quarta-feira, 4 de junho de 2008

CARTADA FINAL

Recebi agora de manhã o seguinte press release da Justiça Federal:

“A Justiça Federal, por meio da Vara Federal Criminal Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem de Bens, Direitos e Valores, em Florianópolis (SC) decretou prisões, preventivas e temporárias, de 19 investigados na operação denominada Cartada Final, bem como expediu 51 mandados de busca e apreensão, relacionada à organização criminosa sediada na cidade de Joinville (SC), suspeita de praticar crimes de contrabando de peças de máquinas eletrônicas programadas, exploração ilegal de casas de jogos, lavagem de dinheiro, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, entre outros. Os mandados foram cumpridos na data de hoje pela Polícia Federal nos Estados de Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.”

Logo em seguida ficou-se sabendo que um dos presos em SC foi o cônsul honorário da Espanha em Joinville, Antônio Escorza Antonanzas, suspeito de ser o cabeça da organização criminosa. Os nomes dos demais presos ainda não foram divulgados.

Como eu sou esquecido e distraído, mas não completamente, fiquei matutando onde é que já tinha ouvido o nome desse senhor. Se fosse leitor das colunas sociais joinvillenses, certamente o teria visto por lá. Mas não, tinha sido em outro lugar.

Pois bem, fiz uma pesquisa rápida aqui no blog e descobri um comentário, de 14 julho de 2007, que na época, pra mim, era completamente incompreensível. Meio cifrado, parecia coisa de louco estrangeiro (notem que o português é meio arrevezado). E tinha sido feito em uma nota onde eu comentava alguma coisa sobre bingos. Acho que o deixei lá pra ver se alguém explicava do que se tratava ou para ir atrás depois. E, pra variar, esqueci. Transcrevo-o abaixo, na íntegra:

Anônimo disse...

“AMERICAN DE JOINVILLE=

ANTONIO ESCORZA, Dono e responsavel de tudos os crimenes que se imputan a ele.

SANTIAGO BAQUEDANO FERNANDEZ, Diretor Geral e cérebro financeiro do Grupo, autor de tudos os crimenes financeiros do Grupo.

ACACIO PICCINI, Laranja... melhor Acerola do Grupo, e cachorro do Antonio Escorza, responsavel de tudos os delitos juridicos do Grupo.”
Julho 14, 2007 4:09 PM

UM POUCO DE HISTÓRIA

Se, na época, eu tivesse feito o dever de casa, teria descoberto que Escorza tinha sido citado na Operação Xeque Mate, da PF, conforme Robson Bonin relatou em reportagem publicada dia 3 de julho de 2007 em A Notícia. A empresa do cônsul aparecia como uma fornecedora de caça-níqueis, mas investigação da PF não chegou até SC.

Num dos quadros da matéria, a mensagem cifrada do comentarista, que transcrevi acima, fica clara como água:

“Empresa não fala sobre o assunto

Em Joinville, na fábrica do grupo American, que fica na avenida Santos Dumont, a produção segue normalmente, mas ninguém se pronuncia sobre as informações da PF. Na rua São Paulo, onde funciona o centro administrativo, o assessor jurídico, identificado apenas como Gilmar, ficou de localizar, desde a tarde de quinta-feira da semana passada, os acionistas, mas não deu retorno. A Notícia voltou à empresa na sexta-feira para tentar ouvir os atuais diretores José Acácio Piccinini e Santiago Baquibadano Fernandez, mas não foi recebida.

A reportagem também tentou falar com a família Escorza e os advogados do empresário por telefone. Na fábrica e no setor de administração, as secretárias afirmaram que não estavam autorizadas a repassar os telefones e que o empresário está em viagem para a Espanha.

Nos dois endereços do grupo American, não há placas. No endereço da rua São Paulo, um tapume de obras esconde parte da fachada do prédio sofisticado e protegido por um forte esquema de segurança que conta com câmeras e sensores em todas as entradas. É lá que operam os setores financeiro, jurídico, recursos humanos e de inteligência do negócio da família Escorza.

Segundo consta no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da American, Antonio Escorza Antonanzas saiu do comando direto da empresa no final de 1998, quando a direção foi passada à mulher dele Débora Pinnow. Depois, em julho de 2002, o cunhado José Acácio Piccinini e a mulher dele Marlene Diene Pinnow assumiram a diretoria que hoje é tocada apenas pelo cunhado Piccinini e por Fernandez, conhecido como “espanhol”.”

Pronto, nada como um pouco de aplicação no estudo, pra gente se informar melhor. O pior é que já tem oposicionista maledicente dizendo que essa história de mexer no bingo pode respingar no governo. Lembram que o governo do estado fazia campanha aberta pela legalização do jogo, chegando a editar uma lei, depois derrubada no Supremo, liberando a jogatina? Pois é, tem gente que aposta que vem mais incomodação por aí.

Então, só pra fazer o serviço completo, transcrevo também o outro quadro da reportagem do Robson (em A Notícia de 3 de julho de 2007), que tem mais algumas informações sobre o personagem do dia.

“Casa de videobingo em shopping

Quando a atividade era permitida por lei, o empresário Antonio Escorza Antonanzas mantinha casas de videobingo em Joinville. Uma delas funcionava em um dos shoppings de Joinville, de propriedade da família.

Na última sexta-feira, a Polícia Civil apreendeu 29 máquinas caça-níqueis em um cassino clandestino que funcionava sobre uma loja de aviamentos, na rua 15 de Novembro, no centro de Joinville. “As máquinas tinham o timbre da American Indústria e Comércio Ltda. Agora as investigações irão apurar se o cassino era da família Escorza ou se as máquinas haviam sido alugadas ou adquiridas do Grupo American”, explicou o delegado José Alves da Silva, que conduziu a operação.

“O que temos certeza até agora é que as máquinas foram fabricadas pela empresa. Agora, se os presos eram funcionários da fábrica ou clientes só será definido com o fim das investigações”, afirmou Alves.

Antonio Escorza responde a processo na Justiça Federal do Rio Grande do Sul pela suposta importação de componentes eletrônicos para fabricação de caça-níqueis e tem pedido de prisão preventiva requerido pelo Ministério Público Federal (MPF) por contrabando ou descaminho. O processo encaminhado pela polícia federal gaúcha tem três volumes e descreve com detalhes a dinâmica dos negócios de Antonio Escorza.

Tanto a prisão quanto a responsabilidade do empresário pelas mercadorias serão analisadas em audiência marcada para o dia 12 de setembro, na 1ª Vara Federal da Comarca de Rio Grande (RS), cidade portuária onde os componentes eletrônicos foram apreendidos.”

Adendo noturno só pra pegar no pé dos coleguinhas:
só depois da oito da noite é que a RBS, por intermédio do blog de Brasília [aqui], deu-se conta que um dos seus jornais (A Notícia), tinha falado no homem em 2007. Será que leram a referência aqui?

5 comentários:

Anônimo disse...

O comentário da cidade é que este Scorza é doador de campanha do LHS. Se for verdade, aí o bicho pega de novo, heim?

Anônimo disse...

Além disso tudo o espanhol é amissíssimo do governador LHS, são compadres. Será que a tropa de choque vai desmentir??? ah ah ah
Essa eu pago prá ver.

Anônimo disse...

César, atençao: o próximo consul "honorário" a cair nas garras da PF é de um País Sul Americano, e pessoa muito conhecida em Floripa, principalmente lá em Jurere INTERNACIONAL. Anota aí, é bomba atomica. Lembra do traficante Abadia? Colombiano e que tinha casa em Jurere INTERNACIONAL?

Anônimo disse...

ADIVINHEM a quem o gringo patrocinou parte da campanha a deputado federal? Alguém que do alto de seu reconhecido 'notável saber jurídico' (rsrsrsrsr) quiz depois - já exercendo seu influente cargo de primeiro escalão ganho como prêmio consolação - fazer prevalecer um decreto estadual DE 40 ANOS ATRÁS sobre a Constituição Federal (risível não fosse deprimentemente bisonho), ADVOGANDO a estapafúrdia tese de que o jogo em SC sewria regulamentado por aui e não pelo Governo Federal? Alguém que coincidentemente aparece tbém no caso da Metrópole? Parece coisa de quadrilha. Ganha um biscoitinho de OXOTA com farofa quem advinhar o nome da sumidade que sustentou a aberração jurídica pro alcáide-mor?

Anônimo disse...

Bah que susto quando li isso! Achei que era o cônsul da Colômbia, também um velho conhecido aqui da cidade hehehehe