PERIGO À VISTA

Lembram da época em que a gente entrava na fila pra comprar telefone da Telesc, pagava uma banana e não tinha a menor idéia de quando o telefone seria instalado?

Pois é, com a privatização das empresas de telefonia, nos primeiros anos, a coisa mudou bastante. Mas agora começa a entrar no ritmo preguiçoso que a gente achava que fosse exclusividade das repartições públicas e das empresas estatais.

Graças a esta lerdeza crescente, a Brasil Telecom não instala um telefone com ADSL em menos de 15 dias úteis. Houve tempo em que isso era feito em uma semana, quando muito.

E a coisa vai piorar, e muito, assim que o governo Lula fizer as modificações nos regulamentos da telefonia, para permitir a fusão entre a Oi (ex-Telemar, patrocinadora do mega-empresário que os adversários conhecem como Lulinha) e a Brasil Telecom.

Caminhamos rapidamente para uma situação em que a telefonia fixa, celular, de transmissão de dados e de produção e transmissão de conteúdos serão dominados por duas ou três super-corporações, com atuação em vários setores e em todo o território nacional.

Essa concentração fará com que os direitos dos consumidores, que já estão indo pelo ralo, tornem-se, na prática, pó de traque. O consumidor não terá muito o que fazer, quando se sentir lesado.

Lembrei-me disso enquanto estava ao telefone, das 9h20 às 10h, ouvindo uma musiquinha e, rigorosamente a cada 30 segundos, uma gravação que dizia “no momento todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor aguarde”. Ouvi esta frase, portanto, se não me falha a matemática (ou seria aritmética?) pelo menos 80 vezes. Isso que estava aguardando para falar com a ouvidoria da Brasil Telecom.

Ao final da espera, nada ficou resolvido e, é claro, além de me sentir um otário, acabei tendo que ouvir asneiras de um sujeito mal educado.

Ou seja: se está ruim assim, precisamos nos preparar. Vai piorar. Ah, aos cumpanheiros lulistas saudosos e ávidos por estatais: não tomem esta reclamação como um apoio à reestatização. Vocês já deram demonstrações suficientes, nas estatais existentes, de como atuam. E isso basta.