o governo não agiu organizadamente para resolver a situação e efetivamente dizer aos secretários regionais do que se tratava. Armando ficou sozinho para tratar com os achacadores, como está sozinho agora. Isto foi – e continua sendo, a meu ver – um erro: a lama respinga no governo como um todo.

Provavelmente o que o ex-secretário disse na entrevista está de acordo com o que disse no depoimento prestado à polícia (não deve ser só coincidência o fato dele ter falado com o Cavalazzi só depois do depoimento). E, por aí, o caso de extorsão envolve apenas estas três pessoas: os dois donos da revista e o ex-secretário. Não sei se a polícia terá como ou por quê ir além disso, pelo menos nesta fase.

Em tempo: está disponível, lá no DC on line, um áudio com trechos da entrevista do Armando Hess (precisa ter real player ou real alternative para ouvir).

4 comentários:

Anônimo disse...

Por desencargo de consciência o Armando deu R$ 40 mil!
Caramba! Ou o Armando nada em dinheiro, ou tava com a consciência muito pesada ou o Armando... estava armando.
Ora, se mandou um e mail para todas as secretarias regionais dando todo o apoio ao projeto Metrópole, porque não mandou outro, dizendo que era armação? Armando, mando ou não mando você contar outra, porque essa, só com segredo de justiça pra emplacar...

Anônimo disse...

Nobre Professor. Chamo a atenção para um trecho de uma matéria correlata na edição de hoje do DC. Trata do inquérito que será encaminhado pelo delegado Renato Hendges ao MP. Chamo a atenção para este trecho da reportagem:
"Para simular o interesse do governo em encerrar o assunto, o ex-secretário exibiu um documento supostamente assinado pelo secretário Ivo Carminati (Articulação) reconhecendo a dívida e o pagamento.

O papel, porém, havia sido produzido momentos antes na sede da Deic pelo próprio delegado, que o assinou como se fosse Carminati. Assim que recebeu o documento de Hess e entregou a declaração desmentindo o livro, Ivo pegou a maleta com R$ 40 mil em dinheiro sacados da conta pessoal do ex-secretário."

Se é o que eu entendi, o senhor delegado FORJOU um documento confirmando a dívida com o empresário para "configurar" o flagrante da extorção. Ou seja, se passou pelo Secretário de Estado Ivo Carminatti, produzindo uma prova falsa. Portanto, não teria o nosso sabujo policial PREVARICADO. Pelo que eu sei se passar por outra pessoa é crime de FALSIDADE IDEOLÓGICA. Olha uma boa pautinha aí, hein? E o advogado do cidadão não se deu conta disso também. Hummmm.....

Anônimo disse...

Esse tal de Danilo era 'assessor de imprensa' da UNIMED de Blumenau. Hummm...
Jânio

Anônimo disse...

A pergunta que não quer calar: O Armando estava a mando de quem? hehehe.