Tem gente sobre a qual se pode falar horas, da forma mais entusiasmada e mesmo assim quem não conhece jamais terá uma idéia clara de por que essas pessoas despertam tanto entusiasmo.
O Padre José Edgard de Oliveira (foto acima) é um desses casos. Quem o conhece acha-o o máximo. Quem não o conhece fica meio sem saber o que dizer, porque acaba não entendendo, afinal, o que tem de tão especial esse sujeito magro de nariz adunco e grandes olheiras.
É preciso voltar no tempo, à década de 60, quando o Concílio Vaticano II e o papa João XXIII colocaram a igreja católica de ponta-cabeça. As missas rezadas em latim, com o padre de costas para o povo, passaram a ser rezadas em português, com o padre de frente. As mensagens pastorais, antes herméticas, passaram a incluir as preocupações populares e as alegrias e dores terrenas, além da esperança post-mortem.
Neste contexto é que o Pe. Edgard entra em cena. Entusiasmado com este mundo novo, apaixonado pela sua escolha, vestiu não só a batina, como entrou de cabeça naquilo que os Evangelhos tinham de mais revolucionário e empolgante. E, paralelamente a esse ímpeto, o golpe de 64 tratou de demonizar todos os esforços de dar voz aos pobres e espaço às queixas dos oprimidos. Apesar da contradição evidente, os militares e seus apoiadores passaram a ver como comunistas os católicos atuantes, numa mistura de ateus e crentes que só era possível porque eram tempos de enorme obscurantismo.
E aí o Pe. Edgard, com sua enorme capacidade de comunicação e seu carisma, começou a incomodar. O grande arcebispo Dom Afonso Niehues (que o Edgard acha que poderá ser beatificado em breve), colocou-o sob sua proteção direta. No arcebispado ficou encarregado dos movimentos de juventude. E entregou-se a eles (incluindo aí escotismo e bandeirantismo) com tal dedicação e competência, que milhares de jovens daquela época lembram-se hoje, com saudade, gratidão e emoção, do Pe. Edgard.
Não é à toa que, neste ano em que ele completa 50 anos de sacerdócio, já foram feitas umas doze missas solenes comemorativas. No Rio Grande do Sul e em vários municípios de Santa Catarina. Na quinta à noite foi em Florianópolis e no dia 7 será na terra natal do Edgard, São João Batista.
Pra vocês terem uma idéia do tipo de marca que o Edgard deixou em cada um que teve a felicidade de conviver com ele em alguma época, olha só a história do João Carlos Garcia, o Juca, que ouvi durante o jantar da quinta-feira (na foto acima, Juca e o Pe. Edgard).
Há 37 anos, o Pe. Edgard deu ao Juca um pin, um pequeno distintivo de metal com uma flor de lis, ao convidá-lo para ser escoteiro. Emocionado, com os olhos úmidos, o Juca contou ao Pe. Edgard como isso o ajudou e fez questão de dar de volta, como presente do Jubileu, aquele mesmo pin, que ele guardara com cuidado por três décadas. Um símbolo especial, um gesto de gratidão de grande significado, daquele jovem escoteiro que agora, pai de cinco filhos, com a vida feita, acha que deve sua felicidade, ou pelo menos boa parte dela, ao fato de ter encontrado, um dia, o Pe. Edgard.
Portanto, meus amigos, quem conhece o Edgard sabe do que estou falando. E quem não o conhece, aproveite o recital da Associação Coral de Florianópolis, no Colégio Catarinense, no próximo dia 4, às 20h, para conhecê-lo. Ou algum dos outros eventos que estão relacionados no blog do Jubileu. Certamente não o achará parecido com outros padres. Nem mesmo com alguns “moderninhos”, que tentam fazer hoje, com esforço quase teatral, o que o Edgard fazia, natural e sinceramente, desde a década de 60.
No jantar da quinta-feira, foram projetadas fotos históricas da trajetória do Edgard e um vídeo com depoimento de amigos. Na foto acima ele está diante da projeção da imagem de sua própria ordenação, há 50 anos.
Rémi Brague, filósofo: "O problema da civilização ocidental é que ela odeia
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Las élites intelectuales woke consideran toda la historia de Occidente como
una serie de crímenes por los cuales tendríamos que pedir perdón.
Entrevista ...
Há 3 horas
Um comentário:
" E isto saberão todos que vós sois discípulos meus."
Qual o real valor de uma moeda?
A história do Juca revela a relação de um mestre para com seu discípulo.Não é a moeda o que realmente importa mas o seu significado.Um homem digno não se vende.
Dai a Cézar o que é de Cézar e a Deus o que é de Deus.
Pe. Edgard sabe que a ausência pode ser presença para quem crê e que isso significa a compreensão pela liberdade de escolha.
Um comportamento depois de aprendido difícilmente será esquecido.
Ao mestre,com afeto.Lúcia Gomes
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