quinta-feira, 19 de junho de 2008

A CAUSA MORTIS DA VARIG

Não adianta chorar sobre o leite derramado, mas é importante examinar por que a leiteira virou e o conteúdo entornou, para que não vivamos repetindo os erros ou, pior, lamentando o resultado sem entender a causa.

No blog da Cora Rónai (e na coluna dela, no segundo caderno de O Globo) tem uma síntese dos principais problemas que levaram a Varig ao fundo do poço. Não se discute, ali, a espoliação do cadáver, feita por espertos bem relacionados quando a empresa já estava no necrotério. Mas o que a levou à falência: o tal “custo Brasil”.

Trecho:

“Outro fator que ninguém parece conhecer (ou querer abordar) foi a abertura dos nossos céus para as empresas americanas, durante o Governo Collor, com concessões até hoje não preenchidas no acordo bilateral. Isso permitiu que empresas gigantescas competissem com a Varig com uma série de vantagens: não pagavam Pis/Cofins de 6,7% sobre o combustível (que representa 30% dos custos de uma companhia de aviação); o capital de giro custava, para as estrangeiras, 8% a.a., ao passo que, para a Varig, saia a mais de 100% a.a.; os bilhetes eram taxados em 7,5% nos EUA, em 14% na Europa e, aqui, em 34,7%; os componentes para a manutenção precisavam ser importados com até seis meses de antecedência, tamanha a burocracia, enquanto as estrangeiras compravam no seu próprio mercado, on demand, já que a maioria dos fabricantes ficava em seus países, ou seja, gastavam apenas quando precisavam, livres da incidência de impostos com que arcávamos.”

Leia a íntegra aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Junte-se a isso tudo a administração da Fundação Rubem Berta... Lembrando que era administrada pelos próprios pilotos.
Para exemplificar, conto uma triste frase que um conhecido, comandante da extinta Rio-Sul (subsidiária da Varig e também controlada pela Fundação), costumava me dizer: Da Rio-Sul não pego uma agulha!!! Porquê a empresa não trabalha com costura!!!
Mas não creio que os fatores elencados sejam os preponderantes, afinal, a TAM CRESCEU no mesmo período que a VARIG definhou, e todas as cias áereas estavam sujeitas às mesmas agruras inerentes à atividade, e naquela época já não havia mais nas empresas uma ingerência desigual por parte do antigo DAC, como havia antigamente, no tempo dos militares no poder. Sobre isso, há um livro muito interessante, escrito por um jovem Jornalista: Pouso Forçado. Aos que defendem a VARIG, sugiro não lê-lo. Conta a história da falência forçada da Panair em favor da VARIG, presidida à epoca pelo Rubem Berta, que administrava a empresa fazendo lobby junto aos militares.